Page 4 - Revista Política Democrática nº 44 - Junho/2022
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Editorial
O quadro eleitoral
A pouco mais de um mês do início das campanhas eleitorais e a menos de cem dias das eleições de
outubro, é tempo de tentar um balanço da situação atual do pleito, a partir do conjunto de informa-
ções disponíveis.
Conforme pesquisas recentes, a disputa nas eleições presidenciais não mostra alteração aparente
significativa. Lula lidera nas intenções de voto, com larga margem sobre o presidente da República.
O terceiro colocado permanece imóvel na sua posição, enquanto a candidata do campo chamado de
terceira via não logrou ainda, ao que tudo indica, decolar junto ao eleitorado.
A persistência dos mesmos resultados por meses seguidos, contudo, não é suficiente para assegurar sua
continuidade até o dia do pleito. Como bem sabemos, eventos imprevistos, com grande impacto potencial
sobre os eleitores, podem ocorrer até o último dia de campanha, com exposição pública em tempo real.
Mesmo na ausência de eventos dessa ordem, duas linhas de mudança possível são detectáveis nesse
quadro. Em primeiro lugar, o candidato do governo atingiu, ao que tudo indica, seu teto de intenções
de voto, enquanto crescem as pressões no sentido da perda de sua popularidade. Escândalos novos
vêm à tona nos altos escalões do governo, reforçando um cenário que combina incompetência com
ilegalidades de toda ordem. O caso da vez é a investigação sobre os dutos da corrupção presentes
no Ministério da Educação que já resultaram na prisão do ex-ministro e na suspeita de vazamento de
informação sigilosa por parte do próprio presidente da República.
A apuração dos fatos aos olhos do público, por meio de Comissão Parlamentar de Inquérito, teria
efeito desastroso na corrente de opinião a ele favorável, repelindo os apoiadores ocasionais, motivados
pela rejeição aos demais candidatos, e isolando, por consequência, o núcleo radical, imune a qualquer
evidência empírica capaz de desqualificar seu líder.
Em segundo lugar, parece haver espaço para o crescimento da candidata do campo denominado
terceira via, espaço que precisa, contudo, ser ocupado de imediato, sob pena de estreitar-se progres-
sivamente até as vésperas da eleição. De acordo com um ator experiente da política, que reivindica
a classificação de direita democrática, o primeiro passo para a ocupação desse campo deveria ser a
recuperação dos eleitores tradicionais do centro, que engrossam hoje as fileiras da candidatura Lula
por rejeição ao candidato governista, percebido, corretamente, como um nome da extrema direita no
país, com viés autoritário explícito. Esses eleitores que pousaram provisoriamente na esfera eleitoral do
candidato Lula só se afastarão dela em benefício de um candidato que afirme, sem ambiguidade, sua
crítica ao governo e seu pertencimento ao campo das forças democráticas.
A situação não favorece a reeleição, como demonstrado pelas tentativas de abrir caminho, por meio
de seguidas declarações, para a insubordinação, a desordem e a deslegitimação de eventuais resulta-
dos eleitorais desfavoráveis. Cabe às forças democráticas, contudo, redobrar a vigilância e levar a outro
patamar o necessário diálogo entre seus representantes.
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