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Política Democrática: Eleição de Bolsonaro põe fim a um ciclo, diz presidente nacional do PPS

Em artigo da edição de novembro da revista Política Democrática online, Roberto Freire diz que já foi definida a mudança de nome do partido político

Por Cleomar Almeida

O presidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS), Roberto Freire, avalia que a eleição de Bolsonaro para a Presidência da República de 2019 a 2022 pode ser visto como “o encerramento de um ciclo político iniciado a partir da Nova República (1985)”. Esse período é posterior ao do regime militar no Brasil (1964-1985). A análise dele está publicada no artigo “Contemporâneos do futuro”, que integra a edição de novembro da revista Política Democrática online, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao PPS.

Roberto Freire analisa que, ao longo dos 30 anos de democracia no Brasil, houve, em sua maioria, “governos com claro viés progressista”, os quais, na avaliação dele, poderiam ser classificados como de centro-esquerda no aspecto político-ideológico. “Como ficou evidenciado depois do impeachment do presidente Collor de Melo, com a assunção de Itamar Franco, seu vice, que implementou uma série de reformas, começando pela mais importante, o Plano Real, que estancou o crônico processo de inflação que então vivíamos, abrindo as portas para um processo sustentado de desenvolvimento econômico”, diz ele, em um trecho.

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Em seu artigo, o presidente do PPS observa que o PT chegou ao poder com Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), depois de dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do PSDB, no período em que, conforme ressalta, o país viu a estabilidade econômica se solidificar. Roberto Freire lembra que o líder petista ocupou o Palácio do Planalto por oito anos e foi sucedido por Dilma Rousseff (2011-2016), reeleita para um segundo mandato em 2014. Ela foi afastada, na opinião do presidente do PPS, de forma “democrática e constitucionalmente, por meio de um processo de impeachment em 2016”.

Para o presidente do PPS, a “desastrosa experiência lulopetista” provocou o desmantelo da corrupção desenfreada e o enxovalhamento moral das esquerdas, o que, de acordo com ele, acabou atingindo todo o campo progressista, inclusive as correntes não alinhadas ao PT. Por isso, conforme avalia, “uma parcela amplamente majoritária da sociedade brasileira desta vez optou por escolher Bolsonaro, um candidato nitidamente de direita, para governar o país pelos próximos quatro anos”.

O presidente eleito não é apenas “um conservador ou até mesmo um nacionalista reacionário, mas um líder político que até se tornou conhecido mundialmente por algumas declarações frontalmente contrárias aos direitos das minorias, às liberdades individuais, às instituições republicanas e à própria democracia”, como lembra Roberto Freire em um trecho de seu artigo.

Mais adiante, o autor lembra que o PPS realizou, em março deste ano, em São Paulo, seu XIX Congresso Nacional, com a participação de militantes de todo o Brasil. No encontro, conforme registra ele, “foram debatidos temas como as alterações no mercado de trabalho, as reformas, a luta pelos direitos das minorias, as novas formas de relações pessoais e profissionais, o papel da esquerda democrática em um cenário de profundas mudanças econômicas, políticas, sociais e nos costumes, entre outros assuntos”.

Roberto Freire ressalta, entre outros pontos, que o PPS também vai realizar, na segunda quinzena de janeiro de 2019, “um Congresso Extraordinário buscando a recomposição do campo democrático e a construção de novo instrumento de organização das demandas da cidadania”. O intuito, segundo ele, é incorporar, de forma mais ampla, tais movimentos, forças políticas e personalidades da sociedade civil comprometidas com a democracia, a liberdade e as instituições, para a gestação de um novo partido. “Já foi definida, inclusive, a mudança de nome do atual Partido Popular Socialista (PPS), um novo Manifesto e Programa, bem como em sua estrutura organizacional, exatamente para que estejamos verdadeiramente conectados com os reais anseios dos brasileiros e com essa nova sociedade que emerge”.

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Política Democrática: “Faz sentido um superministério da Economia?”, questiona Luiz Paulo Velozzo

Ex-diretor do DIC do governo Fernando Collor, Luiz Paulo Vellozo Lucas diz que o mais importante “é a qualidade da equipe encarregada de implementar” uma nova política

Por Cleomar Almeida

“Afinal faz sentido um só superministério da Economia?”. A pergunta é do ex-deputado federal pelo PSDB-ES Luiz Paulo Vellozo Lucas, que também é ex-engenheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-diretor do Departamento de Indústria e Comércio do governo Fernando Collor de Mello. Em artigo publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online, ele ressalta que mais importante que a política que será executada é a qualidade da equipe encarregada de implementá-la.

No artigo Lições do DIC na era Collor, Luiz Paulo lembra que foi convidado pelo presidente Fernando Collor de Mello para dirigir o Departamento da Indústria e do Comércio (DIC) do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento. “Fiquei exatos dois anos como diretor, sendo ministros, primeiro Zélia Cardoso de Mello e, depois, Marcílio Marques Moreira. Pedi demissão um mês antes da instalação da CPI que levou ao impeachment de Collor, para integrar a equipe do governador capixaba Albuíno Azeredo. Itamar Franco recriou o Ministério da Indústria e do Comércio, transformado-o em Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC)”.

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A extinção do MDIC anunciada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, como observa Luiz Paulo, traz ao debate a avaliação da experiência do DIC no governo Collor, iniciado em 15 de março de 1990, como observa o analista político. Ele ressalta que o bloqueio da liquidez das pessoas físicas e das empresas, a troca da moeda e o congelamento de preços compõem o pacote de medidas de impacto voltadas para a saída da hiperinflação. “Outro conjunto de iniciativas legais extingue a quase totalidade dos instrumentos de intervenção governamental, incentivos fiscais e controles administrativos, criados pela politica desenvolvimentista de substituição de importações que prevaleceu em todo o pós-guerra. Cria, também, o CADE e o sistema de defesa da concorrência”, afirma ele.

De acordo com Luiz Paulo, alguns programas de incentivos fiscais extintos, como o Befiex (mais de 2 mil contratos), possuíam contratos ativos e, segundo ele, o DIC tinha a missão de administrá-los. “O DIC não se limitou a cuidar do espólio da substituição de importações”, acentua, para acrescentar: “A equipe, formada principalmente por técnicos de carreira do BNDES e Petrobras, liderou dentro do governo a formulação da Politica Industrial e de Comércio Exterior (PICE), lançada em junho de 1990, além de secretariar as Câmaras Setoriais, que foram instrumento fundamental na interlocução politica e harmonização dos vários órgãos de governo entre si e de negociação com o setor produtivo naquele ambiente de grande turbulência e de profundas mudanças”.

Na opinião do ex-deputado do PSDB, os governos do PT representaram enorme retrocesso na superação dos paradigmas da substituição de importações e do intervencionismo estatal do velho nacional desenvolvimentismo e, por isso, conforme ressalta, existe semelhança entre o momento atual e aquele vivido no início do governo Collor. “São ambos momentos de reorientação e reestruturação. Mais importante do que manter ou extinguir o MDIC é a política que será executada e a qualidade da equipe encarregada de implementá-la. Quase sempre o organograma é inocente nos fracassos e, tampouco, é heróis nos sucessos, mas a unificação do comando da economia num único ministério me parece ser um bom sinal no atual momento”, ressalta ele.

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Política Democrática: Em 2018, GDF tem segundo pior investimento aplicado na assistência social em 10 anos

Dados revelam desmonte das ações de atendimento à população em situação de rua e são detalhados em reportagem da revista Política Democrática de novembro

Por Cleomar Almeida

Histórias de pessoas em situação de rua, a forma como elas movimentam a economia marginalizada e o desmonte de políticas públicas voltadas a esse segmento da população, com redução de investimentos do Governo do Distrito Federal (GDF) na área de assistência social, são abordados em reportagem especial da edição de novembro da revista Política Democrática online. Dados obtidos pela publicação por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que o GDF voltou a diminuir as verbas efetivamente aplicadas no setor, chegando ao segundo pior índice em dez anos, atrás apenas do total aplicado em 2016.

Em formato multimídia, a reportagem relata o drama em vídeo, fotos e textos e apresenta uma arte detalhada sobre a diminuição dos investimentos e aponta que o governo não divulga dados detalhados sobre verbas aplicadas especificamente no atendimento à população em situação de rua. Histórias de vida, como as de Márcio Vinícius Peixoto (37 anos) e de Paulo Henrique dos Santos (25), que foram morar na rua depois de perderem o emprego, também levam ao internauta detalhes do drama de quem tem de se virar nas ruas na luta pela sobrevivência.

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A reportagem lembra que a crise na área de assistência social levou os profissionais do setor deflagrarem greve de 83 dias. Eles reivindicam o pagamento do retroativo do aumento salarial previsto em lei desde 2015 e a realização de concurso público para suprir o desfalque de trabalhadores, que, segundo o Sindicato dos Servidores de Assistência Social e Cultural (Sindsasc), chega a 2.600 pessoas. O governo só prometeu lançar o edital do certame. O pessoal voltou ao trabalho por decisão judicial contrária ao movimento.

Com o título “População em Situação de Rua na Economia Marginal”, a reportagem mostra, ainda, que é crescente o número desse segmento da população no Distrito Federal. O governo informa que, no final de ano, chega a 3.500 o número de pessoas nesse quadro. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que, em 2015, em todo o país, havia 101.854 indivíduos nessa condição de desamparo e invisibilidade social, além de sugerir que esse tipo de levantamento seja incluído no Censo População de 2020.

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Política Democrática: Congresso eleito é “mais pulverizado, liberal, atrasado e temerário”, afirma Antônio Augusto de Queiroz

Analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), analisa que o próximo Legislativo será o mais conservador desde a redemocratização

Por Cleomar Almeida

O novo Congresso Nacional é “mais pulverizado partidariamente, mais liberal economicamente e mais conservador socialmente, mais fiscalista quanto à gestão, mais atrasado do ponto de vista dos direitos humanos e mais temerário em questões ambientais do que o atual”. É o que avalia o analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, em artigo publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online.

O artigo, que recebe o título “O Congresso mais conservador desde a redemocratização”, aponta que o Legislativo eleito em 2018 sofreu “grande renovação quantitativa, embora não se possa dizer o mesmo sobre sua qualidade”. “Mesmo depois de os parlamentares terem elaborado regras para assegurar suas reeleições – como a janela partidária, o fundo eleitoral e a redução do tempo de campanha e de propaganda eleitoral –, a Câmara foi renovada em 52%, e o Senado, em 85% (em relação às 54 vagas em disputa)”, aponta o autor no artigo da revista, publicada e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS).

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Na avaliação dele, que também é jornalista e sócio-diretor da Queiroz Assessoria, o desafio das forças progressistas será enorme no combate às tentativas de retrocesso. “As pautas das bancadas conservadoras já estão postas, entre elas: demarcação de terras indígenas, liberação de agrotóxicos, escola sem partido, redução da maioridade penal, revogação do estatuto do desarmamento, eliminação de penas alternativas, extinção da progressão de pena, revogação da legislação que autoriza saídas temporárias de preso, tipificação como terrorismo de ações de movimentos sociais, proibição da ideologia de gênero, combate à liberdade sexual e reprodutiva da mulher, ampliação do 'excedente de ilicitude' aos policiais que matam no exercício da função”.

No Senado, de acordo com o analista político, o fenômeno foi ainda mais acentuado. “Dos 54 senadores em final de mandato, 32 tentaram a reeleição, e destes apenas oito conseguiram renovar seus mandatos; 46 serão novos ou não estavam no exercício de mandato. Destes, pelo menos nove nunca ocuparam cargo no Executivo nem no Legislativo”, observa Antônio Augusto.

No artigo, o diretor de documentação do Diap ressalta que “a renovação, como regra, é sempre saudável, porque, segundo ele, a alternância no poder é um dos principais pilares da democracia”. “Porém, a motivação da renovação foi mais de rejeição aos detentores de mandatos (bons e ruins) e menos uma escolha qualitativa, que fosse baseada em critérios, como o exame da trajetória política e profissional dos candidatos, das propostas e programas apresentados. Ao contrário, as motivações foram mais de ordem religiosa, de parentesco, de tietagem e policialesca, tanto que as escolhas incidiram sobre lideranças evangélicas, sobre parentes de políticos tradicionais, sobre celebridades e policiais 'linha dura'”.

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Política Democrática: "Privatizações não resolvem o problema fiscal”, diz José Luís Oreiro

Na edição de novembro da revista Política Democrática online, professor da UnB e pesquisador do CNPq aponta que elas “são uma receita não recorrente”

Cleomar Almeida

O professor-associado do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) José Luís Oreiro diz que o superministro da economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, deixa claro que não pretende usar as reservas internacionais para reduzir a dívida pública. “Até porque o indicador relevante para medir a solvência fiscal é a dívida líquida, não a dívida bruta”, explica José Luís, em artigo publicado na edição de novembro da revista Política Democrática online. Em sua análise, ele destaca, ainda, que “privatizações não resolvem o problema fiscal”.

Com o título “As reservas internacionais e o ajuste fiscal (Paulo Guedes)”, o artigo explica que a dívida líquida é igual à dívida bruta subtraída dos ativos financeiros de propriedade do setor público, entre os quais se encontram as reservas internacionais. Por isso, segundo ele, “segue-se que a venda das reservas internacionais não mudaria um centavo sequer da dívida líquida, mas reduziria a liquidez internacional à disposição do setor público”, como diz em um trecho do artigo publicado na revista, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS).

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Além disso, de acordo com o professor da UnB, o custo de carregamento das reservas internacionais é igual ao diferencial entre a taxa de juros doméstica e a taxa de juros internacional subtraído (somado) do ganho (perda) esperada de capital sobre as reservas internacionais. “Dessa forma, se a expectativa é de depreciação futura da taxa de câmbio como parece indicar a fala do ultraministro da economia ao apontar um dólar cotado a R$ 5,00 em algum momento no futuro, o custo de carregamento pode-se tornar negativo, indicando assim um benefício esperado positivo para o setor público, caso ocorra ataque especulativo”, diz ele, em um trecho da análise.

Segundo o pesquisador do CNPq, caso seja efetivado, o benefício esperado será creditado na conta única da União no final do semestre referente ao ganho de capital sobre as reservas, contribuindo, assim, para o ajuste fiscal, ao viabilizar o atendimento da “regra de ouro”. “Diga-se de passagem que foi esse expediente que permitiu ao governo do presidente Michel Temer cumprir a regra de ouro em 2018, sem ter de fazer novo contingenciamento de gastos ou pedir um waiver ao Congresso Nacional, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade”, afirma ele.

O grande problema brasileiro de curto prazo, conforme aponta o artigo, é o desequilíbrio fiscal. “O futuro czar da economia acredita que a Reforma da Previdência é condição necessária e suficiente para resolver esse problema. Não é”, diz o autor em outro trecho, para continuar: “A Reforma da Previdência é importante para a sustentabilidade fiscal de médio e longo prazo, mas o efeito de curto prazo dela sobre as contas do governo é negligenciável. Privatizações não resolvem o problema fiscal, pois são uma receita não recorrente”.

Além disso, de acordo com o professor da UnB, o núcleo militar do governo do presidente eleito não parece muito afeito a privatizações. “A única solução crível a curto prazo é aumentar a receita tributária do governo por meio do aumento de impostos. Da minha parte, acredito que uma combinação de recriação da CPMF com a reintrodução do imposto de renda sobre lucros e dividendos distribuídos é a única forma de zerar o déficit primário em 2019. Esse `ajuste fiscal de emergência´ compraria o tempo necessário para o futuro governo fazer as reformas que o Brasil precisa para retomar o desenvolvimento econômico”.

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Eleição de Bolsonaro deve gerar “novo governo de transição”, diz Sérgio Abranches

Sociólogo afirma que eleição de ex-capitão do Exército encerra polarização entre PT e PSDB

Por Cleomar Almeida

Em entrevista à edição de novembro da revista Política Democrática online, o sociólogo mineiro Sérgio Abranches diz que um “novo governo de transição” deve nascer no país com a eleição do ex-capitão do Exército e deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República. Autor dos livros “A Era do Imprevisto” e “Presidencialismo de Coalizão” (ambos da editora Companhia das Letras”, ele traça as características do próximo presidente que decidirá os rumos do país de janeiro próximo até 2022.

“Continuará sendo presidencialista, multipartidário e de coalizão, mas com diferenças. Bolsonaro, por exemplo, já está mudando, ele está nomeando ministérios, sem distribuir os partidos, sem ter indicações partidárias”, afirma. “Será uma transição, de cujo êxito dependerá o sucesso e o insucesso do governo Bolsonaro”, complementa ele. A entrevista é o destaque da nova edição da revista produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Partido Popular Socialista (PPS).

Acesse aqui a edição de novembro de Política Democrática online

Na avaliação do sociólogo, a eleição do ex-capitão encerra a disputa entre PT e PSDB. “Nem a esquerda atual nem a direita entenderam o século vinte um, ainda. O Brasil está tendo uma disputa, um enfrentamento na política entre forças que continuam no século 20, não entraram no século 21”, diz ele, na entrevista.

De acordo com o autor, alguns pressupostos norteiam o século 21. “Tem-se de entender o imperativo da sustentabilidade, o imperativo climático que é impositivo e causa prejuízos profundos que começam pelos setores mais pobres, mas os ricos também perdem”, diz, para continuar: “O Texas enfrentou disputa acirrada por causa da política climática de Trump. A grande parte da produção texana foi dramaticamente afetada por intempéries”.

O Texas, conforme observa Sérgio Abranches, é o maior produtor de petróleo e de energia eólica dos Estados Unidos. Segundo ele, a liderança de direita entendeu que a questão climática é impositiva, “tanto quanto a transição energética”, conforme ressalta. “Eles sabem de tudo. Outro ponto é que, em economias globalizadas com a hegemonia do capital financeiro, urge respeitar os limites fiscais”, pondera.

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FAP lança revista Política Democrática digital


Política Democrática: Eleição escancarou intolerância na sociedade, dizem especialistas

Em artigos publicados na revista Política Democrática online, sociólogo e economista avaliam campanhas eleitorais e democracia

O período eleitoral escancarou a intolerância na sociedade, revelando o clima de tensão e ódio entre adversários que vai exigir, do presidente eleito neste domingo (28), um grande esforço para desarmar os espíritos. No entanto, o contexto brasileiro serve para mostrar que a democracia entra em crise porque não tem resposta às novas demandas da sociedade, provindas de uma profunda mudança social.

A avaliação é de analistas políticos autores de artigos publicados na edição de lançamento da revista Política Democrática online, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP). Com acesso totalmente gratuito, a publicação foi lançada no dia 23 de outubro.

Em seu artigo, que recebeu o título “Ameaças à democracia”, o sociólogo Elimar Pinheiro do Nascimento explica que uma das dificuldades na construção de respostas por parte dos governos democráticos reside no que ele chama de “morte das ideologias”. Segundo o autor, a ideologia sobrevivente é o liberalismo.

No entanto, conforme acrescenta Elimar, o próprio liberalismo “torna-se cada vez mais incapaz de dar respostas aos novos problemas que emergem das mudanças estruturais da sociedade, particularmente oriundas da disseminação das novas tecnologias e da crise ambiental”.

Além de não ter considerado a importância de temas ambientais, o período eleitoral não explorou outros campos necessários para o desenvolvimento da sociedade, de acordo com o economista Sérgio Buarque. Ele é autor do artigo “Atropelado pelas emergências”, que também está publicado na revista.

De acordo com Sérgio, a campanha também escondeu os temas econômicos e fiscais incômodos que devem ser enfrentados pelo próximo presidente. Com isso, segundo ele, desmobilizou a sociedade para a necessidade de medidas que são inevitáveis ao reequilíbrio das finanças públicas. “Propostas enganosas e simplistas foram vendidas como mágicas para todos os males do Brasil”.

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Ameaças à democracia

Atropelado pelas emergências


Política Democrática: Com polarização partidária, voto torna-se muito volátil, diz Denicoli

Artigos destacam os desafios impostos pela velocidade do mundo digital  nestas eleições, o papel do cinema na construção da democracia e o novo livro de Yuval Noah Harari,  “21 lições sobre o século 21”, além dos trabalhos do cartunista JCaesar

Por Cleomar Almeida

Interpretar os reflexos das redes sociais no dia a dia e, especialmente, nas eleições é o grande desafio imposto pela velocidade do mundo digital sobre processo eleitoral e a intensa troca de informações entre as pessoas que estão conectadas. A avaliação é do pós-doutor em Comunicação Sérgio Denicoli, no artigo “A verdade do oráculo digital”, publicado na edição de lançamento da revista Política Democrática online.

Em sua análise, Sérgio Denicoli reforça que o período eleitoral está profundamente marcado por polarização entre esquerda e direita e, nesse contexto, de acordo com ele, “o voto torna-se muito volátil”. “E a mudança da opção do eleitor, dentro do mesmo espectro ideológico, ocorre na mesma velocidade da transmissão de dados nos ambientes online”, escreve ele.

Ainda segundo o analista, não pode ser encarada como “exata” a verdade do eleitor. No entanto, conforme ele ressalta, “deve ser vista a partir de tendências”. “É na ciência de dados que se consegue perceber que a onda informativa se está levantando, na direção de quem ela está indo e com que velocidade”, acrescenta na publicação, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP).

Além das análises de Sérgio Denicoli e outros analistas políticos, a revista também se preocupa em colaborar com produções do meio cultural. Nesse sentido, o internauta pode conferir os trabalhos do cartunista JCaesar, que servem de ironia ao contexto da eleição presidencial de 2018.

Mais adiante na revista, no artigo “Um olhar crítico sobre a democracia”, o cineasta e escritor João Batista de Andrade discorre sobre o documentário “Construindo Pontes”, dirigido por Heloisa Passos, e que mostra os conflitos entre um pai, conservador e comprometido com os governos da ditadura militar, e a filha, de esquerda.

“O cinema tem quase sempre um olhar crítico sobre a sociedade, mesmo que as críticas se abrandem, às vezes de forma quase total, pela busca de ganhar o público ou exigências da Indústria Cinematográfica”, pondera João Batista, no artigo.

Na revista, o internauta também pode conferir a resenha da doutora em Mídias Digitais pela USP Dora Kaufman sobre “21 lições sobre o século 21”, o terceiro livro de Yuval Noah Harari. Ela destaca que o autor “enumera, descreve e tece comentários sobre alguns dos principais temas da atualidade”.

Leia mais:
A íntegra do artigo “A verdade do oráculo digital”
Quadrinhos do cartunista JCaesar
Análise “Um olhar crítico sobre a democracia”
Resenha do livro “21 lições sobre o século 21”


Política Democrática: O que aprender com o primeiro turno e os perfis de presidenciáveis

Analistas reforçam reflexos das manifestações de 2013 nas eleições de 2018 nos artigos publicados na primeira edição da revista 

Por Cleomar Almeida

Eleitores devem ir às urnas no próximo domingo (28) com a consciência de que o próximo presidente da República terá enormes desafios pela frente, principalmente para resolver demandas de ajuste fiscal e de reformas política, tributária e da previdência. Tudo isso diante de uma onda conservadora que toma conta do país e que polariza ainda mais uma disputa eleitoral cujo resultado, ao menos por enquanto, tem mostrado bastante reflexo das manifestações de 2013.

Essas avaliações estão contempladas em três dos oito artigos de analistas políticos publicados na edição digital da Revista Democrática, lançada nesta quarta-feira (24). A publicação é produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em Brasília.

Confira as análises na edição de lançamento da revista Política Democrática online:

»Clique aqui e leia o artigo Lições do Primeiro turno

No artigo “Lições do primeiro turno”, o sociólogo Caetano Araújo analisa que a rejeição ao atual modelo de sistema político derrotou grandes lideranças dos dois campos que polarizaram a política nacional nos últimos 25 anos. “Nessa linha, o voto de 2018 nasceu das manifestações de 2013, cresceu com as revelações da Lava Jato e atingiu seu ponto mais alto com a incapacidade demonstrada pelos maiores partidos de reagir a essa insatisfação”, escreve ele.

Na avaliação de Caetano, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) tiveram diferenças cruciais durante o período eleitoral, cada um a seu modo. “Bolsonaro e seu campo tiraram proveito das três ondas: a rejeição ao sistema, a demanda por segurança e o conservadorismo nos costumes. O PT, por sua vez, foi identificado com o sistema, pagou parte do preço da falência da segurança pública e tornou-se o alvo do conservadorismo nos costumes. A seu favor, apenas o monopólio, na percepção do eleitor, sobre a agenda das políticas sociais”, acrescentou o sociólogo.

»Clique aqui para ler os artigos Perfis Bolsonaro e Haddad

Em outros dois artigos que mostram o perfil de Bolsonaro e de Haddad, separadamente, o professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília Creomar Lima Carvalho de Souza avalia que os candidatos são frutos de diferentes fenômenos. O primeiro, líder nas pesquisas de intenção de voto, é, segundo o analista político, “fruto de uma conjuntura nova”.

Essa conjuntura, segundo Creomar, tem dois aspectos. “De um lado, o desgaste natural provocado pela dicotomia PT-PSDB e, de outro, o renascimento de um discurso de matriz conservadora em termos valorativos permitiram construir uma candidatura presidencial competitiva”, afirma o professor.

Já Haddad, de acordo com Creomar, “é visto pelos críticos dentro de seu próprio partido como o mais tucano dos petistas e considerado pelos seus adversários como mero títere do ex-presidente Lula da Silva”. No segundo turno, a tarefa do petista, acrescenta o professor, é “promover a maior virada eleitoral desde o renascimento da democracia brasileira e tornar-se presidente da república”.


Autores - Artigos Revista Política Democrática

Caetano Araújo é sociólogo, com graduação, mestrado e doutorado em Sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e consultor legislativo do Senado Federal.

Creomar Lima Carvalho de Souza é professor universitário na Universidade Católica de Brasília. Doutorando no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, foi observador internacional convidado pela Embaixada dos EUA nas eleições de 2016 e Visiting Faculty na Universidade da Flórida, em 2009, com bolsa do Departamento de Estado dos EUA.

Sérgio Denicoli é pós-doutor em Comunicação e Diretor da AP EXATA – Inteligência Digital.

Alberto Aggio é historiador, professor titular da Unesp e diretor da FAP.

João Batista de Andrade é cineasta e escritor.

Elimar Pinheiro do Nascimento é sociólogo político e ambiental, professor do Programa de Pós-Graduação do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB.

Jorge Caldeira é jornalista, escritor, historiador e doutor em Ciência Política

Dora Kaufman é doutora em Mídias Digitais pela USP, pós-doutora pela COPPE-UFRJ e pesquisadora dos impactos sociais de Inteligência Artificial em seu pós-doutorado no Centro de Tecnologias da da Inteligência e Design Digital (TID D|PUC-SP), sob supervisão de Lucia Santaella, e participa do grupo de IA do Instituto de Estudos Avançados e do Centro de Pesquisa Atopos, ambos da USP.

Sérgio C. Buarque é economista com mestrado em sociologia, professor da FCAP/UPE, consultor em planejamento estratégico com base em cenários e desenvolvimento regional e local, sócio da Multivisão-Planejamento Estratégico e Prospecção de Cenários e da Factta-Consultoria, Estratégia e Competitividade.


PD #49 -Claudia Maria de Freitas Chagas: O acesso à informação e à intimidade

A Lei de Acesso à Informação (LAI), Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011, que entrou em vigor em 16 de maio de 2012,  tem  inegável  importância  para  a  consolidação  do regime democrático, a efetivação do direito à informação e a transição de uma cultura do sigilo para a transparência e a publicidade.

Mais de duas décadas após a promulgação da Constituição Federal de 1988, os dispositivos constitucionais que já garantiam o acesso às informações que se encontram sob a custódia  do  poder público foram regulamentados. A lei estabelece, como regra geral, o acesso pleno, imediato e gratuito, passando o sigilo a ser  a exceção. Dirige-se a todos os órgãos públicos integrantes dos Três Poderes, ao Ministério Público, às autarquias, às empresas públicas, às sociedades de economia mista e a outras entidades, inclusive privadas, desde que recebam recursos públicos. Cria procedimentos e prazos, impedindo negativas sem fundamento legal e dificultando atos protelatórios.

Em uma primeira análise, vê-se duas grandes vertentes na utilização dos instrumentos trazidos pela lei: a recuperação de fatos históricos e o controle social.

O Brasil, especialmente durante os anos em que foi submetido à ditadura militar, experimentou a total ausência de transparência, não só dos arquivos públicos, como também de quaisquer informações que se referiam ao governo. O sigilo protegeu os governantes de críticas, impediu o conhecimento de ilegalidades e a comprovação de violações aos direitos humanos, sem que o cidadão tivesse meios para reagir. A LAI é, portanto, apesar do decurso do tempo, ferramenta relevante na reconstituição de fatos passados e na busca da verdade e da reparação.

O segundo aspecto igualmente importante é a possibilidade do controle social, indissociável da ideia de democracia. A nova lei permite ao cidadão, sem necessidade de justificativa específica, conhecer informações que se encontram em órgãos ou entidades públicas, formar sua opinião, criticar, fazer escolhas e participar de diversas formas. Impõe ao poder público, ainda, uma conduta proativa na direção da transparência, produzindo e disponibilizando dados. É, portanto, essencial à prevenção e ao enfrentamento da corrupção.

Neste contexto, de afirmação da garantia do direito à informação e da necessidade da concretização da transparência pública em um Estado democrático de direito, há também um outro lado que merece profunda reflexão. Trata-se da compatibilização do direito à informação com o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas, também expresso na Constituição Federal, no rol dos direitos fundamentais.

O acesso público às informações, além de desejável, é hoje a regra geral. Apesar disso, a identificação de  seus  limites, diante de outros direitos constatados em casos concretos, é necessária. Trata-se de tarefa complexa, tendo em vista que documentos custodiados pelo Estado, aparentemente de interesse geral, muitas vezes contêm informações pessoais, que atingem esferas íntimas, cuja exposição pode gerar constrangimento ou sofrimento.

A LAI prevê a hipótese de restrição de acesso às informações pessoais, assim como às informações consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado. Apesar disso, estabelece que, em algumas situações, a privacidade deve ceder ao interesse público ou à recuperação de fatos históricos de maior relevância. Acrescenta, ainda, que a proteção da vida privada, da honra e da imagem não pode ser invocada para prejudicar processo de apura- ção de irregularidades em que o titular estiver envolvido.

Não há, contudo, uma resposta genérica e prévia, aplicável a tais situações, que possa auxiliar o agente público incumbido de decidir sobre a publicidade de documento que se encontra sob a sua guarda. Estamos lidando, nessa seara, com princípios constitucionais, com conceitos abertos e concepções morais divergentes. A fixação do conteúdo de tais direitos só pode se dar a partir de uma narrativa; no contexto de uma época delimitada, perante uma sociedade identificada, ou seja, considerando-se os fatos e todas as suas circunstâncias, inclusive de tempo e lugar.

Devem ser atribuídos pesos e importância aos princípios constitucionais envolvidos, de forma a conciliá-los, o que se dá no momento da aplicação das normas e não no âmbito da sua validade.

O dilema entre o direito à informação e o direito à intimidade gera uma tensão permanente, que deve ser avaliada com cautela, caso a caso, de forma a evitar abusos. Seja criando um constrangimento  inútil  e  impactando  negativamente  a  vida  de um indivíduo, seja acobertando sigilos desnecessariamente e impedindo o conhecimento de fatos históricos e o controle social.

É de se lembrar sempre que a concretização do direito à informação, tão alijada nos Estados autoritários, é de extrema relevância para a democracia, por permitir o conhecimento dos atos governamentais e a livre circulação de ideias no espaço público. Apesar disso e da grande expectativa de que a Lei de Acesso à Informação brasileira venha a alterar a cultura do sigilo, sua aplicação jamais poderá descuidar da garantia da inviolabilidade da intimidade, igualmente prevista na Constituição Federal.

* Claudia Maria de Freitas Chagas é promotora de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e ex-Secretária Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, é autora do livro O dilema entre o acesso à informação e a intimidade.

 


Edição especial da Revista Política Democrática aborda os 100 anos da Revolução Russa

Os Conselhos de Redação e Editorial da Revista Política Democrática, da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), organizaram uma edição especial (veja aqui o ebook) para relembrar e comemorar os 100 anos da Revolução Russa de 1917, um dos maiores acontecimentos do século XX.

Os autores que colaboram com os ensaios desta edição “se revelam muito honestos em destacar a verdade sobre o primeiro centenário de uma das maiores façanhas revolucionárias ocorridas no mundo, abordando seus aspectos mais ricos e variados” e procurando “evitar uma visão de vertente religiosa, de que só teriam acertos e nenhum erro na construção e na sua expansão”.

Os ensaios são assinados por Claudio de Oliveira, Dina Lida Kinoshita, Ivan Alves Filho, José Antonio Segatto, Luiz Carlos Azedo, Luiz Sérgio Henriques, Raimundo Santos, dentre outros.