Page 49 - Revista Política Democrática nº 44 - Junho/2022
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LILIA LUSTOSA - TOP GUN: MAVERICK – UM VOO DE NOSTALGIA
optou por manter a estética e o estilo de “
por sua aptidão no uso da computação
gráfica – Tron: O Legado (2010) e Oblivion
(2013) –, desta feita, o diretor americano
seu predecessor, Tony Scott, filmando in TOP GUN 2 TRAZ À TONA
tura são exatamente como as do primeiro VELHOS SENTIMENTOS,
loco, sem fundo verde. As cenas de aber-
filme, incluindo a fonte utilizada para apre-
sentar os créditos. Kosinski parece não ter FANTASMAS E MEDOS,
querido deixar dúvidas sobre a filiação de
po, bela homenagem ao diretor britânico ALÉM DE PROPOR
seu Top Gun, prestando, ao mesmo tem-
que tirou sua própria vida em 2012. Ko-
sinski agrega, porém, verniz de moderni- UMA REFLEXÃO SOBRE
dade ao filme, aliando o que há de melhor
daqueles tempos. Em Top Gun: Maverick, A MATURIDADE E A
na tecnologia atual ao realismo do cinema
os atores voam mesmo! Não é CGI. E mais,
eles filmam também, já que nem diretor PASSAGEM DO TEMPO
nem cinegrafista podiam acompanhá-los
nos voos.
Para que os atores pudessem enfrentar “
tantos desafios, o próprio Maverick – ops!
Tom Cruise – preparou um boot camp de
três meses para deixar todos no ponto para na, a Top Gun. Por seu temperamento, vai
subir nos aviões. Kosinski, por sua vez, ins- acumulando inimigos e perdendo oportu-
talou quatro câmeras dentro de cada jato, nidades na carreira. Para piorar a situação,
“ ba perdendo seu melhor amigo e parceiro
em um momento de rebeldia aérea, aca-
de voo, Nick “Goose” Bradshaw (Anthony
Edwards). Uma ferida difícil de cicatrizar e
AS SEQUÊNCIAS DE VOOS que vai apagar um pouco a chama de re-
beldia de Pete “Maverick” Mitchell.
No filme atual, o capitão Maverick é um
SÃO DE TIRAR O FÔLEGO piloto de testes, estagnado na carreira e na
“ escolhida para uma missão quase impos-
vida. Ele é chamado para treinar a equipe
sível. Os seis pilotos selecionados da Top
Gun terão que eliminar um inimigo que
não tem cara (russos, chineses?). Entre eles
duas viradas para os atores e duas para está Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles
fora, e ainda lançou mão de drones e avi- Teller), filho de seu amigo Goose. Maverick
ões com a equipe de filmagem voando ao vai viver um dilema: treinar o rapaz para
lado dos protagonistas. Uma proeza de re- que ele participe dessa missão suicida ou
alização e, sobretudo, de montagem, pon- eliminá-lo do grupo, protegendo sua vida,
to alto do filme. As sequências de voos são mas impedindo-o, com isso, de alcançar
de tirar o fôlego. Super-realistas e editadas seus sonhos?
à perfeição para fazer os espectadores voa- Top Gun 2 traz à tona velhos sentimen-
rem junto naqueles caças supersônicos. tos, fantasmas e medos, além de propor
O roteiro, talvez, seja o ponto mais fraco uma reflexão sobre a maturidade e a pas-
do longa. Mas isso já era no original. Afi- sagem do tempo. Não que Maverick tenha
nal, a trama de Top Gun 1 é bem simples: perdido a rebeldia, mas agora ela é mais
piloto rebelde, com muito talento, mas que pensada, contida, controlada. As trans-
não gosta de obedecer às ordens. Entra formações físicas também têm destaque.
para a equipe de elite da Marinha america- Nesse quesito, um momento especial é a
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