Page 28 - Revista Política Democrática Online nº 39 - Janeiro/2022
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REPORTAGEM ESPECIAL - VANESSA AQUINO




                     20 anos, cientistas já estão avisando que  bordar de tempos em tempos. Blocos de
                     as chuvas vão ficar mais intensas, mais  rocha vão cair de tempos em tempos e,
                     concentradas, os fenômenos meteoroló-    se a natureza diz isso, a gente precisa
                     gicos vão acontecer com maior frequên-   entender que isso não precisa virar uma
                     cia devido às mudanças climáticas com  tragédia. Essa cultura de risco começa a
                     escala global. E existem fenômenos lo-   atuar nesses casos não apenas quando
                     cais também, locais ou regionais, como  eles são eminentes. Se existe uma área
                     desmatamento, degradação dos solos,  onde ocorre inundações, é preciso atuar
                     degradação dos rios.”                    o ano inteiro ali, sobretudo no período
                       Miguel Felippe acredita que todos es-  de seca.”
                     ses fatores evidenciam que o período       Dados mais recentes do Instituto Bra-
                     de dezembro a março, no Brasil, é de  sileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
                     riscos mais latentes, e o que é feito do  divulgados em 2018 na publicação “Po-
                     ponto de vista de gestão pública ainda  pulação  em áreas  de risco  no Brasil”,
                     é muito pouco, segundo ele. “Acho que  apontam que  cerca  de 8,3 milhões de
                     se a gente for falar da principal causa,  pessoas moram em áreas com risco de
                     ela está relacionada justamente à gestão  desastres naturais. Desse total, 17,8%
                     pública, gestão desses riscos, nível mu-  são idosos ou crianças. Salvador (BA)
                     nicipal, estadual e federal obviamente,  aparece como o município brasileiro com
                     que é muito deficiente, deixa muito a  maior número de habitantes em áreas de
                     desejar nesse aspecto”, diz. Ele destaca  risco: 1,3 milhões ou 45,5% da popula-
                     que é necessária uma cultura de prote-   ção. Em parceria com o IBGE, o Centro
                     ção contra riscos no Brasil.             Nacional de Monitoramento e Alerta de
                       “Existem questões de curto prazo e de  Desastres Naturais (CEMADEN) monito-
                     longo prazo. Em termos de longo pra-     rou 872 municípios brasileiros e consta-
                     zo existe uma necessidade de fomentar  tou que mais da metade dos moradores
                     uma cultura uma cultura de compreen-     em área de risco vivem no Sudeste.
                     são das vulnerabilidades sociais-ambien-
                     tais. A natureza diz se um rio vai trans-


                   Foto: Cristiano Machado/Imprensa MG

































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