PPS
FAP auxilia na construção do manual do XIX Congresso Nacional do PPS
A FAP terá “o grande papel no processo de levar o debate para intelectualidade que está fora do partido”
Germano Martiniano
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) auxiliou na construção da proposta de resolução políticado XIX Congresso Nacional do PPS, que será realizado em dezembro. Por meio de seu dirigente, Caetano Ernesto Pereira de Araújo, sociólogo, que foi indicado pela Executiva do PPS para ser o relator do documento político, foram produzidos alguns textos, que foram discutidos e reformulados até se chegar ao texto principal de debate do Congresso: Garantir a transição e avançar nas reformas.
A proposta de resolução política, dentro contexto do governo de transição e de avanço nas reformas, irá discutir os temas, Globalização e antiglobalização; Mudanças no mundo do trabalho, Mudanças no mundo da política; Da euforia à crise: o trajeto brasileiro os últimos anos; e por fim o papel da Mulher na política. De acordo com Caetano, estes temas foram escolhidos “a partir dos debates recentes do partido” e FAP terá “o grande papel no processo de levar o debate para intelectualidade que está fora do partido”.
“O objetivo do texto é estimular o debate. Nele será votada uma resolução política elaborada com base na discussão que existir. A resolução não será o texto de abertura. Nesse texto discutimos a situação internacional e nacional. Possivelmente a resolução política vai ter como centro a discussão nacional”, disse Caetano.
Indo de encontro com o que disse o dirigente da FAP, o então presidente do partido em exercício, Davi Zaia, afirmou que o objetivo é construir uma resolução no Congresso que aponte os rumos da atuação partidária e estabeleça propostas para o futuro do País.
“Na última reunião do Diretório Nacional [em março] aprovamos as normas congressuais e o texto base, mas como recebemos várias sugestões de mudanças, o Secretariado ficou encarregado de compatibilizar as sugestões e oferecer um texto final para o início das discussões. Agora estamos disponibilizando o documento a todos os filiados para com isso permitir que os Diretórios Municipais e Estaduais possam aprofundar esse debate nos congressos e daí construir, até dezembro, no encontro nacional, uma resolução que aponte rumos para a atuação do PPS nos próximos anos e formular uma proposta visando o futuro do País”, acrescentou Zaia.
Congresso
O XIX Congresso Nacional será realizado nos dias 8, 9 e 10 de dezembro em local ainda a ser definido, conforme as “regras gerais”, aprovadas em abril pelo Diretório Nacional. Já os encontros municipais ocorrerão entre os dias 1º de junho e 30 de setembro, enquanto que os estaduais iniciam em 1º de outubro e se encerram em 30 de novembro.
Os Diretórios Estaduais ficarão responsáveis pela definição das regras gerais dos congressos em suas áreas de abrangência e devem preservar o que determina as normas estabelecidas na Resolução Orgânica 01/2017. Elas deverão ser aprovadas em ata para afastar dúvidas sobres às decisões das etapas do Congresso Nacional.
Além disso, a resolução estabelece como serão definidos os participantes nas instâncias municipais, estaduais e nacional do congresso, assim como o número de delegados e o direito a “voz e voto” em cada etapa.
Confira, aqui, o documento do XIX Congresso Nacional.
Manual do Congresso:
http://www.pps.org.br/wp-content/uploads/2017/06/Manual-para-o-19-congresso-nacional-do-PPS.pdf
Garantir a transição e avançar nas reformas
Documento de Abertura das Discussões do XIX Congresso Nacional do PPS tem como tema “Garantir a transição e avançar nas reformas”. O texto, que será debatido nos congressos municipais, estaduais e nacional, aborda questões como a globalização, as mudanças no mundo do trabalho e da política e estabelece a formulação do programa partidário 2017/2018.
I - Globalização e antiglobalização
1 – Afirma-se no cenário internacional recente uma nova e preocupante configuração: ganha expressão política nos países desenvolvidos o movimento de contestação aberta ao processo de globalização, ao lado de ações de resistência e recusa de suas consequências indesejadas, particularmente no que se refere ao investimento e ao emprego. Os maiores exemplos dessa inflexão, até o momento, são a retirada do Reino Unido da União Europeia e a vitória eleitoral de Donald Trump nos Estados Unidos.
2 – Essas movimentações retiram sua força do descontentamento, da insegurança, do ressentimento e da desesperança de grandes massas de trabalhadores de indústrias tradicionais alijados do emprego ao longo das últimas décadas por força, de um lado, do avanço tecnológico na robótica e na informática e, de outro lado, da competição com as fábricas exportadas para os países periféricos. Sua vitória no país hegemônico em termos econômicos e militares, ao lado de seu avanço nos países europeus, abre a porta para cenários sombrios, de incerteza e risco para os avanços recentes ocorridos no mundo, em termos de avanço da democracia e redução da pobreza.
3 – A maior parte do protagonismo político neste novo cenário se concentra em lideranças, partidos e programas nacionalistas e conservadores, situados à direita do espectro político. No entanto, há setores importantes da esquerda europeia e norte-americana, inclusive das esquerdas novas, desvinculadas dos partidos tradicionais, que partilham com a nova direita conservadora a nostalgia da época em que os conflitos de classe estavam circunscritos aos Estados nacionais e podiam ser equacionados no interior de seus limites. Há uma esquerda estatista e nacionalista, para a qual a globalização é apenas o novo nome do imperialismo e o retorno ao passado não apenas é possível como desejável.
4 – Nesse quadro, o PPS reafirma seu entendimento histórico a respeito do processo de globalização. Trata-se de um processo objetivo, decorrente da revolução científica e tecnológica que vivemos há décadas. No entanto, suas consequências econômicas e sociais não estão pré-determinadas, mas dependem de embates e acordos políticos, que refletem interesses e motivações diferentes e opostas. A emergência da China como potência econômica mundial, o crescimento da Coreia, da Índia e, mais recentemente, do Vietnam, da Indonésia e das Filipinas, com a consequente retirada de milhões de pessoas da miséria, foram a contrapartida do declínio da indústria nos Estados Unidos e na Europa. A revolução na informação deu ao capital uma mobilidade inédita na história, concomitante à redução dos poderes dos Estados nacionais sobre a sua agenda. A inserção dos diversos países nesse fluxo móvel de capitais passou a ser condição necessária a seu sucesso econômico e, consequentemente, cresceram os custos econômicos e sociais da autarquia e do isolamento.
3 – No médio prazo, portanto, políticas de fechamento econômico, que consideram o comércio em particular e as relações internacionais de forma geral como um jogo de soma zero estão fadadas ao fracasso. Conforme a experiência recente, tais processos autárquicos submetem as populações a um processo progressivo de pauperização e afastam os países que as adotam do centro da inovação científica e tecnológica no mundo. Em condições de normalidade democrática, não seriam eleitoralmente sustentáveis.
4 – No entanto, consequências eleitorais resultantes de situações de alta complexidade são de difícil previsão. Já é perceptível o aumento do chauvinismo e da xenofobia na Europa e nos Estados Unidos, aumento relacionado ao crescimento político de candidatos que sustentam a agenda isolacionista. O belicismo segue o mesmo caminho, acolhido com destaque no programa do governo Trump. Cruzar a fronteira da democracia na direção de saídas autoritárias é, portanto, uma possibilidade real para a direita nacionalista e conservadora, na Europa e nos Estados Unidos.
5 – A inviabilidade dessa estratégia, no entanto, mesmo no curto prazo, é evidente. Nenhum dos grandes problemas atuais pode ser resolvido apenas com o esforço dos Estados nacionais no interior de suas fronteiras. A globalização acentuou os nexos de interdependência entre Estados e sociedades ao redor do mundo. Todos dependem para sua resolução de cooperação internacional, com destaque para a regulação do comércio mundial; o combate ao crime, particularmente no que se refere ao tráfico de pessoas, armas e drogas, além da lavagem de dinheiro; a proteção dos direitos humanos; assim como o desenvolvimento científico e tecnológico. É esse também, principalmente, o caso do enfrentamento dos problemas ambientais e de sua prevenção e, nesse rumo, a pactuação de uma transição para uma economia com baixo teor de carbono. Afinal, os mecanismos de deterioração do meio ambiente nunca respeitaram as fronteiras nacionais.
6 – O mesmo ocorre com as novas questões, que o desenvolvimento do processo de globalização leva ao centro da agenda internacional. A regulação pactuada da mobilidade de capitais; a intensificação dos fluxos migratórios, seja à procura de trabalho, seja em razão da guerra, doença ou fome nos países de origem; a expansão do terrorismo islâmico; e as ameaças à paz mundial que resultam dessa conjuntura, como a guerra na Síria, a escalada de tensões na península coreana e a aliança russo-norte-americana que se configura após a eleição de Trump; todas essas questões exigem, para seu eficaz enfrentamento, não a ameaça recíproca de intervenção militar, mas a abertura permanente para a negociação.
7 – Nessa perspectiva, resulta claro que no processo de globalização, interesses e valores entram em choque, choques que estão na raiz dos conflitos políticos e militares que vivemos. No entanto, o avanço recente de posições políticas belicistas na Europa e nos Estados Unidos constitui um fator agravante dessas tensões, que eleva o risco de um desfecho militar das diversas crises e constitui, por si, nova ameaça à paz mundial.
8 – Por tudo isso o PPS mantém sua crítica à política externa de corte terceiro mundista, em favor de uma política alternativa, em prol da retirada de barreiras ao comércio internacional e da integração cada vez maior, econômica, social e cultural, entre os países. Uma política, portanto, de combate ferrenho ao chauvinismo, ao belicismo, à xenofobia e ao isolamento nacional. Uma política que tenha como norte o fortalecimento e a democratização dos organismos internacionais, a resistência ao hegemonismo das grandes potências e o avanço das políticas de integração regional.
II - As mudanças no mundo do trabalho
9 – A dinâmica do desenvolvimento científico e tecnológico, contudo, guarda autonomia em relação aos conflitos políticos nacionais em torno das consequências do processo de globalização. O ritmo da inovação prossegue acelerado e acumula impactos profundos, e por vezes devastadores, sobre a organização do mundo do trabalho.
10 – Categorias inteiras de trabalhadores são substituídas por máquinas; dissemina-se o uso de impressoras em 3D, cada vez mais baratas e eficientes, para a produção de objetos de todo tipo; a disponibilidade de informação em tempo real permite a comercialização de frações de uso de veículos de transporte e de residências, como ocorre com o Uber e a Airbnb. O trabalho se fragmenta: em vez de vínculos permanentes com uma empresa, mediados por contratos, para a realização de um só tipo de atividade, padrão que está na base dos sistemas sindicais e previdenciários atuais, uma nova situação tende a ser mais frequente: a multiplicidade de trabalhos temporários simultâneos.
11 – A condição de trabalhador autônomo tem mais afinidade com esse novo mundo que o ideal do passado recente de uma só atividade, um só contrato, com apenas uma empresa, do começo ao fim da vida produtiva. No entanto, é preciso reformar a legislação trabalhista, a representação sindical e o sistema previdenciário para incorporar os novos tipos de trabalhador que surgem e se disseminam.
12 – Fragmentação e descontinuidade do trabalho caminham ao lado de tendências opostas no campo da educação. A nova situação demanda cada vez mais uma educação permanente. A maior parte das profissões atuais desaparecerá em alguns anos, de modo que as pessoas devem ser preparadas para aprender a realizar diferentes atividades. Um conteúdo torna-se fundamental: a capacidade de aprender – e essa capacidade deve ser exercitada ao longo da vida inteira.
III - Mudanças no mundo da política
13 – Também o mundo da política sofre o impacto da globalização e da disponibilidade irrestrita de informação em tempo real. A primeira consequência observada foi a mudança significativa do mapa das posições políticas nos países democráticos.
14 – No decorrer do século XX, a tendência nesses países foi de simplificação das posições políticas relevantes. Na direita, houve um processo de fusão entre os partidos liberal e conservador. Na esquerda, o modelo socialdemocrata tornou-se dominante.
15 – A partir dos anos 1970, contudo, o campo das posições políticas foi alterado pela necessidade de posicionamento, à esquerda e à direita, perante o processo de globalização. O campo da direita dividiu-se entre liberais extremados e conservadores nacionalistas. No campo da esquerda, aprofundou-se a divisão entre cosmopolitas, herdeiros das tradições internacionalistas, e nacionalistas.
16 - Ou seja, os eixos esquerda/direita e nacionalismo/cosmopolitismo dividem o mapa da política dos países democráticos em quatro quadrantes. Nesses países, na operação da política, as alianças se formam alternadamente segundo um ou outro critério. Em certos momentos, predomina o eixo cosmopolitismo/nacionalismo; e vemos governos inteiramente cosmopolitas, como o da Alemanha dos últimos anos, que reúne conservadores e socialdemocratas; ou governos que representam alianças entre a esquerda e a direita nacionalistas, como o primeiro governo do Syriza, na Grécia. Em outros, predomina o eixo esquerda direita, e vemos governos de partidos ou coalizões que reúnem liberais e nacionalistas, como o governo conservador britânico, enquanto a “Geringonça” portuguesa, que governa desde o final de 2016, resulta de um acordo de todo o campo da esquerda.
17 – A segunda consequência do processo de globalização na política incidiu sobre a forma da representação política, pondo em cheque o modo de operação tradicional dos partidos políticos. O acesso de massas à informação tem sido a condição das enormes manifestações que se sucedem neste século. Houve a primavera árabe, o movimento dos indignados na Espanha, o “ocupar Wall Street” americano, para mencionar alguns dos mais importantes. Democracia foi a reivindicação fundamental dessas manifestações. A implantação de regras democráticas onde estas não existiam e o aperfeiçoamento da representação onde já havia democracia. O fato é que a condição da mobilização é a operação das redes sociais, de modo, que movimentos desse porte se tornaram uma possibilidade permanente.
18 – Nos países democráticos a agenda passa, portanto, pelo aperfeiçoamento da representação. Mesmo quando os movimentos não resultam no surgimento de novos partidos, demanda-se a prestação de contas permanente de representantes para seus representados e a democratização das estruturas partidárias, com propostas como a adoção de mandatos “coletivos”, a proibição de reeleição para qualquer cargo e, até mesmo, o uso do sorteio parar o preenchimento de certas posições.
IV – Da euforia à crise: o trajeto brasileiro nos últimos anos
19 – Durante a vigência da Carta de 1988 dois projetos alternativos de esquerda ganharam corpo no Brasil. O primeiro, parcialmente implementado no governo de Fernando Henrique Cardoso, pode ser chamado de projeto reformista. Podemos chamar o segundo, implementado a partir do final do governo Lula e nos dois mandatos de Dilma Rousseff, de projeto compensatório.
18 – O projeto reformista parte de uma premissa simples: o Estado brasileiro foi formatado, ao longo de sua história, para a preservação, por ação e principalmente por omissão, dos privilégios dos grupos dominantes. Ao se aceitar a democracia como único caminho possível e desejável de mudança, superar tais privilégios passou a significar reformatar o Estado, de forma a inverter o sentido de sua ação. Daí a necessidade de diferentes reformas, cujo conjunto foi chamado pelo PPS de “reforma democrática do Estado”.
19 – O projeto compensatório, por sua vez, considera fundamental a construção de um pacto, com a participação do Estado, empresários e representantes dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Conforme esse pacto, o Estado tomaria as providências necessárias para garantir o lucro dos empresários e caberia a estes a responsabilidade pelo investimento, o emprego e o salário. Os trabalhadores excluídos do sistema teriam acesso a uma rede de compensações e benefícios diversos garantidos pelo governo.
20 – O modelo compensatório, justificado com argumentos da tradição keynesiana e cepalina, tem como premissa a capacidade quase ilimitada de intervenção do Estado, como investidor e como indutor do investimento privado e como inspiração a era de ouro do Estado de Bem-estar social europeu, durante a qual um pacto semelhante teve sucesso. Desconsidera, no entanto, a crise desse modelo na Europa, desde pelo menos a década de 1970, em decorrência da sua crise fiscal e, posteriormente, das consequências da globalização. Desde então, os governos perderam progressivamente as condições de garantir o lucro das empresas; as empresas, por sua vez, não puderam mais garantir uma tendência de crescimento do emprego e do salário; e a rede de segurança passou a enfrentar problemas crescentes de financiamento e gestão.
21 – Cumpre lembrar que o PT, embora crítico duro do governo de Fernando Henrique Cardoso, havia, aparentemente, alterado sua posição a partir da campanha eleitoral de 2002. Aceitou o Plano Real, comprometeu-se com a manutenção da estabilidade econômica, calou-se sobre as privatizações e, uma vez no governo, iniciou uma política de reformas, com apoio do PPS, no governo, e do PSDB, na oposição.
22 – Cedo, no entanto, abandonou o caminho das reformas. Em 2004, pressionado por seus aliados conservadores, abortou a proposta de reforma política que havia tramitado até então com seu apoio, pronta para entrar em pauta no plenário da Câmara dos Deputados. Sustentado nos ganhos obtidos pelo governo anterior e por uma conjuntura externa favorável, abandonou, aos poucos, a agenda reformista e, após a crise de 2008 iniciou uma inflexão na política econômica, assumida por completo no primeiro mandato de Dilma Rousseff sob o nome de “nova matriz econômica”.
23 – Hoje, é evidente o fracasso rotundo da nova matriz, assim como do projeto compensatório de que era parte. Vulnerável ao impacto concomitante de uma crise ética, uma crise econômica e uma crise política, o governo Dilma foi abreviado por decisão do Congresso Nacional, segundo rito aprovado pelo Supremo Tribunal Federal.
24 – Antes da análise dessas três crises e do processo de impeachment delas resultante, vale lembrar o primeiro e mais sério revés sofrido pelo governo: as jornadas de junho de 2013. Naquele momento, as ruas foram tomadas por uma sequência de manifestações, as mais importantes havidas no país desde a campanha das “Diretas Já”. Sua eclosão e sustentação foram inesperadas, pois nada houve anteriormente que indicasse o grau de descontentamento que nelas se manifestou. A situação econômica já comprometia o crescimento, dando alertas de risco há algum tempo, mas os resultados desastrosos da nova matriz não haviam ameaçado ainda o emprego. O desemprego era baixo e a renda média dos trabalhadores mantinha-se mais elevada que nos anos anteriores. Do ponto de vista ético, o lento desenrolar do processo do Mensalão exacerbou a insatisfação antiga e generalizada da população com o sistema político. Mesmo assim, do ponto de vista político, apesar das rusgas de sempre, a coalizão governamental parecia sólida.
25 – No entanto, em pouco tempo, manifestações convocadas em torno de reivindicações relacionadas à mobilidade urbana repetiram-se com um comparecimento cada vez maior e uma pauta de reivindicações também crescente. O que demandavam os manifestantes? Em primeiro lugar, mobilidade urbana, depois segurança pública, particularmente contra a violência policial, finalmente, antes de serem dissolvidas pela guerra entre policiais militares e partidários da ação direta, saúde e educação. Ironicamente, depois de 10 anos de governos que se apresentavam como de esquerda, os cidadãos pediam a ação do Estado. Reclamavam contra a ausência do Estado como planejador urbano e como provedor e regulador do fornecimento de serviços de segurança, saúde e educação à população. Se contarmos o repúdio manifesto ao sistema político, wua agenda poderia ser expressa nas palavras de ordem de “reforma política” e “reforma democrática do estado”.
26 – A partir de 20 13, as três crises mencionadas se intensificaram, seu cronograma e andamento foram convergindo e suas consequências foram mutuamente potencializadas. A vitória eleitoral de 2014 foi uma “vitória de Pirro” e o seu resultado imediato foi convencer os eleitores que a campanha governista havia sido deliberadamente enganosa. Logo após a posse e os primeiros atos do governo passou a ficar claro para uma extensa maioria que o governo estava estabelecendo um rumo oposto ao prometido na campanha. Paralelamente, os primeiros resultados da operação Lava-Jato mostraram o funcionamento de um sistema de corrupção muito mais extenso, complexo e duradouro que o precedente do Mensalão. Foi o suficiente para o desencadeamento de uma campanha a favor do impeachment da presidente.
27 – Paralelamente, a crise econômica ganhou intensidade. Os grandes grupos empresariais do país, aliados do governo desde 2002, beneficiados com favores governamentais de todo tipo, concedidos de forma abundante, embora discricionária, mostravam preocupação. A crise não poderia chegar ao extremo do caos, na economia e na ordem pública. Vocalizaram para o governo a necessidade de uma política de ajuste fiscal, de modo a proceder à recomposição das contas públicas. O governo tentou implementar essa política, contra a oposição permanente de grande parte de sua base parlamentar. No momento em que ficou clara a incapacidade de o governo levar a cabo essa política, o chamado “PIB” brasileiro aderiu à tese do impeachment.
28 – Finalmente, a oposição empresarial ao governo encontrou eco no PMDB e nos partidos conservadores da coalizão governamental. Na esteira de um crescendo de desentendimentos uma aliança de doze anos foi desfeita. A partir de então, a vitória do impeachment foi apenas uma questão de tempo.
29 – O governo Temer assume, portanto, com um mandato claro: proceder ao ajuste fiscal, implementar as reformas necessárias para tal, principalmente a reforma da previdência, estancar a recessão e retomar o crescimento. Essa agenda interessa evidentemente aos empresários, mas interessa também aos trabalhadores e às camadas mais pobres da população, que seriam claramente os mais prejudicados com a continuidade e agravamento da crise . Aprendemos, desde o Plano Real, que estabilidade econômica é condição de qualquer política de equidade. Tivemos no governo Dilma a prova reversa dessa afirmação: o fim da estabilidade causa aumento da pobreza e da desigualdade. Em síntese, a agenda Temer tem um aspecto progressista, que justifica o apoio e a participação da esquerda e do PPS no seu governo.
30 – No entanto, os pontos de confluência não podem ser usados para mascarar as fontes de conflito no interior da aliança que sustenta o governo. Primeiro, aceitar uma política de ajuste fiscal implica reconhecer que o acesso ao dinheiro público passa a ser um jogo de soma zero. Mais recursos com uma finalidade implicam necessariamente menos recursos para outra. Não por acaso lideranças corporativas do meio empresarial manifestam-se hoje pela manutenção de subsídios diversos pagos com recursos públicos. Em que pese vários setores entenderem essa reivindicação como progressista, ela concorre com o déficit secular do Estado, que pesa sobre a grande maioria dos brasileiros mais pobres e deve, em linhas gerais, ser recusada na perspectiva de um programa de governo da esquerda reformista.
31 – Além disso, a questão da reforma democrática do Estado, que levou milhares de brasileiros às ruas em 2013, tende a ser encarada de maneira limitada pelo governo. Sua principal tarefa é a restauração da estabilidade econômica, de modo que toda reforma passa pelo crivo de sua contribuição para esse objetivo. A reforma da previdência tem o seu foco na economia de recursos públicos de modo a dar sustentabilidade ao sistema. Está correto, é um avanço, mas há mais a ser feito nessa área, na perspectiva de maximizar a equidade e a sustentabilidade do sistema. A reforma tributária terá como centro o aumento da arrecadação e talvez a simplificação do sistema. Avançará, no entanto, na tributação dos dividendos, das grandes fortunas, na substituição do caráter regressivo do sistema atual por um outro no qual os ricos paguem proporcionalmente mais que os pobres? Poderá o PMDB e os partidos conservadores que passaram pelo governo do PT formular uma política de planejamento urbano que reduza o peso do transporte individual e aumente a importância do transporte coletivo? Há no horizonte do governo Temer uma política de segurança pública que reconheça a violência policial como parte do problema? Sabemos que a resposta a essas e a outras perguntas análogas tende a ser negativa.
32 – O ciclo político que tem início com o impeachment de Dilma Rousseff se encerrará com as eleições de 2018. Quais são os cenários previsíveis? Em termos econômicos, os dados indicam até o momento para o sucesso da política de recuperação. A expressiva queda da inflação, a tendência à queda nas taxas de juros, a retomada, ainda tímida, do crescimento, apontam nessa direção. Se tudo, inclusive a aprovação das reformas, ocorrer no cronograma esperado pelo governo, os indicadores positivos poderão chegar até à reversão do quadro de desemprego. Nesse caso o governo terminaria seu mandato com algo semelhante a um Plano Real em pequena escala nas mãos. Em condições do século XX isso seria mais do que suficiente para eleger o novo presidente. Hoje, contudo, o leque das demandas é mais complexo.
33 – Se o quadro econômico aponta para um futuro cada vez menos incerto, o oposto ocorre no que respeita ao quadro político. A imprevisibilidade reina nesse ponto. A qualquer momento, o governo Temer pode encontrar seu fim na decisão do Supremo Tribunal Federal sobre irregularidades cometidas na campanha. A operação Lava-Jato segue seu curso e não sabemos ainda quais os nomes que serão atingidos nos próximos meses, nem se haverá tempo para sua exclusão do jogo eleitoral ou para sua reabilitação junto à opinião pública. O fato é que ficam cada vez mais escassos os nomes de partidos e candidatos não mencionados nos trabalhos da Lava-Jato. Não é possível prever ainda o impacto eleitoral da divulgação dos resultados da Lava-Jato sobre os principais partidos. Uma possibilidade real é a debacle eleitoral de todos os partidos mencionados, como já ocorreu em parte com o PT nas eleições de 2016. O mesmo vale para todos os candidatos tradicionais dos maiores partidos.
34 – Examinemos o quadro eleitoral à luz dos quatro quadrantes da política democrática no mundo globalizado. Vemos, em primeiro lugar, o surgimento de uma candidatura até o momento competitiva, no campo da direita conservadora, algo inédito na vigência da Constituição de 1988. Bolsonaro vocaliza o nacionalismo estatista, conectado com a política econômica do regime militar; o conservadorismo nos costumes; e o autoritarismo na política. Tudo em sintonia com seus similares europeus.
35 – A direita liberal no Brasil, embora com representantes em diversos partidos, tem sido historicamente representada pelos Democratas e por seu antecessor, o PFL. Nas eleições presidenciais tem acompanhado as candidaturas do PSDB, em razão da aliança desses partidos no governo de Fernando Henrique e na oposição aos governos de Lula e Dilma Roussef. O PSDB, por sua vez, representou mais claramente essa corrente política nos momentos do seu percurso em que se afastou do lado social das políticas sociais-liberais de Fernando Henrique para restringir-se às propostas econômicas, principalmente aquelas de ajuste e responsabilidade fiscais. É possível, portanto, que, mais uma vez, um candidato do PSDB canalize o voto desse quadrante.
36 – Com as hesitações e, até certo ponto, a retirada do PSDB desde que se viu na oposição, o campo da esquerda cosmopolita está pouco povoado no momento. Vimos que o PT ensaiou por um breve momento reivindicar o protagonismo no seu interior. De forma semelhante, a REDE, de Marina Silva, tenta abordar sua agenda pelo lado da sustentabilidade. No entanto, para parte importante da expressão parlamentar da REDE, sustentabilidade é apenas um adendo moderno a concepções de Estado, economia e política características da esquerda tradicional. Assim como o PSDB transita entre os campos da esquerda e da direita cosmopolitas, a REDE se locomove entre a esquerda nacionalista e estatista e um campo de esquerda cosmopolita, centrado na sociedade civil. Resta como ator possível nesse campo, o PPS. Talvez seja o partido com maior clareza acerca dos impasses que uma esquerda moderna deve enfrentar, em razão de sua história, mas não conseguiu, nas eleições recentes, densidade político-eleitoral suficiente para a apresentação de candidaturas próprias e a demarcação pública de suas posições. No entanto, o fracasso sucessivo do PT e do PSDB em representar esse campo de forma consequente, assim como as limitações reveladas por outros partidos para fazer o mesmo, abre espaço para uma atuação mais incisiva do PPS nesse rumo. Nesse sentido, a candidatura própria a Presidente da República é uma possibilidade que não pode ser descartada com vistas à eleição de 2018.
37 – O campo da esquerda nacionalista e estatista tem o PT como seu principal expoente. Seu candidato será Lula, na medida em que sua situação de investigado na operação Lava-Jato assim o permita. Nesse campo disputam espaço também o PSOL e o PDT, com a candidatura de Ciro Gomes exposta à opinião pública. A proposta de campanha desse campo está expressa em recente manifesto de intelectuais de apoio à candidatura Lula: a retomada do programa de campanha de Dilma em 2014.
40 – Finalmente temos a maior parte do PMDB e os demais partidos que integram o chamado “centrão”. Políticos tradicionais, educados na distribuição de benefícios com recursos públicos, de rala identidade ideológica, transitam com facilidade pelos quatro quadrantes analisados. Apoiaram os governos do PT e, antes, os do PSDB. Podem até se aliar a Bolsonaro, por intermédio das bancadas religiosas. Entretanto, em razão da aliança do presidente Temer com o PSDB, também pode se gestar uma frente construída em torno de uma plataforma de centro-esquerda cosmopolita. No entanto, tudo indica que o PMDB e o PSDB estarão entre os setores mais atingidos pela renovação eleitoral que a Lava-Jato propiciará.
41 – Nesse quadro o PPS deve, da definição de sua política de alianças para as eleições, considerar três pontos relevantes. Primeiro, a possibilidade real de redução do espaço de convergência com o governo Temer depois da aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, à medida que uma segunda leva de reformas (política e tributária) entre na agenda. Segundo, a flexibilidade como diretriz necessária para enfrentar a complexidade do quadro eleitoral. Isso implica evitar toda estratégia fundada na bipolaridade, uma vez que há interfaces diferentes de discussão com atores dos vários campos mencionados, com exceção da direita conservadora. Terceiro, o uso inteligente da regra dos dois turnos nas eleições, que permite combinar um momento de afirmação da identidade política do partido com outro de construção de amplas alianças interpartidárias.
O PPS considera que um programa democrático, reformista e de esquerda deve, na conjuntura atual, se fundamentar nos seguintes pontos:
Uma visão positiva, embora crítica, do processo mundial de globalização como indutor de mudanças históricas e irreversíveis em todas as dimensões da vida social. Ao mesmo tempo, é preciso construir e apoiar políticas que visem a redução dos impactos negativos dessas mudanças sobre os setores sociais mais frágeis.
A globalização só será uma fase positiva da história da humanidade se estiver concatenada com uma visão cosmopolita do mundo, o que supõe avanços políticos democratizantes nas relações internacionais e a consolidação de governos democráticos ao redor do mundo.
Manter a crítica a uma política externa de corte terceiro-mundista em prol da retirada de barreiras ao comércio internacional e da integração cada vez maior entre os países, rechaçando igualmente o chauvinismo, o belicismo, a xenofobia e a isolamento nacional, com o intuito de favorecer a democratização dos organismos internacionais, a resistência ao hegemonismo das grandes potências e o avanço das políticas de integração regional.
Em função do impacto das mudanças tecnológicas no mundo do trabalho é preciso reformar a legislação trabalhista, a representação sindical e o sistema previdenciário para incorporar os novos tipos de trabalhador que surgem e se disseminam; é preciso assumir uma atitude de autêntica e permanente reforma das instituições e da legislação, procurando promover e garantir uma maior adaptação dos trabalhadores a essa nova situação. No plano político, há uma crise na democracia e não uma crise da democracia.
A globalização e as mudanças tecnológicas alteraram o mapa político bem como a forma convencional de como a política era feita no século XX. A explosão das comunicações on-line em redes se alastrou e passou a exigir uma “nova política”, entendida como uma luta por mais democracia, alterando formas de representação e operação da política.
No caso brasileiro deve-se anotar o esgotamento de dois projetos que estiveram no poder depois da redemocratização. O projeto reformista dos governos FHC e o projeto compensatório dos governos Lula e Dilma. Tal esgotamento faz com que o país busque atualmente uma nova alternativa para o seu presente e o seu futuro, partindo dos anseios que se expressaram desde as “jornadas de 2013” nas quais se propunham reformas para a melhoria da vida das pessoas.
O impeachment que colocou fim ao governo Dilma Rousseff, alicerçado na comprovação dos desmandos praticados, foi uma demanda da sociedade e das forças políticas objetivando superar uma crise devastadora que se abateu sobre o país. O governo Temer é, portanto, derivado dos ditames constitucionais e se mantem dentro dos quadros do regime democrático estabelecido pela Carta Constitucional de 1988, sob o amparo das instituições políticas da República.
O governo Temer se configura, portanto, em um governo de transição para o país se equilibrar e chegar em melhores condições às eleições presidenciais de 2018. Suas tarefas fundamentais são realizar o ajuste fiscal, implementar as reformas necessárias para estancar a recessão, retomar o crescimento e garantir estabilidade. Em síntese, a agenda Temer tem um aspecto democrático e progressista que justifica até aqui o apoio e a participação da esquerda e do PPS no seu governo.
Os desafios a serem enfrentados pelo governo Temer em torno da agenda de reformas coloca claramente os pontos e o terreno no qual deve aparecer a distintividade de um projeto de esquerda democrática para o país. É em torno de um grande projeto de “reforma democrática do Estado” que se deve pautar o debate e os encaminhamentos que estão colocados nas reformas da previdência, na reforma tributária e na reforma política.
Nessa agenda de segundo momento de reformas, o PPS deve prosseguir nas diretrizes que defende historicamente. No caso da reforma política, o aperfeiçoamento da representação, por meio da atualização das bancadas de deputados de cada unidade da Federação, da mudança da regra eleitoral no sentido do voto em lista fechada e do sistema distrital misto, da mudança das regras de financiamento de campanha e, finalmente, da transição em direção ao parlamentarismo.
No que se refere à reforma tributária, o PPS deve pugnar pelo retorno da tributação sobre dividendos e, de maneira geral, pugnar pelo sentido progressivo dos impostos; além do aumento da simplificação, transparência e desconcentração do sistema tributário.
Diante dos possíveis cenários nos quais podem ser vislumbradas algumas candidaturas presidenciais para a campanha de 2018, a posição do PPS deve ser “programática”, apresentando-se com uma candidatura própria ou apoiando outra candidatura. O importante para o PPS no atual quadro é fortalecer o que torna distinto o seu programa dos projetos que se esgotaram nos governos pós-democratização bem como dos projetos que hoje se anunciam, mas que padecem de um convencimento mais objetivo.
Roberto Freire: Preocupação na comunidade científica
Uma das áreas mais importantes e estratégicas para o desenvolvimento do Brasil está em estado de alerta. O recente corte de 44% no orçamento destinado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), anunciado em março deste ano pelo governo federal como uma das medidas emergenciais em meio a uma das mais profundas crises econômicas da história do país, repercutiu de forma negativa na comunidade científica. A necessidade de redução dos investimentos da máquina federal por meio do ajuste fiscal, que atingiu praticamente todos os ministérios, e o cumprimento da lei do teto dos gastos públicos, promulgada no fim do ano passado, são dados inexoráveis da realidade, mas é evidente que uma redução significativa em um setor crucial para o futuro do Brasil causa enorme preocupação.
O corte no orçamento do MCTIC para 2017 é de nada menos que 44%, reduzindo o investimento de R$ 5,8 bilhões para R$ 3,2 bilhões. Para que se tenha uma ideia da magnitude dessa redução orçamentária, trata-se do menor valor disponibilizado para a área científica e tecnológica nos últimos 12 anos (desde 2005). O impacto de tamanha diminuição de verba para a pasta foi tão expressivo que uma das mais prestigiadas revistas sobre ciência do mundo, a “Nature”, publicou recentemente uma reportagem em que detalha a precária situação do setor no Brasil e a repercussão do corte orçamentário junto aos profissionais da área.
Nesse diapasão, vale destacar o manifesto publicado por representantes de alguns dos mais importantes centros de pesquisa do Brasil no qual há duras críticas à diminuição do orçamento do MCTIC. Segundo o documento assinado pelos especialistas, a medida “causará danos irrecuperáveis a instituições estratégicas, alijando o Estado brasileiro de instrumentos essenciais para qualquer movimento de recuperação de nossa economia”. O texto ainda chama a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos institutos federais de ciência e tecnologia, cuja existência estaria ameaçada. Assinam a nota 19 instituições, entre as quais o Observatório Nacional (ON), o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).
Uma das maiores autoridades na área, Mayana Zatz, professora titular do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), lembrou em entrevista recente que o Brasil já tinha, antes mesmo dos cortes anunciados pelo governo, “um orçamento muito inferior aos países do primeiro mundo para a pesquisa científica e tecnológica” (cerca de 1% do PIB, ante mais de 4% de Israel e Coreia do Sul e quase 3% da União Europeia). Em sua avaliação, diante desse novo cenário, “torna-se cada vez mais difícil fazer uma pesquisa competitiva no Brasil”.
Por um lado, é evidente que compreendemos a necessidade de se reduzir gastos em um momento de grave crise por que passa o Brasil. O governo federal deve cortar na própria carne até para dar exemplo e sinalizar claramente aos brasileiros que todos nós devemos somar esforços e ter responsabilidade para a superação de um momento tão difícil. Entretanto, não se pode perder de vista que a área científica é determinante para a construção do futuro. Cortar investimentos de forma abrupta em um setor estratégico significa usar o remédio para matar o próprio paciente.
Como os resultados em ciência, tecnologia e inovação são obtidos somente no médio ou no longo prazo, é inequívoco que, se os cortes não forem revertidos tão logo haja um reaquecimento da economia, serão necessários muitos anos para recuperarmos o tempo perdido. E o mais grave: além de não conseguirmos atrair pesquisadores do exterior, perderemos inúmeros jovens cientistas que se verão sem quaisquer perspectivas de crescimento profissional – a dramática “fuga de cérebros”, cujos prejuízos são irreparáveis ao Brasil.
Nós, do PPS, e eu pessoalmente, sempre tivemos uma preocupação especial com a área científica brasileira. Não foram poucos os momentos em que nos posicionamos no lado oposto ao de setores mais atrasados e obscurantistas da esquerda, inclusive durante os debates a respeito do desenvolvimento da indústria biotecnológica no Brasil – cujo avanço alguns tentavam impedir, especialmente em relação às pesquisas sobre o uso de alimentos geneticamente modificados. Defendemos alterações em alguns artigos da Lei de Biossegurança que criminalizavam a pesquisa e proibiam a utilização, a comercialização, o registro e o licenciamento das chamadas tecnologias genéticas de restrição de uso, por meio das quais há intervenção humana na geração ou multiplicação dos organismos geneticamente modificados. Entendemos que o futuro do país e a melhoria das condições de vida da população não podem ficar à mercê das forças que combatem a pesquisa científica e os avanços tecnológicos.
Nosso compromisso com a ciência brasileira, portanto, vem de longa data. Não se trata aqui de qualquer tipo de oportunismo, muito menos de uma crítica vazia ao atual governo. De forma construtiva, compartilhamos do alerta feito pela comunidade científica e reforçamos a preocupação com o corte orçamentário no setor. A ciência e a tecnologia não representam um entrave para a recuperação da nossa economia, muito pelo contrário. São essenciais para o desenvolvimento do país e a superação da crise. Não podemos comprometer o nosso futuro.
* Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Rubens Bueno: E os bandidos de toga?
Muito se fala hoje em punição para políticos corruptos, no entanto a corrupção dentro do sistema Judiciário continua sendo um tabu, uma verdadeira caixa preta.
Não há dúvidas que magistrados brasileiros têm contribuído de forma efetiva, nos últimos anos, para diminuir a impunidade no Brasil e colocar na cadeia poderosos que ninguém jamais imaginava que seriam alcançados pela espada da Justiça. No entanto, são pouquíssimos os casos de juízes que, flagrados recebendo propina, vendendo sentenças ou praticando outro tipo crime, tenham recebido uma punição exemplar.
Atualmente, os juízes são vitalícios e só perdem os cargos e, consequentemente, as respectivas aposentadorias, por decisão judicial transitada em julgado, desde que seja por ação penal por crime comum ou de responsabilidade. Não creio que hoje eles devam continuar a ter direito a esse privilégio.
Para mudar essa situação apresentei, ainda em 2012, a Proposta de Emenda à Constituição (163/2012) que extingue a aposentadoria compulsória como punição disciplinar para magistrados envolvidos em corrupção e estabelece a pena de perda do cargo.
A proposta aguarda votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
A análise do assunto exige pressa pois é uma verdadeira aberração que, em pleno Estado Democrático de Direito, um magistrado, cuja conduta é incompatível com a dignidade, a honra e o decoro, continue a ter aposentadoria como pena disciplinar máxima.
Aposentar juiz que vendeu sentença, aposentar juiz que roubou do povo, que manchou a Justiça brasileira, e dar a ele uma aposentadoria com todos os direitos é um escárnio. Temos que acabar com os privilégios, seja onde for.
Se a proposta já tivesse sido aprovada, casos como o do ex-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), desembargador Clayton Camargo, acusado de ter dissimulado negociações comerciais e amealhado patrimônio incompatível com a remuneração, poderiam ter destino diferente.
O relator do caso no Conselho Nacional de Justiça sugeriu a punição máxima. E o que é a punição máxima?
A aposentadoria compulsória. Isso é um absurdo completo e por isso temos que mudar urgentemente essa legislação para poder punir com mais rigor os juízes corruptos. Hoje, flagrados, eles acabam sendo agraciados com o direito de ir para casa e continuar recebendo o salário integral.
Na história do Brasil, poucos juízes perderam o cargo. Entre eles estão o ex-juiz trabalhista Nicolau dos Santos Neto, que foi condenado pelo envolvimento, junto com o senador cassado Luiz Estevão, em desvio de recursos da construção do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo. Outro foi João Carlos da Rocha Mattos. O ex-magistrado foi condenado a seis anos de prisão pelo crime de lavagem de dinheiro.
A PEC que apresentei em conjunto com o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) tem o objetivo de mudar essa situação. Precisamos enfrentar esse problema com a seriedade devida.
* Rubens Bueno é deputado federal pelo PPS do Paraná
- Blog do Noblat
FAP: Nota de repúdio à agressão sofrida pelo Senador Cristovam Buarque
Nesta terça-feira, 18 de julho, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), foi objeto da agressão verbal, covarde e autoritária de um pequeno grupo de manifestantes, partidários do governo passado e opositores das reformas em processo de aprovação no Congresso Nacional.
Nós, diretores e conselheiros da Fundação, manifestamos de público, em primeiro lugar, nosso veemente repúdio à essa violência. A Democracia se constrói no debate, na contraposição de argumentos e até mesmo no silêncio, quando os argumentos falecem. Não se constrói na agressão, na camuflagem com insultos de vazio argumentativo. Esse é o caminho da intolerância, dos "iluminados" que não precisam de diálogo nem de democracia, uma vez que as ditas verdades da politica já se encontram para eles reveladas. Sabemos que esse caminho tem apenas um ponto de chegada: o autoritarismo.
Manifestamos também nossa solidariedade irrestrita ao senador Cristovam Buarque. Sabemos que acontecimentos desse tipo não o farão esmorecer, mas redobrarão seu empenho na luta por um Brasil politicamente mais democrático e socialmente mais justo.
Diretores e Conselheiros da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
PPS repudia agressões contra Cristovam Buarque na UFMG
O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), repudiou em nota pública (veja abaixo), nesta quarta-feira (19/7) as agressões sofridas pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), no lançamento de seu livro na reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) realizada na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
No documento de desgravo, Freire afirma que o lulopetismo mostrou, mais uma vez, a sua “verdadeira face de intolerância e desrespeito a convivência democrática”. Ele destacou que o ato foi agravado por ter sido cometido dentro de uma universidade federal, espaço que, necessariamente, deve ser aberto às discussões e ao debate.
Freire ressaltou ainda que dirigentes petistas estão cada vez mais isolados diante da corrupção praticada nos 13 anos que estiveram à frente do governo federal e que, por esse motivo, tentam impor uma “visão única do processo político brasileiro”.
Veja abaixo a íntegra do documento.
“Nota de desagravo: A intolerância como norma
Mais uma vez o lulopetismo mostra sua verdadeira face. Agora, no recinto da UFMG, uma das mais respeitadas universidades do país, em um evento de lançamento de um livro do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC.
Um diminuto grupo de militantes sectários tentou constranger o senador Cristovam Buarque, um dos mais importantes educadores do país, ex-reitor da UnB e ex-ministro da Educação. Tal postura deu-se única e exclusivamente por uma concepção de política marcada pela intolerância e o total desrespeito a convivência democrática.
Um sinal tanto mais perigoso para nossa democracia, por se dar no recinto de uma Universidade, que por razão de ser, é necessariamente aberta às discussões e ao debate, sempre em função da busca da Verdade e do esclarecimento. Mesmo que tenha sido um ato de uma minoria, teve a chancela de uma minoria de professores e funcionários, o que mostra claramente o nível de deturpação do que venha a ser uma militância política.
Acossados pela operação Lava Jato, com vários de seus dirigentes condenados inclusive o ex-presidente Lula da Silva, cada vez mais isolados e sem “discurso” que possa confrontar um legado de corrupção, um déficit fiscal da ordem de R$ 180 bilhões e 14 milhões de desempregados, o que restou ao lulopetismo a intolerância como norma, tentando impor sua visão única do processo político brasileiro.
Quanto mais intolerantes, mais revelam o paradoxo político do lulopetismo do fascismo de esquerda.
Roberto Freire
Presidente Nacional do PPS”
Jovens debatem propostas para a crise política e socioeconômica no encerramento do II Encontro
Participantes destacaram fatores como a liberdade de expressão, a educação e a saúde pública como pilares essenciais para a melhoria do país
Germano Martiniano
O Brasil vive hoje uma das piores crises política e socioeconômica da história. De um lado, milhões de desempregados, violência, pobreza e vários outros problemas que assolam a nação. De outro lado, uma crise ética que tomou grandes proporções com os resultados da Operação Lava-Jato. Dentro deste contexto que os participantes do II Encontro de Jovens Lideranças, na manhã do último sábado (15), debateram e apresentaram diversas propostas que busquem saídas para a situação em que o país se encontra. A dinâmica em grupo encerrou o evento, que durou cinco dias e foi organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, que ocorreu na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin, no Rio de Janeiro.
Atividade em grupo
A discussão de propostas que busquem uma saída para o país foi uma oportunidade para os jovens colocarem em prática o que aprenderam nos cinco dias de palestras e aulas sobre política e liderança, além de ajudarem a construir um PPS mais forte. A atividade consistiu na formação de grupos, que receberam da organização do evento um tema especifico da situação do país, que deveria ser debatido e, posteriormente, analisada soluções para o mesmo. Nessa mesma atividade, cada grupo também selecionou um líder, que serão os próximos monitores do III Encontro de Jovens, a ser realizado no ano quem vem.
Dentre as propostas, os participantes do II Encontro destacaram a liberdade para se posicionar e opinar como um dos pontos mais importantes no fortalecimento do PPS e da democracia. Outro ponto de destaque foi pedir atenção e ações para combater os crimes de gênero contra a comunidade LGBT no Brasil. Por fim, também chamaram atenção para saúde pública e educação. No caso da saúde, salientaram o número, cada vez maior, de jovens que enfrentam problemas relacionados à depressão em todo o país. Em relação a educação, eles a destacaram como a base para se fazer uma sociedade mais justa. “Foi engrandecedor participar deste encontro, principalmente nos critérios socioculturais, pois essa troca de experiência entre os jovens é o que faz a gente entender o que, realmente, estamos buscando para nós e para o futuro do Brasil”, disse Railane Borges, participante do encontro e eleita monitora para o próximo evento.
Palestras
Após a atividade em grupo, os participantes tiveram as últimas palestras. Na mesa estavam Luzia Ferreira, deputada federal (PPS-MG) e o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS-RJ). A deputada mineira falou da importância da renovação política. “Nós que já temos anos de política, que possamos nos inspirar na pressa e na ousadia que a juventude possuí”, disse. Ela também destacou o papel da Fundação Astrojildo Pereira na organização do evento. “A FAP fez muito bem em reunir jovens de todo o Brasil num seminário de formação política, debatendo ideias e buscando interagir os conceitos dos mais experientes com os dos mais novos”, concluiu a deputada mineira.
Para encerrar, o Comte Bittencourt reiterou o elogio de Luzia Ferreira a FAP na organização do II Encontro. “A Fundação acertou em realizar esta segunda edição do Encontro, pois foi uma oportunidade de debater, com mais de cem jovens de todo o país, temas contemporâneos, democracia, cidades inteligentes, movimento coletivo e a reinvenção da esquerda, entre outros, que possibilitaram aos jovens reflexões acerca destes assuntos", avaliou Comte Bittencourt. "Todos esses aprendizados ajudarão estes jovens a serem protagonistas das mudanças que o país necessita”, completou.
O III Encontro de Jovens Lideranças está previsto para ocorrer em janeiro de 2018. Todas as informações sobre o evento serão publicadas no portal da FAP.
II Encontro debate a qualidade de vida nas cidades brasileiras
O quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças contou com a presença do prefeito de Vitória (ES), Luciano Resende, e do deputado federal e presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PPS-SP). Depois de quatro dias de imersão em estudos, os mais de 100 participantes do evento se despedirão da Colônia Kinderland neste sábado (15)
Germano Martiniano
- O mundo hoje possui mais de 60% da população vivendo nas cidades. Somando o avanço tecnológico, é imprescindível que as cidades sejam espaços que ofereçam alimento, saúde, segurança e lazer, entre outras necessidades essenciais à vida humana. Dentro da temática de Cidades Inteligentes, principal palestra desta sexta-feira (14/7), quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças, o prefeito de Vitória (ES), Luciano Resende se apresentou para os mais de 100 participantes. Ele foi um dos debatedores convidados para expor sua experiência como gestor. O II Encontro está sendo promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ), até este sábado (15/7).
Luciano Rezende destacou para os jovens que os “segredos” do sucesso para uma cidade inteligente são bem simples: rapidez, transparência e eficiência. “Precisamos desses três itens atuando conjuntamente. Esses fatores isolados não geram sucesso”, avalia. Segundo o prefeito de Vitória, é preciso que os governantes façam "um governo horizontal com a população". "O cidadão faz parte do governo. Eu me comunico com ele até por whatsapp”, completa Resende.
André Gomyde, presidente da Frente Nacional das Cidades Inteligentes, e palestrante do tema Cidades Tecnológicas, falou das transformações intensas que o mundo está passando, do avanço tecnológico, das mudanças no mundo do trabalho, das profissões que deixarão de existir, entre outras situações que afetam as cidades atualmente no Brasil e em grande parte de todo o mundo. E, consequentemente, a sociedade.
Esquerda e Democracia
O quarto dia do II Encontro começou com aulas no período da manhã, todas transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook (http://www.fb.com/facefap). Alberto Aggio (foto acima), professor e historiador, discorreu sobre a necessidade de se reinventar a esquerda durante a sua apresentação "Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar". Já o professor Caetano Araújo abordou a temática dos desafios da democracia no Brasil na aula "Desafios da democracia no Brasil", também transmitida ao vivo pelo canal da FAP na rede social. Ao ser questionado se o país precisa de uma reforma política para fortalecer a democracia, Caetano foi incisivo: “a forma de organização política atual facilita a corrupção e todos outros problemas que nos levaram a crise ética." Para o professor, "é essencial que ocorra também uma reforma política.”
Roberto Freire
O deputado Roberto Freire (PPS-SP), presidente nacional do PPS, compareceu ao evento antecipadamente e palestrou aos jovens abordando temas como avanço tecnológico, uma nova esquerda, mudanças sociais e como se fazer política nos dias atuais. “Como ser de esquerda e ser vanguarda de esquerda frente às mudanças?”, questionou. Freire afirmou, afirmou, ainda, que a esquerda não deve negar as transformações pelas quais o mundo passa, como fazem os dogmáticos, mas, "ser parte da transformação e dentro dela fazer políticas com valores que garantam os direitos sociais."
À noite, para encerrar as atividades desta sexta-feira, foi realizada uma festa julina, com fogueira, comidas típicas e muita música para animar os jovens, que já estão em clima de despedida, uma vez que, neste sábado - último dia do evento -, o II Encontro será encerrado às 17 horas.
Encerramento
O encerramento do II Encontro de Jovens Lideranças será neste sábado. Os mais de 100 jovens que estão participando do evento vão realizar, às 10h, de uma dinâmica em equipe. Em seguida, às 11h30, uma mesa formada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) e do deputado estadual Comandante Bittencourt (PPS-RJ), com mediação do professor e historiador Alberto Aggio, vai tratar da apresentação de propostas relativas ao evento.
O encerramento do II Encontro está previsto para as 15h deste sábado, com a participação de Terezinha Lelis, coordenadora do evento; Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP e do presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP).
A FAP transmitirá o encerramento do II Encontro, ao vivo, em seu canal no Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação deste sábado (15/7), último dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
08h | Alvorada |
9h | Café da manhã |
10h | Trabalho em equipe |
11h30 | Apresentaçao de propostas: senador Cristovam Buarque (PPS-DF), deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) e deputado estadual Comte Bittencourt (PPS-RJ). Mediador: Alberto Aggio (AO VIVO)
|
13H | Almoço |
15h | Encerramento: Terezianha Lelis; Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP; Roberto Freire, presidente nacional do PPS (AO VIVO)
|
17h | Embarque |
19h30 | Chegada |
Terceiro dia do II Encontro debate o novo mundo do trabalho
Nesta sexta (14/7), aulas com Alberto Aggio e Caetano Araújo dão início às atividades do II Encontro. À tarde, está prevista a palestra Cidades Inteligentes, ministrada por André Gomyde e debate com os prefeitos Rafael Diniz (Campos dos Goytacazes-RJ) e Luciano Rezende (Vitória-ES)
Em um país assolado por uma grave crise econômica, com cerca e 14 milhões desempregados, compreender os desafios impostos pelo novo mundo do trabalho é fundamental para quem está em busca de um futuro profissional e pretende se inserir no mercado. O assunto foi o tema da palestra "Os jovens e o novo mundo do trabalho", ministrada pelo superintendente do Sebrae do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ), Cezar Vasquez, nesta quinta-feira (13/7), durante o terceiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças, evento que está sendo promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ), até este sábado (15) e que conta com mais de 100 participantes.
Em sua palestra, Cezar Vasquez orientou os jovens a ficarem atentos e preparados para as mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho atualmente. De acordo com ele, para obter sucesso e superar os desafios impostos por esta nova realidade, é necessário que se inovem, busquem conhecimento, sejam comunicativos e dominem as novas tecnologias. “Novas profissões irão surgir, outras irão desaparecer. É um processo inevitável", avalia Vasquez. Para o superintendente do Sebrae-RJ, os jovens terão de se acostumar com esta nova realidade. "Tem o lado excitante do que é novo, mas também o lado do temor em relação ao desconhecido. Esse é o desafio”, finalizou.
Capacitação
O terceiro dia do II Encontro começou com aulas no período da manhã, todas transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook (http://www.fb.com/facefap). A primeira delas, com o tema "A trajetória da modernização brasileira", foi conduzida pelo professor Hamilton Garcia. Durante a aula, Garcia relacionou as reformas propostas pelo governo Temer, as quais considera essenciais para a economia brasileira, ao tema apresentado em sua aula.
“Estas reformas deveriam ter sido feitas desde o início do século 21 e, lamentavelmente, não foram feitas pelo PT. O partido se preocupava apenas em ter 80% de aprovação dos brasileiros", criticou. "Como sabemos, toda reforma gera insatisfação. Os resultados são a longo prazo. Por isso o PT as negou”, avalia Hamilton Garcia.
As atividades realizadas durante a manhã desta quinta-feira foram complementadas com mais uma aula que abordou um tema de extrema importância para todos os brasileiros: Os desafios da mudança econômica na atualidade, que ficou a cargo do consultor jurídico e ex-secretário da Receita Federal durante os governos FHC, o professor Everardo Maciel. A aula também foi transmitida ao vivo por meio do canal da FAP no Facebook.
À tarde, além da palestra ministrada por César Vasquez, os participantes do II Encontro também acompanharam a apresentação do diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sergio Besserman, que abordou as questões relacionadas ao tema "O meio ambiente e a sociedade do futuro". A palestra teve a mediação do professor Hamilton Garcia.
À noite, no encerramento das atividades desta quinta-feira, os participantes do II Encontro foram brindados com uma apresentação especial da cantora Anna Aggio, que levou um repertório repleto de música popular brasileira (MPB). Foi um momento de descontração, depois de um dia repleto de atividades.
Programação
Nesta sexta-feira (14), quarto dia do evento, os participantes do II Encontro vão ter uma agenda cheia. As atividades serão iniciadas a partir das 8h30, com a aula "Da revolução à Democracia: uma esquerda a inventar", que será ministrada pelo historiador e professor Alberto Aggio. Em seguida, participarão da aula "Desafios da Democracia no Brasil", que será realizada pelo professor Caetano Araújo. As duas aulas serão transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook.
À tarde, a partir das 15h, está prevista a palestra "Cidades Inteligentes", com André Gomyde. A atividade terá, como debatedores, Rafael Diniz, prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ); e Luciano Rezende, prefeito de Vitória (ES). A mediação do debate será realizada pelo professor Caetano Araújo.
Em seguida, os jovens que estão participando do II Encontro vão realizar uma dinâmica em grupo e, para finalizar as atividades desta sexta-feira, farão parte de uma festa julina, programada para ocorrer às 20h.
A FAP transmitirá as palestras ao vivo em canal no Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação desta sexta-feira (14/7), quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
06h30 | Alvorada |
7h-8h | Café da manhã |
8h30-10h15 | Aula 5 - salão 1 - grupo A. Tema: Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar (Alberto Aggio). (AO VIVO) Aula 6 - salão 2 - grupo B. Tema: Desafios da democracia no Brasil (Caetano Araújo). (AO VIVO) |
10H30-12H30 | Aula 6 - salão 1 - grupo A. (AO VIVO) Aula 5 - salão 2 - grupo B. (AO VIVO) |
13H | Almoço |
15:00/16:45h | PALESTRA: Cidades Inteligentes – André Gomyde – salão 1; debatedores: Rafael Diniz, prefeito de Campos; e Luciano Rezende, prefeito de Vitória Mediador: Caetano Araujo. (AO VIVO) |
17h-18h | Dinâmica – Pátio Interno |
19H | Jantar |
20H | Festa Julina (José Augusto puxa a quadrilha) |
II Encontro: segundo dia é marcado pelo debate sobre política e diversidade
Com aulas e palestras durante todo o dia, participantes do II Encontro de Jovens Lideranças debateram temas cruciais para o dia a dia da população brasileira
Germano Martiniano
Um dia voltado para estudos consistentes sobre diversos temas cruciais que afetam o dia a dia da população brasileira, com a abordagem de temas como a política, a diversidade religiosa e sexual, e o combate da violência contra a mulher. Essa foi a tônica das atividades realizadas pelos mais de 100 participantes nesta quarta-feira (12/07), o segundo dia do II Encontro de Jovens Lideranças, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ).
As atividades desta quarta foram divididas em aulas pela manhã e palestra à tarde. Nas aulas, os professores Cláudio Vitorino e Marcus Vinicius Oliveira abordaram temas como a "Ação coletiva, associativa e partidária" e "Política e democracia no mundo contemporâneo", respectivamente, em dois horários, para atender todos os participantes do evento. À tarde, Eliseu Neto, psicanalista e coordenador do PPS Diversidade; e o Monge Dada Jinanananda palestraram sobre o tema "Democracia da inclusão – reconhecer diferenças para garantir direitos".
Após as aulas dos professores Cláudio Vitorino e Marcus Vinicius Oliveira, os participantes do II Encontro foramm dividos em grupos para debaterem, formularem perguntas e tirarem suas dúvidas sobre os temas tratados. Muito se discutiu sobre corrupção, cidadania e associação partidária. O ponto alto da dinâmica em grupo foi a abordagem das relações entre tópicos como administração, gestão e política.
À tarde, durante a palestra proferida por Eliseu Neto e o Monge Dada Jinanananda, foram tratadas questões como sexualidade e religiosidade. O coordenador do PPS Diversidade ressaltou a importância dos respeitos às diferenças. “Primeiro, não é opção sexual, mas orientação sexual. Ninguém escolhe ser gay, ser trans, ninguém escolhe sofrer em um país ainda tão avesso às diferenças, por isso temos de estar atentos até a linguagem no combate a homofobia”, alertou Eliseu Neto.
O Monge Dada Jinanananda, ao tratar do tema religião, destacou que “ninguém deve julgar o Deus de ninguém. Deus, seja lá como você O chame, é a base de cada pessoa, é o que sustenta cada um de nós, por isso devemos sempre respeitar às diferenças religiosas.” Após a palestra, Jinanananda ensinou aos jovens noções de técnicas de meditação.
Finalizando as atividades do segundo dia do II Encontro, os jovens assistiram o filme "Vidas Partidas". Em seguida, participaram de um debate sobre a violência contra a mulher com a atriz e cineasta Naura Schneider.
Nesta quinta (13/07), terceiro dia do evento, estão programadas aulas durante o período da manhã, com os seguintes temas: "A trajetória da modernização brasileira", com Hamilton Garcia e "Os desafios da mudança econômica na atualidade", com Everardo Maciel, consultor jurídico e ex-secretário da Receita Federal durante os governos FHC. À tarde, serão realizadas duas as palestras. A primeira terá o tema "O meio ambiente e a sociedade do futuro", com Sérgio Besserman. A mediação será de Hamilton Garcia. Em seguida, está prevista a palestra "Os jovens e o novo mundo do trabalho", com Cezar Vasquez, mediada por Everardo Maciel. As atividades do dia serão encerradas com uma apresentação musical de Anna Aggio.
A FAP transmitirá as palestras ao vivo em sua página no Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação desta quinta-feira (13/07), terceiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
06h30 | Alvorada |
7h-8h | Café da manhã |
8h30-10h15 | Aula 3 - salão 1 - grupo B. Tema: A trajetória da modernização brasileira (Hamilton Garcia) (Ao Vivo) Aula 4 - salão 2 - grupo A. Tema: Os desafios da mudança econômica na atualidade (Everardo Maciel) (Ao Vivo) |
10H30-12H30 | Aula 4 - salão 1 - grupo B (Ao Vivo) Aula 3 - salão 2 - grupo A (Ao Vivo) |
13H | Almoço |
15:00/16:45h | PALESTRA: O meio ambiente e a sociedade do futuro – Sérgio Besserman Mediador: Hamilton Garcia (Ao Vivo) |
17h-18h40 | PALESTRA: Os jovens e o novo mundo do trabalho (Cezar Vasquez) Mediador: Everardo Maciel (Ao Vivo) |
19H | Jantar |
20H | Performance musical de Anna Aggio |
Roberto Freire: 'A base governista está mais aguerrida'
Amanda Almeida | O Globo
Michel Temer fica ou cai?
– O termômetro está muito mais difícil de ser aferido do que no processo do impeachment. Porque, naquele caso, havia um componente: povo na rua. Hoje, pode haver rejeição alta, mas não há manifestação. Além disso, a base governista está muito mais aguerrida.
A saída do presidente vai gerar instabilidade?
– Não. Se for vitorioso o afastamento, a transição continua. Até porque Rodrigo Maia é base do processo do impeachment e da transição, homem de confiança da base governista.
E qual a sua posição e a do PPS?
– A maioria da bancada é favorável à aceitação da denúncia. Respeitaremos todo e qualquer voto diferente. Não quero falar ainda minha posição. Qualquer que seja a decisão, o PPS continuará a apoiar a transição até 2018 nos termos da Constituição e a favor da reforma.
Busca da convergência nas divergências é destaque na abertura do II Encontro
Com mais 100 participantes de todo o Brasil, evento destaca ações de imersão política, dinâmicas de grupo para trabalho em equipe e exercícios de liderança
Germano Martiniano
O II Encontro de Jovens Lideranças, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, foi aberto oficialmente nesta terça-feira (11/07), às 11h, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ). Raquel Dias, coordenadora do PPS Igualdade e Diversidade; Terezinha Lelis, coordenadora do evento e Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da Fundação, compuseram a mesa oficial de abertura do evento.
Todos destacaram, nos discursos de abertura do II Encontro, a diversidade cultural existente no evento, uma vez que mais de 100 jovens de todo o Brasil estão presentes. “É preciso encontrar convergência dentro das divergências, por isso a importância do encontro”, ressaltou Azedo.
À tarde, foi realizada uma atividade grupal para que todos participantes pudessem se apresentar e se conhecerem melhor. Nela, feita ao ar livre, os participantes formaram grupos e, em seguida, apresentaram-se a todos os participantes. A apresentação poderia ser feita de forma teatral, musical ou comum, de acordo com o estilo de cada grupo. “Foi uma ação que fez com que os jovens se conhecessem de forma descontraída”, disse Terezinha, que coordenou a atividade.
O fechamento das atividades programadas para esta terça-feira foi realizado por Cláudio Manuel, do Casseta & Planeta, durante sua palestra. Com irreverência, o humorista se aprofundou em temas bastantes complexos da vida política brasileira. Questionado durante a palestra se era a favor das reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo governo Temer, e atualmente em curso no Congresso Nacional, ele avalia que “são temas que merecem ser tratados pelo Congresso. Não podemos negar que existem milhões de desempregados e, muitos deles, por conta das mudanças das relações de trabalho." Sobre a previdência, Cláudio Manuel considera que "é evidente que a população brasileira está envelhecendo e isso afeta a todos."
A programação do II Encontro de Jovens Lideranças prossegue nesta quarta-feira (12), na Colônia Kinderland, com aulas pela manhã: o professor Cláudio Vitorino tratará a temática "Ação Coletiva, associativa e partidária" e o professor Marcus Vinicius Oliveira, por sua vez, debaterá o tema "Política e democracia no mundo contemporâneo". À tarde, o ativista LGBT Eliseu Neto e o monge Dada Jinanananda, abordam, ainda, o tema "Democracia da inclusão - reconhecer diferenças para garantir direitos" na palestra programada para as 15h.
A FAP transmitirá as palestras ao vivo em sua página Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação desta quarta-feira (12/07), segundo dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
06h30 | Alvorada |
7h-8h | Café da manhã |
8h30-10h15 | Aula 1 - salão 1 - grupo A. Tema Ação coletiva, associativa e partidária (Cláudio Vitorino) Aula 2 - salão 2 - grupo B. Tema: Política e democracia no mundo contemporâneo (Marcus Vinicius Oliveira)) |
10H30-12H30 | Aula 2 - salão 1 - grupo A. Aula 1 - salão 2 - grupo B. |
13H | Almoço |
15:00/16:45h | PALESTRA : Democracia da inclusão - reconhecer diferenças para garantir direitos (Eliseu Neto e Monge Dada Jinanananda) – Mediador: Claudio Vitorino salão 1 (AO VIVO) |
17h-18h | Dinâmica de grupo - Pátio Interno – Meditação |
19H | Jantar |
20H | Sessão Pipoca : Vidas Partidas e debate com a atriz e cineasta Naura Schneider. |