Page 4 - Revista Política Democrática nº 48 - Outubro/2022
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Editorial




                                   As três frentes do segundo turno

              Chegamos à véspera do segundo turno das eleições gerais deste ano, um evento crucial para o futuro
            imediato do país, no qual está em jogo nada menos que o ordenamento democrático que vigora entre nós,
            numa conjuntura permeada de incertezas. Sabemos a importância do pleito para o futuro de todos nós. É
            cristalino, também, que o voto em Lula, o candidato da oposição, é a opção das forças que sustentam a
            agenda democrática e progressista no país, enquanto o candidato do governo representa o retrocesso político,
            social e econômico. Finalmente, parece igualmente claro que a disputa não será decidida apenas na frente
            eleitoral.
              Três frentes de embate político estão desenhadas hoje. Há, em primeiro lugar, e mais importante, o lado
            eleitoral do confronto, lado que seria exclusivo, em circunstâncias de normalidade democrática. Nessa disputa,
            a mensagem das pesquisas parece, até o momento, favorável aos democratas. Cabe sempre lembrar, contudo,
            que o primeiro turno demonstrou, uma vez mais, a insuficiência desse instrumento, em tempos de redes sociais
            ativas, disseminação de notícias falsas, adesão massiva a teorias conspiratórias e aumento do número de
            eleitores tardios e não confiáveis, para a antecipação dos resultados efetivos das urnas. O momento, portanto,
            não permite vacilação e a campanha em favor do candidato Lula deve permanecer ativa até o último minuto.
              Uma segunda frente de disputa está em movimento e poderá permanecer aberta, em caso de derrota do
            governo, até a posse dos eleitos. Trata-se da frente judicial, a frente da chicana jurídica, na qual pretextos são
            empilhados para retirar legitimidade ao resultado das eleições e justificar o não cumprimento da vontade da
            maioria. Acabamos de assistir à manifestação do candidato do governo, em favor de medidas extraordinárias
            para responder a supostas irregularidades na distribuição da propaganda eleitoral no rádio. Mesmo diante da
            postura firme do Tribunal Superior Eleitoral, de recusa dessas alegações infundadas, que deve ter o apoio ativo
            e permanente de todos os democratas, novos episódios similares são possíveis de se prever.
              Finalmente, alguns incidentes graves anunciam a abertura de uma terceira frente de confronto político: a
            frente da arruaça e do tumulto. Um episódio obscuro na campanha do candidato da situação ao governo
            de São Paulo, envolvendo disparos, com ao menos uma vítima, chegou ao noticiário e resiste às tentativas
            de abafamento. Um conhecido político, contumaz na divulgação de peças de vídeo com cenas explícitas de
            apologia ao crime, resistiu à prisão com tiros e arremesso de granadas. Apoiadores do governo são vistos
            em campanha portando armas de fogo. Tudo indica que episódios de contestação ampla da ordem legal
            encontram-se em gestação, no intuito, talvez, de conseguir algo semelhante, nas circunstâncias locais, à
            invasão do Capitólio nos Estados Unidos, por partidários do presidente derrotado nas eleições.
              Nesse quadro de incertezas, só há um caminho para as forças democráticas do país. Empenhar todo seu
            esforço pela vitória eleitoral de Lula. Cerrar fileiras no apoio ao trabalho do Tribunal Superior Eleitoral em prol
            da garantia da integridade do processo, contra as manobras diversionistas do governo. Reclamar a intervenção
            das autoridades locais, estaduais e nacionais sempre que a ordem pública estiver sob ameaça.




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                                        Presidente do Conselho Curador        Equipe responsável
                                        Luciano Rezende                       Cleomar Almeida (Editor-geral)
                                                                              João Rodrigues (Editor de imagens)
                                        Diretoria executiva                   Nívia Cerqueira (Mídias sociais)
                                        Caetano Ernesto Pereira de Araújo (Diretor-geral  Tecnologia da informação
                                        Raimundo Benoni Franco (Diretor financeiro)
          Democrática                   Ana Stela Alves de Lima               Washington Reis
            POLITICA
                                        Ciro Gondim Leichsenring
                                        Jane Monteiro Neves
                                        Marco Aurelio Marrafon
         Expediente                     Conselho editorial                    PUBLICAÇÃO MENSAL
                                        Ana Stela Alves de Lima
                                        Arlindo Fernandes de Oliveira         FUNDAÇÃO ASTROJILDO PEREIRA
                                        Caetano Ernesto Pereira de Araújo     www.fundacaoastrojildo.org.br
                                        Luiz Carlos Azedo
                                        Luiz Sérgio Henriques
                                        Raimundo Benoni Franco
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