Page 10 - Revista Política Democrática nº 44 - Junho/2022
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CENÁRIO ELEITORAL E GUERRAS DE NARRATIVAS - RODRIGO AUGUSTO PRANDO
Cenário eleitoral e guerras de narrativas
Principais atores da disputa deste ano serão Lula e Bolsonaro, líderes
carismáticos e com suas militâncias aguerridas
Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
Em 2022, as instituições brasileiras e, no limite, a própria democracia terão seu
maior teste desde a Nova República
amos às urnas de dois em dois política, seja no dos atores políticos, jor-
anos, no Brasil. Alternamos elei- nalistas e cientistas sociais. As narrativas,
ções municipais e eleições para assim, constituem armas numa guerra de
Vdeputados, senadores, gover- versões na qual importa menos a traje-
nadores e presidente da República. Em tória do político, o que ele tem a dizer e
2022, nossas instituições e, no limite, a os fatos da realidade, e mais aquilo que
própria democracia terão seu maior teste os indivíduos querem acreditar. Se, não
desde a Nova República. faz muito, as narrativas eram produtos de
A sociedade brasileira encontra-se no profissionais do marketing político cujas
bojo de uma cultura política, não raro, remunerações eram milionárias, hoje,
autoritária, ainda assentada em elemen- temos narrativas geradas no âmbito das
tos do clientelismo, do patrimonialismo e redes sociais e que tomam proporções
de líderes carismáticos e messiânicos. Há inimagináveis e numa velocidade distinta
tempos, contudo, encontra-se no léxico do tempo analógico.
da política o termo “narrativa”, seja no Após os dois mandatos de Fernando
campo do marketing e da comunicação Henrique Cardoso (FHC), o Partido dos
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