Pollyana Gama
'Proposta de taxar livro é tragédia absurda', diz pesquisador da Unesp
Marcus Vinicius Oliveira vai participar de debate da Biblioteca Salomão Malina nesta terça-feira (27/7), às 20h
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
A polêmica proposta de taxação de livros pode aprofundar ainda mais o abismo social do país, que tem 11 milhões de brasileiros que não sabem ler nem escrever. A avaliação é do escritor e professor de história Marcus Vinícius Oliveira, de 30 anos. “Taxar os livros é uma tragédia absurda”, afirma, em entrevista ao portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.
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Mestre em história, pós-doutorando pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professor do ensino médio, Oliveira vai participar, na terça-feira (27/7), de webinar da Biblioteca Salomão Malina com o título “Somos todos escritores” para discutir a importância desses profissionais para o desenvolvimento do país.
O evento, que integra a comemoração do Dia do Escritor, celebrado no último domingo, será realizado em parceria com a FAP e terá transmissão em tempo real na página da biblioteca no Facebook. Os internautas também podem assistir ao evento no canal da entidade no Youtube e na página dela no Facebook.
“Alternativa impensável”
De acordo com o escritor, o país ainda tem que resistir à grande barreira do governo que pretende taxar os livros, conforme prevê a proposta da reforma tributária. “É uma alternativa impensável em qualquer país sério que queira aumentar o número de leitores”, ressalta o historiador.
O desafio se impõe ainda mais por causa da pandemia, que, assim como impactou em outras áreas do mercado, também atingiu o setor editorial. As vendas de e-book e audiolivro dispararam no Brasil em 2020. No entanto, por outro lado, em 15 anos, o mercado editorial encolheu 30%.
No ano passado, marcado pela pandemia do coronavírus, o mercado editorial sofreu o impacto do fechamento temporário de lojas físicas no país, faturando um total R$5,2 bilhões em 2020, o que significa um decréscimo de 8,8% em comparação a 2019.
Os dados foram apresentados em um dos recortes da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2020, realizada pela Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Por outro lado, o levantamento registrou crescimento expressivo das livrarias exclusivamente virtuais, que tiveram aumento de 84% na participação no faturamento das editoras, sendo responsáveis por movimentar R$923,4 milhões em 2020.
Parcerias
Além disso, também há casos de autores independentes que encontraram parcerias para publicar seus livros, como ocorreu no caso da obra “Palavras em liberdade”, produzida por jovens da periferia que se reúnem no grupo Slam-DéF. Ela foi editada, pela FAP, e lançada no dia 14 de julho. Na obra, os autores usam poesias para escancarar as dores, angústias, prazeres e resistências nas comunidades.
De acordo com o historiador, o papel do escritor é exatamente se aproximar de seus leitores. “Sempre entendo a leitura como um encontro. Se o autor escrever, mas não é lido, não existe a completude do que escreveu. Só existe escritor se houver leitor”, ressalta o historiador.
Na avaliação de Oliveira, que é autor de três livros, os escritores têm o desafio de quebrar a barreira da resistência à leitura. “Ainda temos no Brasil um público distante da leitura, pessoas que têm muito medo da leitura, no sentido de que o livro parece algo muito inacessível. Isso tem muito a ver com educação escolar, que impõe a obrigatoriedade do livro, muitas vezes difícil de ler, em linguagem sisuda”, ressalta.
Por outro lado, o aumento de e-books, por exemplo, possibilita crescimento da leitura entre os jovens, sobretudo. “Eu acho que a gente está melhorando neste ponto, por incrível que pareça. Tenho muitos alunos que leem livros infanto-juvenis por ser do interesse deles”, observa Oliveira.
Live: Somos todos escritores
Data: 27/7/2021
Transmissão: A partir das 20 horas
Onde: Portal da FAP e redes sociais da entidade (Facebook e Youtube) e da Biblioteca Salomão Malina (Facebook)
Realização: Biblioteca Salomão Malina, em parceria com a FAP
Para solicitar acesso à sala do Zoom, envie mensagem para o WhatsApp oficial da biblioteca – (61) 98401-5561. (Clique no número para abrir o WhatsApp Web).
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De mão no seio a homicídio: Mulheres debatem violência política de gênero em evento da FAP
Encontro on-line será realizado na quinta-feira (15/4), com transmissão ao vivo no site e nas redes sociais da fundação
Cleomar Almeida, Coordenador de Publicações da FAP
Assassinato, assédio sexual, ataques com declarações machistas, interrupção de falas em plenário e falta de apoio dos partidos são formas de violência política de gênero contra as quais as mulheres travam árdua batalha no Brasil.
O assunto será debatido, na próxima quinta-feira (15/4), em encontro on-line da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao Cidadania e sediada em Brasília. O evento será transmitido no portal e nas redes sociais da entidade, das 19h às 20h30 (veja mais detalhes ao final desta reportagem).
Confira o vídeo!
Sobram casos que exemplificam a guerra das mulheres na luta por direitos e respeito. Na última quinta-feira (8/4), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) voltou a fazer publicação machista em suas redes sociais, repetindo polêmicas contra deputadas na mesma linha de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Portadoras de vagina”
“Parece, mas não é a gaiola das loucas”, disse Eduardo, em apoio à declaração do deputado Eder Mauro (PSD-PA), feita durante sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. “São só as pessoas portadoras de vagina na CCJ sendo levadas a loucuras pelas verdades ditas”, continuou.
O colegiado da Secretaria Nacional de Mulheres do Cidadania, ao qual a FAP é vinculada, luta pela expulsão do deputado estadual de São Paulo Fernando Cury, do mesmo partido.
No dia 1º de abril, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou, por unanimidade, uma resolução que determina a perda temporária do mandato dele, por 180 dias, no processo em que a deputada Isa Penna (PSOL) o acusou de importunação sexual.
Cury foi flagrado por câmeras de segurança, em dezembro de 2020, passando a mão no seio da deputada Isa Penna (PSOL), durante sessão na Alesp.
Três anos depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) – socióloga, negra e LGBT –, os assassinos não foram condenados, e o caso ainda é cercado de dúvidas.
Violência contínua
“Mulheres sofrem assédio, ataques, agressões, de maneira geral, ao cumprir função política, tanto durante a campanha quanto durante o mandato”, destacou a educadora e secretária nacional de mulheres do Cidadania, Tereza Vitale.
A especialista em desenvolvimento institucional e conselheira da FAP, Juliet Matos, que também é secretária nacional de mulheres do Cidadania, ressaltou que “o caso de Marielle Franco é emblemático porque acabou em assassinato”.
Além disso, de acordo com Juliet, as declarações machistas de Eduardo Bolsonaro são um ataque direto ao Legislativo e à democracia. “O meio político é reflexo da sociedade. A gente vive numa estrutura patriarcal e machista. Meio político é reflexo dessa violência”, observou.
“As mulheres são eleitas e, às vezes, têm mais votos do que alguns desses homens que não deixam colocar posicionamento. São interrompidas em suas falas. A interrupção é um desrespeito cultural que vem de machismo histórico, que tenta insistir na ideia de que o lugar da mulher é dentro de casa”, afirmou Juliet.
De acordo com Tereza, a violência também começa dentro dos próprios partidos políticos, porque não estimulam a participação das mulheres na política. “Colocam as mulheres [nas disputas eleitorais], prometem mundos e fundos e, depois, largam durante a campanha”, criticou.
Partidos violam cotas
Desde o ano passado, a Emenda Constitucional (EC) nº 97/2017 vedou a celebração de coligações nas eleições proporcionais para a Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, assembleias legislativas e câmaras municipais.
Um dos principais reflexos da mudança no ato do pedido de registro de candidaturas à Justiça Eleitoral, especialmente porque, com o fim das coligações, cada partido deverá, individualmente, indicar o mínimo de 30% de mulheres filiadas para concorrer no pleito.
Nas últimas eleições, porém, os partidos brasileiros violaram a obrigação legal de destinar 5% da verba que recebem do Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, conhecido como Fundo Partidário, em programas que estimulem a presença de mulheres na política, de acordo com levantamento publicado pelo Estadão.
A regra foi desrespeitada em 67% das ocasiões, considerando quatro exercícios financeiros já julgados de 32 agremiações. Apenas os nanicos Democracia Cristã (antigo PSDC) e PSTU respeitaram a regra nos anos considerados.
Gravidade a ser combatida
Conselheira da FAP, gestora pública e ativista social, Raquel Dias afirmou que o mundo passa pelo desafio de se perceber com sua diversidade. “No Brasil, uma das grandes lutas pelo desenvolvimento social é a participação de mais mulheres em espaços decisórios de poder”, ressaltou.
De acordo com Raquel, a persistência da violência política de gênero é um grave fator a ser combatido. “A FAP dá um passo fundamental promovendo esse debate para nortear estratégias e caminhos que nos levem a enfrentar mais essa violência diária”, disse.
Confira, abaixo, a relação das participantes do evento online da FAP:
Tereza Vitalle: educadora, editora, secretária nacional de mulheres do Cidadania e se diz uma aprendiz do feminismo. Suas lutas centram-se na violência contra as mulheres e por mais mulheres na política;
Juliet Matos: acadêmica de gestão Pública, secretária nacional de mulheres do Cidadania, coordenadora regional do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos e conselheira da FAP;
Pollyana Gama: pedagoga, escritora, ex-vereadora, ex-deputada federal e mestre em desenvolvimento humano. É especialista em neurociência pelo Instituto Albert Einstein, educação sistêmica pelo Idesv e liderança para primeira infância pelo Insper & Center on the Developing Child Harvard University.
Teresa Sacchet: professora do Programa de Pós-graduação do Núcleo de Estudos Multidisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (UFBA);
Michelle Ferreti: mestre em Ciências Sociais e administradora pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Atua há mais de 20 anos em temas ligados a políticas públicas, direitos humanos e desenvolvimento sustentável. É uma das co-fundadoras e diretoras do Instituto Alziras, uma organização sem fins lucrativos comprometida em ampliar e fortalecer a presença de mulheres em toda sua diversidade na política brasileira
SERVIÇO
Evento: Violência Política de Gênero
Horário de transmissão: das 19h às 20h30
Onde assistir:
Site da FAP: www.fundacaoastrojildo.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCg6pgx07PmKFCNLK5K1HubA
Após o evento, o vídeo fica disponível nesses canais.
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Vídeo: Webinar da Biblioteca Salomão Malina debateu os desafios, atuação e perspectivas da mulher e cultura
Evento online teve a participação de Jeniffer Geraldine, Camila Marujo, Janaína Mello, Larissa Sarmento e Pollyana Gama
Cleomar Almeida (assessoria de comunicação da FAP)
A Biblioteca Salomão Malina, mantida pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) em Brasília, realizou nesta quarta-feira (3/3) webinar sobre mulher e cultura, para discutir atuação, desafios e perspectivas. O evento online ocorreu das 20h às 21h30 e teve transmissão ao vivo na página da biblioteca no Facebook, com retransmissão, em tempo real, no site da entidade.
Confira o vídeo do webinar
Participaram do webinar a jornalista e professora Jeniffer Geraldine, a produtora e especialista em gestão pública Camila Marujo, a produtora e gestora cultural Janaína Mello e a atriz, jornalista e professora Larissa Sarmento. A mediação será da professora e ex-deputada federal Pollyana Gama.
O objetivo do encontro virtual foi o de reunir mulheres que trabalham com cultura para um bate-papo sobre a atuação feminina na cultura brasileira. As debatedoras destacaram a luta cotidiana das mulheres para ocupar espaços de poder da sociedade, como política, economia, mídia, educação, família e religião.
Além disso, as especialistas também abordaram a força feminina como elemento imprescindível para o desenvolvimento da cultura. Por isso, de acordo com a organização do evento, o webinar pretendeu inspirar outras mulheres a fortalecerem seu protagonismo nos campos de poder.
Tendo em vista a luta cotidiana das mulheres em ocupar as áreas de influência da sociedade como política, economia, mídia, educação, família e religião, a cultura também precisa da força feminina para se desenvolver. Portanto, o bate-papo teve o objetivo de inspirar outras mulheres a se desenvolverem nessa esfera.
A seguir, conheça mais sobre as participantes:
Pollyana Gama: pedagoga, ex-deputada federal, professora, pós-graduada em gerência de cidades, mestre em desenvolvimento humano, com especialização em liderança executiva para primeira infância, neurociência e educação Sistêmica.
Ela também é escritora, reúne publicações de literatura infantil e participação em coletâneas. Atualmente, é membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e secretária de Educação de Ubatuba, no litoral norte do Estado, e membro do Conselho Consultivo da FAP.
Jeniffer Geraldine: baiana, bacharel em comunicação social com habilitação em jornalismo, especialista em comunicação organizacional e tecnologia e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural da Uneb (Universidade do Estado da Bahia). É, ainda, pesquisadora bolsista pela Fapesb (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahi).
Além disso, Jeniffer possui experiência na área de comunicação, com ênfase em comunicação digital, atuando principalmente com planejamento e produção de conteúdo digital e nas áreas que envolvem cultura e sociedade, literatura e leitura. Desde 2015 publica crônicas e produz conteúdo sobre literatura e cultura na internet.
Em 2017, ela fundou o Clube do Livro Alagoinhas, projeto cultural de incentivo à leitura em Alagoinhas e região. Mantém um canal no Youtube e um site, no qual compartilha seu trabalho, que tem três frentes: comunicação, educação e organização e produtividade.
Janaína Mello: graduada em audiovisual na PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), mestra em artes cênicas pela UnB, atriz e educadora. Aua no campo da gestão e produção cultural e criação de projetos para a cena. Idealizadora do ¼ de Cena, Festival de Cenas Curtas do DF, e integra o duo de produtoras Ninja Loka produção.
Larissa Sarmento: atriz, jornalista, assessora de imprensa, documentarista e professora. Formada em artes cênicas pela UnB, seguiu sua carreira profissional ligada à cultura. Trabalhou como atriz, produtora e apresentadora até 2015, quando começou a se dedicar à comunicação. Resolveu empreender e abriu a empresa Brilha Assessoria, para fazer o trabalho de assessora de imprensa de projetos culturais, unindo as duas áreas de atuação.
Trabalha com audiovisual há mais de 10 anos, produzindo vídeos institucionais, publicitários e filmes. Em 2019, dirigiu, roteirizou e montou o Documentário “Atua, Brasília”, sobre a cena teatral brasiliense. Já trabalhou como apresentadora de vídeos institucionais para empresas e governos. Hoje, ministra oficinas de teatro e audiovisual para alunos da rede pública do DF.
Camila Marujo: atua na organização de eventos há 12 anos. Especialista em gestão pública pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e em gestão de projetos culturais e eventos pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (ECA/USP). É técnica em elaboração de planos municipais de cultura pela Escola de Administração da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
Além de ser idealizadora do “Núcleo Criativo Projetos & Eventos”, pelo qual assessora artistas e produtores na concepção, formatação e gestão de projetos culturais, é ex-diretora presidente da Fundart (Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba), onde também foi gerente de projetos culturais e diretora cultural, entre 2013 e 2020.
Webinar da Biblioteca Salomão Malina discute desafios da educação pós-pandemia
Arnaldo Niskier, Cristovam Buarque, Pollyana Gama e André Amado participam do evento online, no dia 11 de setembro, com transmissão ao vivo pela internet
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Mantida pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) em Brasília, a Biblioteca Salomão Malina realiza, no dia 11 de setembro, das 18h30 às 20h, webinar para discutir perspectivas da educação pública brasileira no contexto após pandemia do coronavírus, com transmissão ao vivo pela sua página no Facebook. Participam do evento online o professor Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras; o ex-senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque e a professora Pollyana Gama. A mediação será feita pelo embaixador André Amado, diretor da revista mensal Política Democrática Online.
Assista ao vivo!
A FAP vai fazer a retransmissão do webinar em seu site e em sua página no Facebook, assim como faz com todos os eventos online. Durante o debate, os especialistas devem destacar os principais problemas que assolam a educação pública brasileiras, mas também apontar caminhos para superá-los, colaborando, também, para a discussão de um dos assuntos que devem pautar as eleições municipais.
Em entrevista à revista Política Democrática Online de agosto, produzida pela FAP e com acesso totalmente gratuito, Niskier disse que “falta tudo à educação brasileira”. Segundo ele, país sofre sem um plano nacional de educação e com o principal órgão – o Ministério da Educação – minado por uma gestão precária que mistura ideologia com gestão escolar. “Essa mistura não é saudável: prejudica os beneficiários do processo – os estudantes”, avalia.
Na avaliação de Niskier, “o país precisa que o Ministério da Educação acorde definitivamente” para montar uma equipe positiva, que se preocupe com os verdadeiros problemas da educação, e não faça da ideologia um procedimento prioritário. “Porque não é essa a prioridade do nosso país”, avalia.
Um dos maiores defensores da educação pública de qualidade, Cristovam Buarque, que também é ex-ministro da Educação, entende que o melhor caminho é a federalização do ensino, que tem como objetivo passar às mãos da União a gestão de escolas administradas por estados e municípios. “A educação é uma questão nacional, e não municipal. Deve ser uma preocupação do presidente, não do prefeito. O primeiro desafio é, portanto, sair da municipalização para a federalização. Isso requer uma profunda mudança política”, diz ele.
Ex-vereadora de Taubaté (SP) e ex-deputada federal, Pollyana Gama integrou a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. Ela também presidiu a Subcomissão Permanente destinada a acompanhar a consolidação do texto da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e a reformulação do Ensino Médio no país. Ela tem larga experiência em projetos para primeira infância, educação infantil, formação de professores e de melhoria dos índices do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Veja vídeos de outros webinars da Biblioteca Salomão Malina:
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Desafios do empreendedorismo feminino é tema de live da Biblioteca Salomão Malina
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Marina Silva e Roberto Freire discutem sustentabilidade em webinar
Especialistas participam de webinar para debater economia após pandemia
“O que virá depois?” é tema de webinar da Biblioteca Salomão Malina
Pollyana Gama: Hostilidade nas Redes - Para além da alfabetização funcional
Conversando com algumas pessoas que utilizam redes sociais, parece ser consenso sobre a hostilidade que tomou conta do ambiente virtual. O que se esperava sair de cena após as eleições permanece contaminando e impedindo a possibilidade de diálogos, informações produtivas.
Seja qual for o motivo, o impulso, a razão ou não, sempre me atento ao fato de ser importante refletir sobre os aspectos educacionais e até mesmo emocionais que envolvem os autores dessa hostilidade nas redes.
Um indicador a ser considerado para essa tarefa pode ser o Índice de Alfabetismo Funcional (Inaf), apurado pelo Instituto Paulo Montenegro, com nove edições ao longo dos últimos quinze anos.
De acordo com o Instituto “é considerada analfabeta funcional a pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não tem as competências necessárias para satisfazer as demandas do seu dia a dia e viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional”. Diferentemente do que ocorre com as pessoas alfabetizadas funcionalmente.
Embora tenhamos reduzido o percentual de analfabetos funcionais em nosso país – de 37% em 2005, para 29% esse ano – o Inaf aponta que de 2015 para 2018 houve acréscimo de 2%, sendo que a grande maioria dessas pessoas, utilizam as redes.
Mesmo que em termos percentuais, a diferença quanto à leitura e nível de alfabetização seja mínima entre as duas categorias, os analfabetos funcionais são os que mais compartilham informações que recebem (84%), porém são os que menos escrevem essas informações (12%). Por outro lado os funcionalmente alfabetizados são os que mais escrevem nas redes (43%).
Voltando a questão inicial – hostilidade nas redes isto é, bombardeio de notícias falsas, fake news e agressões –, vale observar que a origem disso tudo, além do nível de letramento, pode revelar as condições socioemocionais de seus autores. Consequentemente identificamos o quanto é preciso desenvolver a humanidade dessas pessoas, tanto de quem “reproduz”, quanto de quem “escreve”. É preciso não perder de vista que nos tornamos humanos quando desenvolvemos empatia isto é, a capacidade de nos colocamos no lugar do outro. Segundo a pesquisadora Anita Nowak a ação empática tem implicações positivas para o eu e a sociedade.
Afinal, onde está a responsabilidade pelo próximo ao elaborar ou simplesmente compartilhar uma mentira ou agredir, difamar alguém sem apurar os fatos?
Nesse sentido é preciso ir além da alfabetização funcional e complementa-la com a emocional.
A equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, ao comunicar que enfatizará o uso das redes sociais durante sua gestão, precisa avaliar esse contexto. Se é que já não avaliou… Uma análise séria e comprometida com o desenvolvimento do país indicará a necessidade urgente de investimentos e gestão eficiente para melhorar a qualidade da educação brasileira e constituir – porque não? – um programa de alfabetização emocional para toda comunidade escolar.
Sonho?!
Há ainda quem desconsidere o poder dele ou até mesmo quem prefira não sonhar… Neste caso, prefiro a afirmação contundente de Lobato ao dizer que “tantos sonhos foram realizados que não temos o direito de duvidar de nenhum”. Dúvida? Pode verificar a fonte! Aliás, fontes. Não é fake! Exemplos não faltam. O que falta por vezes para muitos raivosos e agressores virtuais é a capacidade de fazer acontecer uma realidade melhor a começar por si mesmos. Diante dessa falta, fica a dica. Cada um oferece o que tem.
* Pollyana Gama, professora, escritora e Mestre em Desenvolvimento Humano
Pollyana Gama: Democracia, tão importante quanto o “Norte” é o caminho até ele
No decorrer da semana passada, duas frases me chamaram a atenção. Respeitando a ordem cronológica, temos: “Na democracia, só existe um norte, é o da nossa Constituição” e a segunda “Respeitar os professores não é apenas um dever moral importante, é essencial para os resultados educacionais de um país”.
Quanto aos seus autores, a primeira foi dita pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, ocupando o centro das atenções durante a sessão comemorativa dos 30 anos da Constituição, no Congresso. Nesta primeira ocasião, o “óbvio” tomou forma de “inédito”, certamente por partir de uma fonte cujo histórico de atitudes gerou medo e incertezas quanto a garantia da democracia durante, inclusive, todo o processo eleitoral.
Já a segunda frase é de Sunny Varkey, fundador da Varkey Foundation, responsável pela premiação de professores considerada o Nobel da Educação. Sua frase expressa parte de sua análise sobre o resultado da pesquisa divulgada no último dia 7, realizada por sua fundação, na qual o nosso Brasil é apontado como o país que menos valoriza os professores, estando em último lugar dos 35 países analisados neste quesito!
E qual a relação entre ambas as frases?
Sinto que tão importante quanto o “norte” é o caminho até ele. E isso passa decisivamente pela Educação!
Por essa razão as frases e seus contextos me chamam a atenção, pois como o presidente eleito fará valer sua palavra, tendo por base um país que não valoriza seus professores que são responsáveis diretos pela educação em nossas escolas?
Como garantir avanços e aprimoramento à democracia com milhares de jovens de 14 a 29 anos fora da escola? Isso sem falar no analfabetismo funcional, na falta de condições e estruturas adequadas, nos últimos lugares que ocupamos nas avaliações internacionais do PISA e tantos outros aspectos que inviabilizam a qualidade da educação de nosso país.
Definitivamente não é “Escola Sem Partido” que dará conta de superar esses desafios. É País com Educação de boa qualidade que a gente precisa! E também de muita gente que queira e estude para ser professor. A tarefa é grande. Convergir o orçamento para concretizar o Plano Nacional de Educação é um bom começo.
O percurso da democracia participativa é exigente de conhecimento para melhorar as condições de vida das pessoas, recuperar a credibilidade do país para atrair novos investimentos, gerar oportunidades de trabalho e para que os “desvios” – já infelizmente tão conhecidos – não se repitam. É também exigente de respeito à diversidade que implica nossa brasilidade.
Ao longo de nossa história colecionamos ciclos de crescimento econômico, mas que não se sustentaram. Crescimento precisa ser acompanhado de desenvolvimento e a Educação tem valor estratégico para esse feito.
Passadas três décadas de nossa Carta Magna, é urgente recalcular nossa rota. Qualquer ação que não considere de forma concreta o valor estratégico da Educação e valorização de seus profissionais para democracia e desenvolvimento do nosso país está fadada a fracassar.
O que queremos é condições para vivenciar com plenitude nossa Constituição e colaborar com um futuro melhor. A realidade nos convoca a persistir. Educação já!
* Pollyana Gama é ex-vereadora e ex-deputada federal, filiada ao PPS, mestre em Desenvolvimento Humano