Page 21 - Política Democrática
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REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA             CLEOMAR ALMEIDA - CASO MARIELLE EXPÕE PODER DE MILÍCIAS NO RJ  19




        Políticos e familiares cobram por justiça no Rio




          – O atentado à vida de Mariel-
        le representa um total desrespeito à
        democracia. Se a gente quer um país
        soberano, de justiça social e de igual-
        dade  de  direitos,  a  gente  não  pode
        deixar de cobrar pelo resultado das
        investigações sobre o assassinato dela
        e de Anderson, diz a deputada estadu-
        al Martha Rocha (PDT-RJ).
          A parlamentar, que foi vítima de
        uma tentativa de latrocínio no dia 13
        de janeiro de 2019, na Zona Norte do
        Rio de Janeiro, afirma que, dois meses
        antes, havia recebido uma informa-
        ção do “Disque Denúncia” de que       Mônica Benício, viúva da vereadora: “Muitos corpos tombaram antes de Marielle”
        ela também seria alvo de um atenta-
        do. De acordo com a Martha, tanto a   Líder do PSOL, Marcelo Freixo     Isso está absolutamente consolidado na
        investigação sobre o seu caso quanto  lamenta que o Brasil complete, em   investigação, acentua Freixo.
        a do assassinato da vereadora e do  2019, 130 anos de República com       Na opinião da viúva da vereadora, a
        motorista  dela  devem  ser  concluídas  casos de crimes praticados contra par-  arquiteta e urbanista Mônica Benício, jus-
        sem mais demora.                    lamentares. Ele afirma que tem feito   tiça por Marielle não será encerrada com
                                            constantes reuniões com o chefe da   a conclusão do inquérito, mas quando
                                            Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marcus   houver uma sociedade justa, igualitária e
                                            Vinícius Braga, cobrando que o inqué-  plural, ideais defendidos pela parlamentar
          “TEM HORA QUE PARO E              rito seja concluído com materialidade   ao longo de sua vida, principalmente junto
          PARECE QUE A FICHA AINDA          e autoria dos crimes, sem que outros   às populações pobres e marginalizadas.
          NÃO CAIU, MAS EU PRECISO
          SER FORTE PARA CUIDAR DO          sejam apontados como culpados no      – A Marielle não é um farol de
          NOSSO FILHO.”                     lugar dos criminosos apenas para dar   esperança porque ela inventou esta
                                            uma “resposta rápida à sociedade”.  luta. Muitos corpos tombaram antes
          AGATHA ARNAUS REIS,                 – A investigação já apontou que foi um   da Marielle para que ela entendesse,
          VIÚVA DO MOTORISTA ANDERSON GOMES  grupo político. Que grupo político matou?   inclusive, a história e a disputa pela
                                            Por que matou? A gente não sabe, mas foi   sociedade que ela queria construir.
                                            um grupo político, foi uma morte política.   Marielle era mulher negra, favelada,
                                                                                lésbica, carregava no próprio corpo e
                                                                                na construção de história dela todas
                                                                                as bandeiras de defensores de direitos
                                                                                humanos, ressalta Mônica.
                                                                                  A viúva do motorista Anderson, a
                                                                                servidora pública Agatha Arnaus Reis,
                                                                                busca na fé a força para que haja justi-
                                                                                ça. Ela vive com o filho único do casal,
                                                                                Arthur, de apenas 2 anos de idade e
                                                                                que faz tratamento de saúde por ter
                                                                                nascido com onfalocele. A mulher
                                                                                conta que conversou com seu marido
                                                                                poucas horas antes do assassinato e
                                                                                que, ainda hoje, não assimilou direito
                                                                                a morte dele, já que a criança exige
          Viúva de Anderson Gomes, Agatha tenta encontrar no filho do casal a força para prosseguir na vida
                                                                                cuidados especiais.
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