Page 14 - Revista Política Democrática nº 49 - Novembro/2022
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DESAFIOS FISCAIS, REFORMA DO ESTADO E REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS - EDUARDO ROCHA




                     construída pela interação democrática  entre  e, de outro, a isenção fi scal e manutenção de
                     governo, parlamento e sociedade civil. Ela é  privilégios para as oligarquias, nas mais diversas
                     parte integrante da própria e necessária refor-  modalidades.
                     ma democrática do Estado brasileiro para que o   Fala-se muito em “Estado máximo” e “Esta-

                     país sepulte, de forma definitiva, duas tradições  do mínimo”. Seriam dois concretos antitéticos.
                     perversas da nossa história fiscal: de um lado,  Na vida real, concreta, material, objetiva, contu-

                     a penalização e sofrimento para a cidadania,  do, o Estado brasileiro realmente existente é, ao
                     dos mais humildes, dos pobres, dos miseráveis,  mesmo tempo, os dois termos suprassumidos

                    Foto: Reprodução/Shutterstock






























                        “Precisamos de mais Estado para a cidadania e o desenvolvimento e menos Estado para as
                                  oligarquias e os privilégios”, defende o economista Eduardo Rocha


                     na dança dialética do concreto, numa síntese  de mais Estado para a cidadania e o de-
                     trágica expressa na existência real de um Estado  senvolvimento e menos Estado para as oli-
                     que é máximo para uma minoria privilegiada e,  garquias e os privilégios.
                     ao mesmo tempo, é um Estado mínimo para a   É preciso inverter essa tradição das tre-
                     maioria da população brasileira.         vas fi scais de modo que, do lado da des-
                       No lugar desse Estado que aí está – que  pesa, cortem-se os gastos supérfluos e dos

                     faz a alegria das oligarquias, da especulação  privilégios de uma minoria e acabe-se com



                     financeira e das castas privilegiadas;  desse  a agiotagem financeira contra as finanças
                     Estado que é gigante para o que faz e pig-  públicas, vitalizando assim as políticas so-
                     meu para fazer o que deve ser feito; desse  ciais e de investimentos que dinamizem o
                     Estado que é – é preciso constituir um Es-  setor produtivo. Do lado da receita, deve-se
                     tado democrático, desprivatizado, publiciza-  eliminar a regressividade da estrutura tribu-
                     do, transparente, realmente federativo e re-  tária, fazendo com o que os que mais têm
                     publicano, de maneira a oferecer, dentro das  e ganham paguem mais, por meio da pro-
                     regras da democracia consagrada na Cons-  gressividade sobre a renda e propriedade.
                     tituição de 1988, oportunidades para uma
                     vida melhor, social e cultural ao seu povo e
                     uma integração econômica em novas bases             SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR
                     com a economia mundial.
                       Para tanto, é preciso, em primeiro lugar,              EDUARDO ROCHA
                     declarar sem meias palavras: precisamos




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