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Michel Temer: Dois anos de avanços

O Brasil e os brasileiros têm escolha fundamental a fazer neste ano; continuar no caminho certo, com resultados reais, ou buscar alternativas que podem gerar insegurança

Peço alguns instantes de sua atenção para recordar um número de janeiro de 2016. Na Bolsa de Valores, a Petrobras valia R$ 67 bilhões. Pouco mais de dois anos se passaram. Nesta última semana, a Petrobras reconquistou o título de empresa mais valiosa do Brasil. Ultrapassou os R$ 350 bilhões.

Em 24 meses, recuperamos a Petrobras, o Banco do Brasil, os Correios, a Caixa Econômica Federal; elevamos o PIB a patamar positivo, melhoramos a gestão pública, ajudamos estados e municípios; reformamos leis e instituições. Trabalhamos sem parar.

Recuperamos o Brasil. No aniversário de dois anos de meu governo, aqueles que analisarem com isenção vão constatar: cumprimos o que escrevemos no documento "Ponte Para o Futuro". Transformamos a mais grave recessão da nossa história em crescimento consistente. Trocamos as famosas "pedaladas" por responsabilidade fiscal.

Integramos o Brasil ao mundo, atraindo investimentos e recuperando a credibilidade. Os programas sociais, que estavam ameaçados, têm hoje os melhores indicadores da história.

O resultado está aí: o que antes era desalento agora é trabalho. Quando assumimos, havia uma dilapidação de 150 mil empregos de carteira assinada por mês. Neste ano, registramos um saldo de 204 mil vagas com carteira assinada. E, nos últimos 12 meses, foram criados mais de 1,5 milhão de postos de trabalho.

O Bolsa Família está mais amplo —atende hoje 160 mil famílias a mais do que as 14 milhões do seu recorde anterior, em 2014. Está mais acessível para quem precisa porque zeramos a fila, que chegou a ter quase 2 milhões de famílias em maio de 2015.

Melhoramos a gestão do programa, e o benefício alcançou seu maior poder de compra porque aumentamos seu valor em mais de 100% acima da inflação do período. Financiamos no tempo certo as duas maiores safras da história, que baratearam os alimentos, favorecendo os mais necessitados.

Asseguramos os contratos do Minha Casa, Minha Vida, pagamos os atrasados que encontramos no começo de governo, em maio de 2016, e garantimos a expansão do programa, entregando uma média de 38 mil residências por mês. Fizemos mais e melhor.

Implantamos o Criança Feliz para proteger e acolher a gestante e a primeira infância. Criamos o programa "Progredir", que, pela primeira vez, capacita e emprega jovens de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família.

Em três meses, quase 70 mil deles conseguiram seu lugar no mercado de trabalho. O que deve ser permanente é a formação para melhorar de vida. Movidos por esse espírito, revolucionamos a educação. Reforma do ensino médio, novas 500 mil vagas em tempo integral e capacitação dos professores —o Brasil está apenas começando a colher os avanços da mudança.

Os resultados são incontestáveis em todas as áreas: a menor inflação da história do Plano Real, as menores taxas de juros de nossa história, os dois maiores superávits comerciais, duas safras agrícolas recordes, o maior número de títulos de propriedade (mais de 200 mil), agrária ou urbana, já distribuídos.

A indústria automobilística reagiu, com mais 40% na produção de veículos leves em abril, no comparativo com o mesmo mês de 2017. A produção aquecida e as demandas do comércio (mais 4% na construção civil em 2018) elevaram em 77% as vendas de caminhões em abril deste ano, na comparação com o ano passado. Fizemos nossa parte para essa retomada com a liberação das contas inativas do FGTS, que colocou R$ 44 bilhões na economia e beneficiou 25,9 milhões de trabalhadores.

Desde a primeira hora, saí em busca de mais investimentos, de mais comércio e de mais empregos aos brasileiros. Estive na Ásia, Europa e em nossos vizinhos da América. Trouxemos bilhões em negócios. Saímos do oitavo para o segundo lugar como melhor destino para investimentos em todo o mundo.

A maior quantidade de unidades de conservação por km² de todos os tempos foi criada em minha gestão, superando todos os governos anteriores somados. A maior reserva marinha do mundo foi criada no Brasil por ato da minha Presidência. Reduzimos o desmatamento da Amazônia depois de dois anos de crescimento contínuo na devastação.

Tivemos a coragem de, pela primeira vez, encarar para valer o tema da segurança pública, demanda social prioritária, que a Constituição colocou a cargo dos estados. Criei o Ministério da Segurança Pública e decretei a intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro.

Os resultados são animadores: o mês de abril já registra considerável redução de crimes violentos e roubos sobre o mês anterior. Na região de Bangu, Gericinó, Padre Miguel, Senador Camará e Vila Kennedy, onde a intervenção concentrou algumas ações, a letalidade violenta registrou o menor número de vítimas para o mês de março desde o início da série histórica. São vidas que foram preservadas. Cada uma delas, uma vitória sobre as milícias e o crime organizado.

Nada disso surgiu por geração espontânea, como alguns querem acreditar ao tentar desvincular nosso trabalho de todos os êxitos econômicos, sociais, ambientais e de segurança. Tamanhos resultados premiam o esforço de uma equipe de alta competência e dedicação ao interesse público. Para alcançá-los, foi preciso dialogar com o Congresso e construir um conjunto de normas que sepultaram o populismo do resultado fácil.

A virada na economia, assim como no resultado das estatais, é fruto dessa fórmula. Trilhamos um caminho de coragem, de mudanças. Tem sido duro, difícil, a ponto de nos custar popularidade, num país ansioso por soluções fáceis. Os resultados estão aí, os números falam mais alto. Fizemos em dois anos o que outros não fizeram em 20 anos.

O Brasil e os brasileiros têm escolha fundamental a fazer neste ano. Continuar no caminho certo, com resultados reais, ou buscar alternativas que podem gerar insegurança, crise, dívidas, inflação, recessão, desemprego, pessimismo e desesperança.

Nosso projeto acelera o desenvolvimento, amplia investimentos, cria empregos, aumenta salários, qualifica nossos jovens, oferece mais segurança. Ao cumprir o que escrevemos, o Brasil voltou a ter um futuro de prosperidade.

Michel Temer é Presidente da República; ex-vice-presidente (2011-2016, governo Dilma) e ex-presidente da Câmara (1997-2001 e 2009-2010)


UOL: Candidatura de Dilma ao Senado e impeachment ampliam racha entre PT e MDB em MG

O que parecia ser um plano infalível para recolocar a ex-presidente Dilma Rousseff diante dos holofotes não está saindo exatamente como o planejado pelo PT

Por Leandro Prazeres, do UOL

A eventual candidatura de Dilma ao Senado por Minas Gerais vinha sendo costurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas a inclusão do nome de Dilma no concorrido cenário político mineiro causou ruídos dentro e fora do partido e é considerado um dos principais fatores que levaram à abertura de um pedido de impeachment contra o governador mineiro, Fernando Pimentel (PT).

As articulações em torno da candidatura de Dilma ao Senado por Minas Gerais ganharam força no início deste mês e teriam sido feitas por parte do PT mineiro e por Lula antes de sua prisão. No dia 6 de abril, ela transferiu seu título eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas Gerais, abrindo caminho para uma eventual candidatura. O plano tinha quatro objetivos principais: usar a popularidade que Dilma ainda teria em Minas para ajudar a alavancar a candidatura à reeleição de Fernando Pimentel (PT); manter a combalida aliança do PT com o MDB em nível estadual e atrair novos aliados; preparar um palanque eleitoral sólido para o nome do PT na disputa pela Presidência da República; e aproveitar o desgaste do PSDB mineiro por conta das investigações contra os senadores Aécio Neves (PSDB) e Zezé Perrella (MDB) para ocupar espaços no Senado.

A candidatura de Dilma ao Senado parecia ainda mais viável na semana passada, quando o senador Aécio Neves virou réu em um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva e obstrução de Justiça relacionado às suspeitas de que ele teria pedido R$ 2 milhões em propinas para o grupo JBS.

O problema é que a introdução do nome de Dilma no complexo xadrez político mineiro causou desconforto em parte significativa do MDB e até mesmo dentro do PT. Há algumas semanas, a ala do MDB mineiro que dava sustentação à aliança como PT, liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes, começou a dar demonstrações de incômodo.

O MDB gostaria de ter o caminho aberto para encabeçar candidaturas para as duas cadeiras em disputa no Senado. Fontes ouvidas pelo UOL afirmam que Adalclever estaria interessado em uma dessas vagas e que uma candidatura de Dilma reduziria as chances de o MDB consegui-las. Acomodar os interesses do MDB parece fundamental para os planos de reeleição de Fernando Pimentel. O partido não governa Minas Gerais desde 2003, quando Itamar Franco deixou o poder estadual. Mesmo assim, o partido é uma das principais forças no estado. Além de Adalclever, o MDB é o partido do vicegovernador, Antônio Andrade, e é a legenda que comanda o maior número de prefeituras no Estado: 164. O PT é apenas o nono em número de prefeituras: 41.

Diante do imbróglio, os caciques dos dois partidos chegaram a pensar em uma alternativa para ter Dilma disputando as eleições sem atrapalhar os planos do MDB ao Senado. O plano seria lançá-la como candidata a deputada federal em uma coligação proporcional envolvendo o PT e o MDB. O atual governador de Minas, Fernando Pimentel, que quer concorrer à reeleição. O projeto, porém, não teria o aval de Dilma, porque ela teria capital eleitoral para atrair votos que ajudariam a eleger parte da bancada do MDB na Câmara que votou pelo impeachment dela em 2016.

"A Dilma ia ajudar a eleger golpista? Não faz o menor sentido", diz o deputado estadual Rogério Corrêa (PT-MG), um dos principais entusiastas da candidatura de Dilma ao Senado. Oficialmente, o MDB nega desconforto com a candidatura de Dilma, mas, na última quinta-feira (26), Adalclever, até então aliado de Pimentel, autorizou a abertura de um processo de impeachment contra o governador com base em supostos atrasos nos repasses a prefeituras, fornecedores e à Assembleia Legislativa. Agora, ele se coloca como pré-candidato ao governo de Minas Gerais, assim como atual vice-governador, Antônio Andrade (MDB).

"A abertura do processo de impeachment não tem relação com a candidatura da Dilma. Nós fomos aliados no passado. Agora, nessas eleições, uma nova aliança precisa ser feita que pode ser com o PT ou não. Mas, pelo que parece, não será", disse Adalclever, que é filho do deputado federal Mauro Lopes (MDB-MG), o mesmo que, três dias depois de se licenciar do cargo de ministro do governo de Dilma Rousseff votou pelo impeachment da ex-presidente.

Um assessor próximo ao governador Fernando Pimentel, sob a condição de anonimato, disse acreditar que a disputa ao Senado pode ter sido um dos fatores que determinaram a abertura do processo de impeachment. Segundo ele, a relação do PT com o MDB estava desgastada e a possibilidade de a ex-presidente ser candidata pode ter instigado ainda mais os ânimos dos antigos aliados. O assessor disse, no entanto, que a decisão do MDB foi precipitada porque a candidatura Dilma nunca havia sido uma imposição de Pimentel ao grupo político.

Para o deputado estadual Rogério Corrêa (PT-MG), o PT não deveria recuar do projeto em torno de Dilma por conta do processo de impeachment. "Não é assim que se joga. A candidatura da Dilma não é uma espécie de moeda de troca para a gente ficar negociando. Temos força para reverter esse pedido de impeachment e acho que devemos manter a candidatura da Dilma de qualquer forma", afirmou.

Resistências dentro do PT
Entre petistas mais preocupados com a reeleição de Pimentel, a preocupação é sobre se a entrada de Dilma na disputa política em Minas Gerais traria mais benefícios ou problemas ao governador. A gestão de Pimentel vem sendo marcada pelas investigações da Operação Acrônimo e pela crise fiscal do estado que causou o atraso no pagamento dos salários de servidores.

Em um cenário tão complexo, perder um aliado com o peso do MDB não seria algo desejável. Além disso, a chegada de Dilma poderia atrapalhar os planos de políticos do PT que estariam "na fila" para alçar voos mais altos.
O deputado federal Reginaldo Lopes, por exemplo, é um dos pré-candidatos do partido ao Senado. Ele afirma que pesquisas indicariam que, sem Dilma no páreo, ele lideraria a corrida a uma das cadeiras em disputa. Com ela na disputa, o cenário seria mais incerto. "Sem ela, eu lidero. Com ela, eu fico atrás. Mas ela é muito mais conhecida do que eu", afirma. Lopes, no entanto, diz haver espaço para que ele e Dilma sejam candidatos do PT ao Senado. "Não vejo motivos para que a gente não seja candidato. Acho que há outros espaços a serem ocupados pelo MDB dentro da nossa aliança", disse.

Futuro da aliança em jogo
Diante do impasse envolvendo o nome de Dilma, o futuro da aliança entre PT e MDB está incerto. Oficialmente, o MDB aposta que terá candidatura própria ao governo de Minas Gerais. Uma definição sobre deverá ocorrer após a convenção estadual do partido, prevista para o início do mês de maio. Nos bastidores, o PT ainda tem esperança de que o MDB possa apoiar, ainda que parcialmente, a chapa de Pimentel à reeleição. "Todo partido tem direito de lançar candidatura própria, mas a gente acha que não faria sentido o MDB fazer isso agora. Temos uma aliança que já dura algum tempo. Além disso, não acredito que eles possam se aliar ao PSDB nessa disputa. Seria uma reviravolta muito improvável", diz o deputado estadual Rogério Corrêa.

A reportagem do UOL procurou, por telefone e por email, a assessoria de imprensa da ex-presidente Dilma Rousseff para falar sobre o caso, mas, até a última atualização deste texto, não houve resposta. O comentário será incluído assim que ela se manifestar.