Page 4 - Revista Política Democrática nº 43 - Maio/2022
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Editorial
Duas agendas
A disputa eleitoral prossegue seu curso, com todos os atores em movimento, na procura de posições
mais vantajosas para a largada oficial da campanha, no começo de agosto. Dois eventos relevantes
marcaram os últimos dias, ambos sobejamente discutidos, por atores e analistas do processo. Primeiro,
no que toca ao leque de alternativas, houve a retirada da candidatura do governador de São Paulo,
mais um movimento no sentido da redução do leque de nomes disponíveis. Segundo, ocorreu a divul-
gação de nova pesquisa de opinião que, aparentemente, marca uma inflexão em relação a pesquisas
anteriores. O candidato governista que vinha, lenta e progressivamente, melhorando seu posiciona-
mento, parece ter estacionado, enquanto a candidatura do PT mostrou avanços importantes em de-
terminados segmentos do eleitorado.
Há vinculação entre os dois eventos. A retirada do candidato tucano mostra que o conjunto de for-
ças empenhadas em sustentar um candidato palatável para as parcelas de eleitores resistentes ao PT e
a seu candidato continua em movimento, agora no processo de sedimentação e avanço do nome de
sua candidata. Os resultados da pesquisa, por sua vez, são auspiciosos. Revelam um teto consistente
de rejeição ao governo, demonstram a dificuldade de seu candidato se aproximar do total de votos
estimados para os candidatos de oposição, afastam o discurso desestabilizador da fraude eleitoral e
estreitam o leque de possíveis apoiadores de tentativas golpistas.
No entanto, mesmo que essas tendências se consolidem, inclusive com a melhora do desempenho
nas pesquisas dos candidatos da oposição como um todo, persistem os riscos de tentativas de deses-
tabilização, das denúncias infundadas de fraude, do incentivo de ações violentas, na campanha e no
decorrer do dia do pleito.
Por isso, continua a ser a tarefa de todos os candidatos do campo democrático prosseguir na crítica
permanente aos descaminhos do atual governo, em particular a toda manifestação de desrespeito à
democracia. Além disso, é também tarefa premente de todos esses candidatos a promoção e intensifi-
cação do diálogo no interior desse campo. Afinal, se o isolamento do governo no primeiro turno pode
ocorrer por meio da pluralidade de candidaturas, a campanha que visa o primeiro domingo de outubro
precisa mirar também os alvos do futuro.
Há uma agenda das diferenças, legítimas, em torno dos projetos de construção do futuro da nação.
Com ela convive a agenda de defesa da democracia, a agenda da ampla frente democrática, a agenda
que luta contra o retorno ao passado autoritário.
Os eleitores irão às urnas no primeiro turno com os olhos postos simultaneamente no segundo.
Assim devem proceder também os partidos e candidatos do campo democrático. As pontes entre eles
devem ser erguidas ou desobstruídas, para funcionarem de forma livre na eleição e no novo ciclo da
política que a ela se seguirá.
Presidente do Conselho Curador
Luciano Rezende
Diretoria executiva
Democrática Caetano Araújo (Diretor-geral)
POLITICA
Raimundo Benoni (Diretor financeiro)
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Ciro Gondim Leichsenring
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Esta edição contou com a valiosa contribuição
do embaixador André Amado