Victor Missiato
“O que virá depois?” é tema de webinar da Biblioteca Salomão Malina
Conversa online vai abordar mundo pós-pandemia do coronavírus e crise política no Brasil
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
A Biblioteca Salomão Malina realiza, nesta sexta-feira (15), a partir das 18h30, roda de conversa online (webinar) com o tema “O que virá depois?”, para discutir o pós-pandemia do coronavírus. A webconferência terá a participação do ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque, do jornalista Luiz Carlos Azedo, do sociólogo Caetano Araújo e do historiador Victor Missiato. A transmissão será realizada pelo página da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) no Facebook e pelo canal da entidade no Youtube.
Cristovam lamenta a crise sanitária global provocada pela pandemia, que já matou mais de 11 mil pessoas no Brasil e 284 mil no mundo até o início desta semana, mas reforça que a sociedade precisa se organizar e participar de debates virtuais no período de isolamento social. “Não podemos deixar que a epidemia nos confia e impeça o desenvolvimento de nossas ideias”, afirma. “Já que estamos confinados, é fundamental fazermos rodas de conversas pelos meios de comunicação a distância. Não podemos ser vencidos pela epidemia”, diz.
O sociólogo Caetano Araújo, que também é diretor executivo da FAP, ressalta a importância da webinar da Biblioteca Salomão Malina também em razão da crise política que atinge o Brasil. “Eventos como esse são particularmente importantes porque estamos enfrentando problemas complexos, agudos. De um lado, uma crise sanitária sem precedentes no país nos últimos 100 anos e, de outro lado, estamos enfrentando crise política que envolve escalada golpista de extrema direita”, assevera.
De acordo com Araújo, a sociedade deve debater política mesmo durante o isolamento social. “A pior coisa a se fazer é parar de discutir política. Como não podemos fazer reuniões presenciais e manifestações, o que temos de fazer é organizar discussões e debates sobre esses temas pela via do possível, que é a da internet”, pondera, para continuar: “Temos que persistir, conversar, trocar ideias, avançar na formulação de possíveis soluções, prospectar cenários futuros”.
Na avaliação de Missiato, doutor em história pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), a webinar da biblioteca Salomão Malina é um exemplo de que a pandemia do coronavírus vem acelerando a tendência da “participação democrática dos cidadãos” no mundo digital. “Acaba sendo aceleração de uma tendência até por conta das dificuldades de as pessoas se reunirem em cidades com muito trânsito ou em eventos que tenham que demandar diferentes atores de vários lugares, por exemplo”, afirma.
Ele observa que a pandemia do coronavírus é a primeira grande pandemia globalizada no que diz respeito à informação, por meio da participação dos cidadãos nas redes sociais. “De certa forma, as redes sociais ampliaram, globalmente, o debate em torno desse assunto. Mesmo que muitas vezes de forma tumultuada, democratizaram muito o debate”, acentua.
Victor acentua que, apesar da grande participação popular nas discussões, o poder de decisão sobre os assuntos debatidos ainda é concentrado. “Todos os debates nas redes sociais trouxeram uma politização muito grande em relação à própria humanidade”, pontua. “A participação política do cidadão na era digital conferiu ao cidadão enorme participação. Não quer dizer que o ambiente esteja mais plural, mais respeitoso”, observa.
Entenda liberalismo igualitário e progressista em aula da Jornada da Cidadania
Curso de formação política da FAP está disponível para alunos cadastrados em plataforma EAD
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Liberalismo igualitário e progressista e a distinção de direita e esquerda para além dos muros que limitam as duas vertentes a partidos políticos são os destaques da oitava aula da Jornada da Cidadania. O novo pacote de conteúdo está disponível, a partir desta quarta-feira (1), na plataforma de educação a distância totalmente online, interativa e com acesso gratuito para alunos cadastrados no curso de formação política realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília.
Na nova aula da Jornada da Cidadania, o historiador Victor Missiato, doutor em história pela Unesp (Universidade Estadual Paulista), apresenta um panorama do liberalismo político como sistema de pensamento que objetiva relacionar o tema amplo de justiça com equidade. O princípio básico é a vivência em sociedade democrática e livre. É um exercício filosófico que busca relacionar os valores da liberdade e da igualdade para a prática da cidadania.
“O liberalismo sempre foi enfatizado como corrente de pensamento que prioriza liberdade em detrimento de igualdade. Em termos, isso é verdade. Basta ver que, no século 19, liberalismo e escravidão não eram formas antagônicas”, afirma Victor, na videoaula da Jornada da Cidadania.
No entanto, conforme explica o professor, a tradição liberal, ao longo do tempo, se desenvolveu e levou à transformação da corrente liberal. “Se, no século 18, no início do liberalismo, havia um relação entre liberalismo e identidade e propriedade, o que não se perdeu ao longo do tempo, a partir do século 19 e início do século 20, há transformação”, apresenta ele, na videoaula disponível na plataforma de educação a distância.
No novo pacote de aula, a Jornada da Cidadania também disponibiliza aos alunos um vídeo do professor da UnB (Universidade de Brasília) Antônio Barbosa, em que ele explica a importância de como contar história. Em seguida, o sociólogo Caetano Araújo, também professor da UnB e diretor executivo da FAP, destaca a relevância de ser ético na política, citando casos de financiamento de campanhas no Brasil. Depois, a jornalista Jordana Saldanha, especialista em marketing digital, apresenta aos alunos estratégias de como usar o Instagram.
Antes de responderem à prova da aula e à pesquisa de satisfação, os alunos deverão ouvir o podcast sobre a formação ideológica dos bacharéis em Direito que formaram a elite política brasileira e ler o texto “A concepção de justiça de John Rawls”, disponível na plataforma.
Didática do curso
No total, o curso tem 36 horas de duração, distribuídas ao longo de 14 semanas. De acordo com o coordenador da Jornada da Cidadania, o advogado Marco Marrafon, o objetivo é formar e capacitar cidadãos acerca de conteúdos relevantes à política, além de fornecer bases fundamentais para possíveis candidatos que pretendem disputar as eleições municipais deste ano.
O conteúdo programático da Jornada da Cidadania está dividido em cinco pilares: ética e integridade na ação política; comunicação eficaz; fundamentos de teoria política e democracia; comunicação eficaz e casos de sucesso. Sempre às quartas-feiras, a plataforma disponibiliza novo pacote de aula multimídia. Dessa forma, o aluno pode se organizar ao longo da semana para aproveitar todos os conteúdos de cada aula.
Leia mais:
»Marco Marrafon: CF estabelece cooperação federativa para superar crise do coronavírus
» Comunismo e social-democracia têm ponto em comum? Veja Jornada da Cidadania
» O que é liberalismo econômico? Jornada da Cidadania explica corrente em nova aula
» Como ser um líder de sucesso? Veja nova aula multimídia da Jornada da Cidadania
» Nova aula do curso Jornada da Cidadania aborda política como vocação
Estudantes lotam auditório da FAP em lançamento do livro Caminhos Invertidos
Autor Victor Missiato participou de debate sobre obra que é resultado de sua tese de doutorado apresentada na Unesp
Cleomar Almeida, da Ascom/FAP
Estudantes universitários, professores e pesquisadores compareceram, na noite desta quinta-feira (21), ao lançamento do livro “Caminhos Invertidos” (Editora Prismas), do historiador Victor Augusto Ramos Missiato. Eles assistiram ao debate que abordou as trajetórias de partidos comunistas no Brasil e no Chile, como tratado na obra, que é resultado da tese de doutorado do autor, sob a orientação do historiador e professor Alberto Aggio.
O evento foi realizado, das 19h às 22h, no auditório do Espaço Arildo Dória, na parte superior da Biblioteca Salomão Malina – ambos da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) –, no Conic, localizado na área central de Brasília. O público teve a oportunidade de participar de um debate com a presença do autor e de seu orientador, que integra a diretoria executiva da FAP. Além deles, compuseram a mesa de discussão o consultor político Caetano Araújo, também diretor da FAP, e o historiador e professor Marcus Vinicius Oliveira.
O autor, que primeiramente pesquisou o assunto para defender a sua tese de doutorado na Unesp (Universidade Estadual Paulista), explicou ao público que, ao longo dos anos, houve uma inversão nos caminhos do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e do PCCh (Partido Comunista Chileno). Antes, o PCB era chamado de PPS (Partido Popular Socialista) e hoje tem nova identidade de esquerda democrática com o Cidadania.
Segundo o autor, o comunismo chileno adotou uma perspectiva reformista, entre a década de 1920 e o ano de 1973, quando houve o golpe que derrubou o seu então presidente, Salvador Allende. Depois desse golpe, acrescentou ele, o PCCh assumiu uma postura pela via armada para combater a ditadura. Até então, era um partido que, mesmo em situação de maior radicalismo e ilegalidade em alguns anos, manteve a defesa de uma estratégia político-institucional. Já no Brasil, com o passar dos anos, o PCB fez o caminho inverso: abandonou a sua estratégia armamentista para apostar na saída política por meio da democracia.
Oliveira, que também desenvolveu pesquisa sob orientação de Aggio, disse que o livro é “importante”. “Foi produzido por um historiador talentoso”, ressaltou. Segundo ele, a obra é uma opção para compreender melhor o comunismo na América Latina. “Ao tratar da história dos partidos comunistas chileno e brasileiro, o livro busca reconsiderar determinadas visões sobre as esquerdas latino-americanas fixadas exclusivamente na revolução, nos moldes de Cuba, e não na democracia”, destacou.
Esquerda democrática
Na avaliação de Oliveira, o livro transcende a análise meramente sobre o comunismo. “No fundo, o trabalho busca por uma esquerda democrática”, asseverou o debatedor. “O grande ponto é a potência do livro exatamente porque recupera algo que não está muito evidente para nós. É um dilema que os comunistas sempre tiveram: buscar a revolução, com via armada, o que deu certo na União Soviética e em Cuba, por exemplo, e a democracia”, salientou.
Aggio lembrou que o PCCh surgiu do movimento operário, que era muito forte e concentrado na exploração de minas de cobre e de salitre, no Norte do Chile. “Na primeira década do partido comunista, os comunistas chilenos eram verdadeiros assaltantes do céu. Faziam rebelião em todo lugar”, disse o orientador. Ele ressaltou que, a partir dos anos 1930, a sigla começou a entender a importância de uma estratégia política, e não armada, seguindo a orientação geral da então Internacional Comunista.
Segundo Aggio, o PCB conseguiu concretizar seu projeto de ação, transformando-se, ao longo dos anos, em um partido de esquerda, reformista e democrático. “Entrei no PCB porque a política do partido comunista era alusão à democracia, a política era maior do que a ideologia”, afirmou. “Era a política que atraía as pessoas por perceberem que era o mais correto. Vivi a trajetória do esgotamento do PCB e de seu fim, e não lamento, muito pelo contrário. Hoje estamos em um país muito melhor, democratizado, com opinião pública e juventude interessada na vida e na política e que não permite o que a sandice está fazendo no governo federal”, disse, referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro.
Ordem política
O professor-orientador destacou, no entanto, que Bolsonaro foi eleito de forma legítima. “Vários perderam. Nós, que perdemos, temos que entender porque perdemos e como podemos ganhar. Não há se que rebelar contra isso, há que se fazer política, organizar a população, discutir os caminhos do presente e do futuro”, sugeriu. “Algumas reformas são necessárias; outras, no entanto, são pensadas de maneira equivocada, e somos contra, mas temos uma ordem política legítima e legitimamos essa ordem. A Constituição de 1988 é o resultado da superação da ditadura no Brasil e da conquista da democracia”, ponderou.
Caetano Araújo observou que o período de clandestinidade de dez anos do partido comunista do Chile foi bem menor que o do PCB. “A clandestinidade, aqui, foi muito longa, e não deve ser romantizada”, destacou. Ele ressaltou que não é possível comparar as duas ditaduras, devido ao contexto específico de cada uma delas.
Assim como Aggio após ser questionado pelo público, Caetano também ressaltou que a questão democrática volta a ser o centro da agenda política “por razões que não são boas”. “A democracia está sob ataque pelo menos por parte do círculo próximo ao presidente Bolsonaro. Vemos apologia à ditadura. Isso não é loucura, há intencionalidade que tem como objetivo testar, de um lado, os limites da defesa da democracia e, de outro, ir corroendo essas defesas. Trata-se de acostumar, de manter a democracia sob ataque e não podemos ficar omissos diante disso”, afirmou.
Leia mais:
» FAP realiza lançamento do livro Caminhos Invertidos, de Victor Missiato, em Brasília
FAP realiza lançamento do livro Caminhos Invertidos, de Victor Missiato, em Brasília
Resultado de tese de doutorado, obra aborda trajetórias de partidos comunistas do Brasil e do Chile
Cleomar Almeida, da Ascom/FAP
A FAP (Fundação Astrojildo Pereira) realizará, nesta quinta-feira (21), a partir das 19 horas, o lançamento do livro “Caminhos Invertidos” (Editora Prismas), do historiador Victor Augusto Ramos Missiato, em Brasília. Aberto ao público, o evento será realizado no auditório do Espaço Arildo Dória, na parte superior da Biblioteca Salomão Malina, no Conic, um importante centro comercial e de atividades culturais da capital federal.
O livro é resultado da tese de doutorado de Missiato, defendida, em 2016, na Unesp (Universidade Estadual Paulista), sob a orientação do historiador e professor Alberto Aggio, que também é membro da diretoria executiva da FAP. Durante o lançamento, o autor e o orientador participarão de um debate sobre a obra, no próprio local, ao lado do consultor político e diretor da fundação Caetano Araújo.
Missiato desenvolveu, entre 2013 e 2016, a pesquisa comparando as trajetórias do PCB (Partido Comunista Brasileiro) – que antes era chamado de PPS (Partido Popular Socialista) e hoje tem nova identidade de esquerda democrática com o Cidadania – e do PCCh (Partido Comunista Chileno).
De acordo com o autor, houve uma inversão nos caminhos dos dois partidos comunistas, ao longo dos anos. Ele explica que o comunismo chileno adotou uma perspectiva reformista, entre os anos 1920 e 1973, quando houve o golpe que derrubou o seu então presidente, Salvador Allende. O PCCh era um partido que, mesmo em situação de maior radicalismo e ilegalidade em alguns anos, manteve a defesa de uma estratégia político-institucional.
“Quando houve o golpe de Augusto Pinochet, o PCCh adotou, até 1985, a perspectiva da via armada para o combate à ditadura no Chile. Isso por causa da desilusão e do impacto da derrubada do governo de Allende”, afirma. “O partido comunista chileno, ao dar esse giro, abandona as estratégias de aliança política, se desfaz da relação com a então União Soviética, que iria acabar, e adota uma nova perspectiva nacionalista. Não mais colocando o seu ano de nascimento como 1922, mas voltando para o ano de 1912, quando foi fundado o Partido Obrero Socialista - que mudou de nome em 1922”, diz.
Já o PCB, entre os anos 1920 e 1950, assumia um posicionamento mais radical e uma estratégia insurrecional, com a perspectiva da via armada. Segundo Missiato, o partido, principalmente a partir de 1958, em meio à ditadura no Brasil, passou a transformar a sua estratégia política, saindo da via armada como principal foco para adotar o que historiador Raimundo Santos, da UFR-RJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), chama de pecebismo contemporâneo. “É uma estratégia de luta revolucionária em favor do sistema democrático. Em outras palavras, uma defesa do reformismo”, acentua.
“Quando tivemos o Golpe de 64, o PCB manteve a estratégia principal de defender a democracia. Mesmo com a perspectiva da revolução, todos os comunistas do século 20 criticavam a democracia burguesa, defendiam outra democracia, sob a perspectiva socialista”, afirma o autor. “Durante o regime militar, para os comunistas do PCB, a democracia passa a ter um valor universal no final da década de 1970, conforme cita o intelectual Carlos Nelson Coutinho, como elemento central da estratégia comunista”, ressalta ele.
PESQUISA INOVADORA
Na avaliação do orientador Alberto Aggio, o livro mostra o resultado de uma pesquisa inovadora com comparação das trajetórias de dois partidos comunistas. “Isso tem um valor em si do ponto de vista do conhecimento porque, naquela época, os partidos comunistas nem sempre seguiam a ferro e fogo a orientação da União Soviética”, avalia. “Pensar que a história do comunismo na América Latina é só uma repetição daquilo que vinha da Internacional Comunista ou, depois, da União Soviética é uma visão ultrapassada, como mostra o livro”, salienta.
No Brasil, conforme observa o professor da Unesp, a construção da democracia é um paradoxo. “No país, a corrente política que acabou defendendo radicalmente a democracia se extingue no momento em que o Brasil conquista uma democracia mais plena”, pontua Aggio. “No caso do PCB, a partir do momento em que assimila a perspectiva da democracia como valor universal, essa força política acaba trilhando novos caminhos”, analisa o orientador.
“Extinguiu-se o comunismo pecebista porque, de certa forma, triunfou-se o estabelecimento de uma democracia mais plena, baseada na Constituição de 1988. É uma história complexa porque o PCB vai se definhando apesar de sua política ir triunfando. É difícil de ser compreendida por causa desse paradoxo”, ressalta ele.
IMPORTÂNCIA
Caetano Araújo ressalta a importância da obra para compreender a conjuntura política de parte da América Latina. “É um trabalho de comparação. Tem, em comum, a vinculação ao comunismo internacional, representado pela União Soviética”, analisa o diretor da FAP.
A fundação, que apoia o lançamento do livro da Editora Prismas em Brasília, tem entre as suas linhas de atuação a publicação de obras sobre fatos relevantes, da luta pela democracia e mobilizações sociais no Brasil. “Uma obra como essa tem u lado histórico, mas vai além disso. A obra fala sobre democracia. Na conjuntura política de hoje, é uma obra atual. Não aborda só o passado. Fala do presente político”, assevera.