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26 BANCADA EVANGÉLICA: O CONSERVADORISMO E O PROGRESSO - MARCOS SORRILHA REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA
No Congresso, bancada dos
evangélicos é marcada pelo
conservadorismo e progresso
Entender os evangélicos no Brasil chamando-os apenas por um nome ou
associando-os somente a figuras como Malafaia ou Edir Macedo é um equívoco
SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR: MARCOS SORRILHA PINHEIRO WWW.FUNDACAOASTROJILDO.COM.BR
Foto: Rafael Carvalho / Governo de Transicao
O presidente Jair Bolsonaro com a bancada evangélica no gabinete de transição, no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília, em novembro passado
As décadas de 1830-40 nos EUA tes das mais variadas matrizes. Ao Norte ofertado nos altares dominicais, as
foram um período de reconfiguração do país destacaram-se novas agremia- mulheres conquistaram papel de desta-
política, com o fim dos mandatos presi- ções religiosas que almejavam reparar as que na organização das comunidades,
denciais atrelados a uma linhagem aris- imperfeições do mundo, construindo o advogando contra o consumo do álco-
tocrática e a chegada de Andrew Jackson “paraíso na Terra”. Para tanto, atacavam ol. Com o passar do tempo, percebe-
ao poder, estabelecendo um governo de alguns dos maiores vícios da sociedade ram que somente poderiam vencer se
caráter mais popular e centralizador em americana, como o consumismo, o alco- participassem ativamente da política. É
relação aos demais mandatários. olismo, o analfabetismo e a escravidão. justamente aí que nascem os movimen-
Naquele momento, produziu-se Especificamente no combate ao tos pelo sufrágio feminino no EUA. Em
também o que se chamou de Segundo alcoolismo, essas igrejas ganharam outras palavras, o embrião do feminis-
Grande Despertar, caracterizado pela um parceiro inesperado: as esposas mo do EUA está localizado no seio de
proliferação de movimentos protestan- dos alcoólatras. Por meio do palanque um processo de matriz conservadora.