Page 7 - Revista Política Democrática Online nº 40 - Fevereiroo/2022
P. 7

ASTROLIJDO PEREIRA E OS CENTENÁRIOS - MARTIN CEZAR FEIJÓ

                     “                                        além da proximidade cronológica – feverei-
                                                              ro e março de 1922 -, é que foram obras
                                                              de grupos pequenos e ousados: 
                                                                - o de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de
                      “O DE NITERÓI, NO
                                                              fevereiro, nas dependências do Teatro Mu-
                                                              na sociedade paulista, com pequena publi-
                      DIA 25 DE MARÇO,                        nicipal, com o apoio de setores dominantes
                                                              cidade através de anúncios e repercussão
                                                              mesmo que discreta na imprensa local;  
                                                                - o de Niterói, no dia 25 de março, foi
                      FOI PRATICAMENTE                        praticamente secreto, clandestino, entre
                                                              participantes operários e intelectuais de

                      SECRETO,                                várias partes do país: Os nove de 22, como
                                                              tão belamente descritos no livro de Ivan Al-
                                                              ves Filho (Brasília, Fundação Astrojildo Pe-
                      CLANDESTINO,                            reira, 2021), que teve em Astrojildo Pereira
                                                              (1890-1965) fi gura relevante. 
                                                                Meu envolvimento com o tema, mais
                      ENTRE                                   exatamente com Astrojildo Pereira, objeto
                                                              de pesquisa por vários anos, gerando até
                                                              um doutorado em Ciências da Comunica-
                      PARTICIPANTES                           ção (ECA-USP) e um livro, O Revolucionário
                                                              Cordial, começou com um texto que li em
                                                              uma revista quando ainda cursava minha
                      OPERÁRIOS E                             graduação no Departamento de  História
                                                              na FFLCH-USP: “Temas de Ciências Huma-
                                                              nas”  (São Paulo, Livraria Editora Ciências
                      INTELECTUAIS DE                         Humanas, 1978, v.4, p. 41-67), intitulado
                                                              “Tarefas da inteligência brasileira”, de
                                                              autoria de Astrojildo Pereira.  
                                                                Astrojildo Pereira  (1890-1965). Embora
                      VÁRIAS PARTES                           nascido em uma pequena cidade serrana
                                                              do Estado do Rio de Janeiro, Rio Bonito,
                      DO PAÍS: OS NOVE                        passou praticamente sua vida adulta na ci-
                                                              dade do Rio de Janeiro, onde atuou como
                                                              militante anarquista nos anos 1910, como
                      DE 22, COMO                             um dos principais fundadores do PCB em
                                                              1922, e intelectual participante a partir dos
                                                              anos 1930. Autor de obras fundamentais
                      TÃO BELAMENTE                           do período de 1935 a 1965, foi preso quan-
                                                              do do golpe militar de 1964, “sob acusa-
                                                              ção” de ter fundado um partido comunista
                      DESCRITOS NO                            em 1922. Quando saiu da prisão, afirmou:

                                                              “Agora prendem fontes históricas!”.  
                                                                Morreu aos 74 anos, depois de um movi-
                      LIVRO DE IVAN ALVES                     mento intelectual e político por sua libertação,
                                                              que envolveu até a Academia Brasileira de Le-
                                                        “     tou na noite que antecedeu sua morte, o que
                      FILHO”                                  tras (ABL), que lhe tinha apreço por sua dedi-
                                                              cação durante a vida toda à obra de Machado
                                                              de Assis, desde a adolescência, quando o visi-

                                                              deu origem a uma crônica célebre de Euclides
                                                              da Cunha: “A Última Visita”, mas cuja identi-
                                                              dade do “anônimo juvenil” só seria revelada

                                                              em 1936, em biografia original de Machado
                                                              de Assis, escrita por Lúcia Miguel Pereira.


       FEVEREIRO  2022                          REVISTA POLÍTICA DEMOCRÁTICA                                    7
   2   3   4   5   6   7   8   9   10   11   12