PPS
FAP e PPS realizam a Conferência Nacional "A Nova Agenda do Brasil"
Objetivo da Conferência é elaborar uma proposta que seja condizente com as mudanças que estão ocorrendo no mundo e nosso país, informa o diretor geral da FAP, Luiz Carlos Azedo
Por Germano Martiniano
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em parceria com o Partido Popular Socialista (PPS) realiza, no próximo dia 23, em São Paulo, a Conferência Nacional "A Nova Agenda do Brasil", que tem o objetivo de aprofundar o debate sobre os assuntos tratados no ciclo de seminários realizado pela FAP neste ano: o primeiro, no Rio de Janeiro, teve o tema "Novo pacto entre o estado e a sociedade brasileira"; o segundo, em São Paulo, "O Brasil no mundo em transformações"; e o terceiro, em Brasília, com o tema "Desenvolvimento Sustentável e Inclusão Social". O evento será realizado no Hotel Meliá Ibirapuera (Avenida Ibirapuera, 2534),com abertura às 10h.
“Nosso objetivo nessa Conferência é elaborar uma proposta que seja condizente com as mudanças que estão ocorrendo no mundo e nosso país”, informa Luiz Carlos Azedo, jornalista e diretor geral da FAP. Para Azedo, o evento terá, como perspectiva, o futuro: “o passado é importante para os diagnósticos, para saber de onde viemos, mas precisamos olhar para o futuro”, completa.
O senador (PPS-DF) e presidente do Conselho Curador da Fundação, Cristovam Buarque, também ressaltou a importância do evento. "Claro que a Conferência é importante para o PPS e para FAP. Mas, acima de tudo, para o país, trazendo coesão para o Brasil de hoje que está se fragmentando e se dispersando”, avalia. Além de coesão, o senador apontou a necessidade de um rumo para o país. "No momento em que tudo está se modificando, a economia baseada no conhecimento, a produção limitada pelo meio-ambiente, o Brasil carece, desesperadamente, de uma proposta que traga coesão e rumo e o PPS é o partido mais preparado para trazer isso”, concluiu Cristovam.
O deputado federal Roberto Freire (PPS-SP), presidente nacional do PPS, apontou a necessidade do Partido debater as grandes transformações que estão ocorrendo no Brasil e no mundo. Para Freire, “as mudanças que estão ocorrendo carecem do seu 'aggiornamento' e nada melhor do que a FAP para ser instrumento desse debate teórico com a intelectualidade brasileira, por meio da Conferência Nacional”.
Confira o convite de Luiz Carlos Azedo:
https://www.youtube.com/watch?v=cqY3c2dp3mE&feature=youtu.be
Confira a programação do evento:
Seminário realizado pela FAP discute o papel do Estado na sociedade atual
O ponto de encontro entre a “mesa” e a maioria dos participantes do evento foi que o Estado brasileiro deve se modernizar, rompendo com ideias estatizantes
Por Germano Martiniano
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) realizou no Rio de Janeiro, neste sábado (24), no hotel Windsor Flórida, o seminário “Novo pacto entre estado e a sociedade brasileira”. O evento na capital fluminense foi o primeiro de uma série de três que objetivam formular propostas políticas para o Congresso Nacional do PPS no final do próximo mês de março.
Os próximos seminários serão realizados em São Paulo, no dia 3 de março e, em Brasilia, em 10 de março, com os seguintes temas, respectivamente: “O Brasil em um mundo em transformação” e “Desenvolvimento sustentável e inclusão social”. Ambos terão transmissão ao vivo pelo perfil da FAP no Facebook: http://www.facebook.com/facefap.
Debate
O evento deste sábado teve na mesa principal a socióloga Maria Alice Rezende, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, o economista, Sérgio Buarque, e o coordenador temático do seminário, Caetano Araújo. A discussão girou em torno do papel do estado brasileiro mediante a todos os problemas e mudanças que enfrentamos atualmente.
O ponto de encontro entre a “mesa” e a maioria dos participantes do evento foi, de acordo com Luiz Carlos Azedo, diretor geral da FAP, de que o “Estado brasileiro deve se modernizar, rompendo com ideias estatizantes, com o nacional-desenvolvimentismo, apostando no cosmopolitismo, na globalização e, na compreensão, de que o público não é sinônimo de estatal”.
Além disso, muito se discutiu que o Estado deve se voltar mais para os problemas emergenciais como saúde, educação e segurança e para isso as privatizações a reformas, como a da previdência, são essenciais para reduzir os custos da maquina estatal e assim poder investir nas áreas mais essenciais à população brasileira.
https://youtu.be/qcKo4kua47U
Hamilton Garcia de Lima: O impasse programático e o desafio da esquerda democrática – reflexões para o 19º Congresso do PPS
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http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/wp-content/uploads/2018/02/reflexoes_pps_2018.pdf
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Roberto Freire: Centro democrático terá candidatura competitiva na eleição de outubro
O chamado “centro democrático” terá uma ou mais candidaturas fortes e competitivas para disputar a Presidência da República nas eleições de outubro deste ano. A avaliação é do deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, que participou na noite da última segunda-feira (5) do Jornal Grande ABC Notícias, exibido ao vivo pela TV Grande ABC.
Em entrevista, por telefone, ao jornalista Leandro Amaral, o parlamentar disse que o cenário eleitoral ainda está indefinido a pouco mais de oito meses do 1º turno do pleito. “O cenário para as eleições de outubro não está nada definido. Só há uma definição: Lula é ficha suja e não vai disputar a eleição. Mas o resto ainda está muito indefinido”, afirmou o deputado. “O que é certo é que o centro democrático, as forças democráticas, começam a delinear candidaturas viáveis e com muitas chances de ser vitoriosas.”
Durante o programa, Freire falou sobre as conversas entre o PPS e os movimentos cívicos, entre os quais o Agora! – do qual faz parte o apresentador de TV Luciano Huck, um dos nomes cotados como possível candidato ao Palácio do Planalto. “Tive um contato com ele exatamente em função do processo de integração entre o PPS e movimento Agora, do qual ele faz parte. Ele está muito entusiasmado com isso. Conversamos sobre esse processo que está em curso”, contou.
Questionado sobre a chance de Huck se filiar ao PPS para disputar a eleição, Freire disse que ainda não é possível saber ao certo o que acontecerá. “Eu diria que [a possibilidade] ainda é muito baixa. Eu espero que cresça. Não sei dizer. Até porque ele até já tinha decidido que não seria candidato. Mas as pesquisas tiveram impacto nisso, com a presença do Huck com altos índices de intenção de voto. Acredito que ele deve estar pensando, mas essa é uma decisão muito solitária”, afirmou o parlamentar.
Em relação aos números obtidos por Huck nas pesquisas, Freire destacou o bom desempenho do apresentador. “Ele é uma pessoa que tem um conhecimento muito grande e é particularmente forte em setores da sociedade brasileira de menor renda, os setores mais populares. É a grande maioria do eleitorado brasileiro. Isso dá uma certa condição que o credencia a ter um protagonismo. Temos de aguardar para saber se isso se mantém”, avalia.
O presidente do PPS também elogiou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), outro pré-candidato à Presidência da República e que pode vir a ter o apoio do partido na eleição. “Há um outro candidato muito simpático ao PPS, e muito próximo a nós, que é o governador Geraldo Alckmin. Temos o governador em alta conta. Um grande político, um grande administrador e pode ser um grande presidente. Vamos aguardar o desenrolar do processo para saber como isso vai caminhar.”
Freire também foi perguntado sobre a hipótese de o PPS apoiar a candidatura do vice-governador Márcio França (PSB) ao governo do Estado. “Eu estive com Márcio em São Vicente em um evento teatral que saúda o aniversário da cidade [Encenação de Fundação da Vila de São Vicente, no fim de janeiro], que é algo muito significativo. Conversamos um pouco. A possibilidade de o PPS apoiá-lo vem sendo discutida pelo Diretório Estadual do PPS-SP”, disse o deputado. “Não temos ainda muita clareza de como estará o PSDB nessa questão da sucessão do governador Geraldo Alckmin. Todas as forças que apoiam o governo do PSDB estão em certo compasso de espera.”
Movimentos
Na entrevista ao Jornal Grande ABC Notícias, Roberto Freire manifestou seu entusiasmo com as discussões sobre a integração de alguns movimentos cívicos ao PPS. “É um processo não apenas da política brasileira, mas da nossa própria renovação como partido. Estamos pensando e trabalhando para que esses movimentos mantenham a autonomia, mas ao mesmo tempo participem da discussão da política que o PPS vai adotar”, afirmou.
“Eles vão participar ao máximo possível. Estamos abertos para que eles contribuam para a formulação política que o PPS precisa fazer para a sociedade brasileira”, prosseguiu o presidente do partido.
Previdência
Na parte final da entrevista, o deputado comentou o esforço do governo federal pela aprovação da reforma da Previdência, que pode ser colocada em votação na Câmara no próximo dia 19 de fevereiro.
“É muito difícil ficar imaginar quando se chegará ao número de 308 votos. Há uma certa dificuldade. Não é fácil aprovar uma emenda constitucional, muito menos algo que provoca conflito de ideias e movimenta toda a sociedade”, reconheceu Freire.
O parlamentar reiterou sua posição favorável ao texto, cuja relatoria é do deputado Arthur Maia (PPS-BA). “O PPS fechou questão a favor da reforma da Previdência. Costumo dizer que votei a favor da reforma nos governos de FHC, Lula e Dilma. É uma reforma necessária ao Estado brasileiro. Não é um problema de governo.”
Por Fábio Matos, Assessoria do Parlamentar
Roberto Freire: O futuro é agora
Em um ano decisivo que definirá os rumos do Brasil após a transição iniciada com o impeachment, é inegável que o país passa por um momento crucial. Depois de superarmos a mais aguda recessão econômica de nossa história republicana, um desastroso legado deixado pelo lulopetismo, e ainda enfrentando os desdobramentos de uma profunda crise moral e do descrédito generalizado da população em relação à política, é importante que todos aqueles que têm compromisso e responsabilidade com o país estejam dispostos a dialogar e estabelecer pontes com a sociedade civil, representada por uma série de movimentos cívicos cada vez mais atuantes.
Em um mundo marcado por um inevitável e revolucionário processo de transformação, não é das tarefas mais simples para as forças políticas e agremiações partidárias se adaptarem a essa nova realidade. Instituições datadas do período da Revolução Industrial, ainda no século XIX, os partidos políticos hoje têm enorme dificuldade de se estabelecer nas sociedades plenamente interconectadas em rede. A degradação moral e a corrupção desenfreada que caracterizaram os 13 anos de governos do PT, com Lula e Dilma, só agravaram esse quadro. Há uma total desconexão e um claro descompasso entre representantes e representados e, também por isso, é fundamental que os agentes políticos façam uma autocrítica e se abram, verdadeiramente, aos movimentos que, oriundos da sociedade civil, pretendem participar de uma renovação do processo político.
Nesse sentido, o PPS, que historicamente sempre defendeu uma nova formação política, tem consciência de que os partidos já não conseguem vocalizar as demandas sociais com a agilidade necessária. Nos últimos meses, abrimos um amplo, generoso e produtivo diálogo com movimentos de vários matizes – diferentes entre si, mas dispostos a ingressar na política e viabilizar uma nova forma de representação. Não sabemos qual será o destino dos partidos no curto ou médio prazo, mas é muito provável – quase uma certeza – que eles não mais existirão, da forma como se colocam hoje, em um futuro que se anuncia mais próximo do que imaginávamos. A ideia do partido-movimento é uma tese cada vez mais presente e já um dado da realidade em sociedades mais abertas e avançadas. É algo que pode começar a ser construído também no Brasil.
Neste início de ano, o PPS realizou encontros com algumas dessas organizações e movimentos cívicos, entre os quais Agora!, Livres, Acredito, Renova Brasil, Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), Frente pela Renovação, Vem pra Rua e Roda Democrática, justamente com o objetivo de estreitar laços e promover ações conjuntas. Tenho participado ativamente dessas conversas, ao lado de outras lideranças do nosso partido, como os deputados federais Arnaldo Jardim (SP) e Rubens Bueno (PR), o deputado estadual Davi Zaia (SP), o presidente do Diretório Municipal do PPS de São Paulo, Carlos Fernandes; o diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), Luiz Carlos Azedo; o secretário-geral do PPS, Wober Júnior; o secretário-nacional de comunicação do PPS, Adão Cândido; o secretário de comunicação do PPS de São Paulo e editor do Blog do PPS-SP, Maurício Huertas, entre outros. Tem sido uma troca interessante que nos permite aprender com os movimentos e, de certa forma, transmitir aos mais jovens um pouco de nossa longa vivência na vida pública.
As conversas com esses grupos estão adiantadas, em especial com o Agora!, e o PPS já manifestou sua intenção de receber vários desses jovens como filiados para, eventualmente, se candidatarem nas próximas eleições. Saliente-se, aliás, que um dos integrantes e principais líderes do Agora! é Luciano Huck, que tem se mostrado disposto a contribuir ainda mais intensamente com as discussões sobre os problemas e desafios do Brasil. Caso a entrada dos movimentos se confirme, é importante ressaltar que todos eles terão autonomia e, inclusive, ajudarão na tomada de decisões do partido, trazendo contribuições, participando dos debates sobre questões políticas e atuando de forma concreta e eficaz.
A revolução social e de comportamento que o mundo experimenta é uma realidade contra a qual não se pode lutar. Tal processo envolve não apenas o avanço das novas tecnologias ou das ferramentas de comunicação, mas constitui, fundamentalmente, uma transformação radical na forma como nos relacionamos uns com os outros. Este novo mundo nos afeta a todos, em todos os segmentos de atividade, proporcionando o surgimento de novas instituições e organizações que substituirão as velhas estruturas. Diante desse cenário, é fundamental que tenhamos uma visão conectada com o futuro e abdiquemos de vícios e valores ultrapassados de um mundo que ficou para trás e não mais voltará.
Por tudo isso, o PPS entende a necessidade e a urgência de interpretarmos todo esse processo de transformação e estabelecermos um canal direto de comunicação com os novos atores políticos e sociais – por meio das redes e rodas democráticas e dos mais diversos movimentos da cidadania. Só assim tornaremos possível a renovação política tão esperada pela sociedade brasileira. Estamos abertos ao novo. Temos, afinal, um encontro marcado com o futuro. E o futuro é agora.
Nova Agenda do Brasil: FAP vai promover palestras e conferências no 1º trimestre de 2018
Fundação Astrojildo Pereira tem uma programação intensa de atividades para este primeiro trimestre de 2018
No dia 23 de março, por exemplo, antecipando o Congresso Nacional do PPS no fim de semana de 24 e 25 de março, no Hotel Meliá Ibirapuera (Av. Ibirapuera, 2534 – Moema), em São Paulo, será realizada a Conferência “Nova Agenda do Brasil”, com três grupos de debates:
Grupo A – O novo pacto entre o Estado e a sociedade;
Grupo B – O Brasil no mundo em transformação;
Grupo C – Desenvolvimento sustentável e inclusão social;
Cada grupo terá a palestra de um especialista convidado para introduzir a discussão e produzir um documento sobre o tema abordado. Antecipando o trabalho desses grupos, serão promovidos três seminários preparatórios com especialistas nos respectivos temas, nos dias 24 de fevereiro (Rio de Janeiro), 3 de março (São Paulo) e 10 de março (Brasília), que serão oportunamente divulgados.
FAP
A FAP é uma instituição aberta para análise, estudos e debates das complexas questões da atualidade, acessível a todo e qualquer cidadão. Tem como principal objetivo difundir os ideais democráticos e os princípios republicanos, a liberdade, a igualdade de oportunidades, a cidadania plena e a justiça social, mas sem ações eleitorais nem panfletárias.
Para tanto, realiza uma série de publicações e atividades no meio político, acadêmico e cultural, inclusive com um canal exclusivo na internet, a TVFAP.net, que exibe o #ProgramaDiferente.
Nexo: O que é o PPS, partido que quer filiar Luciano Huck para disputar o Planalto
Antes aliada do PT e hoje próxima dos tucanos, legenda faz acenos ao apresentador de TV para tê-lo como candidato à Presidência em 2018
Lilian Venturini / Nexo
Presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire tem escrito mensagens em seu perfil no Facebook ora aos feitos do governador paulista Geraldo Alckmin, tucano de quem é aliado, ora aos “novos movimentos” da política, grupo em que insere o apresentador da TV Globo Luciano Huck.
Alckmin e Huck têm planos políticos nacionais. Em comum, apresentam-se como figuras intermediárias entre outras duas candidaturas já apresentadas: a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que depende do desenrolar de seus processos na Justiça para saber se poderá se candidatar, e a do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
A diferença entre Alckmin e Huck é que, enquanto o governador se coloca mais claramente como candidato ao Planalto e tem um partido definido, o PSDB, o apresentador de TV ainda é uma incógnita — tanto quanto a sua candidatura quanto ao partido que escolherá, caso decida disputar a eleição. O PPS de Freire, que desde 2002 não lança candidato próprio ao Palácio do Planalto, simpatiza com ambos.
Alckmin é a opção mais forte dentro do PSDB no momento. O PPS é próximo dos tucanos. Tem longa trajetória de união e de alianças em eleições presidenciais, estaduais e municipais. Ao governador, Freire tece elogios. Já Huck surge em meio ao desgaste da classe política tradicional em tempos de Lava Jato. A ele, Freire diz que o PPS está de “portas abertas”
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Do ‘Partidão’ ao discurso da ‘terceira via’
O Partido Popular Socialista foi fundado em 1992 num processo de refundação do Partido Comunista Brasileiro, que desejava mudar e se adaptar ao contexto político pós-Guerra Fria. A mudança ocorreu durante o 10º Congresso do PCB, liderado por Roberto Freire, para quem o fim do bloco soviético apontava para a queda do comunismo e para a necessidade de rever conceitos.
Uma parte do PCB não acompanhou Freire e fundou um novo partido, mantendo o nome PCB. Adiante com o PPS, a legenda procurou conciliar a defesa do combate à pobreza ocupando um lugar numa chamada “terceira via”, buscando um espaço entre a polarização entre PT e PSDB. Na prática, porém, sempre esteve à sombra, ora de um, ora de outro.
O PPS diz ter os seguintes valores:
• Implantação do parlamentarismo, sistema de governo defendido no plebiscito realizado em 1993 – derrotado pelo presidencialismo
• Redução da pobreza
• Reforma “democrática do Estado”, a fim de acabar com privilégios (tributação sobre dividendos, por exemplo)
• Coexistência entre público e privado
Desde 2013, a legenda por duas vezes buscou a fusão com outros partidos, sem sucesso. A primeira tentativa foi com o PMN, que daria origem ao Mobilização Democrática. A segunda, entre 2014 e 2015, buscou o PSB, PHS e PEN, este que agora negocia a candidatura de Jair Bolsonaro sob nome de Patriotas.
Entre oposição, base e ‘linha auxiliar’ do PSDB
O PPS teve candidato próprio nas eleições presidenciais de 1998 e 2002, nas duas com o ex-governador cearense Ciro Gomes, atualmente no PDT, legenda pela qual deve ser candidato em 2018. Fora do Planalto, o PPS teve momentos de proximidade com o PT, mas esteve mais próximo dos tucanos, cuja relação rendeu à legenda a alcunha de “linha auxiliar” do PSDB.
Depois de apoiar o início do primeiro mandato de Lula na Presidência, em 2003, o partido de Freire foi para a oposição. Nas eleições de 2006 e 2010, o PPS apoiou candidaturas tucanas (Alckmin e José Serra, respectivamente). Em 2014, a legenda ficou ao lado de Marina Silva (Rede) e no segundo turno declarou apoio ao senador Aécio Neves (PSDB), derrotado por Dilma Rousseff (PT).
No Congresso o partido é representado por 9 (entre 513) deputados e 1 senador (de um total de 81), Cristovam Buarque (DF), um ex-petista. Atualmente, o PPS declara-se como independente, após abandonar a base aliada do governo Michel Temer em maio, mês em que surgiram as denúncias contra o presidente no caso JBS. À época, Freire era ministro da Cultura e deixou o cargo em razão das acusações.
O PPS e o Planalto
NO GOVERNO COLLOR
O partido defendeu o impeachment do presidente Fernando Collor e foi aliado de Itamar Franco, que assumiu a Presidência em 1992. Em 2009, Itamar filiou-se ao PPS, pelo qual foi eleito senador por Minas Gerais em 2010.
NO GOVERNO FHC
Inicialmente na oposição, o PPS era crítico a Fernando Henrique, mas apoiava o Plano Real – lançado no fim do governo Itamar, mas base para a eleição do tucano em 1994. No segundo mandato, o PPS se aproximou do Planalto, integrando o governo ao assumir o Ministério do Desenvolvimento Agrário – no momento do auge dos protestos do MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) pelo país. Na fase final da gestão, o PPS se afastou novamente do PSDB.
NOS GOVERNOS LULA E DILMA
O partido fez parte da base do primeiro mandato da gestão Lula (2003-2010), mas somente até 2004. Por entender que Lula abandonou propostas de reformas prometidas, o PPS rompeu com o PT e tornou-se oposição, unindo-se ao DEM (então PFL) e ao PSDB. O grupo permaneceu unido durante a gestão Dilma (2011-2016) e, com ele, o PPS apoiou o impeachment da petista.
NO GOVERNO TEMER
O PPS aderiu ao governo, mas deixou a base aliada depois do escândalo da JBS. O partido classificava o governo Michel Temer como um processo de “transição” e de articulação para as reformas da Previdência e trabalhista, entendidas como “essenciais” para enfrentar a crise econômica. “A agenda Temer tem um aspecto progressista, que justifica o apoio e a participação da esquerda e do PPS no seu governo”, diz o PPS em documento redigido para o 19º Congresso Nacional da sigla, a ser realizado em dezembro.
Para 2018, PPS explora discurso de ‘centro’
Na articulação para definir qual o papel do partido nas eleições 2018, o PPS tenta se consolidar num discurso que busca um meio do caminho entre as candidaturas de Lula e Bolsonaro, que na definição da legenda representam setores extremistas da esquerda e da direita, respectivamente. Trata-se de um discurso recorrente no momento. Boa parte de quem se apresenta para a disputa se diz de “centro”.
Nas palavras da legenda, o “fracasso sucessivo” do PT e do PSDB em representar o centro “abre espaço para uma atuação mais incisiva do PPS nesse rumo”. Desde que o nome de Luciano Huck foi se consolidando como opção para 2018, o partido, e mais especificamente Freire, passou a enfatizar a importância da renovação e da abertura para “novos movimentos” da sociedade civil.
Qual a situação de Luciano Huck
Huck não é filiado a nenhum partido. Oficialmente, ele apenas confirma seu desejo e interesse em participar do processo de “renovação política”, sem dizer como. Nos bastidores, reportagens dão conta de encontros entre o apresentador e economistas, empresários e de movimentos como o Agora! e o RenovaBR, grupos que também levantam a bandeira da renovação e da formação de novos quadros.
Eugênio Bucci: Todo o poder às celebridades?
Enquanto Luciano Huck avalia o risco, o Brasil sonha com um astro que purifique a política
“O espetáculo é a outra face do dinheiro: o equivalente geral abstrato de todas as mercadorias”
Guy Debord, em A Sociedade do Espetáculo
À medida que se adensam as especulações em torno do nome do apresentador Luciano Huck para eventual candidatura à Presidência da República, as reações de políticos atestam que eles não entenderam nada. O sintoma que mais chamou a atenção foi a declaração do senador Aécio Neves. “Acho que é um pouco da falência da política”, diagnosticou o tucano. “É um pouco do momento de desgaste generalizado pelo qual passa a política.”
Não deixa de ser um alívio saber que o líder mineiro se preocupa de modo tão altruísta com assuntos falimentares e desgastes generalizados, mas sua declaração traduz, ainda que inadvertidamente, um preconceito arrogante. Por que, afinal, as pretensões eleitorais de um ídolo televisivo indicariam que a política “faliu”? Em que ponto a candidatura de um animador de auditório – de resto, muito rico – é pior do que a candidatura de uns e outros que ficaram bilionários com salário de deputado? Um garoto-propaganda de banco não tem o direito de, como dizem nos rincões mineiros, “entrar para a política”? Acaso estaria menos preparado que um fazendeiro, um sindicalista, um pastor evangélico ou ex-governador, como sugere a fala de Aécio?
Houve tempo em que as famílias de respeito – de Belo Horizonte, inclusive – empinavam o queixo e franziam os lábios quando ouviam falar que uma amiga da sobrinha pretendia seguir a profissão de atriz. Era um preconceito arrogante. Agora, desqualificar de antemão a competência de astros vespertinos como se eles não fossem dignos de pedir votos é uma forma de reabilitar o velho preconceito. Numa democracia, todos os cidadãos são elegíveis, incluídos os que ganham a vida diante das câmeras – e estes não são em nada piores do que os que ganham a vida de maneiras ocultas e depois passam longas temporadas fugindo das câmeras.
Muitos políticos de carreira subscrevem o que Aécio declarou sobre Huck. Uns o fazem à boca pequena, com aquele modo característico de cochichar usando a mão para cobrir a boca e, assim, evitar o risco tenebroso da leitura labial. Outros se pronunciam aos berros, do alto de palanques. Não estão nem aí.
Além de não entenderem que todos os cidadãos podem ser candidatos, pois são iguais perante a lei e as urnas, os “de carreira” não entendem que o advento das celebridades e da indústria do entretenimento modificou a política para sempre. A política não é mais o que era no tempo de seus avós.
A incompreensão crônica e inamovível é chocante. Como podem ser tão obtusos? Os políticos profissionais cuidam da aparência como se fossem atrizes na terceira idade: fazem implante de cabelo, buscam a ortodontia estética para calibrar o sorriso, tingem o bigode, usam botox, fazem media training quando vão aparecer na TV. Os de direita, quando querem fazer pose de populares, mastigam sanduíches de mortadela e falam palavrão no tête-à-tête com os eleitores. Os de esquerda, quando precisam parecer confiáveis aos endinheirados, envergam as gravatas caras que ganham de presente dos lobistas – e logo se acostumam. Uns e outros passam as 24 horas do dia empenhados em burilar a própria imagem. Só pensam na imagem. São narcisos a soldo público. Sendo assim, como é que não entenderam nada?
Tudo o que desejam é ser celebridade, mas não sabem bem por quê. Os que pensam ter percebido alguma coisa tentam cooptar candidatos como Tiririca (ou mesmo Huck) para engordar quocientes eleitorais – mas também esses, que se imaginam feiticeiros maquiavélicos da popularidade alheia, são levados de arrasto por um maremoto que nem sequer enxergam.
A gramática do poder foi subsumida pelo espetáculo. Em poucas palavras (palavras andam em desuso), sua gramática se tece mais por imagens do que pelo texto. Seus enunciados são performances midiáticas. Kim Jong-un, com seu penteado boina, é um pop star. Trump saltou diretamente da fama de apresentador de TV para a Casa Branca, passando por uma escala meramente formal por um partido político. Arnold Schwarzenegger governou a Califórnia e Ronald Reagan governou os Estados Unidos da América. Berlusconi fez o que fez na Itália.
Por quê? Pela mesma razão que leva uma estrela de novela a ser ouvida como luminar quando opina sobre câncer de mama, energia nuclear ou o agigantamento das megalópoles. Vocalistas de bandas comerciais opinam para plateias planetárias e deslumbradas sobre ecologia e sustentabilidade. Uma top model pontifica sobre demarcação de terras indígenas. Um ex-jogador de futebol dá apoio a um ditador sul-americano – e esse apoio se confunde com legitimidade autêntica.
Como o dinheiro na economia, o espetáculo realizou a proeza de ser um equivalente geral no mundo da imagem: uma celebridade, venha ela de onde vier, ganha autoridade para ditar regra sobre qualquer tema que atraia o olhar das multidões. O espetáculo acentua o caráter de mercadoria nas candidaturas e infla um quê de sagrado nas mercadorias. De seu lado, as multidões histéricas veneram as celebridades como os gregos antigos veneravam os deuses do Olimpo. As celebridades são o politeísmo de um mundo sem divindades. Que elas postulem cargos eletivos, ora, nada mais lógico, nada mais mítico.
A política reduziu-se a um reality show, no qual até ministros do STF atuam, envaidecidos. Esse reality show atrai as celebridades do show business para depois incinerá-las. Elas chegam, brilham e viram pó. Vide um certo prefeito de metrópole que até outro dia era o “não político” mais estridente do Brasil: até ele, chamuscado, precisou fugir das câmeras.
Enquanto Luciano Huck avalia o risco, o Brasil sonha com um astro que purifique a política, em vez de ser queimado por ela. “Dinheiro na mão é vendaval.” O espetáculo é um apocalipse de fogo e fúria.
Que venha 2018.
* Eugênio Bucci é jornalista, professor da ECA-USP
Eliane Cantanhêde: Huck é para valer
Parecia brincadeira, mas candidatura Luciano Huck está virando coisa séria
Luciano Huck deve se filiar ao PPS até o dia 15 de dezembro, encerrando as dúvidas sobre sua intenção de se candidatar à Presidência da República em 2018. O que parecia brincadeira começa a ficar sério, num ambiente de polarização entre Lula e Bolsonaro e a ansiedade por uma opção de centro. Ele, porém, precisa mostrar que, além de celebridade, é capaz de assumir esse desafio monumental: não ainda o de ser presidente, mas o de meramente ser candidato.
O movimento Agora! lança Huck como “o novo”, o PPS disponibiliza a legenda e quadros de ponta, como Armínio Fraga, topam a parada, mas todos eles conscientes de que, se há alguma chance na empreitada, é atraindo intenções de voto nas pesquisas, simpatias em diferentes segmentos da sociedade e o apoio de um bom leque de partidos. Quatro letrinhas chaves são PSDB.
Passado o pior momento de disputa com João Doria no PSDB, Geraldo Alckmin terá pela frente o embate com Huck nas forças de centro. Alckmin é do ramo, do principal Estado e de um partido consolidado. É a “segurança”, o “político tradicional”. Huck é um homem de massas, conversa bem com “o povo”, vem de uma família de intelectuais e tem diplomas respeitáveis. É “o novo”, a expectativa.
Em pesquisas internas, Huck já passa dos 10%, graças à classes C e D e à sua audiência na TV. Agora, “é preciso vencer o preconceito”, diz o presidente do PPS, Roberto Freire, que tem longa carreira política, foi candidato à Presidência em 1989 e reconhece o quanto a classe média escolarizada torce o nariz para soluções, digamos, heterodoxas – apesar da exaustão com os políticos tradicionais.
A batalha contra o preconceito passa pela dissociação entre a pré-candidatura Huck e a do também apresentador Silvio Santos, lançada em 1989 para tentar barrar o meteoro Fernando Collor de Mello. Não custa lembrar que foi um voo de galinha: Collor venceu a eleição e os patrocinadores da aventura entraram para a história como “os três porquinhos”.
Huck não é um Silvio Santos e tem a USP no DNA. Formado em Direito e Jornalismo pela universidade, é filho de Hermes Marcelo Huck, Professor de Direito Internacional e Econômico, e de Marta Dora Grostein, professora de Arquitetura e Urbanismo. É também enteado do uspiano Andrea Calabi, ex-ministro interino do Planejamento, e ex-BB, Ipea e BNDES. Ah! E ex-secretário do governo Alckmin. Além disso, é casado com Angélica e irmão do cineasta Fernando Grostein.
Como arcabouço teórico e político, a candidatura Huck é “um projeto reformista”, quando a crise ética, política e econômica é uma faca de dois gumes: potencializa a ojeriza à política tradicional e aos partidos, ao mesmo tempo em que acende a vontade de participação, de renovação. Até por isso, o Agora! oferece bolsas para quem tem vocação e capacidade política em mais de dez Estados.
Freire lembra que a crise do sistema político não é exclusividade do Brasil e se produziu um Donald Trump nos EUA, Emmanuel Macron, eleito na França pelo En Marche!, criado meses antes como alternativa aos partidos tradicionais e replicado, por exemplo, na Itália (M 5 Estrelas) e na Espanha (Podemos). O importante, diz ele, ainda com ares de Dom Quixote, é usar o passado só como reflexão e mirar o futuro, com novas formas de representação política e conexão com as redes sociais para buscar “uma nova era de civilização, pós-sociedade industrial, mirando na ciência, na tecnologia, na inovação”.
Um projeto liberal? “Não. A defesa de uma economia de mercado, mas com profunda preocupação social”, responde. Soa como Social Democracia, mas a Social Democracia não está com o PSDB? Depende. Está, ou estava? A campanha vai dizer.
Ricardo Noblat: “Quero ser candidato a presidente da República”, diz Cristovam Buarque
O senhor é candidato a Presidente da República?
Cristovam: Quero ser. O momento exige que qualquer um de nós que está na política, e acha que tem o que dizer sobre o futuro do Brasil, ponha seu nome à disposição dos partidos. Ofereço o meu ao PPS.
Por que o senhor quer ser candidato?
Porque quando olho os candidatos que aí estão, não vejo nenhum deles refletir sobre duas coisas essenciais para o Brasil: o resgate da coesão nacional e a definição de um rumo de médio e longo prazo.
O senhor acha que terá o apoio do PPS?
Não sei ainda, mas vou tentar. Começo hoje.
O Presidente do seu partido, o deputado Roberto Freire (SP), disse que o senhor não tem voto para ser candidato à presidência da República.
Não vejo nenhum candidato que, hoje, tenha votos, salvo Lula e Bolsonaro que estão à frente das pesquisas. Os dois, que representam extremos, justificam a minha disposição para ser candidato. Bolsonaro tem saudades do autoritarismo. Lula, do populismo. São extremos antiquados, obsoletos.
Outro dia o senhor disse que não seria o João Doria de Roberto Freire...
Se Roberto for candidato a presidente pelo PPS, eu não serei. Ele tem uma cabeça moderna, pensa bem o país e acumula larga experiência política.
Mas a oposição dele ao seu nome não o inibe?
Não. Como posso desde já ter votos para presidente se é a primeira vez que digo com todas as letras que quero ser candidato? Fui candidato a presidente em 2006. Disputei com Lula no auge dele, com Geraldo Alckmin no auge do PSDB, e com Heloísa Helena no auge do charme da esquerda. Mesmo assim tive 2.5% dos votos.
O apresentador de televisão Luciano Huck pode entrar no PPS para ser candidato à sucessão de Temer.
A eventual entrada dele seria positiva para meu partido. Luciano goza de muita simpatia na opinião pública. Mas não estou convencido de que ele seria uma boa alternativa como candidato. Porque eu me pergunto: ‘Como seriam os primeiros dias de um governo Luciano Huck?’. O próximo presidente será o primeiro do terceiro centenário da nossa independência. Como que a gente vai construir uma economia eficiente? Uma educação eficiente e mais justa que não desperdice nenhum cérebro, nem de rico nem de pobre? O cérebro é o poço de petróleo do futuro. Não vejo ainda o Hulk apresentando propostas nesse sentido.
Como seriam os primeiros cem dias de um eventual governo do senhor?
O presidente e seus ministros devem ser os primeiros a dar bons exemplos. Um deles: austeridade. Ministros sem mordomias, comprometidos com o programa do governo, competentes. Presidente que não interfira no Banco Central, que logo comece a quebrar as amarras que dificultam os investimentos no Brasil. Presidente com prioridades sociais definidas - transferência de renda via o Bolsa Família, escolas de boa qualidade. Presidente que não seja demagogo. Que deixe claro que os principais problemas do país levarão mais de 20 anos para ser resolvidos.
A reforma da Previdência teria espaço no seu governo se ela não for feita antes ?
Lógico, quando nada por respeito à aritimética. Ainda não se descobriu como fazer dois mais dois virarem cinco. A Previdência quebrou.
Como seria sua relação com o Congresso?
Defendo que se faça um processo eleitoral plebiscitário. Não basta eleger um nome para presidente, mas um conjunto de propostas. Se for candidato como quero ser, apresentarei os primeiros decretos, os primeiros projetos de lei, as primeiras propostas da reforma da Constituição que assinaria se fosse eleito. Diante disso, acho que o futuro Congresso seria capaz, sim, de aprovar o que os eleitores já teriam aprovado antes.
E se não for candidato a presidente, concorrerá a mais um mandato de senador?
Pode até ser, mas isso, hoje, não está na minha cabeça. A presidência da República é que está.
Merval Pereira: O fator Huck
Luciano Huck já definiu o final de dezembro como a data-limite para anunciar a decisão de concorrer ou não à presidência da República. Ele aprofundou os contatos na quinta-feira com duas conversas na casa do economista Armínio Fraga. À tarde, acompanhado de Ilona Szabó, cofundadora do movimento Agora, e diretora do Instituto Igarapé, ONG que atua na segurança pública, reuniu-se com o presidente do PPS, Roberto Freire, e com o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
À noite, jantou com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, do PMDB, que foi sondado para ser vice-presidente em uma possível chapa com Huck, que precisaria de um político experiente para auxiliá-lo. Hartung disse que está disposto “a tudo”, e pode vir a fazer parte de um futuro governo também como Chefe do Gabinete Civil, dependendo das negociações.
Ele se declarou a Huck disposto a participar de um movimento que apoie um nome alternativo à polarização que no momento coloca Lula contra Bolsonaro no segundo turno, segundo as pesquisas de opinião. No encontro, Huck mostrou pesquisas eleitorais que revelam um grande potencial de votos, já se encontrando na faixa de dois dígitos em algumas simulações.
O governador Paulo Hartung disse que o importante no momento é reunir o maior número possível de pessoas que comunguem de posições políticas que possam mostrar um caminho pelo centro-liberal, em contraposição aos extremos da direita e da esquerda que, em sua opinião, “não são bons". “Ambos acreditam na força do Estado e que o governo pode fazer tudo. Apresentam bravatas e soluções simples para problemas complexos”, diz Hartung. O governador está convencido de que “não há solução simples para o Brasil", e acha que a próxima eleição presidencial é a última oportunidade para recolocar o país nos trilhos, pois “já erramos demais”.
O Movimento Agora, de que faz parte Huck, se define como “formado por um grupo diverso de gente realizadora, com perfil político e técnico, de vários setores da sociedade — somos servidores públicos, empreendedores, líderes empresariais, acadêmicos e ativistas. Nossos membros possuem experiência e reconhecimento em suas áreas de atuação, fruto de muito esforço e suor, e prezam pela integridade e pelo engajamento cívico".
“Estamos empenhados em reinventar a política no século XXI, com ações políticas consistentes com a sociedade contemporânea e construindo diálogos e parcerias entre múltiplos atores para melhorar políticas públicas e a vida das pessoas”.
O PPS já acertou em sua Executiva acolher os membros do movimento Agora, da mesma maneira que se dispôs a dar legenda ao grupo da ex-senadora Marina Silva para que ela pudesse se candidatar na eleição de 2014, o que acabou acontecendo pelo PSB.
No PPS ou em outro partido, Luciano Huck pode ser uma opção, se realmente entrar na disputa para a presidência da República, da parcela do PSDB que ficar alijada do partido se o grupo de Aécio Neves ganhar a disputa interna.
O senador Aécio Neves está se aproximando do PMDB, na tentativa de lançar um candidato a presidente, que provavelmente será o prefeito de São Paulo, João Doria. Mas não é desprezível a possibilidade de que, vencedor, o governador de Goiás Marconi Perillo, vire o candidato oficial do partido.
Nesse caso, o governador Geraldo Alckmin teria a possibilidade de entrar no PSB para disputar a presidência da República, deixando no governo seu vice Marcio França. Se Tasso Jereissati vencer a disputa pela presidência do partido em dezembro, o grupo de Aécio fica de fora e vai debandar para outras candidaturas, e o PSDB vai com Alckmin.
O que parece certo é que o PSDB tem chance reduzidíssima de se apresentar como um partido coeso nas próximas eleições. Se antes as disputas internas eram por espaço no poder, hoje o que separa suas alas são diferenças ideológicas e de postura política, impossíveis de serem superadas.
Como disse o senador Tasso Jereissati, repetindo dona Ruth Cardoso, que certa vez disse que “o PFL de Antonio Carlos Magalhães não é o meu PFL”, “esse PSDB não é o PSDB de Covas, Fernando Henrique e o meu”.
O Estado de S.Paulo: PPS abre as portas para candidatura de Huck
Apresentador participa de reuniões com a sigla, que deve filiar integrantes do Agora!
Gilberto Amendola
O apresentador de TV Luciano Huck participou nas últimas semanas de três reuniões com líderes do PPS para discutir cenários eleitorais e a entrada no partido de membros do movimento Agora! , do qual é participante. Os encontros trataram de eventual candidatura do próprio Huck. Pessoas que participaram das reuniões classificaram as conversas como “iniciais e promissoras”.
Embora o PPS pretenda divulgar sua posição em relação à sucessão do presidente Michel Temer apenas em março, durante sua convenção nacional, líderes do partido confiam na filiação do apresentador até o fim do ano.
Huck se reuniu nesta quinta-feira, 9, no Rio, na casa do economista Armínio Fraga, com o deputado federal e presidente do PPS, Roberto Freire, e o ministro da Defesa, Raul Jungmann. Outras reuniões com Freire ocorreram em São Paulo e Brasília.
Ao ser questionada pelo Estado, a assessoria de imprensa do apresentador divulgou nota na qual admite as conversas políticas. “Como já foi dito, neste momento Huck não é candidato. Porém, ele está fortemente ligado aos movimentos cívicos do Agora! e Renova. É natural estar conversando com todas as esferas políticas, inclusive com membros de partidos como o PPS. Uma posição pluripartidária. Ele tem muito respeito pelo Freire, Jungmann e Cristovam (Buarque)”.
O “flerte” de Huck com o PPS se deu por meio do Agora!, movimento formado por empresários, acadêmicos e profissionais liberais. Segundo o cientista político e coordenador do Agora!, Leandro Machado, Huck chegou até eles há cerca de um mês, por meio do irmão, o cineasta Fernando Gronstein, e tem participado de debates e reuniões, ouvindo e expondo ideias. “Ele se interessou por nosso projeto, que é o de um movimento cívico que pretende reinventar o jeito de fazer política, principalmente evitando essa polarização radical que tem prejudicado o Brasil.”
“O que existe de concreto é que membros do Agora! serão candidatos a deputado federal. Por outro lado, não tem nada definido sobre uma candidatura de Luciano Huck. Tampouco sei se ele realmente será candidato”, disse.
Machado confirmou que o Agora! tem dialogado com o PPS, mas disse que conversas também estão sendo realizadas com a Rede e o Livres (ex-PSL). O movimento discute internamente se vai lançar candidatos por um só partido ou distribuí-los por diversas legendas. PPS e Rede não negam conversas com o Agora! e outros movimentos. Já o Livres (ex-PSL) afirmou, em nota, que “não houve qualquer contato com Huck. No entanto, se ele for candidato, os dirigentes o consideram um bom quadro”.
Entrave. Embora as conversas com o PPS estejam avançando, existem entraves. O principal deles é a ligação de Freire com o governador de São Paulo e provável candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin. O presidente do PPS tem uma dívida política com Alckmin.
O governador “puxou” quatro deputados para o seu secretariado e, com isso, permitiu que Freire assumisse um mandato na Câmara. Ou seja, tudo caminhava, tranquilamente, para o PPS apoiar Alckmin em 2018. Além disso, uma parcela pequena do partido quer lançar o senador Cristovam Buarque (DF) como candidato a presidente.