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Brasil é 4º no mundo em ranking de emissão de gases poluentes desde 1850
Brasil pretende enfatizar o argumento que países desenvolvidos poluíram muito mais ao longo da história para enriquecer
Nathalia Passarinho / BBC News Brasil em Londres
Mas uma nova pesquisa sobre acumulado histórico de emissões de gás carbônico põe o Brasil entre os maiores poluidores do mundo. No estudo, que leva em consideração pela primeira vez o desmatamento ao contabilizar a liberação de CO2, o Brasil aparece em quarto lugar no ranking de emissões desde 1850.
A China, gigante emergente que só pretende começar a reduzir suas emissões a partir de 2030, é apontada como o segundo maior emissor de gases do efeito estufa no acumulado histórico, atrás dos Estados Unidos.
O levantamento foi feito pelo think tank internacional Carbon Brief e leva em conta dados de emissões de queima de combustível fóssil, mudanças no uso do solo, produção de cimento e desmatamento de 1850 a 2021. Pesquisas anteriores consideravam no cálculo as emissões decorrentes de queima de combustível, sem incluir a poluição provocada pela destruição de florestas.
Brasil e Indonésia sobem ao top 5 da poluição
A mudança de metodologia altera a lista de top 20 maiores poluidores históricos. Pesquisa de 2019 da Carbon Brief, que só considerava emissões por queima de combustível, apontava EUA, China, Rússia, Alemanha e Reino Unido com os cinco maiores emissores.
O estudo atualizado, publicado em outubro, inclui Brasil e Indonésia entre os grandes emissores, por causa da liberação de CO2 na atmosfera decorrente de desmatamento e manuseio do solo ao longo dos últimos 171 anos.
Conforme esse novo ranking, os cinco países que mais poluíram desde a Revolução Industrial, de 1850 a 2021, são: EUA, China, Rússia, Brasil e Indonésia. No Brasil e na Indonésia, a maior parte das emissões vem da derrubada de florestas e uso do solo para pecuária e agricultura, não da queima de combustíveis fósseis, como ocorre com os demais grandes poluidores.
Portanto, conforme ambientalistas, pesquisas que não consideram emissões decorrentes de desmatamento, negligenciam as peculiaridades da poluição brasileira.
Segundo Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, organização que calcula anualmente as emissões no Brasil, nos últimos 30 anos, cerca de 80% das emissões do país foram decorrentes de desmatamento e uso do solo para pecuária.
"Se você pegar os últimos 30 anos, 73% do das emissões do planeta estão na área de energia. Se você pegar os últimos 30 anos no Brasil, 55% das emissões são por desmatamento. Se você incluir emissões decorrentes da pecuária brasileira, a gente bate na casa dos 80%", disse Astrini à BBC News Brasil.
A discussão sobre responsabilidades no controle das mudanças climáticas vai ser central na reunião da COP26, que acontece do dia 31 de outubro a 12 de novembro em Glasglow, na Escócia. No encontro, líderes de mais de 100 países vão negociar novos compromissos para garantir a meta do Acordo de Paris de manter o aquecimento global em 1,5°C.
Países pobres e em desenvolvimento devem cobrar mais compensações de nações ricas e destacar que elas falharam em cumprir o compromisso de contribuir com US$ 100 bilhões por ano em ações para mitigação das mudanças climáticas.
Por sua vez, EUA, Reino Unido e União Europeia tentam obter de grandes países emergentes, como Brasil, Rússia, China e Índia, compromissos mais ambiciosos de controle do desmatamento e redução de emissões.
A expectativa é que o Brasil seja um dos países mais pressionados, por causa do grande crescimento do desmatamento e das queimadas da Amazônia nos três primeiros anos de governo Bolsonaro.
Nessa queda de braço entre países ricos e em desenvolvimento, a responsabilidade de cada país pelo aquecimento do planeta será medida, entre outras maneiras, pelo seu volume atual e histórico de emissões.
O que revela o novo ranking
O levantamento publicado pela Carbon Brief sugere que os países com maior acúmulo de emissões desde o início da Revolução Industrial seriam, também, os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas.
"A história importa porque o acumulado de dióxido de carbono emitido desde o início da Revolução Industrial está intimamente ligada ao aquecimento de 1,2°C que já ocorreu", escreve o autor do estudo, Simon Evans.
"Emissões de CO2 de centenas de anos atrás continuam a contribuir para o aquecimento do planeta, e o aquecimento atual é determinado pelo total de emissões acumuladas ao longo do tempo."
Desde 1850, as ações humanas foram responsáveis por emitir 2,5 trilhões de toneladas de CO2 na atmosfera, conforme o estudo. Em primeiro lugar no ranking de poluição, os Estados Unidos seriam responsáveis por 20% do total de emissões. A China aparece em segundo lugar, como responsável por 11% do CO2 global.
A Rússia vem em seguida, com 7% das emissões. O Brasil, segundo o estudo, é responsável por 5% do total de emissões nos últimos 171 anos e a Indonésia, por 4%.
Segundo a pesquisa, é a partir de 1950 que a aceleração do desmatamento nesses dois países começa a provocar aumento significativo de emissões.
"As florestas tropicais de Brasil e Indonésia já passavam por desmatamentos no final do século 19 e início do século 20, para produção de borracha, tabaco e outros. Mas o desmatamento começou 'para valer' por volta de 1950, incluindo pecuária, extração de madeira e plantações de óleo de palma", diz o estudo publicado pelo Carbon Brief.
Conforme a pesquisa, o Brasil emitiu 112,9 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) desde 1850. Mais de 85% desse volume estaria associado à derrubada de florestas. Dos 20 maiores poluidores, o Brasil lidera na categoria desmatamento e emissões associadas ao uso da terra.
O estudo aponta ainda que Alemanha e Reino Unido respondem por 4% e 3% do total histórico de emissões, respectivamente. Mas esse percentual não leva em conta a poluição que eles causaram no exterior, no período em que colonizaram nações. Portanto, a responsabilidade histórica deles pode ser muito maior do que os números revelam.
O que o novo ranking significa para o Brasil?
Integrantes do governo brasileiro reiteradamente usam o argumento de que o Brasil não é um grande poluidor, para defender que cobranças de metas ambiciosas para controle climático devem ser dirigidas a países ricos.
Diferentes pesquisas que não levam em conta desmatamento na contabilidade de emissões colocam o Brasil na sétima ou sexta posição no ranking de emissões, como responsável por cerca de 3% do total de CO2 na atmosfera.
A equipe de negociadores brasileiros vai apresentar à COP26 um documento que argumenta que o Brasil não é um grande emissor de CO2 e que, portanto, seu compromisso voluntário de cortar em 43% as emissões até 2030, levando como base o ano de 2005, é ambicioso o suficiente.
"O NDC (documento em que países apresentam metas climáticas) do Brasil é mais ambicioso do que o de vários países do G20. O Brasil responde por menos de 3% das emissões globais e nosso compromisso inclui uma meta não só para 2030, mas também uma meta de curto prazo, para 2015, o que permite melhor monitorar as ações de mitigação", diz o texto da delegação brasileira, a que BBC News Brasil teve acesso.
Na COP26, o Brasil vai se comprometer a reduzir em 37% as emissões até 2025, em 43% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono em 2050- quando as emissões são reduzidas ao máximo e as restantes são integralmente compensadas com reflorestamento para absorção de CO2 da atmosfera ou tecnologias de captura de carbono.
Nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também lançou o argumento de que o Brasil não é grande poluidor, ao criticar cobranças de redução do desmatamento.
"Não é possível que o Brasil seja tratado como vilão da poluição internacional. Quando pegamos fluxos de poluição, o Brasil tem 1,7%, a Europa tem 15%, os Estados Unidos têm 15%, a China tem 30%. Como pode o país que menos polui ser o mais agredido internacionalmente? Evidentemente há interesses políticos e comerciais por trás", disse Guedes, sem especificar de onde tirou esses percentuais.
Mas, para ambientalistas, o levantamento que aponta o Brasil como quarto maior emissor histórico de carbono coloca o país em posição de grande responsabilidade para o controle das mudanças climáticas.
"O Brasil é um dos maiores emissores do mundo. Atualmente, ele está em sexto lugar em emissões e é o quarto maior em emissões históricas. Então, tem papel importante na redução de emissões, apesar de ainda ser um país em desenvolvimento com desafios para redução de pobreza", afirmou à BBC News Brasil Carlos Rittl, especialista em políticas públicas da Rain Forest Foundation, ONG ambiental da Noruega.
Fonte: BBC Brasil
https://www.bbc.com/portuguese/geral-59065359
Educação: Brasil despenca no ranking mundial de educação em ciências, leitura e matemática
Os resultados do Brasil no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, na sigla em inglês), divulgados nesta terça-feira (6), mostram que o Brasil despencou para as últimas posições de pontuação nas áreas de ciências, leitura e matemática.
O recuo da pontuação no Pisa também refletiu na queda do Brasil no ranking mundial. O País ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática.
O desempenho dos alunos no Brasil está abaixo da média dos alunos em países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em ciências (401 pontos, comparados à média de 493 pontos), em leitura (407 pontos,comparados à média de 493 points) e em matemática (377 pontos, comparados à média de 490 pontos).
A prova é coordenada pela OCDE foi aplicada no ano de 2015 em 70 países e economias, entre 35 membros da OCDE e 35 parceiros, incluindo o Brasil. A aplicação da prova ocorre a cada três anos e oferece um perfil básico de conhecimentos e habilidades dos estudantes, reúne informações sobre variáveis demográficas e sociais de cada país e oferece indicadores de monitoramento dos sistemas de ensino ao longo dos anos.
Especialistas ouvidos pelo Portal G1 afirmam que não há motivos para comemorar os resultados do país no Pisa 2015, e afirmaram que, além de investir dinheiro na educação de uma forma mais inteligente, uma das prioridades deve ser a formação e a valorização do professor.
“Questões como formação de professores, Base Nacional Comum e conectividade são estratégicas e podem fazer o Brasil virar esse jogo”, afirmou Denis Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann.
“É fundamental rever os cursos de formação inicial e continuada, de maneira que os docentes estejam realmente preparados para os desafios da sala de aula (pesquisas mostram que os próprios professores demandam esse melhor preparo)”, disse Ricardo Falzetta, gerente de conteúdo do Movimento Todos pela Educação.
Para Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, parte da solução “passa também em superar a baixa atratividade dos jovens brasileiros pela carreira do magistério, ao contrário do que ocorre nos países que estão no topo do ranking mundial do Pisa. Nesses países, ser professor é sinônimo de prestígio social”.
Participação do Brasil
Prova
No Brasil, a prova fica sob responsabilidade do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). A amostra brasileira contou com 23.141 estudantes de 841 escolas, que representam uma cobertura de 73% dos estudantes de 15 anos.
Entenda o Pisa
As provas do Pisa duram até duas horas e as questões podem ser de múltipla escolha ou dissertativas. Nesta edição, em alguns países, incluindo o Brasil, todos os estudantes fizeram provas em computadores. O exame é aplicado a uma amostra de alunos matriculados na rede pública ou privada de ensino a partir do 7° ano do ensino fundamental. Além de responderem às questões, os jovens preencheram um questionário com detalhes sobre sua vida na escola, em família e suas experiências de aprendizagem.
Do total de alunos da amostra brasileira, 77,7% estavam no ensino médio, 73,8% na rede estadual, 95,4% moravam em área urbana e 76,7% viviam em municípios do interior.
Estudantes de escolas indígenas, escolas rurais da região Norte ou escolas internacionais, além de alunos de escolas situadas em assentamentos rurais, comunidades quilombolas ou unidades de conservação sustentável não fizeram parte do estudo do Pisa. Segundo o Ministério da Educação, o motivo foram as dificuldades logísticas de aplicação da avaliação e o fato de certos grupos populacionais não terem necessariamente a língua portuguesa como língua de instrução. (Com informações do Portal G1)
Os cinco primeiros colocados em ciências
Cingapura: 556 pontos
Japão: 538 pontos
Estônia: 534 pontos
Taipei chinesa: 532 pontos
Finlândia: 531 pontos
Os cinco primeiros colocados em leitura
Cingapura: 535 pontos
Hong Kong (China): 527 pontos
Canadá: 527 pontos
Finlândia: 526 pontos
Irlanda: 521 pontos
Os cinco primeiros colocados em matemática
Cingapura: 564 pontos
Hong Kong (China): 548 pontos
Macau (China): 544 pontos
Taipei chinesa: 542 pontos
Japão: 532 pontos
Fonte: pps.org.br
Qual capital lidera o ranking de bem-estar urbano no Brasil?
Levantamento inédito do Observatório das Metrópoles, coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela que o Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu) da cidade de São Paulo é pior do que o indicador de capitais como Goiânia (GO), Aracaju (SE) e Palmas (TO). A pesquisa mediu o bem-estar nos 5.565 municípios do país.
Entre as 27 capitais, a cidade paulista ocupa a 12ª posição, com índice de 0,8119 --ela está no 1.897º lugar entre todas as cidades do país. Vitória (ES) lidera, com 0,9. Quanto mais próximo de 1,0, melhor é a condição de bem-estar urbano.
No ranking geral, considerando todos os municípios do Brasil, as cinco primeiras colocadas estão no Estado de São Paulo. Buritizal é a campeã nacional (0,951). Na 5.565.ª posição, o pior índice é de Presidente Sarney (MA), com 0,444.
Ranking das 27 capitais brasileiras
Vitória (ES) - 0,9000
Goiânia (GO) - 0,8742
Curitiba (PR) - 0,8740
Belo Horizonte (MG) - 0,8619
Porto Alegre (RS) - 0,8499
Campo Grande (MS) - 0,8275
Aracaju (SE) - 0,8214
Rio de Janeiro (RJ) - 0,8194
Florianópolis (SC) - 0,8161
Brasília (DF) - 0,8131
Palmas (TO) - 0,8129
São Paulo (SP) - 0,8119
João Pessoa (PB) - 0,7992
Fortaleza (CE) - 0,7819
Recife (PE) - 0,7758
Salvador (BA) - 0,7719
Cuiabá (MT) - 0,7704
Natal (RN) - 0,7383
Boa Vista (RR) - 0,7249
Teresina (PI) - 0,7218
Maceió (AL) - 0,7036
São Luís (MA) - 0,7003
Rio Branco (AC) - 0,6972
Manaus (AM) - 0,6903
Belém (PA) - 0,6593
Porto Velho (RO) - 0,6542
Macapá (AP) - 0,6413
O estudo Ibeu Municipal avaliou cinco indicadores de qualidade: mobilidade urbana, como o tempo de deslocamento de casa para o trabalho; condições ambientais (arborização, esgoto a céu aberto, lixo acumulado); condições habitacionais (número de pessoas por domicílio e de dormitórios); serviços coletivos urbanos (atendimento adequado de água, esgoto, energia e coleta de lixo); e infraestrutura.
A dimensão que apresenta a pior situação de bem-estar, nacionalmente, é a infraestrutura das cidades: 91,5% dos municípios estão em níveis ruins e muito ruins. Para avaliar a infraestrutura, o Observatório considerou sete indicadores: iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio/guia, bueiro ou boca de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros. Somente um município apresenta condição muito boa de infraestrutura: Balneário Camboriú (SC).
Para Marcelo Ribeiro, professor da UFRJ e pesquisador do Observatório, o Ibeu revela uma desigualdade regional. "Os municípios que apresentaram as melhores condições estão nas regiões Sudeste e Sul, um pouco no Centro-Oeste. Os piores índices, em geral, estão no Norte e Nordeste, e também no Centro-Oeste, uma zona de transição", disse.
Arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Lúcio Gomes Machado destaca que Palmas e Brasília, com melhores Índices do que a capital paulista, são cidades planejadas.
"Uma cidade razoavelmente planejada, ainda que seja mal gerida, carrega durante bom tempo esse planejamento como trunfo positivo."
Segundo Machado, a falta de integração com os municípios da região metropolitana e o crescimento desordenado de São Paulo ajudam a explicar a 12ª posição entre as capitais.
Em nota, o governo do Estado disse que "trabalha continuamente para garantir as condições necessárias ao crescimento dos municípios paulistas". Procurada, a Prefeitura de São Paulo não comentou.
Campeã
Há um ano, a administradora Janete Rodrigues, 40, trocou uma vida agitada em Belo Horizonte, metrópole de 2,5 milhões de habitantes, pelos dias pacatos em Buritizal, de 4.077 moradores, no norte do Estado de São Paulo.
Ela gostou tanto do lugar que decidiu fincar raízes: arrendou uma pousada e levou o filho de 16 anos para a cidade paulista.
"Estava num nível de estresse muito alto. Vim a passeio, ver minha mãe, e decidi ficar. Aqui é tudo organizado, parece que cada coisa está em seu lugar. Já dispensei os remédios para o estresse", disse Janete.
A cidade é planejada. Todas as ruas têm rampas para cadeirantes e não há terrenos vazios na área urbana de Buritizal. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
Matéria publicada no portal UOL.
Fonte: cidadessustentaveis.org.br