Page 4 - Revista Política Democrática nº 50 - Dezembro/2022
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Editorial
Sinais de 2023
Após um ano tenso e conturbado, o país está às vésperas do início de um novo ano e da passagem
do governo para as forças vitoriosas no segundo turno das eleições. No entanto, o desenrolar do
processo político, no período curto que se encerra entre a votação e a divulgação dos resultados
do segundo turno e a posse dos eleitos, pleno de episódios graves e inesperados, deixa sinais que
permitem perscrutar tendências possíveis para o primeiro ano do novo governo.
Chama a atenção, em primeiro lugar, o chamado à radicalização, que levou partidários do
governo que se encerra à concentração em torno de instalações militares, na capital e em diversas
cidades do país. Manifestantes pediram, ao longo de dois meses inteiros, o não reconhecimento
do resultado das eleições, por meio da ação das Forças Armadas, contra os Poderes Judiciário e
Legislativo. Parte desses manifestantes promoveu tumultos em diversos pontos de Brasília, contra as
medidas repressivas tomadas pela Polícia Federal. Finalmente, uma parte menor ainda desse coletivo
procedeu ao planejamento e execução de atentados terroristas, com potencial enorme de vítimas,
no caso de sua concretização. Tudo sob a sombra da condescendência das autoridades do Distrito
Federal, de parte dos efetivos policiais e até, ao que consta, de setores militares.
Esse processo e o apoio que encontra em parte expressiva da população, assim como as vitórias
eleitorais em governos de Estados relevantes, no Senado e na Câmara dos Deputados, indicam a
persistência do curto prazo de uma oposição expressiva de extrema direita autoritária ao governo
que se inicia em janeiro.
O novo governo, por seu turno, parece ter cumprido com sucesso sua primeira tarefa política: a
montagem de uma equipe com a amplitude sufi ciente para garantir um mínimo de governabilidade,
nas duas Casas do Congresso Nacional. No entanto, esse processo deve prosseguir, até a obtenção
de um acordo com todas as forças políticas democráticas, com os objetivos de isolar a oposição
autoritária, pactuar uma agenda de objetivos comuns no que toca à reconstrução democrática do
país, com destaque para a promoção da inclusão e o combate às desigualdades, assim como uma
estratégia de atuação coordenada até as eleições municipais de 2024, momento em que forças
democráticas e autoritárias se enfrentarão mais uma vez no campo da disputa pelo voto dos eleitores.
Urge retirar, de forma paciente, por meio da política, a direita autoritária da condição de
alternativa real de poder. Apenas dessa forma o debate e a disputa legítima no interior do campo
democrático poderão fl uir de forma livre e construtiva, resultando em ganhos sustentáveis no que
toca ao incremento da equidade, da prosperidade e da sustentabilidade no país.
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