psicanalista Almira Rodrigues
‘Discurso de ódio quer extinguir o outro’, diz Almira Rodrigues na Política Democrática online
Psicanalista também explica características de pauta de costumes do governo Bolsonaro
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Casos de machismo, racismo, homofobia, transfobia e feminicídio são reflexos do crescente discurso de ódio que se tornou mais escancarado no governo de Jair Bolsonaro. “O discurso de ódio visa a extinguir o outro”, afirma a socióloga e psicanalista Almira Rodrigues, em reportagem especial da 15ª edição da revista mensal Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira). Todos os conteúdos da publicação podem ser acessados gratuitamente no site da entidade.
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“O discurso de ódio, que se instaura em nível da palavra e das mentalidades, ganha concretude transformando-se em atos de violência, particularmente contra determinados grupos sociais”, diz Almira. Ela cita, como exemplo de vítimas, mulheres, negros, povos indígenas, população sem teto e a comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, intersexos e mais (LGBTI+). “Este tipo de discurso aponta para uma visão monolítica e intolerante, expressando o não reconhecimento da alteridade, dos outros”, acentua.
A psicanalista também observa que o governo Bolsonaro tem se sustentado em pauta de costumes, que, conforme explica, representa um conjunto de propostas sobre práticas e instituições sociais. Envolve, segundo ela, a tentativa de restrição do entendimento de família à união de homem e mulher; a proposta de diminuir as possibilidades de realização do “aborto legal” (previsto para os casos de risco à vida da mulher, gravidez fruto de estupro e feto anencéfalo); e o combate aos estudos de gênero e à defesa da diversidade sexual e de gênero, rotulados pelo governo como “ideologia de gênero”.
“É uma pauta tradicionalista, fortemente embasada em valores moralistas e religiosos, que busca estender a cidadãos e cidadãs os valores de alguns setores políticos, mediante a aprovação de legislação e implantação de programas governamentais”, avalia a socióloga.
De acordo com Almira, programas implementados em gestões anteriores passaram a ser desmontados e extintos, apesar de sua contribuição social”, analisa a socióloga Almira. No entanto, ela entende que ainda existe um pacto social de respeito às leis e às instituições e de aceitação das normas básicas de convivência pela maioria da população.“É de extremo valor o fato de que são muitos os movimentos de luta e inúmeras as iniciativas em prol de um Brasil democrático, justo e fraterno”, ressalta.
Todos os artigos desta edição da revista Política Democrática online serão divulgados no site e nas redes sociais da FAP ao longo dos próximos dias. O conselho editorial da publicação é composto por Alberto Aggio, Caetano Araújo, Francisco Almeida, Luiz Sérgio Henriques e Maria Alice Resende de Carvalho.
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