Page 48 - Revista Política Democrática nº 45 - Julho/2022
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EM BUSCA DO EXÉRCITO CIDADÃO NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA - RICARDO JOSÉ DE AZEVEDO MARINHO
Pontifícia Universidade Católica do Rio caracteriza sua formação; o deslocamen-
de Janeiro (PUC-Rio) e o Centro de Estu- to da ideia de vocação para a carreira
dos de Pessoal e Forte Duque de Caxias militar em favor da ideia de sua estabili-
(CEP-FDC), da Diretoria de Educação Téc- dade; a ênfase na capacitação profissio-
nica Militar (DETMil) do Departamento nal, com sua exigência correlata por me-
de Educação e Cultura do Exército (DE- lhor formação; e a demanda por acesso
CEx), na linha do Edital do Programa de a vantagens conferidas a outras carreiras
Apoio ao Ensino e à Pesquisa Científica e de Estado, dimensões que apontam para
Tecnológica em Defesa Nacional (Pró-De- a ideia de profissão.
fesa) de 2008, tratou-se de um survey O novo formato institucional assumi-
em âmbito nacional, que envolveu ques- do pelo EB é, como sustentam as autoras
tionário a 20.435 oficiais da ativa, o que e o autor, menos o efeito de uma política
possibilitou a construção de um banco desejada por estes do que uma consequ-
de dados contendo os retornos de 2.423 ência de um complexo processo de tran-
respondentes. sição para a democracia.
Este livro oferece instigante interpre- Além do texto coletivo que dá corpo
tação sobre o EB, colocando seu foco ao livro, ele conta ainda com um prefá-
nos oficiais. Trata-se de um retrato de- cio do professor Francisco Fonseca – De-
les, obtido a partir do uso de potente partamento de Ciências Sociais da Ponti-
zoom. O alcance destas lentes não deixa fícia Universidade Católica de São Paulo
de lado sequer as forças que impelem o (PUC-SP) e Centro de Estudos em Admi-
EB a tentar redefinir, tanto seu formato, nistração Pública e Governo da Escola
como suas funções, sobretudo, após a de Administração de Empresas de São
Constituição de 1988. Assim, ainda que Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV
se possa sustentar que se trata de um EAESP) –, uma apresentação do nosso
“retardatário”, quando comparado com imortal da Academia Brasileira de Letras
“ publicação com o contexto em que a vê
outras instituições, também o EB se vê José Murilo de Carvalho e posfácio do
Eduardo Raposo, onde fazem a ponte da
surgir, aludindo que o 38º presidente do
A CAPACITAÇÃO DOS Brasil tenta usar os militares para forçar
a barra na disputa política.
Isso não retira a importância do EB na
PROFISSIONAIS VEM balança política de 2022, ainda que seus
oficiais não estejam majoritariamente
dispostos a apoiar políticas momentâne-
SENDO REALIZADA EM as que alterem o curso de suas preferên-
cias, como revela a pesquisa em tela.
Importa reter que, quando entendeu
UNIDADES DE SAÚDE que a pandemia não cabia na securi-
tização e nas metáforas dos conflitos
“ militares da área de saúde, treinamento
MILITARES armados, o Ministério da Defesa (MD)
oportunizou, para os profissionais civis e
para mitigar o coronavírus no Brasil. A
realizada em unidades de saúde milita-
convidado a adaptar-se a um novo con- capacitação dos profissionais vem sendo
texto democrático. res, a exemplo do Hospital das Forças Ar-
Duas ordens de questões são analisa- madas (HFA), em Brasília, e da Escola de
das: de um lado, a questão institucional Saúde do Exército (EsSEx), o estabeleci-
propriamente dita e, de outro, a carac- mento de ensino militar responsável pela
terística das demandas que chegam até seleção e formação do Quadro do Ser-
eles. E o resultado encontrado foi: um viço de Saúde do EB, no Rio de Janeiro.
oficialato compassivo na avaliação do Por tudo isso, O que pensam os ofi-
sistema de educação continuada que ciais do Exército Brasileiro realiza a tarefa
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