Page 4 - Revista Política Democrática nº 46 - Agosto/2022
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Editorial
A presença da sociedade civil
O país assiste, desde o 11 de agosto passado, à emergência de um ator relevante, até então
tímido, quando não ausente, na cena política contemporânea: a sociedade civil organizada. Um
manifesto em prol da democracia, com apoio amplo e objetivos muito claros, foi lido em inúmeros
atos públicos ocorridos em São Paulo e diversas outras cidades brasileiras.
O texto exige, de forma clara, respeito ao processo e aos resultados eleitorais, assim como
a coordenação harmônica entre os Poderes da República, em prol das tarefas que o mundo do
presente impõe ao país. O impulso unitário que inspira o movimento transparece na diversidade
de seus signatários: organizações de ensino superior, atores de movimentos sociais, entidades que
congregam interesses de empresários e trabalhadores, além de centenas de milhares de cidadãos. Há
diversidade política, com personagens de posições opostas nos embates recentes de nossa história,
há diversidade de interesses econômicos, muitas vezes contraditórios, há diversidade de causas que
congregam militantes e movimentos. Todos, no entanto, se manifestam hoje unifi cados, na defesa
da democracia, contra as ameaças que sobre ela pesam.
A resistência contra os avanços do autoritarismo supera as contradições eleitorais dos candidatos
do campo democrático com os candidatos do governo, arautos da agenda do retrocesso, para
alcançar patamares mais elevados de luta. Veio à luz a afi rmação do consenso democrático, que une
trabalhadores, empresários e intelectuais, representantes das forças vivas da nação.
É inescapável a associação do manifesto de hoje com o manifesto de ontem, a Carta aos Brasileiros,
lida na mesma data de 1977, na Faculdade de Direito da USP, de impacto singular na derrota do
regime ditatorial de então.
Infelizmente, contudo, tampouco é possível deixar de relacionar essa manifestação vigorosa em
prol da democracia com a divulgação, poucos dias depois, de conversações mantidas por grupo de
empresários governistas, com ataques às instituições democráticas e apologia de regimes autoritários.
O sinal é claro: há movimentos entre os partidários da desordem e do autoritarismo. O risco às
instituições permanece, portanto, apesar da manifestação de unidade e força dos partidários da
democracia.
Nesse quadro, a lição dos fatos aponta para a formulação de consignas comuns, ao lado da
manifestação de diferenças políticas legítimas, no embate eleitoral, a todos os candidatos do campo
democrático.
Pelo comparecimento às urnas no dia do pleito, contra o voto em branco, contra o voto nulo,
nenhum voto para os candidatos do autoritarismo.
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