Page 4 - Revista Política Democrática nº 49 - Novembro/2022
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Editorial
O caminho da democracia
Como esperado, o segundo turno da eleição presidencial resultou na vitória do candidato do
campo democrático sobre o candidato da situação, por uma margem consideravelmente inferior,
contudo, à previsão inicial. Na verdade, o leque de recursos fi nanceiros e políticos mobilizados pelo
governo, de legalidade ao menos duvidosa, mostrou alguma efi cácia, da liberação indiscriminada
de verbas e créditos novos às operações de restrição da mobilidade dos eleitores no dia do pleito.
Em condições de normalidade democrática, a disputa estaria encerrada, e todos fi cariam em
situação de vencedores e vencidos, engajados, de forma aberta e cooperativa, no processo de
transição. Ocorre que no último quadriênio, como sabemos, não houve normalidade democrática
no país. Em consequência, o governo reconheceu sua derrota de forma ambígua e tardia, ao tempo
em que encorajou a mobilização de partidários seus na frente dos quarteis, em protesto contra o
resultado eleitoral, em favor de intervenção militar, com a fi nalidade declarada de inverter a vontade
manifesta dos cidadãos e declarar a minoria como se maioria fosse.
A permanência de militantes governistas nas ruas, com a complacência dos responsáveis pela
manutenção da ordem e o apoio fi nanceiro cotidiano de redes de empresários golpistas, constitui
um desafi o aberto à democracia brasileira, desafi o que deverá ser enfrentado de forma permanente,
por todos nós, a partir do primeiro dia do novo governo.
Hoje, contudo, a tarefa imediata dos democratas é sua articulação fi rme e mobilização ampla
contra as manifestações golpistas, que confi guram um crime contra o estado democrático de direito,
assim como contra a propaganda favorável a elas, que caracteriza uma atitude de apologia a esse
crime. Urge assegurar, depois da vitória eleitoral, a diplomação e a posse dos eleitos, os degraus
posteriores da sequência prevista na regra eleitoral.
Apenas a partir da posse poderá ter início o processo efetivo de metamorfose da frente ampla
eleitoral que se formou entre o primeiro e o segundo turno das eleições em frente ampla política
e programática. Esse não será, claro está, um processo simples. Seu sucesso dependerá em boa
medida da capacidade de os participantes construírem as convergências necessárias e manter,
simultaneamente, a manifestação aberta e transparente de suas diferenças para informação e
julgamento da opinião pública.
As tarefas não são fáceis, mas o caminho a ser trilhado está claro: contra toda tentativa de
subverter o resultado das urnas; todo apoio ao processo de transição; pela diplomação e posse dos
eleitos; pela constituição de um governo de ampla frente democrática, com a participação de todas
as forças contrárias ao projeto autoritário e retrógrado do governo que se encerra!
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