Refugiados & Migrantes

Biblioteca Salomão Malina oferece curso de espanhol para iniciantes, gratuitamente | Arte: FAP

Curso gratuito de espanhol é oferecido pela Biblioteca Salomão Malina

João Vítor*, com edição do coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida

Sem qualquer custo, pessoas a partir de 14 anos de idade podem se inscrever no curso de espanhol para iniciantes, a ser ministrado na Biblioteca Salomão Malina, mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), no Conic, no centro de Brasília. O início das aulas presenciais está marcado para o dia 6 junho, a partir das 16 horas. As vagas são limitadas.

As aulas serão ministradas pelo professor e poeta argentino Javier Valado. A população de Brasília pode tanto fazer a inscrição online, quanto presencialmente na unidade de leitura. São oferecidas 35 vagas. Sempre às segundas-feiras, o curso terá duração de três meses. 

O professor Valado acredita na possibilidade de construir códigos de confiança e respeito com base na experiência educativa. Ele mora no Brasil desde 2013. Decidiu mudar-se para Salvador, na Bahia, para vivenciar a cultura nordestina e trabalhar com arte.

O argentino pondera que ensinar significa mostrar, aprender com prazer. “É como as crianças aprendem a brincar. Sendo adultos, vamos brincar seriamente de aprender espanhol. Todos somos, de alguma maneira, professor e aluno. Todos temos pelo menos um saber importante para compartilhar”, diz. 

No Brasil, 491 mil pessoas falam espanhol. O idioma é o quarto idioma mais usado no mundo, com 538 milhões de falantes. Valado explica que o baixo número de usuários da língua espanhola é reflexo da relação da população com países coloniais.

"A Argentina olha para Espanha. O Brasil, para Portugal”, afirma o professor do curso para acrescentar que, por ser a grande potência da América do Norte, os Estados Unidos retêm a atenção da população brasileira, considerada por ele como a grande potência da América do Sul.

“Então, é lógico que a grande maioria da população brasileira queira aprender inglês e não espanhol porque não se identifica com as culturas do resto dos países da América. Isso, que é histórico, faz com que o Brasil fique culturalmente quase que isolado do resto da América”, diz Valado.

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Aluno

O curso, realizado pela Biblioteca Salomão Malina, já tem alunos confirmados. Um deles é Alan Douglas Da Silva, de 34 anos, que trabalha como gráfico e vê a importância de aprender um novo idioma para abrir portas para seu desenvolvimento pessoal, cultural e profissional.

Ele é estudante do curso de técnico de enfermagem e ressalta que “o mercado está considerando como pré-requisitos básicos que a pessoa a ser contratada tenha domínio em algum idioma”.

Dados do Ministério da Justiça mostram que, em 2021, 23.147 venezuelanos solicitaram refúgio no Brasil. Douglas diz ter interesse em entrar em contato com esses estrangeiros e outros imigrantes. 

O objetivo de Douglas no curso é aumentar a possibilidade de “diálogo com imigrantes, que estão em Brasília, como os venezuelanos, argentinos e outros da América latina”.

Serviço

Curso de espanhol para iniciantes

Início das aulas: 6/6/2022

Horário: a partir das 16h

Onde: Biblioteca Salomão Malina

Endereço: SDS, Bloco P, ED. Venâncio III, Conic, loja 52, Brasília (DF). CEP: 70393-902

Telefone: (61) 3323-6388

WhatsApp: (61) 98401-5561

Inscrições: https://forms.gle/8AJwnv81zQMfbiSz7  

*Integrante do programa de estágio da FAP, sob supervisão do jornalista, editor de conteúdo e coordenador de Publicações da FAP, Cleomar Almeida


Poder não deve ser visto como propriedade pessoal, diz Ban a líderes mundiais

Em discurso na abertura do debate da Assembleia Geral nesta terça-feira (20), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um chamado em defesa da democracia nos países do mundo, afirmando que o poder deve ser fruto da confiança dos povos, e não encarado como propriedade pessoal de líderes políticos. Em sua fala a representantes dos 193 Estados-membros, Ban chamou de “covarde” o ataque contra comboios humanitários na Síria ocorrido na véspera, e disse que “patrocinadores da máquina de guerra” têm sangues nas mãos.

Em discurso na abertura do debate da Assembleia Geral nesta terça-feira (20), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um chamado em defesa da democracia nos países do mundo, afirmando que o poder deve ser fruto da confiança dos povos, e não encarado como propriedade pessoal de líderes políticos.

“De fato, em muitos lugares, vemos líderes reescrevendo constituições, manipulando eleições e tomando outros passos desesperados para se agarrar ao poder”, disse Ban. “Os líderes precisam entender que ficar no poder é um ato de confiança, garantido pelo povo, não uma propriedade pessoal”, completou.

Ban chamou líderes mundiais a servir à população, dar voz à sociedade civil e defender direitos de reunião e livre expressão. “Não subverta a democracia; não roube os recursos de seu país; não prenda e torture seus críticos”, disse.

“Peço a todos vocês que se unam a mim hoje dizendo ‘sim’ para um maior espaço à sociedade civil e uma mídia independente, e ‘não’ para a violação das liberdades de reunião e expressão”, declarou.

Guerra na Síria

Em seu último debate da Assembleia Geral no cargo de chefe da ONU, Ban declarou estar “profundamente preocupado” com os conflitos cada vez mais longos e mortíferos globalmente, em especial com a guerra na Síria.

Ele lembrou que, atualmente, 130 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária no mundo, das quais dezenas de milhões são crianças e jovens. “Conflitos armados ficaram mais prolongados e complexos. Falhas de governança levaram sociedades ao limite. A radicalização ameaçou a coesão social — precisamente a resposta que os extremistas violentos desejavam”.

Ban criticou o governo sírio, que segundo ele matou mais do que qualquer outra parte no conflito do país e continua a bombardear bairros habitados por civis e “torturar sistematicamente milhares de presos”.

“Patrocinadores poderosos que continuam alimentando a máquina de guerra também têm sangue nas mãos. Presentes nesta Assembleia hoje estão representantes de governos que ignoraram, facilitaram, financiaram, participaram ou mesmo planejaram e cometeram atrocidades contra todos os lados do conflito na Síria e contra civis sírios.”

O chefe da ONU chamou de “repugnante” e “covarde” o bombardeio aparentemente deliberado de segunda-feira (19) contra um comboio humanitário do Crescente Vermelho sírio em Orum al Kubra, que deixou ao menos 20 mortos.

“As Nações Unidas foram forçadas a suspender os comboios de ajuda humanitária como resultado desse ultraje”, disse Ban. “A equipe humanitária que entrega ajuda emergencial é formada por heróis. Aqueles que os bombardearam são covardes”, completou.

Sobre o tema dos refugiados, Ban chamou de “importante progresso” a assinatura na véspera da Declaração de Nova York para Refugiados e Migrantes, mas salientou que é necessário cumprir as promessas feitas.

“Muito frequentemente, refugiados e migrantes enfrentam ódio. (…) Digo a líderes políticos e candidatos: não entrem na matemática política cínica e perigosa segundo a qual você terá mais votos dividindo a população e multiplicando o medo. O mundo precisa se levantar contra mentiras e distorções da verdade, e rejeitar todas as formas de discriminação”, declarou.

Na próxima segunda-feira, Ban viajará à Colômbia para a assinatura do acordo de paz entre governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), pondo fim a um dos mais longos conflitos armados do mundo. “As Nações Unidas irão apoiar o povo colombiano em cada passo do caminho”, disse.

O secretário-geral também mencionou o conflito entre Israel e Palestina. Ele lembrou que, um ano atrás, os palestinos ergueram sua bandeira na sede da ONU, no entanto, as perspectivas de uma solução de dois Estados para a guerra “estão diminuindo a cada dia” com a ocupação israelense chegando a seu 50º ano.

“Como amigo tanto dos povos israelenses como palestinos, me dói o fato de esta última década ter sido perdida. Dez anos perdidos para a expansão ilegal de assentamentos. Dez anos perdidos para a divisão entre palestinos, crescente polarização e desesperança”, disse Ban.

Segundo o chefe da ONU, substituir uma solução de dois Estados é a ruína: “significa negar a liberdade e um futuro justo aos palestinos, empurrando Israel para mais longe de sua visão de democracia judaica rumo a um maior isolamento global”.

O aquecimento global e as mudanças climáticas também foram citados por Ban como um dos principais desafios da humanidade atualmente. Nesse sentido, o secretário-geral pediu que os países ratifiquem até o fim do ano o Acordo de Paris para o clima.

“Peço a vocês, líderes, que façam o Acordo de Paris entrar em vigor antes do fim deste ano. Precisamos de apenas mais 26 países, representando apenas 15% das emissões de gases do efeito estufa”, disse.

Igualdade de gênero

O discurso de Ban também mencionou conquistas das Nações Unidas ao longo dos dez anos de seu mandato, entre elas a criação da ONU Mulheres, da qual se disse orgulhoso.

“Tenho orgulho de a ONU Mulheres ter sido criada durante meu mandato, que é agora nossa estabelecida defensora da igualdade de gênero e do empoderamento, com vistas a um planeta ’50-50’. Eu nomeei mais mulheres a posições seniores nas Nações Unidas do que nunca — e estou orgulhoso de poder me considerar um feminista”, disse Ban.

https://twitter.com/UN_Spokesperson/status/778222598152945664

Segundo ele, é necessário fazer mais para acabar com a profunda discriminação e violência crônica contra mulheres, para avançar em sua participação na tomada de decisões, e garantir que cada menina tenha o início de vida que merece.

O debate geral anual da 71ª sessão da Assembleia Geral da ONU teve início nesta terça-feira, contando com a participação de chefes de Estado e de Governo dos 193 Estados-membros das Nações Unidas. O encontro continua até o dia 26 de setembro.

A 71ª sessão regular da Assembleia Geral teve início oficialmente uma semana antes, nesta terça-feira (13), na sede da ONU em Nova York.


Fonte: nacoesunidas.org


Líderes mundiais adotam em NY declaração para defesa dos direitos de migrantes e refugiados

Ao adotar a Declaração de Nova York, os Estados-membros se comprometem a iniciar negociações que levem a uma conferência internacional e à adoção de um pacto global para uma migração segura, ordenada e regular em 2018. O documento prevê ainda o estabelecimento de diretrizes sobre o tratamento de migrantes em situação de vulnerabilidade; assim como uma maior corresponsabilidade no recebimento e no apoio aos refugiados do mundo, adotando um pacto global para refugiados em 2018.

Líderes mundiais reuniram-se na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta segunda-feira (19) para adotar uma nova declaração que expressa vontade política de proteger os direitos de refugiados e migrantes, salvar vidas e compartilhar responsabilidades diante dos grandes movimentos de pessoas em escala global.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, cumprimentou os Estados-membros, afirmando que a cúpula de hoje “representa um marco nos nossos esforços coletivos de atender os desafios da mobilidade humana”.

Ele disse ainda que a adoção da Declaração de Nova York significa que “mais crianças poderão ir à escola; mais trabalhadores poderão buscar emprego com segurança no exterior, em vez de ficar à mercê de traficantes criminosos; e mais pessoas terão a real escolha de se mover uma vez encerrado o conflito, quando houver paz sustentada e crescentes oportunidades em casa”.

https://youtu.be/k2itaIykceQ

“Levarei adiante o compromisso dos Estados-membros de iniciar um processo de liderança para um pacto global sobre migração, assim como para apoiar um pacto global sobre refugiados”, disse H.E. Peter Thomson, presidente da Assembleia Geral da ONU.

“Peço que todos os Estados-membros mantenham um alto nível de ambição ao longo desse processo, e que sempre busquem mais. O destino de milhões de refugiados e migrantes depende de nós”, disse Thomson.

Ao adotar a Declaração de Nova York, os Estados-membros assumem importantes compromissos, incluindo iniciar negociações que levem a uma conferência internacional e à adoção de um pacto global para uma migração segura, ordenada e regular em 2018. Prevê ainda o desenvolvimento de diretrizes sobre o tratamento de migrantes em situação de vulnerabilidade; assim como atingir uma maior corresponsabilidade no recebimento e no apoio aos refugiados do mundo, adotando um pacto global para refugiados em 2018.

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O secretário-geral da ONU também lançou uma nova campanha denominada “Juntos — Respeito, Segurança e Dignidade para Todos” para responder “à crescente xenofobia, transformando medo em esperança”. Ele pediu que os “líderes mundiais se unam nessa campanha e se comprometam a defender os direitos e a dignidade de todos aqueles forçados pelas circunstâncias a deixar suas casas e buscar uma vida melhor”.

Também nesta segunda-feira, o secretário-geral e o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) assinaram um novo acordo no qual a OIM se torna uma organização relacionada às Nações Unidas, fortalecendo a abordagem abrangente e global para as migrações.

https://youtu.be/qUwRhh1KwRs

Temer quer ação global para salvar vidas

Em discurso durante a conferência sobre refugiados e migrantes na sede da ONU nesta segunda-feira (19), o presidente brasileiro, Michel Temer, defendeu uma ação global para salvar vidas de refugiados e migrantes.

Temer afirmou que “há quase 70 anos a Assembleia Geral aprovou uma declaração universal de direitos e que já passou a hora de traduzir esse direito em medidas concretas”.

“O Brasil é um país que se ergueu com a força de milhões de pessoas de todos os continentes. Valorizamos nossa diversidade. Os imigrantes deram — e continuam a dar — contribuição significativa para o nosso desenvolvimento. Mais do que isso, são parte essencial de nossa própria identidade”, declarou.

Segundo Temer, somente uma solução negociada de crises políticas e desenvolvimento podem prevenir o deslocamento forçado.

“Sejamos claros: fluxos de refugiados são o resultado de guerras, de repressão, do extremismo violento — não são a sua origem. As preocupações legítimas dos governos com a segurança de seus cidadãos devem estar em consonância com os direitos inerentes a cada ser humano. Se abrirmos mão da defesa intransigente desses direitos, estaremos abrindo mão de nossa própria humanidade.”

https://youtu.be/IVRCFHR16og


Fonte: nacoesunidas.org