Page 17 - Revista Política Democrática nº 44 - Junho/2022
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CARLOS MELO - ENTREVISTA ESPECIAL
Foto: Reprodução/Cidadania23
democrático; outra bem diferente é passar “
bem conhecidos desde sempre. Tomemos
como exemplo o próprio patrimonialismo.
Uma coisa é passar por uma crise estrutu-
ral de mudança de paradigma num país
pela mesma crise em um país com pouca O FATO DE A GENTE CHEGAR
tradição democrática e extremamente pa- A ESTA ALTURA DA DISPUTA
trimonialista. Os sanguessugas, aqueles
parasitas que matam o hospedeiro, correm ELEITORAL DIANTE DO DILEMA
para se aproveitar disso.
Sem dúvida, há motivos, sim, para LULA OU BOLSONARO É
ações emergenciais. Vários setores da
sociedade, como o mercado financei- REVELADOR DA CRISE DE
ro, precisam saber que a pauta mudou.
Nada pode ser feito se não tiver ajuste LIDERANÇA POLÍTICA POR QUE
compromissos assumidos e os contratos oportunismo e a picaretagem que há dé-“
fiscal, se não tiver equilíbrio fiscal. Isso
é importante, fundamental, embora ain- ESTAMOS PASSANDO
da não suficiente. O equilíbrio fiscal de-
manda políticas públicas eficazes para
resolver esse problema emergencial, mas
não só se limitando a garantir que os
celebrados devam ser honrados. Não é cadas assolam a trajetória das políticas
esse o ponto. Impõe-se, na emergência, públicas no Brasil. A sociedade tem de
adotar políticas públicas eficazes, bem ter consciência do que está acontecendo
concebidas, que não desperdicem re- no país e dar um basta nisso. Esse é o
cursos públicos e se destinem a resolver, grande problema.
ou pelo menos mitigar, as questões es- RPD: Com relação às eleições que
truturais, elidindo o patrimonialismo, o se aproximam, temos, de um lado, um
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