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Base curricular em xeque O Brasil na OCDE
Brasil não precisa abrir mão de nenhum status ou prerrogativa na Organização Mundial
Atualmente o Brasil possui um quadro bastante preciso de como se desenvolveu a de Comercio (OMC), presidida pelo diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, para pleitear
educação básica brasileira nas últimas duas décadas seu ingresso na OECD
SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR: LUIZ PAULO VELLOZO WWW.FUNDACAOASTROJILDO.COM.BR
SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR: JOAQUIM JOSÉ SOARES NETO WWW.FUNDACAOASTROJILDO.COM.BR
Foto: OCDE_Divulgação jo institucional que envolve a união, Foto: OCDE_Divulgação
estados e munícipios; e deve mobilizar
contingente de aproximadamente 50
milhões de alunos, 200 mil escolas e 2
milhões e duzentos mil professores.
A discussão a esse respeito intensifi-
cou-se durante o período da elaboração
da última Constituição e tem avançado
na medida em que o sistema de avalia-
ção produz resultados com base nas evi-
dências. Já na década de 1980, estava
claro que o currículo de cada escola ou
de rede de escolas jogaria papel impor-
tante. No entanto, também estava na
mesa o fato de que, em uma República
Federativa de dimensões continentais
e com grande complexidade cultural,
não cabia a elaboração de um currícu- Brasil na OECD: Entrada está no radar da diplomacia brasileira da era Bolsonaro com a mesma habilidade política que as tratativas do governo com o Congresso Nacional
lo único para todo o país. A questão
foi resolvida por meio do Artigo 210
da Constituição Federal e, na sequên- O Brasil trabalha sua entrada na Orga- mos no multilateralismo mas também mercado americano tem muitas oportu-
Situação da Base Nacional Comum Curricular no país é preocupante e falta muita a ser implementado
cia, pelo Artigo 9º da Lei de Diretrizes nização para a Cooperação e Desenvol- queremos aprofundar relações bilaterais; nidades não exploradas para nosso país,
e Bases, de 1996. Estes dois artigos vimento Econômico (OCDE) há muito que sonhamos um dia poder ostentar os e a economia brasileira também interessa
A partir da década de 1990, com a O panorama é preocupante. O fato explicitam a necessidade de uma base tempo. Hoje tem status de pais obser- mesmos indicadores de prosperidade e aos americanos, vejam o caso da parceria
implantação do Sistema de Avaliação que mais impacta é o aprendizado dos comum de aprendizados essenciais, vador. É uma decisão que coroaria a qualidade de vida que os países desen- entre a Embraer e Boeing. Claramente o
da Educação Básica, tornou-se possí- alunos, que revela profundas assime- que se deveriam constituir como direito transição do projeto nacional desen- volvidos e, principalmente, que deci- ingresso na OCDE não deve fazer parte
vel acompanhar o desenvolvimento do trias: alunos de níveis socioeconômicos educacional de cada aluno brasileiro. volvimentista para uma estratégia de dimos e estamos dispostos a trabalhar da pauta das relações bilaterais com os
aprendizado dos estudantes em língua maiores tendem a demonstrar graus A partir do último Plano Nacional integração competitiva na economia com persistência enquanto nação para EUA. Muito menos nossas questões e
portuguesa e em matemática ao final de aprendizagens superiores; alunos de Educação, este conjunto de direitos mundial, coerente com a visão de que construir este sonho civilizatório. interesses na OMC.
da primeira etapa do ensino fundamen- de áreas urbanas tendem a ter melhor educacionais passou a ser denominado precisamos nos inserir nas cadeias glo- O Brasil não precisa abrir mão de A entrada do Brasil na OECD (Pelas
tal (atualmente o 5º ano), ao final do 9º desempenho do que os das áreas rurais; de Base Nacional Comum Curricular bais de agregação de valor. Não nos nada, de nenhum status ou prerrogativa mãos de Donald Trump !) entrou no radar
ano e ao final do terceiro ano do ensi- alunos das regiões norte e nordeste ten- (BNCC). A BNCC não é o currículo, ela transforma em nação desenvolvida num na Organização Mundial de Comercio da diplomacia brasileira da era Bolsonaro
no médio. Por outro lado, o Censo da dem a ter desempenhos menores do deve estar incorporada aos currículos passe de mágica, mas afirma perante o (OMC), presidida pelo diplomata brasi- com a mesma habilidade política que as
Educação Básica vem também coletan- que os das outras regiões do país. das escolas ou das redes de escolas. O mundo ser essa nossa pretensão. Mais leiro Roberto Azevêdo, para pleitear seu tratativas do governo com o Congresso
do informações acuradas referentes aos A grande questão nacional em rela- currículo também deve conter conhe- do que isso: mostra que temos um pro- ingresso na OECD. Também não pre- Nacional para a aprovação da reforma
alunos, turmas, professores e escolas. ção à educação é: como adotar políticas cimentos, competências e habilidades jeto de país contemporâneo; que enxer- cisa do apadrinhamento do presidente da previdência. Desse jeito não correm o
Assim, atualmente, temos quadro bas- públicas que impulsionem a superação relevantes para o contexto em que a gamos mais as oportunidades do que norte-americano Donald Trump, que é risco de dar certo apesar do mérito e da
tante preciso de como se desenvolveu de tal realidade? Qualquer resposta escola está inserida. A BNCC deve ser as ameaças na globalização; que que- uma “ajuda” que pode até atrapalhar. importância de uma e outra.
a educação básica brasileira nas últimas deve levar em consideração que sua implementada pelos sistemas públicos e remos apostar no aperfeiçoamento das Estreitar relações bilaterais com os Esta- O parafuso entrou mal ajambrado. Se
duas décadas. implementação depende de um arran- privados de educação. instituições internacionais; que confia- dos Unidos interessa e muito ao Brasil. O fizer força, a rosca vai espanar.