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4  A REFORMA OU O COLAPSO DO ESTADO - SÉRGIO C. BUARQUE  REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA  REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA  SÉRGIO C. BUARQUE - A REFORMA OU O COLAPSO DO ESTADO  5


 A reforma ou o    -Produto Interno Bruto. Para 2019, pre-  continue a escalada de crescimento  de uma idade mínima e um tempo míni-
        vê-se déficit previdenciário da União de  das despesas com a Previdência social,  mo de contribuição, indispensáveis para
        R$ 218,04 bilhões, equivalente a 2,9%  que ameaça o próprio pagamento dos  adequar às mudanças demográficas do
 colapso do Estado  do PIB. Estas despesas com a Previdên-  benefícios, ou realizar reforma profun-  Brasil, deve reduzir as despesas da pre-
        cia comprometem metade das despesas  da que interrompa o agravamento da  vidência em pouco mais de cem bilhões
        primárias da União e representam quase  crise fiscal e viabilize a recuperação da  por ano. Parece muito, mas representa
        seis vezes os recursos previstos para edu-  capacidade de investimento dos gover-  menos da metade do déficit anual do sis-
 Gastos totais com a Previdência devem alcançar este ano a enorme cifra de R$ 637,85   cação no orçamento da União.   nos federal e estaduais. A reforma da  tema previdenciário da União.
 bilhões, que representa 8,5% do PIB-Produto Interno Bruto. Para 2019, prevê-se déficit   A crise da Previdência é o resultado de  Previdência é urgente e fundamental   A proposta tem imperfeições, como
 previdenciário da União de R$ 218,04 bilhões, equivalente a 2,9% do PIB  mudança profunda no perfil demográfico  para retirar o Estado brasileiro do ato-  a mudança no sistema de assistência
        do Brasil com aumento da expectativa de  leiro fiscal em que se vem afundando,  social a idosos e deficientes (PBC-Bene-
        vida e o envelhecimento rápido da popu-  apesar de ter uma carga tributária ele-  fício de Prestação Continuada), que não
 SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR: SÉRGIO C. BUARQUE  WWW.FUNDACAOASTROJILDO.COM.BR  lação; fenômeno que deve se acelerar  vada (mais de 33% do PIB), equivalente  tem nada a ver com Previdência Social.
        no futuro. De acordo com projeções do  a países altamente desenvolvidos, como  O Congresso pode e deve melhorar e
        IBGE, a população com 65 anos e mais  a Alemanha. De modo que o Estado  aperfeiçoar alguns aspectos da refor-
 Foto: Agência Brasil  em torno de 3,4% ao ano nos próximos  tos e gastos estruturadores nos serviços  pressões corporativistas, nem se deixar
                                                                                ma proposta, mas não pode ceder às
        (que deverá estar aposentada) vai crescer  brasileiro possa ampliar os investimen-
        15 anos, passando de 16 milhões, em  públicos e que a economia volte a cres-
                                                                                levar por falsas e demagógicas genero-
        2015, para 51 milhões, em 2050 (salta de  cer de forma sustentada.
                                                                                sidades, que poderiam desfigurar seu
        7,9% para 22,6% da população total).   A proposta apresentada pelo governo  conteúdo e comprometer sua eficácia.
        Esta dinâmica demográfica futura pre-  é uma peça consistente e abrangente de  Eventual insucesso da reforma da Pre-
        nuncia desequilíbrio devastador do siste-  reestruturação do sistema de Previdên-  vidência seria um desastre. No futu-
        ma de previdência e a falência completa  cia, enfrenta os privilégios, inclusive de  ro, seria analisado pelos historiadores
        das finanças públicas com graves conse-  políticos e magistrados, e surpreende,  como mais uma oportunidade perdida
        quências econômicas e sociais.      positivamente, pela equidade da distri-  pelo  Brasil,  e  não  como  um  segundo
          O Brasil está diante de uma escolha  buição dos custos. O conjunto de pro-  ponto de inflexão da história econômi-
        fundamental para o futuro: deixar que  postas, com destaque para a definição  ca brasileira.

                                                                                                                    Foto: Agência Brasil





















 FFila do INSS: Reforma da Previdência precisa interromper a crise fiscal e viabilizar a recuperação da capacidade de investimento dos governos



 O ponto de inflexão mais importan-  últimas décadas. Enquanto a inflação  a inflação no passado, a crise da Previ-
 te na história recente da economia bra-  corroía o sistema econômico e devora-  dência Social está agora impedindo o
 sileira foi o Plano Real, que conseguiu   va  a  renda  da  população  mais  pobre,  crescimento econômico.
 quebrar o ciclo perverso da inflação.   o déficit crescente da previdência está   Os gastos totais com a Previdência
 Se o Congresso Nacional aprovar agora   levando ao colapso fiscal do Brasil, com-  Social da União (INSS e Previdência dos
 o essencial da proposta da Reforma da   prometendo a capacidade de atuação  servidores públicos) devem alcançar
 Previdência, esta será a segunda inflexão   do Estado no investimento e na oferta  este ano a enorme cifra de R$ 637,85   Bolsonaro entrega proposta da Reforma: Congresso deve melhorar e aperfeiçoar alguns aspectos da reforma proposta, sem ceder às pressões corporativistas
 na dinâmica da economia brasileira das   de serviços públicos à sociedade. E como  bilhões, que representa 8,5% do PIB-
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