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Alberto Aggio lança em SP livro Ainda respira... a democracia sob ameaça
Comunicação FAP
Ex-diretor da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), o historiador Alberto Aggio, professor da da Universidade Estadual Paulista (Unesp) vai lançar, no dia 4 de abril, em São Paulo, o seu mais novo livro, Ainda respira… a democracia sob ameaça, da editora Appris. O evento será realizado na Rua Tinhorão, nº 60, na Consolação, a partir das 19h30.
De acordo com a editora Appris, o livro Ainda respira… a democracia sob ameaça convida o público a pensar os problemas políticos atuais a partir de uma perspectiva global, convergindo a análise para a história presente do Brasil e do Chile, especialmente de 2019 até os dias que correm.
Cada uma de suas partes expressa um enfoque inovador e estimulante no sentido de possibilitar uma compreensão maior dos dilemas do nosso tempo. O Brasil de Jair Bolsonaro e o Chile da revolta popular que levou Gabriel Boric à presidência da República são os referenciais nacionais aqui trabalhados como paradigmas para essa reflexão.
O pano de fundo é a situação paradoxal que vive a democracia ao redor do mundo, no seu momento de maior generalização e também de profunda crise. Daí o necessário tratamento de temas que incidem sobre a realidade atual como o populismo, o iliberalismo, a antipolítica, a crise da socialdemocracia e o espectro da revolução.
O desafio que o livro de Aggio apresenta é o de a sociedade ser capaz de superar modelos explicativos estanques visando a elaboração de indagações produtivas que possibilitem a formulação de interpretações abertas e orientadas a desvendar as contradições que nos cercam.
No mesmo evento, será realizado o lançamento do livro-reportagem Longa Jornada até a Democracia, Volume 2, de autoria do jornalista Eumano Silva.
SOBRE O AUTOR
Alberto Aggio é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP), livre-docente e titular pela Unesp. Tem pós-doutorado na Universidade de Valencia/Espanha e na Universidade Roma Tre, na Itália. Publicou inúmeros artigos em periódicos nacionais e estrangeiros, além dos livros “Democracia e socialismo: a experiência chilena” (Annablume, 2a. ed., 2002), “Frente Popular, Radicalismo e Revolução Passiva no Chile” (Annablume/Fapesp, 1999), “Itinerários para uma esquerda democrátiva”(FAP/Verbena, 2018) e “Um lugar no mundo” (FAP, 2a. ed. 2019). É autor e organizador de “Gramsci: a vitalidade de um pensamento” (Unesp, 1998) e “Pensar o Século XX (Unesp, 2003). Foi diretor-executivo da FAP.
Bruno Leal: Departamento de História da UnB transmite aula inaugural sobre Salvador Allende
O Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) vai transmitir, ao vivo, a aula inaugural do seu próximo semestre. O convidado é o historiador Alberto Aggio, professor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista (UNESP). A aula vai analisar a experiência do governo de Salvador Allende. Allende foi presidente do Chile entre 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet, chefe das Forças Armadas chilenas, e com apoio do governo dos Estados Unidos.
O evento acontece no dia 28 de julho, às 18h. A transmissão ocorrerá pelo canal do YouTube do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UnB. O evento é gratuito e não é preciso inscrição prévia. Qualquer pessoa poderá acompanhar a aula. A aula ficará disponível no canal do ICH permanentemente.
Aggio é doutor em História pela USP e tornou-se Professor Livre-Docente em História da América em 1999 e desde 2009 é Professor Titular da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus de Franca. Atuou como professor visitante na Universidade de Valencia (Espanha), onde realizou seu pós-doutorado entre 1997 e 1998. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Política, trabalhando com história política da América Latina contemporânea, cultura política e democracia, intelectuais e pensamento político, Gramsci e América Latina.
O historiador é autor do livro “Democracia e Socialismo: A Experiência Chilena”, que pode ser encontrado na Amazon. A obra também está disponível no formato Kindle.
*Bruno Leal é fundador e editor do Café História. É professor adjunto de História Contemporânea do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em História Social. Tem pós-doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisa História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Também desenvolve pesquisas sobre crimes nazistas e justiça no pós-guerra.
Fonte:
Café História
Victor Missiato: Emilia Viotti e os sentidos da História
A História no Brasil perdeu no dia 02 de novembro uma de suas grandes representantes. Faleceu na cidade de São Paulo, aos 89 anos, a professora e historiadora Emília Viotti da Costa. Durante boa parte de sua formação escolar, Emília Viotti estudou no Colégio Mackenzie, sendo que ali também viveu sua primeira experiência docente ao longo do último ano de sua graduação em História.
Aposentada compulsoriamente junto ao Departamento de História da Universidade de São Paulo após a decretação do Ato Institucional n.º 5, durante o período do regime militar (1964-1985), pesquisou e lecionou na Tulane University, Newcomb College (1970-71), na University of Illinois, Urbana (1972), no Smith College – Lecturer (1972-1973) e durante muitos anos estabeleceu-se na Yale University, sendo todas essas universidades localizadas nos EUA.
Em 1999, recebeu o título de professora emérita da USP pelos diversos trabalhos publicados ao longo de sua riquíssima trajetória.
Suas principais áreas de pesquisa centraram-se na história do pensamento social e político no Brasil – Colonial, Império e República -, na história da escravidão no continente americano, além de trabalhos destinados ao estudo da estrutura judiciária brasileira e sua relação com a cidadania.
De acordo com a própria autora, em entrevista conferida ao livro Conversas com Historiadores Brasileiros (Ed. 34), suas viagens pela América Latina antes da aposentadoria compulsória afetaram sua compreensão de História quando adquiriu “a consciência de que os países da América Latina, apesar das diferenças, tinham uma história comum: a mesma forma “colonial” de inserção no mercado internacional, as mesmas elites indiferentes à sorte do povo e sempre prontas a recorrer à força para se impor, a mesma exploração, a mesma miséria”.
Tais experiências formaram um circuito de indagações referentes às dinâmicas da formação brasileira, tendo em vista suas desigualdades, seus constantes golpes e as dificuldades em se criar nesse solo uma “sociedade democrática”.
Dentre suas principais contribuições na formação das ciências sociais brasileiras, Emilia Viotti da Costa se destacou por relacionar importantes correntes historiográficas sem perder seu rigor metodológico, muito influenciado pelo marxismo.
Em um texto-chave para compreender sua trajetória, escrito em 1994, Emilia Viotti demonstra a atualidade de seu pensamento ao analisar que "os acontecimentos em curso na Europa e a recorrente crise do mundo capitalista, sentida de forma particularmente aguda nas periferias, sugerem que estamos entrando num novo período da História. O momento favorece uma nova síntese que evite todas as formas de reducionismo e reificação, sejam eles econômicos, linguísticos ou culturais, uma síntese que não perca de vista a articulação entre microfísica e macrofísica do poder, que reconheça que a subjetividade é ao mesmo tempo constituída e constituinte, uma síntese enfim que seja centrada na teoria da práxis enriquecida pelas novas experiências e que leve a uma nova historiografia e uma nova estratégia (que permita coordenar os vários movimentos sociais sem retirar-lhes a autonomia), e que a partir de uma reflexão sobre o passado e o presente prepare os caminhos do futuro".
Encontrando-nos em um novo “momento decisivo”, façamos uso dos ensinamentos legados pela professora Emilia Viotti como fonte de inspiração no sentido de republicanizar a nossa democracia.
* Victor Missiato é doutor em História pela UNESP/Franca.
Alberto Aggio: Unesp, 40 anos e uns tantos sinais
Meio ano se passou e mesmo em meio à turbulência política que nos acompanha cotidianamente, dentro e fora do País, não podemos deixar de lembrar que uma de nossas mais importantes universidades, a Unesp, completa 40 anos. Não é muito tempo para que uma universidade alcance a maturidade e por ela seja reconhecida, se tivermos como parâmetro as mais importantes universidades do mundo. A Unesp é filha e protagonista de um tempo vertiginoso que tem conduzido o País pelos caminhos da modernidade, cujo saldo, apesar de problemas de toda ordem, é largamente positivo. Depois de 40 anos é justo saudar o percurso realizado por essa universidade que, ao consolidar o seu perfil multicâmpus, se tornou modelo para instituições de ensino superior que foram criadas depois dela em outros Estados.
Por suas origem e trajetória, a Unesp representa o êxito e as vicissitudes do processo de modernização do Estado de São Paulo. Hoje ela está presente em 24 cidades por meio de 29 faculdades e institutos, que abrangem todas as áreas do conhecimento e oferecem 155 cursos de graduação a cerca de 37 mil alunos, além de 146 programas de pós-graduação a outros 13.500 alunos, sendo 112 deles em nível de doutorado. Abriga em seus quadros cerca de 3.800 docentes e 6.700 servidores técnico-administrativos. Seus professores participam de centenas de pesquisas e são responsáveis por parte significativa da produção científica do País.
A Unesp guarda em si os elementos essenciais que compõem a visão que o mundo moderno reserva à universidade – essa notável sobrevivente do medievo europeu, ainda legitimada entre nós. No centro dessa visão está o entendimento de que uma universidade deve afirmar-se na justa relação entre o ideal do conhecimento e uma instituição organizada para sua produção. Essas duas dimensões muitas vezes andaram juntas na História e outras vezes se distanciaram, chegando a segunda a se sobrepor à primeira por questões religiosas, ideológicas ou por imposição de regimes autoritários.
Como ideal, a universidade nutre-se da inquietação de homens e mulheres dedicados às ciências, ao pensamento, às artes, à investigação. Mas essa instituição também é uma relação social que se funda e se reproduz tendo como base aquilo que a sociedade demanda dos que procuram saber mais, buscam conhecer melhor a realidade material e espiritual dos homens, seus desafios e limites. Ela forma profissionais que procuram responder às suas necessidades e, ao mesmo tempo, se esforçam para superar o conhecimento já produzido.
A universidade não pode viver sem uma íntima conexão com os problemas do seu tempo. Ela precisa apurar a sua percepção a respeito das demandas da sociedade, dialogar com ela, mas também refletir criticamente sobre seus impasses e descaminhos. Como instituição, deve procurar ainda estabelecer novas orientações organizacionais quando isso se impuser como uma necessidade.
Criada e consolidada a partir dessa perspectiva, a Unesp seguiu o modelo das grandes universidades públicas multifuncionais, vocacionadas para a unidade entre ensino e pesquisa. No mundo ocidental, esse tipo de universidade, nem sempre gratuita, é essencialmente mantida com recursos governamentais. Atualmente, há um reconhecimento quase generalizado de que esse modelo deve passar por reformas. A autonomia acadêmica e financeira parecem ser duas teses já assimiladas. No entanto, há questões que precisam ser enfrentadas, tais como sua expansão, os critérios de acesso, a modernização de sua gestão e, por fim, o problema do seu financiamento. No Brasil, a questão do financiamento é reconhecidamente dramática em função da gritante desigualdade social, da injustificada gratuidade para determinados segmentos sociais, além das determinações constitucionais.
Por quase um século a adoção daquele modelo possibilitou que o País produzisse um conhecimento de alta qualidade, que não pode ser negligenciado. Nas últimas décadas a universidade assumiu uma tarefa cidadã da maior relevância, tornando-se parte integrante das lutas para fazer avançar a democracia na sociedade brasileira.
Como resultado, a universidade foi gradativamente se tornando de massa, aberta cada vez mais à cidadania e preocupada com o bem comum. A essas afirmações veio a somar-se o paradigma da sociedade do conhecimento como mais uma referência importante da nossa contemporaneidade. Mas todas essas mudanças foram acompanhadas de transformações sociais marcadas por intenso processo de individuação, que acabaram produzindo uma espécie de mescla paradoxal de democratização social e de imposição do mundo dos interesses privados, sem que ainda possamos saber qual deles vai vingar ou que combinação entre eles poderá emergir no futuro. Tudo isso invadiu o espaço acadêmico, alterando a sociabilidade universitária.
Não há dúvida que a universidade brasileira e a Unesp, em particular, seguiram um curso democrático e republicano nos últimos tempos, obedecendo aos anseios da sociedade. Um processo de mão dupla que instituiu no País uma universidade ideológica e politicamente plural, aberta a vocações diferenciadas e atenta às necessidades da comunidade em que atua.
São 40 anos de uma história positivamente inconclusa e aberta. Contudo, dado o estado de ruínas que o País vivencia, os riscos de uma regressão não estão fora do radar. Corporativismos e ideologismos ancilosados e anacrônicos, que povoam o ambiente universitário, são cada vez mais ameaçadores, visíveis na Unesp e em suas coirmãs. Não é demais lembrar que, em termos éticos, racionais e profissionais, é imperioso impedir a fratura entre o ideal do conhecimento e a instituição que o alberga. Trata-se de um requisito essencial para que a universidade continue a ser produtivamente desafiada pelo seu presente. (O Estado de S. Paulo – 05/07/2016)
Alberto Aggio é historiador e professor titular da Unesp
Curso a distância 'Sustentabilidade'
Estão abertas as inscrições para o curso de aperfeiçoamento “Sustentabilidade”, com ênfase nas Ferramentas de Gestão aplicadas aos negócios.
Com conteúdo desenvolvido pela Fundação Espaço ECO e certificado pelo Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, o curso tem carga de 180 horas distribuídas em seis módulos (18 semanas).
Para participar o interessado deve estar matriculado ou ter concluído o ensino superior.
As inscrições vão até 26/07 e devem ser feitas no site:
http://edutec.unesp.br/cursosnead/.
Ferreira Gullar e as culturas políticas das esquerdas
Pesquisa é desenvolvida na Unesp de Franca.
Dia 30 de setembro Marcus Vinicius Furtado da Silva Oliveira apresenta na Unesp de Franca a dissertação de mestrado "Um rabo de foguete: Ferreira Gullar e a crítica às culturas políticas das esquerdas (1970-1985)".
A pesquisa objetiva compreender em que medida as experiências com o exílio e os autoritarismos das ditaduras latino americanas se configuram enquanto eventos traumáticos capazes de alterar profundamente as concepções de mundo do poeta e crítico literário maranhense Ferreira Gullar, entre 1963 e 1985.
Para tanto, são utilizados enquanto fontes históricas de ensaios produzidos pelo poeta ao longo desse período, bem como seu livro de memórias do exílio publicado em 1998. Com a leitura dos ensaios pretende-se demonstrar que, durante os anos 1960, Gullar inicia um processo de construção de uma concepção de mundo, próxima à cultura política comunista compartilhada pelo PCB.
Com as experiências do exílio essa concepção de mundo se altera, de modo que as expectativas revolucionárias são canceladas em Gullar. Isso ocorre em virtude destas experiências terem se configurado enquanto traumas.
O trauma, nesse sentido, é compreendido como um passado que se presentifica, sendo capaz de transformar as leituras que o indivíduo traumatizado opera acerca da realidade e de seu próprio passado.
Assim, a crise da expectativa revolucionária, bem como a adesão a uma cultura política reformista ocorrem, em Gullar, a partir dos traumas advindos do exílio e das ditaduras.
Comissão Examinadora
Alberto Aggio – Orientador
Fabiana de Souza Fredrigo – UFG
Marcos Sorrilha Pinheiro – FCHS
Fonte: Assessoria de Comunicação e Imprensa Unesp