Page 42 - Revista Política Democrática Online nº 41 - Março/2022
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A SEMANA DE 1922, MAIS ATUAL QUE NUNCA - HENRIQUE BRANDÃO
de outras regiões do país, como o jovem “
mineiro Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987).
Em 1928, novamente por conta da pena SE HOJE É VISTO COMO
de Oswald de Andrade, é publicado, nas
páginas do primeiro número da recém-fun- MARCO INAUGURAL DO
dada “Revista de Antropofagia”, o “Mani-
festo Antropofágico”. Bem ao estilo do au- MODERNISMO BRASILEIRO,
tor, em linguagem metafórica e carregada
de humor, o Manifesto pretendia repensar A FAMA DA SEMANA DE
a questão da dependência cultural no Bra-
sil. “Tupi, or not tupi, that is the question”,
indaga Oswald, que assinala, na data do 22 DECORRE MUITO MAIS
Manifesto, sua intenção: ano 374 da De-
glutição do Bispo Sardinha. DOS ACONTECIMENTOS
Para o crítico literário Antônio Candido
(1918-2017), o “Manifesto Antropofági- DERIVADOS DAQUELE
co” é um momento importante do Mo-
dernismo: “O admirável ‘Tupi or not Tupi’ MOMENTO DO QUE DO
de Oswald de Andrade resume todo esse
processo (…) as instituições da Antropofa- EVENTO EM SI
gia, a ele devidas, representam o momento “
mais denso da dialética modernista”, es-
creveu em “Literatura e Sociedade”.
Sempre polêmico, porque inovador, os-
cilando entre o menosprezo e o reconhe- (1927-1994), passando pelos tropicalistas
cimento em sua trajetória centenária, o Caetano e Gil, chegando a Chico Buarque
Modernismo triunfou. Seus filhotes e des- e Milton Nascimento e seus amigos do Clu-
cendentes produziram páginas, telas e fil- be da Esquina na música.
mes que marcaram definidamente a cultura No teatro, do Rei da Vela de 1933, peça
do Brasil. De Tarsila do Amaral (1886-1973) escrita por Oswald, à montagem polêmica
e Di Cavalcanti (1897-1976) a Portinari e inovadora de José Celso Martinez Corrêa
(1903-1962), Hélio Oiticica (1937-1980) (1967), e a Macunaíma (1978), romance de
e Ligia Clark (1920-1988), nas artes plás- Mario de Andrade, adaptado por Antunes
ticas; de Mario de Andrade (1893-1943) e Filho (1929-1919). Na imagem em movi-
Oswald, a Drummond, João Cabral (1920- mento, a geração do Cinema Novo legou
1999), Guimarães Rosa (1908-1967) e os obras como Macunaíma (1969), obra-prima
poetas concretistas na poesia e literatura; de Joaquim Pedro (1932-1988), Os Conde-
de Villa Lobos (1887-1959) a Tom Jobim nados (1975) de Zelito Vianna e toda a fil-
“ Muitas outras obras poderiam ser citadas.
mografia de Glauber Rocha (1939-1981).
O que importa é que a ideia do Moder-
nismo continua atual. Ele não pode ficar no
O QUE IMPORTA É QUE A
passado, pois nunca foi passadista. Suas
IDEIA DO MODERNISMO premissas estão aí: a libertação dos esque-
mas estabelecidos, a criação livre, a “deglu-
tição” do que vem de fora, a valorização
CONTINUA ATUAL. ELE de nossas raízes, o presente como antena
do futuro. “A poesia existe nos fatos”, sen-
NÃO PODE FICAR NO tenciou Oswald de Andrade no “Manifesto
Pau-Brasil”. Mais moderno do que nunca.
PASSADO, POIS NUNCA FOI
“ HENRIQUE BRANDÃO
PASSADISTA SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR
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