Page 21 - Revista Política Democrática nº 47 - Setembro/2022
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JORGE CALDEIRA - ENTREVISTA ESPECIAL
Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
para juntarem provas de que estão plan- não sabiam fazer cultura. Se pagar para
tando. Se planta um hectare de floresta, plantar, haverá 15 milhões de empregos
ganha-se um dinheirinho. Se cinco milhões com um emprego por hectare dentro da
de proprietários fizerem isso em um hecta- Amazônia. Isso é 2% da área da Amazô-
re, o Brasil quintuplicará a capacidade de nia. O que falta para o contrato de fixa-
refazer mata nativa em um ano. Na Ama- ção de carbono é a segurança: a pessoa
zônia, tem 15 milhões de hectares nas que põe o dinheiro para financiar um
mãos de sem-terra, que se tornaram pro- hectare de floresta precisa ter certeza de
“ tare de floresta como mostra a própria
prietários e tiveram que desmatar porque que o dinheiro foi aplicado em um hec-
foto de satélite.
PD: O senhor acredita que falta cultura
O Brasil tem 500
de patente ou algum tipo de institucionali-
para inovação e empreendedorismo, para
milhões de hectares dade do Estado, um plano de país voltado
estimular essas ações?
JC: Se você comparar as categorias bá-
disponíveis para plantar sicas do Censo do século XVIII, vai ver que
o Brasil, em 1800, era uma nação em que
nove décimos das unidades produtivas
árvores sem mexer eram pequenas unidades familiares, e um
décimo era coisa maior do que isso. Nes-
na agricultura e na sas unidades, se fez toda a adaptação,
toda a criação econômica e toda a pro-
dução, porque estavam no sertão. A visão
pecuária, nas cidades e econômica que se tinha disso, na maneira
antiga de historiografia, era de unidades
de economia de subsistência, ou seja, que
nas reservas” não produziam riquezas e que eram inca-
pazes de acumular capital. Esse conceito
SETEMBRO 2022 REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA 21