Page 30 - Revista Política Democrática nº 47 - Setembro/2022

REPORTAGEM ESPECIAL

Foto: Thales Antonio/Shutterstock

Com osso bovino nas mãos simbolizando a fome, mulher protesta
contra o presidente Jair Bolsonaro (PL)

Por isso, hoje o repasse para a compra por pessoa estão mais sujeitas à insegu-
de alimento para cada estudante do en- rança alimentar moderada e grave.
sino fundamental e médio é de apenas “Os resultados refletem as desigual-
R$ 0,36. dades regionais e evidenciam diferenças
Se levar em conta a insegurança leve, substanciais entre os estados de cada
de acordo com a pesquisa, o proble- macrorregião do país. Não são espa-
ma fica muito maior. No país, existem ços homogêneos do ponto de vista das
125,2 milhões de pessoas com pre- condições de vida. Há diferenças socio-
ocupação sobre a disponibilidade de econômicas nas regiões que pedem po-
alimentos, com algum grau de indis- líticas públicas direcionadas para cada
ponibilidade deles ou passando fome. estado que as compõem”, diz Renato
Equivale a seis em cada dez famílias Maluf, coordenador da Rede Penssan.
brasileiras.
De acordo com o levantamento, as Grave retrocesso
populações das regiões Norte e Nor- O ano de 2022 será lembrado como
deste são as que mais sofrem, em ter- o marco de um grave retrocesso da se-
mos proporcionais, com a insegurança gurança alimentar no Brasil com uma
alimentar grave. No Maranhão, estado quantidade de pessoas passando fome
onde nasceu Graziela, por exemplo, ainda maior do que o registrado 30
quase dois terços (63,3%) das residên- anos atrás. O governo, porém, nega.
cias com crianças até dez anos apre- Se hoje 33 milhões de brasileiros pas-
sentam insegurança alimentar modera- sam fome no país, em 1993, eram 32
da ou grave. milhões de pessoas nessa situação, de
Em seguida, segundo a pesquisa, acordo com levantamento semelhante
aparecem Amapá (60,1%), Alagoas do Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
(59,9%), Sergipe (54,6%), Amazonas cada (Ipea). A população brasileira era
(54,4%), Pará (53,4%), Ceará (51,6%) 27% menor que a de hoje.
e Roraima (49,3%). As famílias com O governo alega que o consumo
renda inferior a meio salário-mínimo dos mais pobres está garantido com os

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