Presença Negra no Brasil
Compre na Amazon: Livro Presença Negra no Brasil destaca importância de afrodescendentes para o país
De autoria de Ivan Alves Filho, obra apresenta análise histórica e registra busca de autoafirmação e inclusão social
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
O Brasil é um dos países mais expressivos da comunidade internacional e “o segundo país negro do mundo, com dezenas de milhões de afrodescendentes”. A declaração é resultado de uma profunda análise realizada pelo historiador Ivan Alves Filho e integra a apresentação do livro Presença Negra no Brasil: do século XVI ao início do século XXI. À venda no site da Amazon, a mais recente obra do autor carioca é coeditada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e Verbena Editora.
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Presença Negra no Brasil alinha, ao longo de 200 páginas e em seis partes (cada uma delas referente a um século, especificamente) os fatos historiográficos relacionados à contribuição negra ao Brasil. A ordem cronológica, de acordo com as editoras, tem caráter didático para o leitor.
Em um trecho inicial do livro, Ivan Alves Filho diz que a cronologia do negro no Brasil representa um instrumento útil para o conhecimento e a transformação do país, em particular de sua população afrodescendente. “Certamente, prestará um importante auxílio aos estudantes, professores e pesquisadores da realidade brasileira, aos responsáveis pelas empresas públicas e privadas e aos comunicadores sociais e ativistas sociais e culturais”, escreve.
O autor lembra que, no século XVI, o tráfico de negros se impunha cada vez mais. “As questões relativas a rebeliões negras começavam a vir à baila. Se, em 1570, o cronista português Pero Magalhães de Gandavo afirmava que os escravos negros, contrariamente aos índios, não se arriscavam a se rebelar ‘por não terem para onde ir’, o que se verificaria, em seguida, é que tal situação não se sustentaria por muito tempo”, observa ele.
Escravismo no Brasil
Ivan Alves Filho acrescenta que o século XVII foi o da consolidação do escravismo no Brasil. Já o século XVIII se inicia, segundo ele, com uma notícia surpreendente, ou seja, em 1704, cerca de cinquenta africanos tentam fugir da Bahia e retornar à África. “Trata-se, provavelmente, de uma das primeiras tentativas, nesse sentido, partindo da Colônia. Era uma reação à escravidão. Mas as autoridades coloniais continuavam com seu comportamento obscurantista”, acentua o autor.
Mais adiante no livro, Ivan Alves Filho observa que o século XIX foi “o século revolucionário por excelência no Brasil”. De acordo com ele, o período se iniciou com a chegada da família real ao país, em 1808, e se encerrou com a abolição da escravatura, em 1888. “E entre estas duas grandes datas, deu-se a independência política do país, em 1822. Um século e tanto”, assevera o autor.
E 1888 é exatamente o ano escolhido por Ivan Alves Filho para detalhar, a partir de então, ano a ano, separadamente, os principais fatos relacionados ao negro no Brasil até 2018. Na prática, funciona como um valioso manual sobre o assunto.
Do ano 2018, por exemplo, ele destaca o assassinato da vereadora negra Marielle Franco (PSol-RJ). “O Brasil todo ficou estarrecido com o assassinato da vereadora Marielle Franco, defensora dos direitos humanos e da população das favelas do Rio de Janeiro”, lembra, para continuar: “O crime que vitimou a representante do Partido do Socialismo e da Liberdade (PSol) ocorreu na noite de 14 de março, no Centro do Rio, e soou como um desafio à intervenção federal no Estado. Socióloga, política, negra, Marielle se transformou em um símbolo das lutas cidadãs no país”.
Com prefácio do advogado Nei Lopes, que também é autor de contos, peças teatrais e romances, o livro destaca que “os descendentes dos antigos escravos buscaram autoafirmação e inclusão social por meio de suas práticas culturais”.
Ainda de acordo com Lopes, que é compositor popular e autor de dicionários e obras históricas, o livro Presença Negra no Brasil é “decisivamente mais um golpe certeiro na derrubada da odiosa parede que recalca e reduz a importância da presença afro originada na construção da hoje solapada civilização brasileira”.
Sobre Ivan Alves Filho
Nascido no Rio de Janeiro, em 1952, é diplomado pela Universidade Paris VIII e pós-graduado pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. É autor de livros como Brasil, 500 anos em documentos, Memorial dos Palmares, História dos estados brasileiros, Giocondo Dias – Uma vida na clandestinidade e Velho Chico Mineiro.
Exerceu o jornalismo desde a primeira metade dos anos 1970 e colaborou em cerca de 20 publicações brasileiras. Editou algumas delas, entre as quais suplementos culturais de jornais e publicações como Guia do Terceiro Mundo (posteriormente Guia do Mundo, lançado em português, espanhol e inglês).
Em diferentes momentos, atuou como pesquisador associado de órgãos como o Centro de Memória da Associação Brasileira de Imprensa, o Centro de Memória Social Brasileira, o Núcleo de Pesquisas sobre o Índio Brasileiro, o Comitê Português do projeto Unesco “A Rota do Escravo” e o Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos”. Foi professor de história e economia política e ministra conferências histórias no Brasil e no exterior.
Como documentarista, produziu vários filmes no quadro da série Brasileiros e Militantes, da Fundação Astrojildo Pereira. Além disso, dirigiu e apresentou programas sobre cultura brasileira em emissoras de rádio e foi editor do jornal eletrônico Vertente Cultural.
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“Sem negros, não há Brasil”, diz Ivan Alves Filho à nova edição da Política Democrática online
Historiador afirma, em artigo publicado na revista da FAP, que há exclusão social do negro no país
Cleomar Almeida, da Ascom/FAP
O historiador Ivan Alves Filho diz que o Brasil tem a segunda maior população negra do mundo. “Esse é um dado fundamental para se compreender a nossa realidade”, escreveu ele, em artigo publicado na nova edição da revista Política Democrática online. Todos os conteúdos da revista podem ser acessados, de graça, no site da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), que produz e edita a publicação.
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A FAP é sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania. Autor de uma série de livros, entre os quais Presença Negra no Brasil e Memorial dos Palmares, Ivan lembra que o padre Antônio Vieira, certa vez, disse: “Sem Angola, não há Brasil”. Para o autor, é possível afirmar, ainda, que “sem o negro, não há Brasil”.
“O povo faz história pelo trabalho. E o povo negro vem carregando esse país nas costas há cinco séculos”, afirma o historiador, no artigo exclusivo produzido para a revista Política Democrática online. “Como falar da nossa literatura sem Machado de Assis? Da nossa música, sem Pixinguinha? Da nossa arquitetura, sem Aleijadinho? Do esporte brasileiro, sem Pelé? Das nossas rebeliões, sem Zumbi dos Palmares?”, questiona Ivan.
Na avaliação do autor, “há uma evidente exclusão social do negro entre nós”. “E isso mergulha suas raízes num passado não tão distante assim. Se, por um lado, o regime escravista integra o negro na economia; por outro, o exclui da cidadania”, afirma o historiador. “A própria abolição, ao libertar o escravo, esqueceu-se de libertar o negro, “acrescenta.
De acordo com Ivan, é preciso reconhecer que a questão negra é, acima de tudo, uma questão nacional. “Ou seja, uma luta de todos os brasileiros”, diz ele. “A batalha pelos direitos dos negros no Brasil é parte da luta e não uma luta à parte. Com essa ótica, acreditamos ser fundamental unir o particular ao geral, uma vez que as chamadas lutas setoriais não devem ter um tratamento setorial”, afirma, citando um trecho do livro Presença Negra no Brasil, editado pela Fundação Astrojildo Pereira.
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