revista política democrática
Revista online | Por que ainda precisamos do feminismo?
Beatriz Rodrigues Sanchez*, especial para a revista Política Democrática online (43ª edição: maio de 2022)
Nas últimas décadas, uma série de avanços foram realizados no que diz respeito à igualdade de gênero. O direito ao voto foi conquistado, a partir da luta das sufragistas, no ano de 1932. O direito ao divórcio, em 1977. Com a Constituição de 1988, uma série de direitos foram reconhecidos e garantidos constitucionalmente: a ampliação da licença maternidade, a licença paternidade, o direito de mulheres presidiárias poderem amamentar, a criação de mecanismos de combate à violência contra às mulheres, entre outros.
Também, no âmbito legislativo, mais recentemente, tivemos a aprovação da Lei Maria da Penha, da lei de cotas para candidaturas femininas e da PEC das Domésticas. No âmbito da educação, as mulheres, que até pouco tempo representavam a maior parte dos analfabetos em nosso país, passaram a ser maioria entre as pessoas matriculadas em cursos de ensino superior. Estes são alguns fatos que demonstram o quanto temos avançado em direção à igualdade de gênero. No entanto, apesar desses avanços, a luta feminista ainda é necessária.
A violência contra as mulheres, em suas diversas expressões, ainda é um grave problema que a sociedade brasileira precisa enfrentar. Seja a violência doméstica, aquela que acontece dentro de casa, entre marido e mulher, ou entre filhos e mães, ou avós e netos; seja a violência política de gênero, que acomete as mulheres que ocupam cargos dentro da política institucional (como o feminicídio político de Marielle Franco); seja a violência obstétrica, especialmente contra mulheres negras que, por conta do racismo estrutural, são vistas como mais resistentes à dor e muitas vezes não possuem acesso à anestesia. Todas essas formas de violência ainda marcam, nos dias de hoje, a sociedade brasileira, historicamente patriarcal e racista. Apesar de o argumento da “legítima defesa da honra” em casos de violência contra as mulheres ter ficado demodê, todas essas formas de violência continuam impedindo que as mulheres exerçam o direito à vida e à dignidade de forma plena.
No âmbito da educação, apesar de termos entrado no ensino superior, alguns cursos ainda são majoritariamente masculinos, especialmente os cursos da área de exatas. As salas de aula dos cursos de engenharias, matemática, economia, estatística, por exemplo, ainda têm poucas mulheres. Essa diferenciação de gênero nas áreas de formação tem relação com construções sociais históricas que relacionaram as mulheres ao mundo privado da emoção e do cuidado e os homens ao mundo público da razão. Por isso, os cursos de enfermagem, pedagogia, assistência social e terapia ocupacional, apenas para citar alguns exemplos de cursos relacionados ao universo do cuidado, são majoritariamente femininos.
No mercado de trabalho, as mulheres ainda hoje recebem salários menores do que os homens, mesmo quando ocupam o mesmo cargo. Além disso, a divisão sexual do trabalho faz com que, além do trabalho produtivo remunerado, as mulheres sejam responsáveis pelo trabalho de reprodução social da vida, que inclui o cuidado com crianças e idosos e as tarefas domésticas. Neste cenário, algumas mulheres, especialmente brancas e de classe média, podem pagar para que outras mulheres, especialmente negras e periféricas, realizem este trabalho, muitas vezes em condições precárias. Assim, a divisão sexual do trabalho, conjuntamente com a divisão racial do trabalho, cria obstáculos para o exercício pleno da cidadania.
Quando analisamos a representação política das mulheres nas instituições, o cenário atual também é preocupante. No Poder Legislativo, no Executivo ou no Judiciário, as mulheres, especialmente as mulheres negras, periféricas, indígenas, trans e rurais, são minoria nos espaços de poder e na burocracia estatal.
Atualmente, o Brasil ocupa a 146ª colocação no ranking de mulheres nos parlamentos, atualizado mensamente pela organização Inter-Parliamentary Union (IPU). Essa sub-representação política das mulheres se reproduz em todos os níveis federativos – federal, estadual e municipal – prejudicando a consolidação de nosso regime democrático. Para se ter uma ideia, apenas 2 das 27 unidades da Federação (incluindo o Distrito Federal) são chefiados por mulheres: Rio Grande do Norte e Piauí. No governo federal, dentre as 23 pastas ministeriais, apenas duas são ocupadas por mulheres.
Como podemos perceber, a desigualdade entre homens e mulheres continua sendo estruturalmente marcante na sociedade brasileira. No entanto, quando falamos em “mulheres”, devemos lembrar que não formamos um grupo homogêneo. Apesar de a “história oficial” do feminismo, escrita majoritariamente por mulheres brancas, intelectuais e de elite, afirmar que os questionamentos sobre raça, identidade de gênero, classe e outros eixos de opressão teriam surgido apenas na “terceira onda” feminista, as mulheres negras, indígenas e periféricas historicamente têm criticado a universalidade contida no sujeito “mulheres”, desde o período colonial, pelo menos. Por isso, é importante que as políticas públicas contemporâneas que tenham como objetivo mitigar os efeitos da desigualdade de gênero levem em consideração toda a pluralidade da população feminina, desde uma perspectiva interseccional.
Diante de tudo o que foi dito até aqui, a luta feminista ainda se faz necessária. Nós, feministas, não silenciaremos diante de tudo o que ainda precisamos conquistar. Como afirma a escritora e feminista chilena Isabel Allende, no livro “Mulheres de minha alma”, “o feminismo, como o oceano, é fluido, poderoso, profundo e tem a complexidade infinita da vida; move-se em ondas, correntes, marés e às vezes em tempestades furiosas. Tal como o oceano, o feminismo não se cala”. Não nos calaremos.
Sobre a autora
*Beatriz Rodrigues Sanchez é pós-doutoranda vinculada ao Programa Internacional de Pós-Doutorado (IPP) do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Doutora e mestra em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP). É formada em Relações Internacionais pela mesma Universidade. É pesquisadora do Núcleo Democracia e Ação Coletiva do CEBRAP. Desde a graduação vem estudando temas relacionados às teorias feministas e à representação política das mulheres.
** Artigo produzido para publicação na Revista Política Democrática Online de maio de 2022 (43ª edição), editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.
*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não refletem, necessariamente, as opiniões da revista.
Leia mais
Revista online | Twitter, Musk e a economia da atenção
Revista online | Novidades para o Oscar 2023. Será que agora vai?
Revista online | Conquistas e desafios na luta contra a LGBTfobia no Brasil
Revista online | Os Índios atravessaram a Ponte!
Revista online | O caminho da América Latina é a democracia
Acesse todas as edições (Flip) da Revista Política Democrática online
Acesse todas as edições (PDF) da Revista Política Democrática online
Revista online | Oscar e a tentação das majors
Lilia Lustosa*, especial para a revista Política Democrática online
No princípio eram as majors… Grandes estúdios produtores de filmes que detinham também o controle sobre sua distribuição e exibição. Eram cinco as empresas donas do processo filmográfico em Hollywood: Paramount, MGM, War ner Bros, RKO e 20th Century Fox. Como consequência, as Big Five, como eram conhecidas, dominavam também as premiações mais importantes, como o Oscar, que teve seu início em 1929.
Um belo dia, percebendo o esmagamento dos pequenos estúdios e a quase extinção das pequenas salas de cinema, alguns dos principais produtores independentes da época, entre eles Charles Chaplin, Walt Disney e Orson Welles, levaram o caso à Justiça. Foi o famoso “United States vs Paramount”, processo que chegou à Suprema Corte americana em 1948 e resultou em uma lei antitruste que obrigava as Big Five a se desfazerem de suas salas e ainda a acabarem com a prática de reserva de blocos. Ou seja, os filmes passavam a ser vendidos individualmente.
No cenário atual, pode-se dizer que as novas majors são as empresas de streaming, originalmente exibidoras, mas que, para não perderem espaço, se tornaram também produtoras e distribuidoras (Netflix, Amazon etc). Do mesmo modo que as produtoras, percebendo no streaming uma nova fonte de riqueza, criaram suas próprias plataformas de exibição (Disney+, Paramount+ etc).
O que presenciamos no Oscar deste ano foi uma verdadeira queda de braços entre essas majors, da qual saiu vencedora a Apple, uma das últimas a entrar no páreo. Uma evolução natural da indústria cinematográfica, que, no fim do século passado, entrou com tudo na era digital, porém, uma evolução que parece estar deixando a arte cinematográfica em segundo plano.
CODA - No Ritmo do Coração, que levou o Oscar de melhor longa-metragem, é um bom filme, um feel-good movie, como dizem os americanos, mas jamais uma produção para levar o prêmio máximo da noite. Ainda mais em um ano com tantos filmes de peso em competição! É certo que a questão da diversidade e a da inclusão contam na hora de atribuir os prêmios, e isso é de fato importante e louvável. Para completar, CODA é ainda bonito, daqueles filmes que fazem chorar. Mas, se fosse para premiar uma obra por sua proposta de inclusão ou pela quantidade de lágrimas por ela gerada, mais adequado seria outro tipo de Festival. O que deveria estar em jogo na maior premiação de Hollywood, concedida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, deveria ser, antes de tudo, a qualidade de cada um dos quesitos que compõem um filme: direção, fotografia, trilha sonora, montagem, roteiro etc. O trabalho de Jane Campion Ataque dos Cães, por exemplo, é algo de próximo à perfeição, quando se pensa em cada quadradinho que deve ser preenchido ao se realizar um filme. A fotografia é sublime, o roteiro, adaptado por ela mesma a partir do romance homônimo de Thomas Savage, é um espetáculo. Isso somado à sofisticação de cada enquadramento, à precisão de cada posicionamento de câmara, à trilha sonora dos deuses e ao elenco todo digno de Oscar, fazem de Ataque dos Cães um super candidato ao prêmio maior. Mas, apesar das 12 indicações recebidas, o filme acabou saindo apenas com o Oscar de melhor direção para Campion.
Estranho que a obra laureada com a melhor direção não tenha levado mais nenhum prêmio! Afinal, o diretor é o maestro, é o chefe de todas as decisões tomadas na realização do filme. Assim, por uma simples questão de lógica, a conta não fecha.
CODA, por sua vez, saiu com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado pelo belo trabalho feito por Sian Heder, que conseguiu a proeza de superar o original francês A Família Bélier (2014). Justo! Da mesma forma que foi justo o prêmio de ator coadjuvante para Troy Kotsur. Ele o mereceu! E mereceu não por ser surdo, mas por ter trabalhado em nível de excelência. Já CODA sair com o Oscar de melhor filme me parece uma tremenda “forçação” de barra. Em qual quesito a refilmagem americana é superior a Ataque dos Cães ou a Belfast? Ou ainda a Duna, que levou seis estatuetas?
A explicação não está na técnica, nem na arte cinematográfica, mas no investimento feito pelas majors que estão por trás de cada um dos filmes. Ataque dos Cães é uma produção Netflix, e CODA é filha adotiva da Apple, uma produção independente cujo direito de distribuição foi comprado pela empresa de Steve Jobs. Em janeiro, quando pouco ainda se falava do filme, os empresários, percebendo as reações positivas da plateia, decidiram investir tudo e mais um pouco em sua promoção. Foram várias seções privadas para os críticos e membros da Academia, envios de presentes às pessoas mais influentes do meio e tal. Um lobby pesado que resultou em três Oscares para as três indicações recebidas por CODA, entre eles o prêmio máximo da noite, deixando a Netflix mais uma vez a ver navios.
Uma prova de que a Academia, que parecia estar tomando prumo nos últimos anos, caiu em tentação novamente e segue mordendo o fruto proibido. Pelo menos até a nova lei antitruste.
Saiba mais sobre a autora
*Lilia Lustosa é crítica de cinema e doutora em História e Estética do Cinema pela Universidad de Lausanne (UNIL), Suíça.
** Artigo produzido para publicação na Revista Política Democrática Online de março/2022 (41ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.
*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na Revista Política Democrática Online são de exclusiva responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, as opiniões da Revista.
Leia também
Revista online | Lições da Itália ao Brasil de 2022
Revista online | A frente democrática, aqui e agora
Acesse todas as edições (Flip) da Revista Política Democrática online
Acesse todas as edições (PDF) da Revista Política Democrática online
Transição para baixo carbono tem mais oportunidades no Brasil
Cleomar Almeida, coordenador de Publicações da FAP
O Brasil talvez seja o único país do mundo onde a transição para o baixo carbono apresenta muito mais oportunidades a menor custo. “País onde a matriz energética pode ser 100% renovável ao menor custo. Temos todas as chances de sermos os primeiros do mundo em biomassa, com uma inserção privilegiada na economia mundial”, diz a obra Sustentabilidade: os desafios do Brasil no Século XXI, que está à venda na internet.
Dedicada exclusivamente ao tema da sustentabilidade, a nova edição temática da revista Política Democrática, editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), será lançada no dia 16 de fevereiro, às 18 horas, durante evento online, com participação dos autores. A transmissão será realizada no portal e nas redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade.
Soluções sinérgicas
“A crise ecológica que a humanidade conhece desde o século passado tem duas faces mais visíveis, a climática e a da biodiversidade, com soluções sinérgicas, pois estão intrinsecamente articuladas”, destaca um trecho da revista temática.
A revista pondera, por outro lado, que essa situação já provoca preocupação em alguns países. “Essa crise, que aos poucos se transforma em uma crise civilizacional, é acompanhada de um crescente amor ao meio ambiente e valorização da natureza, ingrediente já presente nos processos eleitorais dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, como o Brasil”, destaca.
"Precificar carbono"
Na avaliação dos autores, a crise é grave, sobretudo para as populações mais socialmente vulneráveis, e injusta, pois são os ricos os menos afetados e os maiores poluidores. “Sua gravidade é de tal monta que já não se visualiza uma ‘aterrissagem suave’ do mundo dos fósseis”, observa a revista.
“A única solução é precificar o carbono de modo a incentivar investimentos e inovações de baixo carbono. Enganam-se os que pensam que se trata de um problema para as próximas gerações, pois cerca de 2,8 bilhões dos humanos, que atualmente habitam a Terra, estarão vivos em 2100”, diz a obra.
Combate ao aquecimento global, urgência da bioeconomia na Amazônia com redução do desmatamento, a importância da segurança hídrica e a relevância do engajamento da juventude na luta ambiental também estão entre os assuntos discutidos na nova obra da FAP. A publicação é composta por 21 artigos, organizados em nove partes.
Dois dos artigos fogem ao padrão habitual: uma entrevista com o ex-prefeito de Vitória do Espírito Santo, Luciano Rezende, e a transcrição de um debate entre sete ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil, promovido por 10 fundações de partidos democráticos brasileiros.
Temas relevantes
Em suas seções, a revista temática aborda temas relevantes ao campo da sustentabilidade, como a mudança climática e o debate em torno da noção da sustentabilidade. Diversos temas desafiantes são tratados com precisão, como da Amazônia, cidade, água e energia. Discute-se, ainda, o gargalo da governança ambiental, a questão da utopia e a da transição.
“Uma das partes mais importantes da revista é sobre o ativismo ambiental dos jovens, o personagem central na superação da crise ecológica. São atores extraordinariamente ativos na COP26, pois cada vez mais sabem que as decisões tomadas nestas reuniões rebaterão sobre suas vidas, sobretudo que, sendo uma geração centenária, estarão presentes em 2100”, dizem os organizadores.
Indústria tem papel fundamental em inovação, dizem especialistas em webinar
Evento online encerrou programação da recém-lançada revista Política Democrática especial sobre cidades
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
O setor de indústria deve assumir protagonismo na inovação no Brasil, que deve ser estimulada por meio de parcerias público-privadas e investimentos em educação. A análise é de especialistas que participaram, na noite desta quarta-feira (29), do quinto e último encontro do ciclo de debates online da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, que inaugurou sua versão temática com o título A reinvenção das cidades. O evento teve transmissão ao vivo no site e na página da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) no Facebook.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
A publicação foi lançada, oficialmente, no dia 30 de setembro, com a realização do primeiro encontro do ciclo de debates online, e colocada à venda na internet com o objetivo de colaborar com as discussões de melhorias das cidades, às vésperas das eleições municipais. Todos os eventos da programação foram mediados pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo e tiveram presença permanente da jornalista Beth Cataldo, da Tema Editorial, que, em parceria com a fundação, coeditou a revista.
Autor do texto Em busca da cidade sustentável e empreendedora, publicado na revista, o doutor em engenharia e diretor executivo da Federação Global de Conselhos de Competitividade (GFCC), Roberto Alvarez, disse que “o Brasil é um país pouco inovador”, considerando métricas internacionais. Segundo ele, dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que o crescimento econômico de seus países membros é explicado pela inovação.
Confira o vídeo!
No Brasil, desde 2003, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) realiza um trabalho com 75 mil empresas no país, que correspondem a 97,5% do produto da indústria brasileira. “Empresas que inovam e diferenciam produtos crescem mais, exportam mais, são mais lucrativas e geram mais e melhores empregos, que remuneram melhor os trabalhadores e nos quais as pessoas permanecem por mais tempo”, afirmou Alvarez. “Inovação é fundamental para o crescimento econômico”, disse.
De acordo com Alvarez, a baixa conexão do país com o restante do mundo é um problema, considerando a perspectiva de pessoas. Ele observou que a média mundial de imigrantes é de 3,5% em relação ao total da população de cada país. Nos Estados Unidos, 15% dos moradores nasceram fora. No Brasil, estrangeiros representam apenas 0,3% dos habitantes. “Fomos um país de imigrantes. A nossa sociedade hoje oxigena pouco e tem poucas conexões com o mundo, o que representa gargalo muito grande para capacidade de inovar e levar coisas novas para o mundo”, criticou o diretor da GFCC, organização sediada em Washington (EUA) e presente em mais de 30 países.
Mais recursos
O professor André Corrêa d'Almeida, da Universidade de Columbia e conselheiro sênior da Academia de Ciências de Nova Iorque, alertou que o discurso de inovação centrado em tecnologia e dados não ajuda 99% das cidades do mundo por causa da falta de recursos para executar os projetos. Ele escreveu o texto Cidades mais inteligentes no Brasil: teoria e prática, publicado na revista e produzido em parceria com Clara Clemente Langevin.
Autor de Smarter New York City: How City Agencies Innovate, d’Almeida também citou a importância de fortalecer os meios de implementação e revitalizar parceria global para o desenvolvimento sustentável. É o que já prevê o último dos 17 objetivos da Agenda 2030, um plano global proposto pela ONU (Organização das Nações Unidas) e que ainda é formado por 169 metas. “A indústria tem que desempenhar um papel de frente”, sugeriu.
O autor fez um alerta para que a discussão do assunto não fique apenas “no plano das ideias, das visões”. “Na realidade local, dos municípios, não nas grandes empresas, é preciso mapear o que já existe de talento, iniciativa e experimentações para desenvolver agenda de inovação a partir do que já existe”, afirmou d’Almeida. Segundo ele, a falta de autonomia financeira das cidades é outra grande barreira para processos inovadores.
Clara Clemente, que tem MBA em Prática de Desenvolvimento da Columbia University e é especializada em utilizar tecnologias emergentes no setor público, destacou que uma gestão baseada em inovação toma decisões sustentadas em dados. “Para ter uma gestão de cidades inteligentes no Brasil, é importante criar uma rede de partes interessadas para garantir processo holístico e que tenha olhar para toda a sociedade”, enfatizou.
Barreiras políticas
Convidado para debater o assunto com os autores de textos publicados na nova edição da revista Política Democrática, o presidente do Conselho de Administração da FAS (Fundação Amazonas Sustentável), engenheiro civil Benjamin Sicsú, criticou a falta de governança no Brasil em busca de processos inovadores. Segundo ele, barreiras políticas ainda precisam ser superadas para implementá-los, efetivamente.
Sicsu, que também é ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e ex-vice-presidente de novos negócios da Samsung Eletronics para a América Latina, sugeriu mais integração entre instituições para o desenvolvimento de ações inovadoras. “No Brasil, diferente de outras países, o número de pesquisas colaborativas é muito pequeno. Entidades associativas não trabalham de forma que as empresas possam encontrar, em conjunto, soluções para problemas’, lamentou.
Além disso, o engenheiro ressaltou a importância de criação de banco de dados que possam ser compartilhados com a sociedade a fim de estimular processos inovadores. “Precisamos armazenar e difundir informações de coisas boas e de coisas que não deram certo, para outros não repetirem os erros”, afirmou, ressaltando a importância de mais investimentos em educação. “Não teremos inovação com baixíssimo nível educacional. O [baixo] nível de inovação brasileiro só será resolvido com patamar superior de educação”, destacou.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Webinar da Política Democrática especial discute caminhos da inovação
Caótica, São Paulo tem ‘frestas poéticas’, avaliam especialistas em webinar
Webinar da Política Democrática impressa discute espaços de transformação urbana
Desigualdade socioespacial requer soluções de prefeitos, dizem especialistas
Webinar da Política Democrática impressa aborda meio ambiente e ocupação
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Webinar da Política Democrática especial discute caminhos da inovação
Evento online terá participação de Roberto Alvarez, André Corrêa d'Almeida, Clara Clemente Langevin e Benjamin Sicsu
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Caminhos da inovação serão discutidos, nesta quarta-feira (28), a partir das 19 horas, no quinto e último webinar da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, cujo título é A reinvenção das cidades, mesmo nome do ciclo de debates. O evento online será transmitido, ao vivo, no site e na página da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) no Facebook.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
A publicação, produzida e editada pela FAP em parceria com a Tema Editorial, foi lançada no dia 30 de setembro, durante o primeiro debate online, e já está à venda na internet. A mediação do debate será realizada pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo, que também é consultor do Senado. A jornalista Beth Cataldo, organizadora da edição temática, também tem participação permanente na série de webinars.
Confira o vídeo!
Por meio da sala virtual do zoom, os internautas poderão interagir diretamente com os debatedores, autores de análises sobre inovação publicadas na revista Política Democrática impressa. Participa da discussão o doutor em engenharia e diretor executivo da Federação Global de Conselhos de Competitividade (GFCC), Roberto Alvarez. A organização global é sediada em Washington (EUA) e está presente em mais de 30 países.
Também tem presença confirmada no evento online o professor André Corrêa d'Almeida, da Universidade de Columbia, conselheiro sênior da Academia de Ciências de Nova Iorque e autor de Smarter New York City: How City Agencies Innovate. Clara Clemente Langevin, que tem MBA em Prática de Desenvolvimento da Columbia University e é especializada em utilizar tecnologias emergentes no setor público, é outra debatedora.
Além deles, o público poderá interagir com o engenheiro civil Benjamin Sicsú, convidado para debater com os autores. Ele foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e vice-presidente de novos negócios da Samsung Eletronics para a América Latina. É presidente do Conselho de Administração da FAS (Fundação Amazonas Sustentável).
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Caótica, São Paulo tem ‘frestas poéticas’, avaliam especialistas em webinar
Webinar da Política Democrática impressa discute espaços de transformação urbana
Desigualdade socioespacial requer soluções de prefeitos, dizem especialistas
Webinar da Política Democrática impressa aborda meio ambiente e ocupação
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Caótica, São Paulo tem ‘frestas poéticas’, avaliam especialistas em webinar
Artur Rozestraten, Diogo Augusto Mondini Pereira, Gabriel Mazzola Poli de Figueiredo e Tuca Vieira participaram de ciclo de debates de lançamento da Política Democrática
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
A cidade de São Paulo oferece “frestas poéticas”, apesar de sua característica predominantemente caótica e onde a busca pela modernidade não redundou, necessariamente, no moderno. A avaliação é de especialistas que participaram, na noite desta quarta-feira (21), do quarto e penúltimo encontro online do ciclo de debates A reinvenção das cidades, mesmo título da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, produzida pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) em parceria com a Tema Editorial.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
Os webinars integram a programação de lançamento da revista, que ocorreu no dia 30 de setembro. Participaram do quarto debate o professor Artur Rozestraten, da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), o arquiteto e urbanista Diogo Augusto Mondini Pereira, o engenheiro eletrônico Gabriel Mazzola Poli de Figueiredo e o fotógrafo Tuca Vieira, autor do premiado Altas Fotográfico da cidade de São Paulo.
Confira o vídeo!
Integrantes do grupo de pesquisa RITe (Representações: Imaginário e Tecnologia) junto ao CRI2i (Centre de Recherches Internationales sur L’Imaginaire), Rozestraten, Pereira e Figueiredo produziram, em coautoria, a análise A cidade de São Paulo do futuro no presente descontínuo, que o tempo todo dialoga com fotografias de Vieira. O texto está publicado na terceira parte da revista Política Democrática.
“A compreensão de São Paulo como uma totalidade demanda a construção abstrata da interdependência entre uma descontinuidade de lugares distintos com identidades próprias, que, como microcosmos relativamente autônomos, constituem no espaço a tessitura de um todo: uma galáxia luminosa e enigmática, como a imagem que vemos pela janela do avião à noite antes de aterrissar em Cumbica”, diz um trecho do texto.
Dimensão do imaginário
Durante sua apresentação, Rozestraten explicou que eles começaram a produzir a análise a partir da dimensão do imaginário em torno da cidade de São Paulo, transformado pela situação singular da pandemia. “Tentamos fazer uma reflexão que partisse da inquietação, dúvida, para compreender o fenômeno urbano”, afirmou, ressaltando que a análise avança para uma linha mais especulativa e projetual, já que contempla incógnitas e imprevisibilidades.
“A redação era motivada por imagens, e estava muito presente a produção do Tuca Vieira, com material que ele estava compartilhando no Instagram”, disse o professor da USP. “Percebemos que a construção do texto não conferia às imagens papel ilustrativo, mas estrutural dentro dele. O texto passa por distintas imagens do universo da literatura, do cinema, da música e da arquitetura, fortalecendo o imaginário”, asseverou.
Pereira, por sua vez, lembrou que São Paulo seria um modelo do desenvolvimentismo brasileiro. “Uma modernidade que não redundou num país moderno, mas que oferece frestas poéticas, como o minhocão, uma estrutura da ditadura militar que se tornou espaço público transformado, de liberdade”, ressaltou, acrescentando que a via também virou espaço para lazer e atividades culturais.
As frestas poéticas são analisadas pelos autores no texto publicado na revista Política Democrática. “Se uma dimensão corporativa, especulativa, desenha esta cidade diante de uma lógica de rentabilização do solo, diante da privatização dos espaços públicos, da segurança e da vida urbana, São Paulo apresenta frestas poéticas, nas quais ainda se pode vislumbrar sua natureza primeira, como o Pico do Jaraguá a partir das marginais, o perfil da Serra da Cantareira desde a região central da Luz”, afirma um trecho.
Cidades inteligentes
Já Figueiredo chamou a atenção para as chamadas “cidades inteligentes”, modelo defendido nas promessas de campanha de muitos candidatos a prefeito dos municípios brasileiros. “Pessoal, quando fala de cidades inteligentes, já chega querendo apresentar solução, resolver, vender projeto, sendo que, muitas vezes, a gente sequer sabe como funciona a dinâmica urbana”, criticou. “Cidades inteligentes é um tema guarda-chuva. Tem uma série de tecnologias e visões de cidades, mas é o tema da vez. Todo mundo quer cidades inteligentes”, disse, em outro momento.
De acordo com o engenheiro eletrônico, é preciso se pensar nos impactos sistêmicos da tecnologia. “Se quer pensar como vamos usar tecnologia para transformar as cidades e produzir resultados que levem a ganho de vida, à redução da desigualdade e à ampliação de acesso das pessoas a elas, é necessário qualificar o debate e pensar de maneira sistêmica e tentar entender uma forma de projetar com o grau de complexidade”, afirmou. Para ele, é necessário desenvolver novas técnicas cognitivas, ferramentas educacionais e olhar voltado não para fornecer solução, mas para questionar as cidades com olhar crítico.
O fotógrafo, em sua apresentação, questionou o uso da palavra cidade para se referir a São Paulo. “A gente continua usando a mesma palavra cidade, desde pequenos povoados até uma megalópole como São Paulo”, afirmou. “A gente segue tentando enquadrar São Paulo nessa definição, mas, para mim, ela cresceu tanto que rompeu, em determinado momento, e se tornou outra coisa. Enfrentar essa questão é fundamental. A palavra cidade também é uma representação da cidade”, disse.
A série de debates tem mediação do sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo, que também é professor da UnB (Universidade de Brasília), e participação permanente da jornalista Beth Cataldo, da Tema Editorial. Todos webinars da Política Democrática são transmitidos no site e na página da fundação no Facebook, nos quais os vídeos ficam disponíveis para internautas, que também podem conferir a discussão dos especialistas no canal da entidade no Youtube.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Webinar da Política Democrática impressa discute espaços de transformação urbana
Desigualdade socioespacial requer soluções de prefeitos, dizem especialistas
Webinar da Política Democrática impressa aborda meio ambiente e ocupação
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Webinar da Política Democrática impressa discute espaços de transformação urbana
Artur Rozestraten, Diogo Augusto Mondini Pereira, Gabriel Mazzola Poli de Figueiredo e Tuca Vieira participam de programação de lançamento da publicação
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Especialistas discutirão, nesta quarta-feira (21), a partir das 19h, perspectivas dos espaços de transformação urbana, no quarto encontro do ciclo de debates online A reinvenção das cidades, mesmo título da recém-lançada revista Política Democrática impressa, número 55. Resultado de parceria com a Tema Editorial, a publicação foi produzida, pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), sediada em Brasília e que vai fazer a transmissão do evento em seu site e em sua página no Facebook.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática impressa!
Mediado pelo sociólogo e consultor do Senado Caetano Araújo, diretor da FAP, o debate terá participação de autores de análises sobre as cidades publicadas na revista. A jornalista Beth Cataldo, organizadora da revista, também tem participação permanente no ciclo de debates online, que integra a programação de lançamento da nova edição temática da revista Política Democrática impressa.
Confira o vídeo!
No grupo de debatedores, está confirmado o professor Artur Rozestraten, da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Na revista, ele escreve em coautoria com o arquiteto e urbanista Diogo Augusto Mondini Pereira e o engenheiro eletrônico Gabriel Mazzola Poli de Figueiredo, que também confirmaram participação no evento online.
Rozestraten, Pereira e Figueiredo integram o grupo de pesquisa RITe (Representações: Imaginário e Tecnologia) junto ao CRI2i (Centre de Recherches Internationales sur L’Imaginaire). Além deles, está confirmado para o debate o fotógrafo Tuca Vieira, mestre em arquitetura e urbanismo pela USP e autor do premiado Altas Fotográfico da cidade de São Paulo. Ele também produziu o livro Salto no escuro: leituras do espaço contemporâneo.
Os vídeos de todos os debates ficam disponíveis no site e na página da FAP no Facebook, para serem vistos pelo público, a qualquer momento, gratuitamente. Além disso, seus arquivos também são publicados no canal da FAP no Youtube.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Desigualdade socioespacial requer soluções de prefeitos, dizem especialistas
Webinar da Política Democrática impressa aborda meio ambiente e ocupação
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Desigualdade socioespacial requer soluções de prefeitos, dizem especialistas
Roberto Andrés, Aldo Paviani, Marcos Magalhães, Rafael Passos e Beth Cataldo participaram de debate online da 55ª edição da revista Política Democrática impressa
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Desigualdade e exclusão socioespaciais estão diretamente relacionadas ao crescimento de tragédias ambientais e exigirão dos prefeitos eleitos soluções de reorganização das cidades para não aprofundarem, ainda mais, problemas como destruição da natureza, aumento do aquecimento global, desemprego e falta de mobilidade urbana. O alerta é de especialistas que participaram, nesta quarta-feira (14), do terceiro encontro do ciclo de debates online que integram a programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
Lançada no dia 30 de setembro, a publicação foi produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em parceria com a Tema Editorial. Quatro dos cinco debatedores têm análises publicadas na nova edição da revista. Realizado para discutir meio ambiente e ocupação urbana, o evento virtual foi transmitido, ao vivo, no site e na página da FAP no Facebook, nos quais o vídeo do debate ficará disponível ao público, gratuitamente. A mediação foi realizada pelo sociólogo Caetano Araújo, diretor da entidade e professor da UnB (Universidade de Brasília)
Assista ao vídeo!
O urbanista Roberto Andrés, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e editor da revista Piseagrama, analisou o que chama de “dupla exclusão”, tema de seu artigo na revista. Segundo ele, as cidades têm o grande desafio de enfrentar a exclusão das pessoas e dos elementos naturais na organização da vida urbana.
“A exclusão se explicita com rios que foram ignorados, relegados, e com chuvas cada vez mais intensas”, afirmou Andrés, que também é integrante da Rede de Inovação Política da América Latina e revisor do Journal of Public Spaces. “É fundamental mudarmos nossas cidades se quisermos manter vidas possíveis, tanto com redução de gases [do efeito estufa] quanto para minimizar os impactos [do aquecimento global] que já estão aí”, acrescentou.
Capital federal
Professor emérito da UnB e membro do Núcleo de Estudos do Futuro e da ANE (Associação Nacional de Escritores), o geógrafo Aldo Paviani chamou atenção para o caso da capital federal, que, segundo ele, ao longo dos anos, teve organização social inversa ao modelo pensado pelos seus organizadores. “O Plano Piloto tem 43% dos postos de trabalhos [do Distrito Federal] e os melhores salários”, disse.
No entanto, de acordo com Paviani, a desigualdade é vista, nitidamente, nas 33 regiões administrativas do DF (Distrito Federal), as chamadas cidades-satélites. Elas têm 57% dos postos de trabalho da unidade federativa, mas com baixos salários. “As cidades-satélites foram construídas para moradia, e não para trabalhar e morar nelas próprias”, observou o professor da UnB, que também tem análise publicada na revista Política Democrática impressa.
Toda essa desigualdade socioespacial e econômica, segundo o geógrafo, tem nítidos reflexos no dia a dia da população. “Mais de 150 mil veículos, todo dia, fluem para o Plano Piloto. Não há lugar para estacionamento. Em dez anos, não vai ter como estacionar no Plano Piloto”, alertou ele. “É uma mobilidade intensa porque aqui o transporte público é muito precário”, asseverou.
O jornalista Marcos Magalhães, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Southampton e que escreve a coluna semanal para o site Capital Político, observou que é preciso conciliar a necessidade de fornecer moradia com bem estar e qualidade de vida. Sua apresentação seguiu na mesma linha de sua análise publicada na revista.
Em linhas gerais, Magalhães entende que o país precisa contar com setores que mais empregam para reduzir o mais rapidamente possível os efeitos econômicos e sociais da crise que já existia e se agravou depois do início da pandemia. A pressa, segundo ele, não deveria inibir um debate mais amplo sobre a questão urbana no Brasil. “Um debate que aborde, sem medo, a necessidade de conciliar os legítimos interesses do setor imobiliário com as igualmente legítimas – e urgentes – necessidades dos milhões de habitantes das cidades brasileiras”, escreveu ele, no texto.
Manifesto
Vice-presidente nacional do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), Rafael Passos ressaltou a importância do manifesto “Um projeto de cidades pós-pandemia”, que apresenta pontos fundamentais que devem ser focados com diálogo e vontade política pelos próximos prefeitos eleitos. O instituto é um dos signatários da carta, apresentada à sociedade e aos candidatos às eleições municipais por instituições de arquitetura e urbanismo do Brasil.
O documento sugere colocar as pessoas no centro das políticas, programas e projetos urbanos de curto, médio e longo prazos, priorizando o bem estar social; planejar as políticas urbanas de forma transversal, inclusiva e integrada; e viabilizar o financiamento contínuo das políticas urbanas, com recursos de diversas fontes.
Além disso, o manifesto também indica a busca por articulação territorial sempre que o orçamento e o alcance municipal não forem autossuficientes, assim como a garantia da participação popular nos processos decisórios. Para esse último ponto se viabilizar, segundo o documento, é preciso fortalecer conselhos municipais e a representatividade e equidade de seus membros, refletindo a maioria feminina nas lideranças comunitárias.
Organizadora da nova edição da revista Política Democrática impressa, a jornalista Beth Cataldo, da Tema Editorial, destacou que a transparência dos poderes públicos é fundamental para melhoria das cidades brasileiras. Além disso, ela apontou a importância da crítica e contribuições da imprensa local, que enfrenta dificuldades de orçamento e independência editorial, para direcionar, adequadamente, as decisões dos gestores.
De acordo com Beth, o jornalismo é essencial para colaborar com discussões acerca de assuntos relevantes para as cidades, como meio ambiente, planejamento e ocupação urbana. No entanto, ela citou dados sobre municípios brasileiros que sequer têm jornais independentes. Em sua avaliação, a diversidades de vozes ecoadas nas mídias digitais pode, em tese, colaborar para a sociedade ter mais pluralidade de informações e debates de assuntos que afetam a vida da população.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Webinar da Política Democrática impressa aborda meio ambiente e ocupação
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Webinar da Política Democrática impressa aborda meio ambiente e ocupação
Terceiro encontro do ciclo de debates online A reinvenção das cidades integra programação de lançamento da nova edição da revista impressa. Debate terá a participação de Rafael Passos, vice-presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB)
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Com o título A reinvenção das cidades, a recém-lançada 55ª edição da revista Política Democrática impressa, produzida pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) em parceria com a Tema Editorial, vai reunir especialistas para discutir meio ambiente e ocupação imobiliária. Eles abordarão o assunto, na próxima quarta-feira (14), a partir das 19 horas, no terceiro encontro do ciclo de debates online, que será transmitido ao vivo pelo site e pela página da entidade no Facebook.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
Interessados poderão participar diretamente da discussão por meio da sala virtual do Zoom, que terá mediação do sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo e participação da idealizadora da edição, jornalista Beth Cataldo, da Tema Editorial. O terceiro debate tem presença confirmada de três autores de análises publicadas na revista, como o urbanista Roberto Andrés, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e editor da revista Piseagrama. Ele é membro da Rede de Inovação Política da América Latina e revisor do Journal of Public Spaces.
Assista ao vídeo!
Os internautas também poderão interagir com o jornalista Marcos Magalhães, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Southampton e que escreve a coluna semanal para o site Capital Político. Além deles, participará do debate online o geógrafo Aldo Paviani, professor emérito da UnB (Universidade de Brasília), membro do Núcleo de Estudos do Futuro e da ANE (Associação Nacional de Escritores).
Em sua análise publicada na revista Política Democrática, Andrés diz que “a quarentena produzida pela covid-19 jogou luz sobre a máquina da morte – e a paralisou provisoriamente”. De acordo com ele, sem carros nas ruas, a névoa cinza deu lugar a ares limpos e respiráveis. “Estima-se que cerca de 77 mil vidas tenham sido poupadas pela redução da poluição do ar graças à quarentena na China”, escreve.
Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, de acordo com Andrés, o isolamento ajudou a derrubar pela metade os níveis de poluentes atmosféricos. “Se fossem mantidos os índices, milhares de mortes seriam evitadas anualmente. Além disso, diversos estudos apontam uma relação entre a taxa de mortes por covid-19 e a poluição do ar, evidenciando que os impactos da doença seriam menos intensos se o ar de nossas cidades estivesse sempre no ‘padrão quarentena’”, acentua.
Na avaliação do professor da UFMG, os mortos e impactados por enchentes, desabamentos, tornados, furacões, desertificação de áreas, migrações em massa, calor excessivo e outros efeitos da crise climática aumentarão a cada ano, em escala imprevisível e potencialmente trágica. “Não faltam motivos para seguirmos em modo de emergência. O futuro do mundo pós-covid-19, a que muitos têm se referido como início do século 21, dependerá disso”, alerta.
Magalhães, por sua vez, observa que o país vai precisar contar com os setores que mais empregam para reduzir o mais rapidamente possível os efeitos econômicos e sociais da crise que já existia e se agravou depois do início da pandemia. “A pressa, contudo, não deveria inibir um debate mais amplo sobre a questão urbana no Brasil”, afirma. “Um debate que aborde, sem medo, a necessidade de conciliar os legítimos interesses do setor imobiliário com as igualmente legítimas – e urgentes – necessidades dos milhões de habitantes das cidades brasileiras”, acrescenta, em seu artigo publicado na revista.
A sociedade também deverá ficar atenta ao panorama sociopolítico e econômico atual, no qual, segundo o geógrafo Paviani, migrações e desemprego acarretam sérios problemas para os desempregados e sobrecarga para o sistema de seguridade social, o seguro-desemprego. “Assim, desperdícios e encargos sociais representam um peso para a sociedade”, avalia ele.
Além disso, segundo o professor da UnB, há que se considerar os processos de migração dos desfavorecidos e do desemprego estrutural, que, conforme acrescenta, têm vinculação com o alargamento das periferias empobrecidas, sobretudo nas grandes cidades. “Essas questões parecem ser cruciais, demandando mudanças nas estruturas que produzem e perpetuam a pobreza, na procura de mecanismos capazes de promover as transformações estruturais a caminho do desenvolvimento com o aumento da qualidade de vida e dos benefícios sociais”, assevera.
O debate online tem, ainda, presença confirmada do arquiteto Rafael Passos, vice-presidente nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), uma das entidades signatárias do manifesto “Um projeto de cidades pós-pandemia”, apresentado à sociedade e aos candidatos às eleições municipais pelas instituições de arquitetura e urbanismo do Brasil.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Cenário da pandemia pode impulsionar desaglomeração, dizem especialistas
Philip Yang, Tom Rebello e Emilia Stenel participaram de debate da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
O cenário mundial da pandemia do coronavírus, marcado pelo crescente desenvolvimento da tecnologia e constante movimento de transformação das cidades, pode impulsionar o processo de desaglomeração social nos próximos anos. A avaliação é de especialistas que participaram, na noite desta quarta-feira (7), do segundo encontro do ciclo de debates online A reinvenção das cidades, mesmo título da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, publicada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em parceria com a Tema Editorial, e lançada no dia 30 de setembro.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática Online!
“A pandemia, com as tecnologias, impulsiona o espraiamento maior”, afirmou o fundador do Urbem (Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole), Philip Yang. Ele disse que o trauma das epidemias impacta pouco na forma urbana. “As tecnologias, de fato, são determinantes na forma das cidades”, explicou, ressaltando que o mundo atual da pandemia tem um conjunto de tecnologias favoráveis à desaglomeração, o que, conforme observou, talvez o distingue das crises sanitárias anteriores.
Confira como foi o debate!
Autor da análise sobre a cidade depois do vírus, publicada na segunda parte da revista Política Democrática impressa, Yang fez um alerta sobre a desaglomeração. “Se essa tendência é permanente, a gente tem que lembrar que desaglomerar também é perigoso porque o espraiamento urbano traz riscos à estabilidade climática”, destacou. Ele lembrou que, até antes da pandemia, as projeções indicavam que, entre 2001 e 2030, seria gerada uma mancha urbana planetária três vezes maior que a de 2000.
O arquiteto e urbanista Tom Rebello, que tem especializações na França em Planejamento de Transportes e Desenvolvimento Urbano e Regional, ponderou que a descompressão pode gerar novos centros em outros bairros, através da descentralização que faça uso de corredores existentes. “Novos centros não só para que as pessoas possam ir trabalhar a pé ou de bicicleta”, acentuou. “Novos centros em bairros antigos podem promover certa autossuficiência, de forma mais organizada e que diminua essa pressão em cima do sistema de transporte”, exemplificou.
De acordo com Rebello, é impossível imaginar que as cidades possam crescer indefinidamente. Segundo ele, a política de promover, ou incentivar, o processo de desmigração, como chamam alguns sociólogos, tem a ver com incentivos para indivíduos e empresas. “Incentivo para o indivíduo é renda mínima, para poder voltar à sua região de origem, ou para cidades menores, e ter um salário, pelo menos provisoriamente”, explicou ele, que é autor do texto sobre perspectivas de espaços mais justos, também publicado na segunda parte da revista.
Na avaliação da arquiteta e professora Emilia Stenel, que se especializou em arquitetura habitacional pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e tem mestrado em Teoria e Crítica da Arquitetura pela UnB, não há dúvida de que as cidades precisam ser repensadas. “As cidades têm que abrir espaço para pluricentralidade”, enfatizou. Ela concedeu entrevista à revista Política Democrática impressa e abordou sua visão otimista.
“A solução é a saída do centro, sim, para unidades que tenham direito ao cultivo, em cada habitação”, disse ela, citando exemplo da Suécia. “Temos que restituir o direito à habitação com uma promessa que não seja a de inserção em uma indústria que não mais existe, que mostrou-se ineficiente. Temos que garantir possibilidade de sobrevivência e retorno da relação com a natureza, e as cidades têm que repensar profundamente qual é o espaço da cidade. É o espaço que ando ou tem de incorporar o espaço virtual”, provocou, ressaltando a influência da tecnologia sobre a vida urbana.
A jornalista Beth Cataldo, idealizadora da nova edição da revista e editora responsável da Tema Editorial, disse que as análises garantem a pluralidade de vozes, marca do projeto da publicação. “Nosso papel foi justamente trazer esse estímulo ao debate, a ideia de que é preciso debater a vida urbana e as cidades. No ano de eleições municipais, foi mais que apropriado fazermos um volume sobre esse tema”, afirmou.
O evento online foi mediado pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo, que também é professor da UnB (Universidade de Brasília). Ele também vai mediar os três próximos encontros online do ciclo de debates A reinvenção das cidades, que serão realizados todas as quartas-feiras.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Ciclo de debates online discutirá impactos da pandemia na vida urbana
Tom Rebello, Emilia Stenel e Philip Yang também analisam linhas de ocupação nas cidades, com mediação de Caetano Araújo
Cleomar Almeida, comunicação FAP
Impactos da pandemia na vida urbana serão discutidos, na próxima quarta-feira (7), a partir das 19 horas, no segundo encontro online do ciclo de debates A reinvenção das cidades, com transmissão ao vivo no site e na página da FAP (Fundação Astrojildo Pereira) no Facebook. Internautas poderão participar diretamente da discussão, por meio da sala virtual do zoom.
Realizado de forma online por causa da pandemia do coronavírus, o ciclo de debates ocorre como parte da programação de lançamento da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, produzida em parceria com a Tema Editorial e que também tem como título A reinvenção das cidades. A publicação já está à venda na internet.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
Mediado pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo e com participação permanente da idealizadora da edição, jornalista Beth Cataldo, o segundo debate online tem presença confirmada do arquiteto e urbanista Tom Rebello. Formado pela UnB (Universidade de Brasília) ele tem especializações na França em Planejamento de Transportes e Desenvolvimento Urbano e Regional.
Assista ao vivo!
Outros dois participantes do debate são a arquiteta e professora Emilia Stenel, que especializou-se em arquitetura habitacional pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e tem mestrado em Teoria e Crítica da Arquitetura pela UnB, e o fundador do Urbem (Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole), Philip Yang.
Na nova edição da revista Política Democrática, os três especialistas analisam linhas de ocupação. Em seu artigo, Rebello observa que, com o passar dos anos, “a expansão urbana desenfreada comprimiu áreas centrais e gerou, nas periferias, as chamadas cidades-dormitório”.
“Entre as duas, sistemas de transporte de massa que, em movimentos pendulares, levam trabalhadores da periferia para o centro e do centro para a periferia, a um custo social e econômico desumano”, pontua o especialista em Planejamento de Transportes e Desenvolvimento Urbano e Regional. “Para mudar essa situação, é preciso descomprimir os centros urbanos”, sugere.
Lições importantes
De acordo com Emilia, a pandemia do coronavírus deixará importantes lições, e segundo ela, as sociedades saberão se defender das próximas crises sanitárias. “Núcleos urbanos descentralizados são bem-vindos independente de pandemias, desde que criados com empregos, lazer, equipamentos sociais e tudo mais, principalmente como alternativas às metrópoles saturadas”, afirma ela, em um trecho. “Cidades-dormitório nunca mais”, acrescenta.
Yang entende que, depois da pandemia, no plano urbano, as sociedades deverão catalisar o adensamento, a mistura de usos, o que, segundo ele, representa a mistura de usos e pessoas que caracterizam as cidades compactas. “No plano econômico, o pós-pandemia deverá ser marcado pelo aprofundamento da globalização e da cooperação internacional, dadas as tantas limitações que os Estados nacionais apresentam para a gestão de fenômenos globais”, afirma.
Todos os demais três debates online subsequentes, que serão realizados e transmitidos às quartas-feiras, também terão participação de especialistas e pesquisadores de cada um dos grandes temas tratados na revista. Os vídeos dos encontros virtuais ficarão disponíveis no site da FAP e nas páginas da fundação e da Tema Editorial no Facebook. O arquivo também será disponibilizado no canal da fundação no Youtube. O primeiro encontro foi realizado no dia 30 de setembro, no lançamento da revista Política Democrática.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)
Especialistas apontam desafios e indicam rumos para gestão de municípios
Cristovam Buarque, Arnaldo Jardim, Jackson De Toni e Felipe Sampaio participaram da abertura do ciclo de debates A reinvenção das cidades, no lançamento da Política Democrática
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Falta de proporcionalidade na distribuição de recursos por parte da União, baixa qualificação de servidores, deficiência no saneamento urbano e insegurança da população estão entre os principais desafios a serem enfrentados na gestão de municípios brasileiros. A análise é de especialistas que participaram, na noite desta quarta-feira (30), da abertura do ciclo de debates online A reinvenção das cidades, mesmo título da 55ª edição da revista Política Democrática impressa, publicada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em parceria com a Tema Editorial, e lançada na ocasião.
Clique aqui e adquira já a sua revista Política Democrática!
Mediado pelo sociólogo e diretor da FAP Caetano Araújo, que também é professor da UnB (Universidade de Brasília), o primeiro dos cinco debates online também apontou caminhos para os gestores municipais planejarem seus governos. O evento foi transmitido no site e na página da FAP no Facebook, nos quais o vídeo ficará disponível para internautas, que também podem conferir a discussão dos especialistas no canal da entidade no Youtube.
O economista Jackson De Toni, doutor em Ciência Política e mestre em Planejamento Urbano e Regional, disse que a situação dos municípios do país é dramática não só por causa da pandemia do coronavírus, que agravou ainda mais a crise econômica, mas pela trajetória que o país construiu nas últimas décadas. “As cidades refletem e são muito sensíveis aos índices econômicos, especialmente aos que se referem ao nível de renda e desemprego”, afirmou, para acrescentar: “Ser gestor municipal hoje no Brasil é, mais do que nunca, um ato de coragem”.
Assista ao vídeo!
De Toni, que é autor do texto “Gestões municipais: dilemas e desafios pós-crise”, publicado na revista, ressaltou que “existe um apagão muito sério” na capacidade de gestão e qualidade dos servidores públicos dos municípios. Ele citou pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada em 2012, segundo a qual 38% desses profissionais tinham somente o nível médio de escolaridade no ano anterior. Na época, outros 32% haviam concluído o nível superior ou pós-graduação.
Outra preocupação apontada por De Toni é que apenas a metade dos municípios brasileiros tem planos diretores, necessários para direcionar a gestão dos municípios no médio e longo prazos. Além disso, segundo ele, o modelo federativo no país “ainda não deu conta do problema de transferir recursos de modo que guarde certa proporcionalidade lógica”. “O que acontece, via de regra é estrangulamento dos municípios”, analisou, ressaltando que 20% do PÌB (Produto Interno Bruto) do país está concentrado em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
‘Monstrópoles’
O ex-senador Cristovam Buarque e ex-governador do DF (Distrito Federal), autor do texto “Pequeno dicionário para uma cidade ideal”, publicado na terceira parte da revista, listou as características que devem existir no que ele chamou de “cidades do futuro”. De acordo com ele, serve como um pequeno manual de “como transformar monstrópoles em cidades”.
A análise de Cristovam, detalhada de forma minuciosa em seu texto e com licença poética, mostra que as cidades precisam ser aconchegantes, bonitas, pacíficas – e, mais do que isso, seguras –, saudáveis, sustentáveis, educadas, eficientes e inteligentes. “São palavras que não aparecem muito em textos técnicos de urbanismo”, disse ele, que também é presidente do Conselho Curador da FAP.
Relator da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que completou 10 anos em agosto, o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) publicou, na nova edição da revista Política Democrática, análise sobre saneamento, saúde e qualidade de vida. No debate online, ele destacou o desafio de fazer das cidades um espaço de acolhimento em seus diferentes aspectos. “É repensar o jeito que está hoje”, disse.
Jardim ressaltou que as gestões dos municípios e toda a sociedade devem estar atentas ao papel da água, que é “um desafio permanente”, à drenagem urbana e aos resíduos sólidos. Ele lembrou que mais de 390 mil pessoas sobrevivem da atividade de catador no país. “Temos condições de avanços tecnológicos formidáveis e alcançar lixo zero”, afirmou, em outro momento, acrescentando que é preciso divulgar os conteúdos do debate como instrumento para qualificar e subsidiar os candidatos nas eleições municipais.
Valores democráticos
Secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife e ex-assessor especial dos ministros da Segurança Pública e da Defesa, Felipe Sampaio afirmou que a confiança da população no Estado sustenta a democracia. “Valores democráticos se materializam nas ruas das cidades para que as pessoas percebam que é preciso vivenciar, efetivamente, os valores que defendem, como liberdade, liberdade de imprensa e direitos humanos”, exemplificou.
Sampaio, que é autor do texto sobre urbanismo, segurança e democracia, publicado na primeira parte da revista Política Democrática, explicou que as pessoas perdem confiança no Estado se não confiarem nas políticas públicas, o que, segundo ele, “fragiliza a sustentabilidade democrática”. “Se trabalhar segurança urbana de maneira sistêmica, integrada, do ponto de vista de políticas públicas urbanísticas, e a prefeitura como articuladora junto aos outros níveis de Estado, melhora muito”, afirmou. “Com cidade segura e pessoas felizes, que confiam no Estado efetivamente, está garantida, ou prorrogada, a sustentabilidade democrática”.
Idealizadora da publicação, a jornalista Beth Cataldo, mestre em Comunicação pela UnB e editora responsável da Tema Editorial, destacou a relevância da publicação, especialmente, por ser lançada às vésperas das eleições municipais. “É um livro denso e pleno de esperança”, disse. Ela, assim como Caetano Araújo, terá participação permanente em todos os quatro próximos encontros online do ciclo de debates A reinvenção das cidades, que serão realizados todas as quartas-feiras.
Ficha técnica
Título: A reinvenção das cidades – Revista Política Democrática edição 55
Número de páginas: 282
Projeto gráfico e diagramação: Rosivan Pereira
Revisão textual: Mariana Ribeiro
Preço versão impressa: R$ 45,00
Publicação: Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e Tema Editorial
Leia também:
Ciclo de debates A reinvenção das cidades tem início nesta quarta-feira (30)