Saúde e bem-estar
Fiocruz: Brasil não vacina 95% das crianças contra difteria, tétano e coqueluche desde 2013
Juliana Passos e Caroline Oliveira*, Brasil de Fato
Desde 2013, o Brasil não atinge a meta de vacinar 95% das crianças menores de um ano com a tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, segundo o levantamento VAX*SIM, um estudo do Observa Infância, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), feito com base nos dados do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
O recorde negativo ocorreu em 2019, quando apenas 73% da população-alvo foi vacinada com a DTP. No ano passado, o índice subiu somente para 75%, a segunda menor taxa desde 1996.
"A queda na cobertura da DTP acende um alerta para o retorno de casos graves das doenças contra as quais a vacina protege, que podem levar a óbitos. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) apontam que, entre 2012 e 2021, 28 crianças entre seis meses e três anos morreram de coqueluche no Brasil. Já o tétano matou outras três, enquanto a difteria fez cinco vítimas nessa faixa etária no período analisado", aponta a pesquisadora Patricia Boccolini, coordenadora do Observa Infância.
Covid-19
A baixa cobertura vacinal não fica restrita à tríplice bacteriana. O índice de vacinação da covid-19 em crianças também está abaixo do necessário, segundo dados do Vacinômetro Covid-19 (Ministério da Saúde) levantados pelo Observa Infância.
Depois de quatro meses da aprovação do uso emergencial da CoronaVac em crianças de 3 e 4 anos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), somente 5,5% do público-alvo tomou as duas doses do imunizante. Em 7 de novembro de 2022, 323.965 tomaram as duas doses do imunizante. O público-alvo, no entanto, é de 5,9 milhões de crianças.
"O atraso na vacinação infantil contra a covid-19 é preocupante, uma vez que, até junho de 2022, o Brasil registrava uma média de 2 mortes diárias por Covid-19 entre crianças menores de 5 anos. Desde a aprovação da Pfizer pediátrica pela Anvisa, em 16 de setembro, 26 crianças menores de 5 anos já morreram em decorrência da doença, o equivalente a dois óbitos a cada três dias", afirma Boccolini.
Escassez de vacinas e desinformação
A pesquisadora afirma que a baixa cobertura vacinal tem uma série de causas. Uma delas é a ausência da percepção dos riscos inerentes às doenças, depois que o cenário de crianças doentes ficou distante da realidade brasileira.
"A gente não vê mais crianças com sequelas, por exemplo, da poliomielite ou de alguma outra doença imunoprevenível. Isso dá muitas vezes uma falsa sensação aos pais que não há mais perigo, que não precisa mais vacinar suas crianças. Isso, na verdade, é fruto das altas coberturas vacinais ao longo das últimas décadas que pôde gerar esse cenário. Porém, é um cenário que pode mudar caso a gente continue observando essa queda nas coberturas", afirma a pesquisadora.
Boccolini lembra que o Brasil voltou a registrar casos de sarampo a partir de 2018, quando foram contabilizadas 9.325 infecções. No ano seguinte, o país perdeu a certificação de "país livre do vírus do sarampo", entregue em 2016 pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). No mesmo ano foram registrados 20.901 casos da doença.
A cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola no Brasil caiu de 93,1%, em 2019, para 71,49% em 2021, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em 2022, até março, foram 14 infectados e 98 casos suspeitos, segundo os Dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Em 2020 foram confirmados 8.448 casos e, em 2021, 668 casos.
Outro fator é a disseminação de desinformação acerca das vacinas. Boccolini afirma que "a falta de campanhas do governo está atrelada às fake news, porque a campanha pela vacinação deve ser constante. Não só em época da vacinação. É importante uma campanha ininterrupta, sempre esclarecendo para população quais são os perigos de reintrodução de determinadas doenças erradicadas, quais as sequelas que podem gerar e quaisquer outras dúvidas".
A esta inanição do governo federal, Boccolini associa a compra insuficiente de vacinas por parte do Ministério da Saúde e o cenário de dependência internacional. "Quando a gente olha para a vacinação infantil contra a covid-19, aí de fato a gente pode afirmar que não há compra suficiente de vacinas por parte do Ministério da Saúde".
Na semana passada, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) da cidade de Tubarão, em Santa Catarina, por exemplo, informou que não há mais doses da CoronaVac disponíveis para crianças de 3 a 4 anos. De acordo com a pasta, a previsão de chegada de novas doses é apenas para o ano que vem, e o envio depende do Ministério da Saúde.
A pesquisadora também lembra que a suspensão das atividades da única fábrica brasileira da vacina BCG, utilizada na prevenção da tuberculose, em 2016, está provocando a escassez dos imunizantes contra a doença. Desde então, o Ministério da Saúde passou a realizar a importação da vacina de fornecedores da Índia, mas com dificuldades de logística.
Em nota enviada à BBC News Brasil em maio deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que "a fábrica da Fundação Athaulpho de Paiva (FAP) localizada no bairro de São Cristóvão (RJ) se encontra paralisada pela empresa para a realização de ajustes e correções decorrentes da última inspeção sanitária".
Ainda segundo a Anvisa, "a fabricação não pode ser retomada até que os ajustes necessários sejam concluídos e, novamente, a fábrica seja inspecionada para se verificar a efetividade das correções". Uma outra fábrica começou a ser construída 1989, mas ainda não foi inaugurada.
Em abril, o Ministério da Saúde informou às secretarias estaduais que o repasse de imunizantes diminuiria de 1,2 milhão de doses por mês para 500 mil doses mensais até pelo menos novembro, "dada a disponibilidade limitada da vacina BCG no estoque nacional em razão de dificuldades na aquisição deste imunobiológico".
*Texto publicado originalmente no site Brasil de Fato
Como as cabeçadas se tornaram uma das maiores preocupações do futebol
André Biernath*, BBC News Brasil
A primeira delas foi em 1958, quando era o capitão da Seleção Brasileira e ergueu pela primeira vez a taça da Copa do Mundo para o país.
A segunda ocorreu em 2014, quando a família decidiu doar o cérebro do ex-atleta para estudos científicos, logo após a morte dele.
No final da vida, Bellini desenvolveu sintomas típicos de demência, como esquecimentos frequentes e dificuldades de raciocínio.
A análise do órgão mostrou que, na verdade, ele foi acometido pela encefalopatia traumática crônica.
Essa condição afeta pessoas que sofreram pancadas repetidas na cabeça ao longo da vida — como é o caso de jogadores de futebol e boxeadores.
Ao lado de outros ex-esportistas, a história do capitão do primeiro título mundial brasileiro jogou luz e revelou o impacto que os esportes de contato podem ter na saúde do cérebro pelo resto da vida.
Mas, afinal, o que é a encefalopatia traumática crônica? E quais são os meios de evitar esse problema?
A questão está na frequência
A médica Roberta Diehl Rodriguez, do Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que essa doença passou a ser estudada mais a fundo recentemente, nos últimos 15 anos.
"E nós só conseguimos fazer o diagnóstico definitivo da encefalopatia traumática crônica depois que o indivíduo morre, por meio da análise do cérebro", diz.
Pelo que se sabe até o momento, o quadro pode se manifestar de diferentes maneiras.
Alguns apresentam sintomas parecidos ao do Alzheimer, como perda de memória e dificuldades para completar o raciocínio.
Em outros, porém, os incômodos se aproximam mais de quadros psiquiátricos, como o transtorno bipolar, em que ocorrem alterações de humor.
Há também casos descritos em que o paciente desenvolveu vícios fortes em apostas, álcool ou outras drogas.
"Os estudos mais recentes também nos mostram que, mais importante do que a quantidade ou a força das pancadas, um aspecto fundamental da doença é o intervalo entre os traumas", informa Rodriguez.
Ou seja: se o indivíduo tem um choque de cabeça e, poucos dias depois, passa por um acidente parecido, isso representaria um sinal de alerta maior.
Possivelmente, pancadas tão próximas não dão tempo de o cérebro se recuperar bem daquele primeiro impacto, o que piora ainda mais os efeitos que isso tem ao longo da vida.
É por isso, aliás, que atletas de algumas modalidades são mais propensos a sofrer com a tal da encefalopatia traumática crônica: a própria natureza da profissão os predispõe a levar pancadas no crânio.
Os primeiros dessa lista são os lutadores, já que a meta desse esporte está justamente em acertar a cabeça do adversário com socos e chutes — no passado, inclusive, a doença era conhecida como "demência pugilística", nome que caiu em desuso recentemente.
Grandes nomes do boxe, como Muhammad Ali e Éder Jofre, por exemplo, apresentaram problemas neurológicos no final da vida.
Jogadores de rúgbi e futebol americano também são mais propensos a desenvolver o problema, já que esses esportes são marcados por muitos choques e encontrões.
Por fim, os profissionais do futebol completam o grupo. Como cruzamentos e bolas aéreas são um recurso importante do esporte, as batidas de crânio são frequentes — e, como você vai entender mais adiante, têm se tornado mais comuns nas últimas décadas.
Cérebro em desalinho
Mas o que acontece na cabeça logo após a pancada?
Para entender esse mecanismo, é preciso conhecer antes uma proteína chamada TAU.
"Ela ajuda a manter a estrutura dos neurônios e auxilia no transporte de nutrientes entre uma célula e outra", resume Rodriguez.
Só que as pancadas repetidas parecem alterar um pouco desse balanço neuronal.
Quando ocorre o choque de cabeça, essa proteína se rompe e ocorre uma inflamação.
E aí entra o aspecto crônico das batidas. "Se outra pancada acontece logo depois, o cérebro não consegue se recuperar da primeira e aquela proteína começa a se depositar ali", diz a neurologista.
"Com o passar do tempo, esses agregados anormais de proteína TAU começam a prejudicar a passagem de informações e nutrientes nos neurônios", complementa.
E isso, ao longo de várias décadas, pode culminar em grandes dificuldades para o funcionamento adequado do cérebro.
Vale mencionar que esses mesmos emaranhados de proteína TAU são observados em outras enfermidades neurológicas, como o próprio Alzheimer.
Na encefalopatia traumática crônica, porém, é possível identificar um fator que está por trás do acúmulo dessa substância: as pancadas repetidas na cabeça.
Rodriguez conta que a USP possui um grande banco de cérebros, que são conservados para pesquisas científicas.
"Num estudo, eu avaliei 1.157 desses órgãos que pertenceram a pessoas que não tinham um histórico de atleta profissional."
"Desses, só encontramos a encefalopatia traumática crônica em sete homens", continua.
"Depois, consegui conversar com a família de um deles e descobri que o indivíduo era goleiro de um time amador, pelo qual disputava jogos no final de semana", revela.
O futebol mudou
O médico Jorge Pagura, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), avalia que o atual estilo de jogo de equipes e seleções faz com que os choques de cabeça se tornem cada vez mais comuns e perigosos.
"Antigamente, o futebol era mais disputado com os pés. Se você pegar qualquer vídeo de uma partida dos anos 1970, poderá conferir que os jogadores tinham espaço para trabalhar a jogada, com o adversário marcando a uma distância de um a três metrôs", descreve.
"Atualmente, você vê três ou quatro atletas disputando o mesmo pedaço do gramado", compara.
Segundo Pagura, o futebol "saiu da era dos grandes craques para entrar na época dos grandes atletas".
"Falamos de profissionais que são mais altos, mais fortes e que correm distâncias maiores", diz.
"Além disso, a bola aérea virou um artifício valioso. Hoje, muitos gols saem de cabeceios após cruzamentos na lateral ou na linha de escanteio", complementa.
Estamos diante, portanto, de um cenário que facilita ainda mais os encontrões de cabeça entre atletas adversários (ou até mesmo entre companheiros do mesmo time).
Prova disso são estudos realizados pela própria CBF, que monitoram as lesões mais comuns que ocorrem nas edições recentes do Campeonato Brasileiro.
Em 2019, a cabeça foi o segundo local do corpo com o maior número de machucados diagnosticados (em primeiro lugar, ficaram os músculos das coxas).
Para ter ideia, 14% de todas as lesões que ocorreram na competição afetaram o crânio dos atletas.
O que fazer?
Pagura entende que a conscientização sobre a encefalopatia traumática crônica no futebol tem aumentado.
"Hoje temos um protocolo bem definido e o atleta tem que ser substituído se o médico achar necessário após um trauma", aponta.
"Essas pancadas podem ser um verdadeiro inimigo oculto, porque em 80% das vezes não há alteração de consciência e o atleta acha que pode continuar no jogo", calcula.
Com o avanço do conhecimento sobre o quadro degenerativo, a tendência é que as próprias regras do jogo passem por mudanças.
Uma das primeiras alterações foi recentemente promovida pelo Conselho da Associação Internacional do Futebol (Ifab, na sigla em inglês).
Os representantes da entidade recomendaram que as cabeçadas intencionais na bola devem ser proibidas nas partidas que envolvam crianças com menos de 12 anos.
Nessa faixa etária, as jogadas aéreas serão paralisadas pelo juiz, que marcará uma falta para o time adversário.
Para Rodriguez, a medida faz sentido, até porque o cérebro ainda está numa fase de desenvolvimento nessa idade.
"Não se trata, claro, de demonizar o esporte ou proibir a prática do futebol, mas encontrar um meio termo para uma competição mais saudável e com menos riscos", pondera.
E, embora as cabeçadas sejam menos comuns entre atletas de final de semana e nos jogos amadores, Pagura recomenda que todos tomem os cuidados necessários para evitar traumas no crânio.
"Ao contrário das lesões que acometem os joelhos ou os tornozelos, em que muitas vezes é fácil notar o inchaço pela pele, o cérebro pode não dar muitos sinais imediatos de algum problema", compara.
"Se porventura você sofrer alguma pancada e ficar com dor de cabeça ou no pescoço, é importante procurar o pronto-socorro para ver se está tudo bem", conclui.
*Texto publicado originalmente no site BBC News Brasil
Países latino-americanos se comprometem a garantir recursos para o combate à fome
Mais de 60 legisladores de países de toda a região de América Latina e Caribe assinaram uma declaração que pede o fortalecimento dos orçamentos nacionais destinados às políticas e programas de segurança alimentar para erradicar a fome e a pobreza na região, afirmou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na segunda-feira (14).
Mais de 60 legisladores de países de toda a região de América Latina e Caribe assinaram uma declaração que pede o fortalecimento dos orçamentos nacionais destinados às políticas e programas de segurança alimentar para erradicar a fome e a pobreza na região, afirmou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na segunda-feira (14).
No fim do 7º Fórum da Frente Parlamentar contra a Fome da América Latina e do Caribe, ocorrido na Cidade do México, os parlamentares pediram que as nações reunidas no encontro evitem reduções orçamentárias nos próximos anos que possam afetar a realização progressiva do direito humano à alimentação.
Em sua declaração final, expressaram a intenção de contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas que conjuguem aspectos sociais, produtivos, territoriais e ambientais para fortalecer a segurança alimentar.
“Nos comprometemos a fortalecer os sistemas de monitoramento e acompanhamento da insegurança alimentar e nutricional para alcançar as metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, afirmou a recém-eleita coordenadora geral das frentes parlamentares, a senadora mexicana Luisa María Calderón.
Combater a obesidade e fomentar a alimentação saudável
Durante o fórum, os parlamentares estabeleceram como prioridade trabalhar para combater o sobrepeso e a obesidade, em especial entre meninos, meninas e adolescentes, estabelecendo esse tema em suas agendas legislativas nacionais.
Também se comprometeram a desenvolver mecanismos legais para garantir o acesso a alimentos saudáveis e nutritivos de forma ininterrupta, e fomentar a criação de políticas públicas que promovam o consumo responsável e a redução do desperdício e das perdas alimentares.
Os parlamentares reconheceram que a agricultura familiar é um setor estratégico para a conquista da segurança alimentar e nutricional na América Latina e no Caribe, e disseram que promoverão políticas diferenciadas de tipo produtivo, social e agroecológico para fortalecê-la.
Durante o evento, também concordaram em desenvolver instrumentos para melhorar o acesso a recursos financeiros, fomentando circuitos de comercialização local. Outra meta é buscar estratégias de desenvolvimento social e de redução da pobreza que deem especial atenção ao setor rural e às comunidades indígenas e afrodescendentes, promovendo a participação social e o desenvolvimento territorial, afirmou a declaração.
Em matéria econômica, os parlamentares se comprometeram a promover mecanismos que apoiem preços justos através de compras públicas à agricultura familiar, além de impulsionar as cooperativas e o desenvolvimento das cadeias de valor.
Os legisladores designaram o Uruguai como país anfitrião do 8º Fórum das Frentes Parlamentares contra a Fome da América Latina e do Caribe 2017.
As agências de cooperação para o desenvolvimento de México, Espanha e Brasil, assim o Parlamento Latino-Americano e Caribenho e a FAO, apoiam o trabalho da frente, considerada um espaço de troca para a realização efetiva do direito humano à alimentação adequada na região.
Fonte: nacoesunidas.org
ONU: Má gestão do meio ambiente e dos recursos naturais pode contribuir para surgimento de conflitos
A má gestão pode abastecer e financiar as guerras existentes e aumentar o risco de retomada de conflitos, alertou o secretário-geral da ONU. “Por outro lado, existem muitos exemplos de recursos naturais que servem como catalisadores para a cooperação pacífica, para a construção da confiança e para a redução da pobreza”, acrescentou Ban Ki-moon.
Na ocasião do Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Tempos de Guerra e Conflito Armado, marcado no último domingo (6), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que, para alcançar os novos objetivos globais da Agenda 2030, é essencial que a comunidade internacional compartilhe o dever de cuidar do meio ambiente em tempos de paz e de guerra.
“A má gestão do meio ambiente e dos recursos naturais podem contribuir para a eclosão de conflitos. Isso pode abastecer e financiar as guerras existentes e aumentar o risco de retomada dos combates. Por outro lado, existem muitos exemplos de recursos naturais que servem como catalisadores para a cooperação pacífica, para a construção da confiança e para a redução da pobreza”, disse o dirigente máximo da ONU.
O secretário-geral observou que recursos naturais como terra, madeira, minerais, petróleo e gás são, muitas vezes, os principais ativos que os governos precisam para apoiar os meios de subsistência e a recuperação econômica.
“A maneira como as autoridades gerenciam esses recursos pode alterar fundamentalmente o curso da construção da paz pós-conflito”, disse Ban.
Ele destacou a necessidade de trabalhar em conjunto para combater a criminalidade ambiental; por fim à exploração ilegal de recursos naturais; melhorar a transparência; compartilhar benefícios de maneira mais equitativa; e incentivar a participação das mulheres, dos povos indígenas e de grupos vulneráveis no processo de tomada de decisão.
“Neste Dia Internacional, peço a todos os governos, empresas e cidadãos em todo o mundo que priorizem o cuidado ambiental e a gestão sustentável dos recursos naturais, para a prevenção dos conflitos, para a construção da paz e para a promoção da prosperidade duradoura”, frisou Ban.
De acordo com o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Erik Solheim, e o coordenador humanitário da ONU, Stephen O’Brien, a destruição ambiental pode também, entre outras coisas, afetar a entrega de ajuda humanitária às pessoas necessitadas e servir como um condutor de migração.
Em declaração conjunta, eles informaram que, nas últimas semanas, poços de petróleo foram incendiados no Iraque, criando uma grande nuvem tóxica e afetando a saúde de várias pessoas.
“Entre os 65 milhões de refugiados do mundo, muitos terão uma história que inclui o ecocídio. Guerras começam por causa dos recursos naturais e muitas se perpetuam por causa deles. E nós estamos vendo o ambiente sendo usado como uma arma. A proteção ambiental tem de assumir um papel mais proeminente na nossa resposta ao conflito’’, disse Solheim.
“As famílias que fogem de Mossul foram impactadas por anos pelas ações dos integrantes do ISIL e pela operação militar em curso. Gases tóxicos provenientes da queima de poços de petróleo e de instalações industriais agora adicionam mais um sofrimento à situação dessas pessoas”, acrescentou Stephen O’Brien.
“Proteger o meio ambiente durante os conflitos é fundamental para proteger a saúde humana e também a capacidade das comunidades e nações de se recuperar”, continuou O’Brien.
Gravidez entre meninas de até 15 anos diminui menos no Brasil na última década
As gestações entre pré-adolescentes de até 15 anos permaneceram praticamente estáveis na última década no Brasil. Por outro lado, a natalidade entre mulheres acima desta idade caiu consideravelmente no mesmo período. Esta diferença tem preocupado especialistas.
As gestações entre pré-adolescentes de até 15 anos permaneceram praticamente estáveis na última década no Brasil. Por outro lado, a natalidade entre mulheres acima desta idade caiu consideravelmente no mesmo período. Esta diferença tem preocupado especialistas.
A natalidade total teve uma queda de 11% entre 2003 e 2014, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, enquanto os nascimentos entre meninas de 15 a 19 anos recuaram 23% no mesmo período, entre aquelas com até 15 anos a baixa foi de apenas 5% — mantendo participação estável em relação aos nascimentos totais.
Para especialistas, o cenário é preocupante na medida em que o corpo das pré-adolescentes ainda está em formação. A gravidez precoce prejudica tanto o desenvolvimento físico, como psicológico e social, uma vez que a maior parte delas precisa parar de estudar para ter o bebê — muitas vezes sem o apoio do pai da criança.
Jaime Nadal, representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, lembra que o fenômeno afeta principalmente adolescentes e pré-adolescentes mais pobres, que muitas vezes não têm acesso a serviços de saúde reprodutiva. Outras engravidam voluntariamente por não ter perspectivas de um futuro que vá além da maternidade.
“Estamos falando de crianças tendo crianças”, disse Nadal. “Ficamos preocupados com o tema da gravidez precoce pelo que isso significa: para muitas adolescentes, a maternidade é praticamente o único projeto de vida”, completou.
A falta de informação e de educação sexual tanto na escola como na família, assim como o machismo e o moralismo envolvendo a sexualidade feminina também agravam o problema. As meninas de até 15 anos são ainda mais vulneráveis, por terem menos conhecimento sobre seu próprio corpo e sobre métodos contraceptivos.
“Elas também sofrem mais com o julgamento moral condenatório dos adultos frente ao exercício sexual”, explicou Jacqueline Pitanguy, socióloga, cientista política e coordenadora da ONG especializada em direito das mulheres Cepia. Para ela, as pré-adolescentes estão mais sujeitas à violência sexual, especialmente cometida por pessoas próximas e familiares.
Na opinião da cientista social e especialista em estudos de gênero Carmem Barroso, a estabilidade dos índices de gravidez entre meninas menores de 15 anos é preocupante, já que são mães-crianças. “É um sintoma da grave situação de abandono e desrespeito à lei. A gravidez nesta idade dificilmente é voluntária, a própria relação sexual é frequentemente forçada. A lei a considera uma violação, permitindo aborto em caso de violação e risco à vida”, afirmou.
Dados do IBGE mostram que, em 2014, nasceram 26,6 mil bebês filhos de meninas de até 15 anos – quase 1% do total de nascimentos no país. No caso das meninas entre 15 e 19 anos, o número é bem maior, de 533 mil, com tendência de queda na última década e uma participação atual de quase 18% dos nascimentos totais.
De acordo com o UNFPA, 40% das meninas que são mães com menos de 19 anos abandonam a escola. A agência da ONU estima que a demanda não-atendida por contraceptivos se encontre entre os 6% e 7,7%, afetando aproximadamente de 3,5 a 4,2 milhões de mulheres em idade reprodutiva.
Do total de nascimentos nos últimos cinco anos, 54% foram planejados para aquele momento. Entre os 46% restantes, 28% eram desejados para mais tarde e 18% não foram desejados.
Consequências para a vida
As taxas de fecundidade adolescente na América Latina e no Caribe são umas das mais altas do mundo. Apenas uma em cada quatro meninas se declara satisfeita com as políticas públicas de planejamento familiar na região, apontou relatório recente da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
O organismo das Nações Unidas lembra que a gravidez precoce gera uma série de barreiras para o desenvolvimento inclusivo e autônomo das mulheres por suas implicações na saúde e no exercício de outros direitos, como à educação, ao trabalho, ao tempo de lazer, e gera maior carga econômica associada à criação dos filhos.
As mães adolescentes também têm mais chances de sofrer discriminação de gênero e estigmas culturais, enquanto a gravidez precoce contribui para a manutenção da pobreza de uma geração para outra, aponta a CEPAL.
“A função de mãe não é socializada, ou seja, as creches públicas que aceitam bebês são muito raras. Então, é uma função exercida, sobretudo, pela família e pela mãe”, disse Pitanguy. “Quando há gravidez num período em que a menina deveria estar estudando, construindo um projeto de vida profissional, ela recebe essa sobrecarga, o que significa que terá muito menos tempo para estudos e aperfeiçoamento profissional ou artístico”.
Para a socióloga, é necessário o Estado brasileiro informar adolescentes e pré-adolescentes sobre a prevenção da gravidez por meio de um programa de educação sexual nas escolas. “É fundamental que essas jovens tenham acesso a serviços de saúde pública e que recebam informação sobre sexualidade, vida reprodutiva e métodos contraceptivos, para que possam ser atendidas com privacidade”, declarou.
“É um capital humano que o país perde”, disse Nadal, do UNFPA. “O país deveria ter políticas efetivas para evitar a união precoce, que leva à maternidade precoce e limita as oportunidades para essas meninas e para suas famílias”, concluiu.
(Foto de capa do vídeo: EBC)
Agências da ONU no Brasil se reúnem por Objetivos Globais e fim da violência contra mulheres
Funcionários da ONU no país se reuniram na Organização Pan-Americana, em Brasília, para se vestir de laranja e formar as letras “O”, “D” e “S” – em referência à campanha do Dia Laranja pelo fim da violência contra as mulheres e meninas e às letras iniciais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Além das altas taxas de mortalidade, a violência contra a mulher contribui para altos índices de morbidade, sejam lesões físicas ou outras consequências à saúde em longo prazo. ONU alerta que esse tipo de violência atinge uma entre cada três mulheres ao longo de suas vidas.
Para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Dia Laranja pelo fim da violência contra as mulheres e meninas, a equipe da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil se vestiu de laranja e formou as letras “O”, “D” e “S” para um registro fotográfico aéreo. Várias agências das Nações Unidas participaram da foto, capturada por um drone.
No dia 25 de cada mês, a Organização realiza a campanha “UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres”. A iniciativa foi lançada há oito anos pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e chama atenção para essa pandemia global, que atinge uma entre cada três mulheres ao longo de suas vidas.
Segundo o representante da OPAS/OMS no Brasil, Joaquín Molina, a iniciativa marca a adesão da agência internacional à iniciativa da ONU Mulheres denominada “Torne o Mundo Laranja”, que simboliza esperança. “Um futuro livre de violência contra as mulheres e as meninas significa um mundo mais justo, mais equitativo. O fato de tantas delas ainda sofrerem violência é inaceitável”, enfatizou.
De acordo com o documento “Violencia contra las mujeres y violencia contra los niños y las niñas: Áreas clave de la OPS/OMS para la acción”, além das altas taxas de mortalidade, a violência contra a mulher contribui para altos índices de morbidade, sejam lesões físicas ou outras consequências à saúde em longo prazo.
As diferentes formas de violência contra mulheres e meninas podem resultar em implicações à saúde mental, como depressão, ideias suicidas ou abuso de substâncias. Mulheres e meninas podem ainda sofrer agravos à saúde sexual e reprodutiva, como a contração de doenças sexualmente transmissíveis ou uma gravidez não desejada/precoce.
Em 2016, a nova agenda global de desenvolvimento foi aprovada por todos os Estados-membros da ONU, com 17 objetivos e 169 metas. A Agenda para o Desenvolvimento Sustentável reconhece a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres como uma prioridade fundamental e promete que “ninguém será deixado para trás”.
Nesta perspectiva, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número cinco inclui metas específicas para eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e meninas.
Fonte: nacoesunidas.org
BRICS concordam sobre necessidade de cooperar no combate às epidemias de HIV e tuberculose
No encerramento da Cúpula do BRICS de 2016 em Goa, na Índia, os líderes do grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ressaltaram a necessidade inadiável de melhorar a cooperação e a ação para responder às epidemias de HIV e tuberculose.
No encerramento da Cúpula do BRICS de 2016 em Goa, na Índia, os líderes do grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ressaltaram a necessidade inadiável de melhorar a cooperação e a ação para responder às epidemias de HIV e tuberculose.
Na declaração conjunta, os líderes enfatizaram a importância da cooperação entre os países do BRICS na promoção da pesquisa e desenvolvimento de produtos farmacêuticos e ferramentas de diagnóstico locais, a fim de facilitar o acesso a medicamentos seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis.
A Declaração de Goa, adotada ao fim da reunião de cúpula de dois dias, também registrou os esforços feitos por Ministros da Saúde do BRICS para alcançar as metas 90-90- 90 até 2020, em que 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas (testadas); que destas, 90% estejam em tratamento; e que deste grupo, 90% tenha carga viral indetectável.
A declaração também destacou a Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Fim da AIDS, que aconteceu em Nova York (EUA), em junho de 2016. Durante a reunião, os países se comprometeram em seguir a meta de Aceleração da Resposta ao HIV para acabar com a epidemia de AIDS até 2030.
No final de 2015, uma em cada três pessoas que vivem com HIV residiam em um país do BRICS. No mesmo ano, essas nações também contabilizaram quase um terço das novas infecções por HIV.
“A liderança contínua dos países do BRICS será essencial para acabar com a epidemia de AIDS”, disse o diretor-executivo do UNAIDS, Michel Sidibé. “A Cooperação Sul-Sul será fundamental para alcançar as metas 90-90- 90, que têm o objetivo de acelerar e intensificar os nossos esforços na resposta ao HIV com o objetivo de salvar vidas”, acrescentou.
As metas 90-90- 90 são parte da Aceleração da Resposta ao HIV que visa a alcançar marcos ambiciosos até 2020, incluindo a redução para menos de 500 mil novas infecções pelo HIV, menos de 500 mil mortes relacionadas à AIDS e a eliminação da discriminação relacionada ao HIV.
Estima-se que o fracasso em acelerar a resposta ao HIV resultaria em 17,6 milhões de novas infecções adicionais pelo HIV em todo o mundo e um adicional de 10,8 milhões de mortes relacionadas à AIDS entre 2016 e 2030.
Fonte: nacoesunidas.org
Região das Américas avançou no combate a desnutrição, mortalidade infantil e HIV, revela OPAS
Conquistas no campo da saúde levaram países das Américas a alcançar quase todas as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). Apesar dos progressos, mortalidade materna não foi reduzida na proporção prevista pela antiga agenda global.
Avanços no combate à desnutrição, à mortalidade infantil, ao HIV/Aids, à malária e a outras doenças levaram os países das Américas a alcançar quase todas as metas de saúde dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio(ODM). Apesar dos avanços, a luta contra a mortalidade materna não conseguiu reduzir em três quartos o número de óbitos de gestantes, tal como previsto pela antiga agenda global.
Os progressos ao longo dos últimos 15 anos e os desafios persistentes foram destaque de um relatório divulgado na semana passada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) durante a 55ª reunião de seu Conselho Diretor.
Segundo o organismo internacional, de 1990 a 2013, a proporção de crianças menores de cinco anos e abaixo do peso caiu 63% na América Latina e no Caribe. Na mesma região, de 1990 a 2015, a mortalidade nessa faixa etária também registrou uma queda — de 43 para 15 a cada mil nascidos vivos.
Também nos últimos 26 anos, a taxa de óbitos entre bebês com menos de um ano em todo o continente americano foi reduzida em 62% — de 34 para 13 a cada mil nascidos vivos.
Outra conquista foi a diminuição, estimada em 60%, do número de pessoas incapazes de cumprir os requisitos mínimos de alimentação — de 69 milhões em 1990 para menos de 37 milhões em 2015.
Quase 95% dos habitantes das Américas têm acesso à água potável, de acordo com cálculos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), enquanto a proporção população sem acesso a melhores serviços de saneamento diminuiu 48,5% entre 1990 e 2015.
Combate ao HIV e à malária
De acordo com a OPAS, países americanos conseguiram interromper a propagação do HIV e começaram a reduzir as taxas de ocorrência. Na América Latina e Caribe, a prevalência do vírus caiu de 0,28% em 1990 para 0,17% em 2015.
A meta dos ODM de fornecer tratamento para todos os que precisam não foi alcançada, embora a taxa de cobertura tenha melhorado significativamente (44%).
Os casos de malária e mortes relacionadas caíram de forma significativa — 64 e 78% respectivamente, entre 2000 e 2013. Já a incidência de tuberculose, de 1990 a 2015, caiu de 56 ocorrências para 26 a cada 100 mil habitantes.
Mortalidade materna ainda preocupa
Os resultados positivos permitiram aos países bater as metas de erradicação da extrema pobreza e da fome do ODM nº 1, de redução da mortalidade infantil do ODM nº 4 e de garantia da sustentabilidade do meio ambiente do ODM nº 7. Os avanços também estão associados ao ODM nº 6, que previa o fortalecimento do combate à Aids, malária e tuberculose.
No entanto, a região das Américas não conseguiu reduzir em 75% a mortalidade materna, quando considerado o período de 1990 até 2015. A diminuição foi de 49% — de 102 mortes para 52 a cada 100 mil nascidos vivos. No entanto, a proporção de partos realizados por profissionais de saúde capacitados aumentou de 74% em 1990 para 94% em 2014.
Mesmo não tendo alcançado os níveis de saúde definidos pelos ODM, o progresso foi considerado significativo pela OPAS, que destacou o protagonismo dos Objetivos na busca mundial por mais atendimento para todos.
“Os ODM ajudaram a reforçar o compromisso global com a saúde e o desenvolvimento humano. Eles têm levado a uma resposta em escala mundial sem precedentes e forjado parcerias inovadoras”, explicou Kira Fortune, chefe interina do Programa Especial de Desenvolvimento Sustentável e Equidade em Saúde do organismo regional.
Fonte: nacoesunidas.org
Brasil e outros países das Américas ‘prestaram serviço ao mundo’ lutando contra o zika, destaca OMS
Perigos envolvendo a epidemia do vírus levaram nações das Américas a somarem esforços de prevenção. Cooperação colocou países na dianteira da pesquisa e foi elogiada por agências das Nações Unidas, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e seu escritório regional, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Em sessão de abertura do 55º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), na segunda-feira (26), representantes de Estados-membros e das Nações Unidas celebraram a cooperação regional entre países das Américas, onde a gravidade da epidemia de zika ao longo dos últimos 12 meses levou governos a somarem esforços de pesquisa e prevenção.
“Além da resposta aos surtos, os países contribuíram em grande medida para a compreensão científica do vírus, suas formas de transmissão e suas consequências, especialmente para o feto em desenvolvimento”, afirmou a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.
A chefe da agência da ONU elogiou as estratégias adotadas pelo Brasil e outros Estados, ressaltando que a região das Américas “prestou um serviço ao resto do mundo”.
“Por causa da investigação de vocês, as evidências científicas confirmaram uma associação causal entre a infecção por zika durante a gravidez e a microcefalia e outras anomalias congênitas graves”, acrescentou em mensagem às autoridades nacionais de saúde presentes no encontro.
Chan disse ainda que os olhos do planeta estarão voltados para a região quando surgirem dúvidas sobre a eficácia das novas tecnologias de controle das populações de mosquitos, como o uso da bactéria Wolbachia.
https://twitter.com/opsoms/status/780528681479446528
Também presente na cerimônia, a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, destacou o trabalho do organismo regional que conseguiu “catalisar a ação pública de saúde e os compromissos políticos e financeiros firmes dos governos”.
A dirigente também elogiou a “dedicação incansável e persistente” dos profissionais de saúde atuantes em todos os Estados-membros da OPAS e agradeceu aos parceiros e organizações não governamentais pelas doações.
A secretária de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos, Sylvia Mathews Burwell, reiterou o apoio do país à cooperação regional. “Nós nos associamos com centros acadêmicos da América Latina e Caribe para entender o risco que uma infecção do vírus zika coloca para uma mulher grávida e seu filho”, disse.
“Recentemente demos início a um importante estudo internacional chamado ‘Zika em bebês e na gestação’, que está em desenvolvimento em países e territórios que apresentam atualmente uma transmissão ativa do vírus. Estamos comprometidos a trabalhar estreitamente com a OPAS para ajudar toda a nossa a região a responder coletivamente a esse vírus”, ressaltou.
Outros desafios de saúde
Ainda na cerimônia de abertura, Burwell alertou para os perigos crescentes envolvendo o uso de drogas, sobretudo nos Estados Unidos, e também a overdose de medicamentos prescritos e opiáceos ilíticos. A representante do estado norte-americano pediu mais iniciativas de cooperação para mitigar os riscos desses problemas de saúde.
https://twitter.com/SecBurwell/status/780463268406124546
Já Etienne lembrou de outros desafios que as Américas enfrentaram no último ano, incluindo o terremoto no Equador, tempestades tropicais no Caribe e inundações e secas provocadas pelo fenômeno climático El Niño. Desastres naturais como esses exigiram a criação de programas específicos por governos nacionais e pela própria OPAS.
Outros obstáculos ao bem-estar de toda a população americana envolvem também o aumento da resistência de agentes patogênicos a medicamentos antimicrobianos, a desigualdade socioeconômica e o envelhecimento da população.
“A construção de uns poucos hospitais a mais não vai produzir, por si só, uma melhor saúde para qualquer nação”, disse a chefe da OPAS. “Devemos revisar nossas estruturas do sistema de saúde e financiamento se quisermos alcançar um progresso tangível rumo ao acesso universal à saúde.”
Fonte: nacoesunidas.org
OMS, Brasil e Cuba renovam acordo de cooperação do programa Mais Médicos
Brasil e Cuba renovaram o acordo de cooperação, intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), que prevê a vinda de profissionais cubanos para atuar no programa Mais Médicos.
Brasil e Cuba renovaram o acordo de cooperação, intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), que prevê a vinda de profissionais cubanos para atuar no programa Mais Médicos.
Entre as mudanças no acordo, está a decisão de aumentar para 11,52 mil reais o valor da bolsa paga a todos os médicos da iniciativa, tanto brasileiros quanto estrangeiros. A quantia, que atualmente é de 10,57 mil reais, será alterada a partir de janeiro de 2017.
O montante será revisado anualmente e ajustado conforme a inflação no Brasil. Como parte das negociações iniciadas em julho, também ficou acertado um reajuste de 10% no auxílio-moradia e alimentação pagos a todos os profissionais do programa alocados em Distritos Sanitários Especiais Indígenas, passando de 2,5 mil para 2,75 mil reais. O montante está em vigor desde agosto deste ano.
Segundo a OPAS/OMS, a ideia é dar continuidade a uma iniciativa que tem levado assistência a milhões de brasileiros. O Mais Médicos foi apontado pelo Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul como uma experiência bem sucedida que seria potencialmente benéfica em qualquer país que decidisse adotá-la.
Os médicos cubanos que já tiverem completado três anos de permanência serão substituídos a partir de novembro, após o fim das eleições municipais.
No caso de médicos ou médicas cubanas que se casaram com brasileiros, o governo cubano se comprometeu a entrar em contato com cada um informando qual o mecanismo para que possam permanecer no Brasil e ter seu status legalizado na ilha caribenha.
Como esses profissionais são funcionários do governo de Cuba, a medida é necessária para que possam continuar no Mais Médicos por mais três anos. A prorrogação foi possibilitada pela Lei brasileira 13.333, de 12 de setembro.
Atingir áreas remotas
Criado em 2013 pelo governo federal, o Mais Médicos tem o objetivo de suprir a carência desses profissionais nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. A representação da OPAS/OMS no Brasil colabora com a iniciativa, intermediando a vinda de médicos de Cuba para atuar em unidades de saúde do país.
Com o programa, foi possível preencher 18.240 vagas em 4.058 municípios brasileiros e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Dessas, 11.429 foram ocupadas pelos profissionais cubanos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, após a implementação do programa, 700 municípios localizados em áreas remotas do Brasil passaram a ter pela primeira vez na história médico residente para atendimento na atenção básica.
Os médicos cubanos também estão entre os trabalhadores que atuam na prevenção e diagnóstico do vírus zika e no acompanhamento de crianças com microcefalia.
Pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) com aproximadamente 14 mil pessoas apresentou avaliações positivas da população sobre o desempenho dos profissionais brasileiros e estrangeiros que integram a iniciativa.
Do total de entrevistados, 81% têm baixa renda e 95% afirmaram estar satisfeitos com o programa. De 0 a 10, deram nota 8,4. Entre os indígenas, a média foi de 8,7.
Experiência bem-sucedida
A publicação “Good Practices in South-South and Triangular Cooperation for Sustainable Development”, primeira de uma série desenvolvida pelo Escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apresentou o Mais Médicos como uma das boas práticas relevantes para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
De acordo com a publicação, o programa “é replicável e seria potencialmente benéfico em qualquer país que decidisse adotá-lo”. A avaliação é de que o Brasil fez investimentos substanciais para a realização do projeto, no entanto, os benefícios de longo prazo “provam superar esses investimentos”. Os Estados-membros da OPAS já demostraram interesse em relação ao programa, disse a organização.
Fonte: nacoesunidas.org
Novas infecções por HIV sobem 2,3% no Brasil entre 2010 e 2015, diz UNAIDS
Novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) divulgado nesta terça-feira (12) mostrou que as novas infecções por HIV entre adultos subiram de 43 mil para 44 mil no Brasil entre 2010 e 2015 — aumento de 2,3% —, em linha com o avanço de 2% das novas infecções na América Latina, mas no sentido oposto do indicador global.
“Estamos soando o alarme”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do UNAIDS, sobre os números globais. “O poder da prevenção não está sendo concretizado. Se ocorrer uma ressurgência no número de novas infecções pelo HIV agora, a epidemia se tornará incontrolável”, completou.
Novo relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) divulgado nesta terça-feira (12) mostrou que as novas infecções por HIV entre adultos subiram de 43 mil para 44 mil no Brasil entre 2010 e 2015 — aumento de 2,3% —, em linha com o avanço de 2% das novas infecções na América Latina, mas no sentido oposto do indicador global.
O crescimento na América Latina foi impulsionado, além do Brasil, por países como Colômbia e México, onde as novas infecções por HIV subiram de 10 mil para 11 mil no período. Cuba também teve forte aumento, com as novas infecções passando de 1,7 mil em 2010 para 3,1 mil no ano passado. Por outro lado, houve quedas na Argentina e na Bolívia no período analisado.
No mundo, as novas infecções tiveram baixa de 4,5%, passando de 2,2 milhões em 2010 para 2,1 milhões em 2015. Apesar de o indicador global ter caído, outras regiões além da América Latina tiveram aumento das novas infecções por HIV: Europa Oriental e Ásia Central (alta de 57%), Caribe (9%) e Oriente Médio e norte da África (4%).
A redução ocorreu somente nas regiões da África Oriental e do Sul (baixa de 4%) e da Ásia e do Pacífico (queda de 3%), enquanto Europa Ocidental e Central, assim como América do Norte, tiveram quedas marginais no período.
Segundo o UNAIDS, os esforços para a prevenção devem ser intensificados para que o mundo continue acelerando a resposta e alcance o fim da AIDS até 2030. “Estamos soando o alarme”, disse Michel Sidibé, diretor-executivo do UNAIDS. “O poder da prevenção não está sendo concretizado. Se ocorrer uma ressurgência no número de novas infecções pelo HIV agora, a epidemia se tornará incontrolável.”
O UNAIDS lembrou os fortes impactos da epidemia de AIDS nos últimos 35 anos, quando 35 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à doença e cerca de 78 milhões foram infectadas pelo HIV.
Impactos da terapia antirretroviral
O documento do UNAIDS estimou que mais de metade de todas as pessoas vivendo com HIV no mundo (36,7 milhões) conhecem sua condição, enquanto 46% têm acesso ao tratamento antirretroviral e 38% atingiram a supressão viral, mantendo-se saudáveis e prevenindo a transmissão do vírus.
O programa da ONU lembrou a necessidade de cumprir as metas do UNAIDS 90-90-90 para que o pleno potencial da terapia antirretroviral seja concretizado. As metas preveem que, até 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV estejam diagnosticadas; 90% deste grupo esteja retido em tratamento; e 90% das pessoas em tratamento alcancem o nível indetectável para sua carga viral.
Equidade no acesso a tratamento e prevenção
Em 2014, as chamadas “populações-chave”, que incluem gays e outros homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e seus clientes, pessoas trans, pessoas que usam drogas injetáveis e pessoas em situação de prisão, representavam 35% das novas infecções por HIV em todo o mundo.
A estimativa do UNAIDS é de que os homens que fazem sexo com homens possuem 24 vezes mais probabilidade de ser infectados pelo HIV que a população geral, enquanto profissionais do sexo são dez vezes mais propensos e pessoas que usam drogas injetáveis, 24 vezes. No caso das pessoas trans, as chances são 49 vezes maiores, enquanto das pessoas em situação de prisão, cinco vezes mais elevadas.
De acordo com o programa da ONU, é essencial que essas populações tenham acesso a toda a gama de opções de prevenção do HIV, a fim de se proteger e proteger seus parceiros sexuais. “Atualmente, temos múltiplas opções de prevenção”, disse Sidibé. “A questão é acesso: se as pessoas não se sentem seguras ou não possuem os meios para acessar os serviços de prevenção combinada, não vamos conseguir acabar com esta epidemia.”
Meninas e mulheres
O documento mostrou que, na África Oriental e Austral, três quartos de todas as novas infecções pelo HIV entre adolescentes com idade entre 10 e 19 anos ocorrem entre as meninas.
Isso ocorre porque as adolescentes são muitas vezes impedidas de acessar serviços devido à desigualdade de gênero, à falta de serviços apropriados para a idade, ao estigma, à falta de poder de decisão e por conta da violência de gênero.
Em 2014, apenas 57% dos 104 países que forneceram dados para o UNAIDS tinham uma estratégia de HIV com orçamento específico para as mulheres. Estima-se que, em todo o mundo, apenas três em cada dez meninas adolescentes e mulheres jovens entre 15 e 24 anos possuem conhecimento abrangente e correto sobre o HIV.
“Ciência, inovação e pesquisa têm proporcionado novas e eficazes opções de prevenção, diagnóstico rápido e melhor tratamento do HIV”, disse Sidibé. “Investir em inovação é a única maneira de garantir o próximo grande avanço — uma cura ou uma vacina”, declarou.
Acesse aqui o relatório completo do UNAIDS (em inglês).
Fonte: nacoesunidas.org
OMS publica recomendações a pessoas que viajarem ao Rio para as Olimpíadas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou recomendações de segurança e saúde para pessoas que viajarem ao Brasil durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
A agência manteve a recomendação às mulheres grávidas de não viajar para o Rio ou qualquer área onde o vírus esteja circulando. Recomendou também reduzir o risco de mordidas de mosquito e praticar sexo seguro.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou na terça-feira (21) recomendações de segurança e saúde para pessoas que viajarem ao Brasil durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.
De acordo com a OMS, antes da partida, os turistas precisam consultar as recomendações de viagem emitidas por suas autoridades nacionais.
Para viajantes com sérios riscos de complicações por gripe H1N1, a vacinação deve ser considerada ao menos duas semanas antes da partida. A OMS recomenda vacinação para grávidas, idosos, indivíduos com condições médicas crônicas específicas, crianças entre 6 e 59 meses e trabalhadores do setor de saúde.
A OMS também manteve a recomendação às mulheres grávidas de não viajar ao Rio ou qualquer área onde o zika vírus esteja circulando. Recomendou também reduzir o risco de mordidas de mosquito e praticar sexo seguro.
Dependendo do itinerário da viagem, vacinas devem ser consideradas de acordo com as recomendações dos países. Segundo a OMS, o risco de hepatite A e hepatite B no Brasil é intermediário e baixo, respectivamente, enquanto o risco de febre tifoide é maior nos estados do Norte e Nordeste.
A OMS disse ainda que uma dose única de vacina contra febre amarela é recomendada para viajantes com mais de 9 meses que visitarem áreas de risco, e deve ser administrada ao menos 10 dias antes da partida. A agência afirmou que a vacina não é necessária caso os viajantes se limitem às cidades de Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
A organização também alertou para outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, entre as quais dengue e chikungunya, e lembrou que não há vacina para chikungunya, enquanto a vacina contra a dengue não é recomendada para viajantes.
Fonte: nacoesunidas.org