Page 34 - Revista Política Democrática nº 42 - Abril/2022
P. 34
50 ANOS DE ALGUNS DISCOS MARAVILHOSOS - HENRIQUE BRANDÃO
Foto: Joa Souza/Shutterstock
Em 1968, Caetano Veloso e Gilberto Gil lançaram Tropicália, um disco-manifesto
50 anos de alguns discos maravilhosos
No ano do centenário da Semana de Arte Moderna, obras musicais
também resgatam importância de artistas nacionais
ada menos moderno do que a tropicalismo, para perceber que suas obras
ideia de que existe uma “fórmu- trazem vários elementos do modernismo.
la modernista” de se fazer arte. Isso pode ser visto – e ouvido – nos dis-
NO grande legado da Semana de cos que, coincidentemente, foram lança-
22, que acaba de completar 100 anos, foi dos em 1972, ano em que se comemorou
justamente romper com os parâmetros do o cinquentenário da Semana de 22. Foi
que a academia reconheceu como “arte”. uma safra excepcional.
Para os modernistas, e isso é moderno, a Entre os muitos lançamentos estão:
arte não está nos cânones festejados nos Transa, de Caetano Veloso; Expresso 2222,
salões. Muito pelo contrário. O verso po- de Gilberto Gil; e Clube de Esquina, de
deria ser livre; a pintura, exprimir subje- Milton Nascimento. Pouco antes, em de-
tividade; a música, expressar os sons das zembro de 1971, Chico Buarque lançou
festas populares; o cinema, mostrar a rea- Construção. Esses quatro discos são belos
lidade; a fotografia, captar o espontâneo exemplares de modernidade.
das ruas; a dança, inovar nos movimentos. Em 1969, Caetano e Gil, perseguidos
Na área musical, por exemplo, bas- pela ditadura, se exilaram em Londres. Só
ta prestar atenção à bossa nova, à gera- retornaram ao Brasil em 1972, quando os
ção dos festivais da MPB e ao pessoal do respectivos discos foram lançados.
34 REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA ABRIL 2022