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Serão necessários mais 24,4 milhões de professores no ensino primário para alcançar a educação básica universal até 2030 | Unicef/Giacomo

Dia Mundial dos Professores alerta para falta de profissionais nas salas de aula

ONU News*

Neste 5 de outubro, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, e a Organização Internacional do Trabalho, OIT, celebram o Dia Mundial dos Professores.

Como tema “A transformação da educação começa com os professores”, as agências da ONU ressaltam que a falta de mestres agravada com a pandemia de Covid-19, vem afetando especialmente áreas mais pobres, mulheres e meninas e populações mais vulneráveis.

Celebração global

Em mensagem conjunta, os líderes da Unesco, OIT, Unicef e Internacional da Educação, revelam que serão necessários mais 24,4 milhões de professores no ensino primário e cerca de 44,4 milhões de docentes no nível secundário para alcançar a educação básica universal até 2030.

O documento foi assinado pela diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, o diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, e o secretário-geral da Internacional da Educação, David Edwards.

Eles lembraram que a crise sanitária revelou que “os professores são os motores no centro de nossos sistemas educacionais” e ressaltam que a menos que as condições dos professores mudem, a promessa da educação permanecerá fora do alcance daqueles que mais precisam.

Segundo os representantes, isso requer o número certo de professores e pessoal educacional capacitados, motivados e qualificados no lugar certo com as habilidades certas.

No entanto, eles adicionam que em muitas partes do mundo, há escassez de professores, as salas de aula estão superlotadas e os profissionais sobrecarregados, desmotivados e sem apoio.

O resultado é o número crescente de mestres deixando a profissão e uma queda significativa daqueles que estudam para se tornarem professores.

Os líderes das agências alertam que, se essas questões não forem abordadas, a perda do corpo docente “pode ser um golpe fatal para a realização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4”, que trata da educação de qualidade.

Qualidade da educação pelo mundo

De acordo com os dados, a África Subsaariana e o Sul da Ásia precisam de mais 24 milhões de professores, o que representa cerca de metade da necessidade de novos profissionais nos países em desenvolvimento.

Com algumas das salas de aula mais superlotadas do mundo, a África Subsaariana também abriga docentes mais sobrecarregados e sistemas com falta de pessoal, com 90% das escolas secundárias enfrentando sérias carências de ensino.

Segundo os representantes das agências, globalmente, 81% dos professores do ensino fundamental e 78% dos que trabalham no ensino médio são professores treinados. No entanto, na África Subsaariana, com poucas exceções de países, esses números são de 65% e 51%, respectivamente.

As entidades pedem que no Dia Mundial dos Professores o papel crítico deles na transformação do potencial dos alunos seja celebrado garantindo que tenham as ferramentas necessárias para assumir a responsabilidade por si mesmos, pelos outros e pelo planeta.

Eles ainda fazem um apelo para que os países garantam que os professores sejam confiáveis ​​e reconhecidos como produtores de conhecimento, profissionais reflexivos e parceiros políticos.

Evento da Unesco

A Unesco está organizando comemorações que abordam os compromissos e apelos à ação feitos na Cúpula da Educação Transformadora, em setembro de 2022.

São três dias de celebração na sede da Unesco em Paris incluindo a cerimônia de entrega do Prêmio Unesco-Hamdan para o Desenvolvimento de Professores.

Outros eventos devem debater como garantir condições de trabalho decentes aos professores, acesso a oportunidades de desenvolvimento profissional e um status profissional reconhecido é a primeira passo em direção a sistemas educacionais mais resilientes.

A data é comemorada globalmente desde 1994 e marca a adoção da recomendação da Unesco e da OIT sobre o status dos professores em todo mundo.

O documento, que foi aprovado em 1966, estabelece padrões de referência em relação aos direitos e responsabilidades dos professores e padrões para sua preparação inicial e educação continuada, recrutamento, emprego e condições de ensino e aprendizagem.

Texto publicado originalmente no portal da ONU News.


Darcy Ribeiro segurando livro nas mãos | Imagem: reprodução PDT org

Revista online | E agora, Darcy?

Cristovam Buarque*, especial para a revista Política Democrática online (48ª edição: outubro/2022)

Quando Darcy nasceu, o Brasil acabara de criar sua primeira universidade, a população ainda era quase toda analfabeta, fazia apenas 34 anos da abolição, raros brasileiros estavam na escola, quase nenhum terminava a educação de base. Darcy dedicou sua vida para mudar isto, como professor e político. No seu centenário, o Brasil tem 50 milhões de crianças matriculadas em 200 mil escolas, 8 milhões de estudantes universitários, 150 mil deles em cursos de pós-graduação. Foi um longo caminho, mas ainda temos 3 milhões que não se matricularam, 10 milhões de analfabetos, apenas metade de nossos jovens terminaram o ensino médio, poucos deles com o conhecimento necessário para o mundo contemporâneo. Avançamos, aumentando as brechas educacionais entre os ricos e os pobres e entre o que ensinamos e o que o mundo atual exige que uma pessoa saiba para estar plenamente integrada nele.

Confira, a seguir, galeria de imagens:

Darcy Ribeiro, a UnB e o constitucionalismo achado na rua | Imagem: reprodução
Educação e inclusão | Foto: Drazen Zigic/Shutterstock
Campus Darcy Ribeiro (UnB) | Reprodução: PARALAXIS/Shutterstock
Alterações LDB Lei | Imagem: Reprodução
Escola pública e máscaras | MikeDotta/Shutterstock
Darcy Ribeiro segurando livro nas mãos | Imagem: reprodução PDT org
África educação | Foto: Shutterstock/Boxed Lunch Productions
Analfabetismo no Brasil | Foto: Evtushkova Olga/Shutterstock
Darcy Ribeiro, a UnB e o constituicionalismo achado na rua
Educação e inclusão
Campus Darcy Ribeiro (UnB)
Alterações LDB Lei
Escola pública e máscaras
Darcy Ribeiro segurando livro nas mãos
África educação
Analfabetismo no Brasil
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Darcy Ribeiro, a UnB e o constituicionalismo achado na rua
Educação e inclusão
Campus Darcy Ribeiro (UnB)
Alterações LDB Lei
Escola pública e máscaras
Darcy Ribeiro segurando livro nas mãos
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Se estivesse vivo, Darcy teria como tarefa ajudar o Brasil a garantir a alfabetização de todos os brasileiros para o mundo contemporâneo e eliminar a desigualdade que divide nosso sistema educacional em “escolas casa grande” e “escolas senzala”. Transformar o sistema com qualidade média entre os piores do mundo, e provavelmente o mais desigual, conforme a renda e o endereço da criança. Deveria lutar para colocar nossa educação entre as melhores do mundo, adaptada à realidade destes tempos, e para quebrar esta desigualdade: construir um sistema no qual o filho da mais pobre família tenha acesso a uma escola com a mesma qualidade que o filho da família mais rica. Que se diferenciassem depois pelo talento, persistência e vocação, mas não conforme a renda dos pais ou a sorte de uma rara escola pública, em geral federal.

Todos concluindo o ensino médio sabendo falar, ler e escrever muito bem nosso idioma; sendo fluente em pelo menos um idioma estrangeiro; conhecendo as bases da geografia, história, filosofia, ciências, matemática; informado sobre os problemas da atualidade; capazes de usar as modernas técnicas digitais e lidar com a inteligência artificial; tendo consciência solidária com a humanidade e a natureza; dispondo de um ofício profissional que lhe assegure as ferramentas para ter emprego e renda e mudar nosso país e o mundo, fazendo-os melhores e mais belos.

Confira a versão anterior da revista Política Democrática online

Para tanto, Darcy, que foi o relator da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), deveria ir além desta e de outras leis homeopáticas e ajudar a criar um Sistema Único Nacional Público de Educação de Base. Levaria o Brasil a tratar a educação de suas crianças como uma questão nacional, não mais municipal; criar um ministério próprio para a educação de base, uma carreira federal para os professores, com os maiores salários do setor público, bem formados e avaliados regularmente; construir prédios escolares com a máxima qualidade entre as edificações governamentais; equipar as escolas com os mais modernos instrumentos pedagógicos; adotar horário integral em todas as escolas, assegurando que todo aluno concluirá o curso médio com um ofício profissionalizante.

Ele nos deixou sua inspiração e desafio. Para levarmos adiante esta “Missão Darcy”, o governo federal precisa definir uma estratégia durante a qual federalizaria paulatinamente os sistemas municipais. Ao ritmo de 100 a 200 cidades por ano, em 25 a 30 anos, comemoraríamos os 130 anos de Darcy Ribeiro com todo o Brasil dispondo de um Sistema Único Nacional Público de Educação de Base, com todas as escolas de mesma qualidade, não importando a renda ou o endereço do aluno, cada uma com a mesma qualidade das melhores do mundo.

Sobre o autor

*Cristovam Buarque foi reitor da Universidade de Brasília (UnB) de 1985 a 1989. Foi governador do Distrito Federal de 1995 a 1998 e eleito senador pelo DF em 2002. Atuou como ministro da Educação de 2003 a 2004, no primeiro mandato de Lula. Foi reeleito em 2010 para o Senado pelo DF, com mandato até 2018.

** O artigo foi produzido para publicação na revista Política Democrática online de outubro de 2022 (48ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.

*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não reflete, necessariamente, as opiniões da publicação.

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Formação de professores é essencial para educação no país, dizem especialistas

Assunto será debatido no terceiro webinar da revista Política Democrática destinada a discutir o setor

Cleomar Almeida, da equipe FAP

A necessidade de participação de professores nas políticas públicas de educação, o aproveitamento de novas tecnologias para catalisar transformações necessárias na educação e formação continuada são vetores essenciais para desenvolver o setor no país. A avaliação é de especialistas que confirmaram participação no terceiro evento online da série de lançamento da revista Política Democrática que discute o assunto, a ser realizado na quinta-feira (30/9), a partir das 19 horas.

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A 57ª edição da revista, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira, já está à venda na internet. O evento online terá participação de autores do terceiro dos cinco capítulos da revista, que, em seus artigos exclusivos, analisam novos olhares sobre a formação de educadores. A transmissão será realizada por meio do portal e de redes sociais da FAP (Facebook e Youtube).

Assista!



Confirmaram presença a professora e pós-doutora em educação Ana Cristina Gonçalves de Abreu, pesquisadora da Universidade Federal de Alfenas (MG); o ex-secretário de Educação do Distrito Federal e PhD em Educação pela Universidade de Nova York (NYU), Rafael Parente; e a professora Walkiria de Oliveira Rigolon, doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Também vai participar do webinar a ex-deputada federal e ex-secretária de Educação de Ubatuba (SP) Pollyana Gama.

Em seu artigo publicado na revista, com o título Participação docente nas políticas públicas brasileiras: um salto necessário, Ana Cristina destaca que “a concepção que sustenta a compreensão do ofício dos professores não pode reduzir os profissionais como meros tarefeiros, sujeitos aplicadores de projetos, visto que eles são sujeitos que pensam uma realidade e podem planejar, criar e organizar ações num movimento coletivo em busca de políticas públicas”.

“Garantir a presença dos professores nos espaços deliberativos é a possibilidade de estreitarmos ações progressistas para o fortalecimento da qualidade da educação no Brasil”, afirma Ana Cristina. Ela também é líder do Grupo de Pesquisa Formatio: Processos na Formação e Profissionalidade Docente da Unifal (MG).

Rafael Parente: Novas tecnologias podem catalisar transformações. Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press

Rafael Parente, por sua vez, explica, em seu artigo, como as novas tecnologias podem catalisar transformações necessárias na educação. “Estamos atravessando uma profunda transformação social e econômica que tem sido impulsionada por avanços tecnológicos importantes, como automação, inteligência artificial e a geração e o uso sem precedentes de dados de usuários da internet. A pandemia tem atuado como mais um fator de aceleração desta transformação”, acentua.

“Estudos existentes acerca do uso de novas tecnologias na educação básica sugerem que, se a tecnologia estiver efetivamente integrada à pedagogia, pode atuar como uma ferramenta poderosa para o aprendizado dos alunos”, observa Rafael Parente, que também é cofundador e diretor da EduFuturo. Ele também foi subsecretário de Inovação no município do Rio de Janeiro.

Ao abordar a formação continuada e o subterfúgio discursivo da “resistência” dos professores, título de seu artigo publicado na revista Política Democrática, Walkiria diz ser essencial que as ações destinadas à formação continuada considerem também os processos de formação inicial aos quais os docentes estiveram submetidos. “Temos ainda um grande contingente de professores que lecionam disciplinas sem a formação adequada”, assevera.

“As ações de estudo e formação que constituirão as políticas de formação continuada precisam levar em conta todo esse repertório dos professores e incluí-los nos espaços formativos, para que todos possam refletir acerca das escolhas que fazem, assumindo assim o grau de responsabilidade que a atividade docente exige”, destaca Walkiria.

Assista!





Já Pollyana Gama, que também é professora da rede municipal de Taubaté (SP), lembra que o olhar deve ser de ainda mais atenção para o setor porque, conforme observa, diários de classe de papel ainda são usados em boa parte das escolas, na contramão do que possibilita a convergência com o uso de novas tecnologias.

“Em plena era digital, por exemplo, a utilização de diários de classe de papel nos quais se registra à mão o que se tem que colocar nas tais planilhas que, por sua vez, já constam nos materiais de apoio (livros PNLD) ainda é uma realidade em vários municípios”, observa a educadora. “A modernização precisa chegar nesse aspecto também, ainda mais num momento que nos chama, a todo instante, a valorizar a nossa presença na relação com o próximo”, pontua.

3º Webinar lançamento da revista Política Democrática impressa
Tema:
 Novos olhares sobre formação de educadores
Data: 30/9/2021
Transmissão: a partir das 19 horas
Onde: Portal e redes sociais (Facebook e Youtube) da Fundação Astrojildo Pereira

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Professores brasileiros têm os piores salários entre 40 países, diz OCDE

Mesmo os professores universitários, que no Brasil recebem salários maiores, têm uma remuneração 48,4% inferior em relação à média mundial

Gabriela Bernardes / Correio Braziliense

Os professores brasileiros nos anos finais do ensino fundamental têm os piores salários entre 40 países avaliados em um estudo da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Dados do levantamento sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus também mostraram que o Brasil foi o país que fechou as escolas por mais tempo durante a pandemia.

piso salarial dos docentes brasileiros se mostrou o mais baixo entre 37 nações do bloco e dos três países parceiros representados no levantamento. Em média, um professor brasileiro recebe R$ 131.407 (US$ 25.030), por ano no nível pré-primário; R$ 133.171 (US$ 25.366), no nível primário; R$ 135.135 (US$ 25.740), no nível secundário inferior geral; e R$ 140.301 (US$ 26.724), no nível secundário superior geral.

Nos outros países da OCDE, porém, as remunerações médias anuais dos professores eram de R$ 213.711 (US$ 40.707), R$ 239.856 (US$ 45.687), R$ 251.937 (US$ 47.988) e R$ 271.682 (US$ 51.749) no pré-primário, primário, secundário inferior e superior, respectivamente.

Mesmo os professores universitários, que no Brasil recebem salários maiores, têm uma remuneração 48,4% inferior em relação à média mundial.

O levantamento também destacou que 88% dos profissionais que trabalham em educação básica são mulheres. Na educação superior, porém, o cenário muda, com apenas 46% das salas de aula ocupadas por mulheres em 2019.

Escolas fechadas na pandemia

Como medida para tentar evitar a propagação da covid-19, países do mundo inteiro fecharam escolas e suspenderam aulas presenciais. Segundo o estudo da OCDE, entre janeiro de 2020 e maio de 2021, pelo menos uma parte dos alunos estava com as instituições fechadas em todos os países que participaram da pesquisa.

Segundo o estudo, o Brasil foi o último a voltar presencialmente nas escolas pré-primárias. Na educação básica, o país só ficou atrás do México em tempo de fechamento. Ambos os países totalizaram mais da metade dos dias de 2020 com as instituições de ensino fechadas.

Os responsáveis pelo relatório comentam que os primeiros anos de vida são cruciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, principalmente aquelas mais vulneráveis. A pesquisa destaca que aplicar métodos eficientes de aprendizagem remota é ainda mais desafiador de acordo com a faixa etária dos alunos. "Sempre que possível, as escolas devem permanecer abertas, com medidas de saúde adequadas que minimizam os riscos para alunos, funcionários e o restante da população", aponta o estudo.

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

Fonte: Correio Braziliense
https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/09/4949889-professores-brasileiros-tem-os-piores-salarios-entre-40-paises-diz-ocde.html


Pablo Ortellado: Debate polarizado

Um dos debates mais importantes para o futuro do país parece irremediavelmente capturado pela polarização. Boa parte dos críticos e dos defensores da abertura das escolas não consegue enxergar nuances.

Um lado acredita que aqueles que defendem a abertura são anjos da morte que querem colocar professores em risco para beneficiar empresas de ensino ou governos genocidas; o outro lado acredita que os que são contra a abertura não passam de sindicalistas acomodados que querem receber salário integral sem trabalhar.

Surpreende, entre muitos professores, a pouca consideração pelos efeitos danosos da suspensão das aulas presenciais. Não há controvérsia de que a migração para o ensino remoto na educação básica foi, de forma geral, malsucedida. Para além do déficit de aprendizagem que será muito difícil de reparar, pesquisa do C6 Bank/Datafolha mostrou que 11% dos estudantes do ensino médio e 5% dos estudantes do fundamental abandonaram a escola em 2020. Esse abandono pode se ampliar e se consolidar e terá impacto estrutural sobre a produtividade do trabalho, a desigualdade de renda e o desemprego nas próximas décadas.

Não é razoável a posição do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, que não considera suficiente a vacinação de professores com mais de 47 anos e quer retomar o trabalho presencial apenas quando todos estiverem vacinados. Reconhecendo a carência de vacinas, por que professores mais jovens deveriam passar na frente de pessoas com comorbidades ou de motoristas e cobradores de ônibus que também desempenham ocupações essenciais, estão expostos à contaminação e estão no Plano Nacional de Imunização?

Do outro lado, o governo do estado de São Paulo, que não tem garantido todas as condições sanitárias nas escolas, tem atuado agressivamente pela abertura. Semana passada, foi flagrado manipulando as estatísticas sobre contaminação por Covid-19 para empurrar uma abertura acelerada.

Segundo um boletim epidemiológico da Secretaria de Educação, “a taxa de incidência [de casos de Covid-19] notificada pelas escolas públicas e privadas foi 33 vezes menor do que a do [resto do] Estado”. Estudo de uma rede de pesquisadores mostrou, porém, que, na construção do índice, o governo usou o número total de estudantes matriculados, e não aqueles que foram efetivamente à escola, subestimando enormemente a taxa de incidência. Além disso, o boletim deliberadamente misturou dados de estudantes e de servidores, dissolvendo a alta taxa dos servidores nas baixas taxas dos estudantes.

O movimento de pais “Escolas Abertas” tem incitado o desrespeito às medidas de controle da pandemia, alegando que a prefeitura de São Paulo não tem competência para decidir o fechamento temporário das escolas, mesmo no pico da contaminação.

Deveríamos estar trabalhando para construir as condições de abertura assim que a taxa de contaminação arrefecesse, com salas de aula ventiladas, rodízio de turmas reduzidas e distribuição de máscaras PFF2, mas as partes do debate ficam se atacando com posições intransigentes, tornando cada vez mais difícil uma abertura segura das escolas.