Page 4 - Revista Política Democrática nº 45 - Julho/2022
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Editorial
Incerteza e risco na campanha eleitoral
No dia 5 de agosto próximo, partidos e candidatos sairão às ruas, na largada de suas campa-
nhas. A partir dessa data, até a realização do primeiro turno das eleições, assistiremos todos à
campanha eleitoral com maior grau de incerteza e risco dentre todas as realizadas na vigência da
Constituição de 1988.
O presidente da República, candidato à reeleição, reincide seguidamente em três modalidades de
pronunciamentos, todas com efeito desestabilizador sobre o curso do processo eleitoral. Em primeiro
lugar, lança dúvida sobre a eficácia das urnas eletrônicas, tentando fazer prosperar, na opinião pública,
a hipótese de fraude em caso de derrota. A reiteração desse argumento em contextos diversos mos-
tra, de forma clara, a intenção de contestar o eventual resultado desfavorável e prolongar, no fim das
contas, sua permanência no poder, a despeito da derrota. Uma mensagem inequivocamente golpista.
Em segundo lugar, promove, simultaneamente, a desqualificação moral dos adversários, sempre
com base em notícias falsas, fabricadas e disseminadas com o propósito de aumentar a animosidade,
até mesmo a aversão, aos candidatos das forças que integram o campo democrático hoje no país.
Finalmente, prossegue na propaganda e estímulo permanente ao livre acesso e porte de armas de
fogo a todo cidadão. Cumpre assinalar que esse esforço discursivo foi acompanhado por medidas
efetivas de liberalização que resultaram na multiplicação do número de armas de fogo em circula-
ção, de 2018 para cá.
Os três argumentos apontam para o mesmo alvo: a constituição de uma massa de eleitores arma-
dos, radicalizados, prontos para disparar contra adversários, em caso de frustração de seus objetivos
eleitorais. Aumenta a voltagem da violência política e, mesmo antes do início da campanha, houve
episódios que resultaram em agressão armada e óbito.
O grande indicador dos resultados da estratégia do candidato governista será, aparentemente, a
mobilização popular convocada em seu favor para o dia 7 de setembro. A estratégia parece repetir,
em escala ampliada, as manifestações de 2021. Em caso de sucesso, o saldo seria a desmoralização
das instituições e a criação de uma reserva de aparente apoio popular a movimentos futuros de re-
cusa do resultado eleitoral.
As tarefas da oposição, por sua vez, estão desenhadas com clareza. Articular de imediato uma rede
em defesa da democracia, que reúna partidos e candidatos, governadores e prefeitos, legisladores na-
cionais, estaduais e municipais, Judiciário e sociedade civil, em defesa da ordem no dia do bicentenário
da Independência e da democracia ao longo de todo o processo eleitoral, até a posse dos eleitos.
Outra tarefa é promover o diálogo urgente entre os candidatos do campo democrático para cons-
truir o consenso necessário em torno da defesa da democracia, do repúdio conjunto aos ataques au-
toritários e definição das regras mínimas de convivência democrática e civilizada que devem governar
a competição eleitoral no interior desse campo.
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