Page 28 - Revista Política Democrática nº 50 - Dezembro/2022
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AVATAR 2: SUBLIME ATÉ DEBAIXO D’ÁGUA - LILIA LUSTOSA
Bem recentemente, o mesmo Cameron, tem-se vontade de prender a respiração
mais uma vez, é o responsável por outra para mergulhar com eles!
reviravolta na estereoscopia, com câme-
ras ainda mais modernas, desta feita,
capazes de capturar à perfeição imagens “
tridimensionais debaixo d’água.
(2022), o deslumbramento causado Usando e abusando de
Em Avatar: O Caminho da Agua
pelos cenários das matas de Pandora,
desloca-se para a costa do planeta, re- clichês para compor
gião onde vive a tribo Metkayina, seres
aquáticos, não mais azuis como os fi- seus personagens e
lhos de Omaticaya, mas verdes claros,
com caudas em vez de rabo e pés e
mãos que funcionam como nadadeiras. sua história, Avatar 2
Seres, no entanto, igualmente conecta-
“ e bela alegoria da
dos com a natureza. é, assim, uma grande
Com a Terra cada
vez mais inabitável, colonização”
Importante dizer que, do mesmo
a solução continua modo que acontece com o primeiro
filme, o enredo em si não é o ponto
sendo tomar Pandora e mais forte desta produção. O que des-
lumbra em Avatar 2, mais uma vez, é o
construir ali um novo mundo que se descortina na tela.
Com a Terra cada vez mais inabitá-
vel, a solução continua sendo tomar
lar para os terráqueos” Pandora e construir ali um novo lar
para os terráqueos. Omaticaya é então
atacada pelos humanos que querem ali
estabelecer residência, não sem antes
impor sua cultura e seus hábitos aos
O efeito de Metkayina em nossos povos originários, que, aos olhos da
olhos é simplesmente sublime! Um uni- Terra, parecem estranhos, cheios de
verso deslumbrante, de azul intenso, superstições, magias e valores selva-
que penetra na íris e na alma de es- gens e equivocados.
pectadores. Para chegar a esse ponto, A trama se passa alguns anos depois
além de ter trabalhado à exaustão com da história do primeiro filme, quando
a equipe no desenvolvimento da nova Jake Sully (Sam Worthington), agora
tecnologia, Cameron exigiu ainda que convertido em Na’Vi, e Ney’tiri (Zoë
seu elenco mergulhasse literalmente na Saldanha) constituiram família – têm
água para as filmagens a fim de que quatro filhos –, e vivem pacificamente
tudo parecesse mais natural, mais crí- em sua terra, ambos exercendo papeis
vel. Fizeram curso de mergulho e apren- de liderança naquela sociedade. Isso
deram a passar longos minutos em ap- até serem atacados mais uma vez pe-
neia. Um esforço físico e mental que los humanos e sentirem-se obrigados
valeu a pena. A imersão nas águas (e na a deixar tudo para que sua gente não
história) é tal que, em dado momento, seja dizimada. Como refugiados, vão
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