política

Luiz Carlos Azedo: A conta do desajuste

A política de conciliação continua vivíssima. Tornou-se, mais uma vez, a tábua de salvação do velho patrimonialismo. Estão aí o clientelismo com gastos públicos e as articulações contra a Lava-Jato

Não existe política de conciliação no Brasil sem uma grande dose de patrimonialismo, que é a marca registrada das práticas políticas que não distinguem os limites do público e do privado. O patrimonialismo surgiu com a decadência do Império Romano, por influência dos bárbaros germânicos, quando os governantes começaram a se apropriar privadamente dos antigos bens da República. Tornou-se uma característica do absolutismo e, assim, chegou ao Brasil, com a concessão de títulos, sesmarias e poderes quase absolutos aos senhores de terra pela Coroa portuguesa.

No clássico Coronelismo: enxada e voto, Vitor Nunes Leal descreve como o patrimonialismo sobreviveu ao Império e chegou à República Velha. Em troca dos votos dos coronéis fazendeiros, o Estado brasileiro homologou seus poderes formais e informais. Em contrapartida, os senhores de terra foram se adaptando aos novos tempos políticos, entregando os anéis para não perderem os dedos. Isso não seria possível sem a velha política de conciliação do Império, inaugurada no gabinete do Marquês de Paraná.

Entre a abdicação de Dom Pedro I e o Golpe da Maioridade de Dom Pedro II, os partidos liberal e conservador protagonizavam disputas políticas da época. Os liberais (luzias) reivindicavam a ampliação da autonomia dos governos provinciais e a reforma de alguns aspectos contidos na Constituição de 1824; os conservadores (saquaremas) eram favoráveis à manutenção da estrutura política centralizada e à preservação dos poderes reservados ao imperador.

A eclosão das rebeliões e de outros movimentos de contestação que questionavam as determinações da Regência resultou, em 1840, no Golpe da Maioridade. Dom Pedro II assumiu o governo, foi apoiado e prestigiou a presença de figuras liberais em seu ministério. Escândalos de violência e corrupção envolvendo os liberais nas eleições, porém, provocaram a dissolução do ministério, em 1853, e a convocação de Honório Carneiro Leão, o Marquês de Paraná, um político conservador que estava havia 10 anos rompido com Dom Pedro II, para compor um novo gabinete. No regime parlamentarista da época, o imperador escolhia o presidente do Conselho de Ministros, e este formava o gabinete, escolhendo os demais ministros. Carneiro Leão montou um gabinete de liberais e conservadores mais leais a Dom Pedro II do que aos seus partidos.

O Gabinete Paraná representou a consolidação de uma inédita estabilidade, que proporcionou conquistas inimagináveis em tempos de ferrenha disputa política. Como havia unidade de interesses das elites liberais e conservadoras, principalmente em defesa da escravidão, o Segundo Reinado conseguiu manter a sua estrutura centralizada sem maiores sobressaltos. Carneiro Leão, que fora nomeado presidente da província de Pernambuco após a repressão à Revolução Praieira, descobriu em primeira mão que os princípios partidários eram vistos como irrelevantes e ignorados em níveis provinciais e locais. Um gabinete poderia ganhar o apoio de chefes locais para candidatos nacionais usando apenas o clientelismo.

Quem narra muito bem esse período é Joaquim Nabuco, no livro Um Estadista no Império, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não cansou de recomendar aos tucanos inconformados com sua aliança com o PFL, como o falecido governador paulista Mário Covas. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu seus passos com sinal trocado, o que resultou no transformismo petista. Dilma Rousseff, também desse ponto de vista, fez tudo errado e perdeu o apoio das velhas oligarquias e dos novos chefes políticos.

Clientelismo
Na chamada Nova República, o grande partido da conciliação vem sendo o PMDB, que soube conviver em conflito com o PT nos estados e a ele se aliar no poder central, como os saquaremas fizeram com os luzias no Império. A política de conciliação sobreviveu a duas ditaduras e continua vivíssima. Tornou-se, mais uma vez, a tábua de salvação do velho patrimonialismo. Estão aí o clientelismo com gastos públicos e as articulações para salvar da Operação Lava-Jato os que foram pegos se apropriando de bens públicos.

O problema é o custo dessas alianças para os cofres públicos, como acontece agora. Ontem, o governo anunciou mais um aumento de impostos, para obter uma receita adicional de R$ 10,4 bilhões. O objetivo das medidas é cumprir a meta fiscal de 2017, um deficit (despesas maiores que receitas) de R$ 139 bilhões. A conta não inclui as despesas com pagamento de juros da dívida pública. Para compensar a tunga no bolso do contribuinte, fará um bloqueio adicional de R$ 5,9 bilhões em gastos no orçamento federal.

A tributação sobre a gasolina subirá R$ 0,41 por litro, ou seja, mais que dobrou, já que passará a 0,89 cada litro de gasolina, considerando a incidência da Cide, que é de R$ 0,10 por litro. O diesel subirá em R$ 0,21 e ficará em R$ 0,46 por litro. Segundo a Receita Federal, o crescimento de 0,77% na receita foi insuficiente para fechar as contas públicas. Na verdade, a receita com impostos e contribuições caiu 0,20% no período. O resultado positivo foi salvo pelos royalties pagos por empresas que exploram petróleo. O governo Temer não cortou na própria carne; pendurou a conta do ajuste fiscal na lei do teto de gastos. Ou seja, empurrou com a barriga.

* Luiz Carlos Azedo é jornalista

 


Luiz Carlos Azedo: Uma porta fechada

Na bolsa do Congresso, cada novo deputado valerá R$ 2,4 milhões na campanha eleitoral de 2018, um senador, R$ 6,7 milhões. Tudo isso com recursos públicos

O esgotamento do modelo nacional desenvolvimentista baseado no capitalismo de laços, que entrou em colapso com as revelações sobre seus mecanismos mais perversos e corruptos pela Operação Lava-Jato, e o fracasso da política de adensamento da cadeia produtiva nacional têm outra face: a implosão do modelo de financiamento dos partidos, a partir do uso e abuso do caixa dois eleitoral por meio do desvio sistemático de recursos públicos pelos chamados “campeões nacionais”, como os grupos Odebrecht e JBS e outros financiadores de campanha. Isso provocou a atual crise ética.

Esse duplo colapso agravou a crise econômica, que se somou à crise política e nos levou ao impeachment de Dilma Rousseff. O presidente Michel Temer, que a sucedeu, deu uma resposta relativamente bem-sucedida à crise econômica, mas não se pode dizer o mesmo em relação às crises política e ética. Mesmo fragilizado pelas denúncias de corrupção e pela impopularidade, manteve a rota das reformas propostas por seu governo como um ciclista que não pode parar de pedalar para não se estatelar no asfalto.

Esse ímpeto reformador, que conta com a adesão das forças que apoiaram o impeachment em relação à economia, porém, esbarra na lógica conservadora da reforma política que está sendo alinhavada no Congresso. Talvez seja esse o nó górdio da crise política e ética, porque as mudanças que estão sendo discutidas no sistema eleitoral têm o objetivo de salvar os políticos enrolados na Lava-Jato de uma debacle eleitoral e nada mais. Em consequência, já surgem no Congresso os sintomas mórbidos e patológicos de uma situação na qual a velha política está morrendo e a nova ainda não emergiu.

Os mecanismos de financiamento eleitoral criados a partir da Constituição de 1988 se degeneraram e foram desarticulados pela Operação Lava-Jato. Agora, precisam ser substituídos. Os caciques das legendas preparam uma reforma cujo objetivo é mantê-los no poder. Para isso, querem determinar — a priori e pela força da grana — quem tem chances de se eleger e quem não tem. Até o sistema eleitoral será modificado com esse objetivo, de maneira a que os grandes partidos possam canibalizar os menores antes mesmo da eleição, e neutralizar os danos eleitorais decorrentes da Lava-Jato.

Uma reforma política de verdade, a essa altura do campeonato, debateria uma alternativa ao presidencialismo de coalizão. Um sistema híbrido, por exemplo, com características parlamentaristas, na qual a Presidência da República cuidaria das questões de Estado — Relações Exteriores, Defesa, Interior — e um governo de maioria parlamentar, da Fazenda, da Justiça, da Agricultura, da Saúde e da Educação… É como acontece na França e em Portugal.

Não é o que ocorre. O que está sendo tramado é a criação de um bilionário fundo de financiamento eleitoral e a concentração desses recursos e a distribuição do tempo de televisão nas mãos das cúpulas partidárias, bem como a adoção do chamado “distritão”, no qual são eleitos os mais votados por estado. O conjunto da obra seria liquidação da possibilidade de renovação dos partidos, que passariam a ser monopólios dos atuais deputados federais e senadores.

Na distribuição de recursos do fundo e do tempo de televisão, não é considerado o desempenho eleitoral para os demais cargos eletivos do país, ou seja, dos candidatos a presidente da República, a governador, a deputado estadual, a prefeito e a vereador, nas diversas esferas de governo. O mais justo seria a distribuição entre os partidos de acordo com a votação em cada eleição. Mas o relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), propõe a distribuição de 49% dos recursos divididos pelos votos na eleição de 2014 para deputado federal; 15% pela atual bancada de senadores; 34% pelo atual número de deputados titulares; e 2% para todos os partidos.

Troca-troca

Antes mesmo de ser aprovada, a reforma abala as relações políticas no Congresso, ao provocar intenso troca-troca entre partidos que já estão a funcionar como balcões de negócios. A decisão do Supremo Tribunal Federal que estabelece punição drástica para os parlamentares que mudarem de partido sem justificativa desde 2008 virou letra morta: ninguém perderá o mandato por trocar de legenda. Para tangenciar essa jurisprudência, o Congresso já havia aprovado uma emenda à Constituição (PEC) que abriu duas “janelas” para mudança de partido, a primeira em 2016, para as eleições municipais, e a segunda entre março e abril de 2018. Uma nova janela de 30 dias será aberta em agosto.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é um dos artífices da reforma. Transformado em alternativa de poder em razão das denúncias contra o presidente Michel Temer, Maia articula fortemente para que dissidentes governistas do PSB, partido que resolveu passar à oposição, engrossem as fileiras de sua legenda. A movimentação gerou tensão no Palácio do Planalto e provocou reações do presidente Temer, que também resolveu participar do leilão com os meios de que dispõe: verbas e cargos governamentais. Na bolsa do Congresso, cada novo deputado valerá R$ 2,4 milhões na campanha eleitoral de 2018, um senador, R$ 6,7 milhões. Tudo isso com recursos públicos, para barrar a possibilidade de renovação da política e perpetuar o controle dos partidos pelos enrolados na Lava-Jato. A porta de saída da crise ética está sendo trancada.

 


Luiz Carlos Azedo: O tempo morto

O recesso esconde movimentações subatômicas, nas quais as redes de apoio dos parlamentares se deslocam. Nas crises políticas, a volta do funcionamento do Congresso é imprevisível

Pela segunda vez, a Câmara adiou a leitura em plenário do parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que rejeita a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. Era uma exigência para que o relatório entrasse na pauta de votação da Câmara no dia 2 de agosto, imediatamente após o recesso. Dos 513 deputados, somente 13 apareceram no plenário, quando seriam necessários 51 deputados presentes para abrir a sessão.

Já há articulações na Casa para empurrar a decisão pra setembro, com objetivo de aguardar uma nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República. Mas o governo também joga com o chamado “tempo morto”, na premissa de que o adiamento serve para articular melhor a base. Em tese, a correlação de forças hoje é mais favorável ao governo; uma nova denúncia, porém, pode mudá-la.

Com o Congresso, o Judiciário e o Ministério Público em recesso, é até irônico falar em “tempo morto”, porque Temer está mais ou menos como o gato de Schrödinger, nome de um famoso experimento da física quântica. Em contraste com a teoria da relatividade de Albert Einstein, que explica o que é muito grande no universo, a física quântica explica o mundo subatômico, no qual as leis do mundo normal não se aplicam.

Os físicos comparam o mundo quântico a uma terra sem lei, governada pela improbabilidade. Para demonstrar essa imprevisibilidade, em 1935, o físico Erwin Schrödinger resolveu fazer um experimento totalmente hipotético, que consistiu em colocar um gato dentro de uma caixa selada com uma amostra radioativa, um contator Geiger e uma garrafa de veneno. Se o contador Geiger detectasse que o material radioativo tinha decaído, ele liberaria o veneno e o gato seria morto.

Seu objetivo era demonstrar falhas da “interpretação de Copenhague”, para a qual uma partícula existe em todos os estados ao mesmo tempo até ser observada. Se a interpretação de Copenhague sugere que o material radioativo pode decair e não decair no ambiente fechado, supõe-se que o gato está vivo e morto ao mesmo tempo, até que a caixa seja aberta. Schrödinger usou isso para destacar os limites da interpretação de Copenhague quando aplicada a situações práticas. Na verdade, o gato estará vivo ou morto, não importa se foi ou não observado. Schrödinger dizia que era ingenuidade aceitar um “modelo turvo” para representar a realidade.

É mais ou menos essa a situação de Michel Temer durante o recesso, porque nada acontecerá no Congresso e na Lava-Jato, não importam as especulações. Haverá, sim, uma batalha esquizofrênica na base do governo, na qual uma parcela trabalha para que Temer seja afastado e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assuma o poder na volta do recesso; e um jogo de faz de conta de parte da oposição, principalmente do PT, que prefere Temer sangrando no cargo, daí a orientação para que sindicatos e movimentos sociais sob sua influência sepultem o “Fora, Temer!”.

Reformas

Nesse lusco-fusco, Temer tem a seu favor um conjunto de reformas aprovadas em tempo recorde, por um dos governos mais impopulares da história republicana: ensino, teto de gastos, terceirização e trabalhista. Na agulha, estão as reformas tributária e da Previdência. Como o ex-presidente Collor de Mello, que deixou como legado a abertura da economia à globalização, Temer passará à história como um protagonista da modernização da economia, para adequá-la à chamada quarta revolução industrial.É muito economicismo, porém, achar que isso basta para garantir sua permanência no cargo, como não bastou para Collor. Para o mercado, a política monetária está blindada no Congresso com a presença de Henrique Meirelles à frente do Ministério da Fazenda. Mesmo com o teto de gastos, o deficit fiscal continua grande e a reforma da Previdência de Temer será mitigada para ser aprovada. O custo de lealdade na base governista também é muito alto.

Como na física quântica, o recesso esconde movimentações subatômicas, nas quais as redes de apoio dos parlamentares se deslocam. Nas crises políticas, quando o recesso acaba, a volta do funcionamento do Congresso é imprevisível. É como se um filme congelado voltasse a rodar com o roteiro completamente modificado. O que vai determinar a permanência de Temer no poder ou não é a centralidade da política, isso é, o posicionamento de seus atores em relação às eleições de 2018.

 


Luiz Carlos Azedo: A ordem intersubjetiva

Somente uma organização tem condições de abalar a Lava-Jato: o próprio Judiciário. Esse é o centro da disputa política em curso

A democracia é uma ordem intersubjetiva. Além dos aspectos físicos e materiais que caracterizam as instituições, como a espetacular arquitetura da Praça dos Três Poderes, e da consciência individual de cada eleitor, ela só existe porque uma vasta rede de comunicação tece os elos entre o caráter objetivo das decisões políticas e a crença de cada indivíduo quanto à importância dessas decisões para suas vidas. Ou seja, a crença de que a democracia é um valor a ser preservado pela sociedade.
Uma das características da crise ética que estamos vivendo é uma espécie de desconexão dessa rede. As instituições políticas como sistema de poder começam a reagir à crise, tendo como prioridade a própria sobrevivência, sem considerar o fato de que, ao fazê-lo, não podem romper os elos subjetivos com a sociedade que fazem da democracia a tal ordem intersubjetiva.

No livro Sapiens, uma breve história da humanidade, Yuval Noah Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, mostra que leis, dinheiro, deuses e nações são forças intersubjetivas, cuja existência é assegurada porque muitos indivíduos nelas acreditam e contra as quais a desconfiança ou descrença de alguns nada representam. Chegamos ao ponto que nos interessa aqui.

A condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, e a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, estão na esfera desses fenômenos intersubjetivos. Por mais carismático que seja o primeiro ou por mais poderoso que seja o segundo, as declarações de ambos contra a sentença do magistrado e a peça de acusação do procurador nada representam do ponto de vista da ordem jurídica. São apenas o jus esperneandi. Mas tudo pode mudar de figura se essa interpretação rompe a rede compartilhada por milhões de cidadãos.

Sustentação

Nem Lula nem Temer têm condições de atingir esse objetivo sozinhos: seria preciso mudar a consciência de milhões de pessoas. Isso somente seria possível se a ordem imaginada pelas pessoas — nesse caso, a Operação Lava-Jato — fosse desmoralizada. Houve muitas tentativas até agora nesse sentido, nenhuma das quais teve êxito. Em tese, isso seria possível com a ajuda de uma organização complexa, como são os partidos políticos e os movimentos ideológicos.

Tanto o PMDB de Temer, quanto o PT de Lula não estão em condições de exercer esse papel, uma vez que perderam em muito a força que tinham como organizações, digamos, intersubjetivas. Somente uma organização tem condições de abalar a Lava-Jato: o próprio Judiciário. Esse é o centro da disputa política em curso. Quem quiser, que pague para ver. Para salvar o mandato de Temer, basta blindá-lo com o apoio de 172 deputados no plenário da Câmara; o mesmo apoio que a ex-presidente Dilma Rousseff não conseguiu reunir para barrar o impeachment.

Para evitar a prisão de Lula, porém, é preciso mais do que isso: domar a Polícia Federal, refrear o ímpeto dos procuradores, conter Moro e outros juízes de primeira instância, ter a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Lava-Jato.

Em ambos os casos, o grande problema é a disjuntiva entre as instituições da ordem democrática e a rede intersubjetiva que lhes dá sustentação na sociedade.

* Luiz Carlos Azedo é jornalista

http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-ordem-intersubjetiva/


II Encontro debate a qualidade de vida nas cidades brasileiras

O quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças contou com a presença do prefeito de Vitória (ES), Luciano Resende, e do deputado federal e presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PPS-SP). Depois de quatro dias de imersão em estudos, os mais de 100 participantes do evento se despedirão da Colônia Kinderland neste sábado (15)

Germano Martiniano

  1. O mundo hoje possui mais de 60% da população vivendo nas cidades. Somando o avanço tecnológico, é imprescindível que as cidades sejam espaços que ofereçam alimento, saúde, segurança e lazer, entre outras necessidades essenciais à vida humana. Dentro da temática de Cidades Inteligentes, principal palestra desta sexta-feira (14/7), quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças, o prefeito de Vitória (ES), Luciano Resende se apresentou para os mais de 100 participantes. Ele foi um dos debatedores convidados para expor sua experiência como gestor. O II Encontro está sendo promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ), até este sábado (15/7).


Luciano Rezende destacou para os jovens que os “segredos” do sucesso para uma cidade inteligente são bem simples: rapidez, transparência e eficiência. “Precisamos desses três itens atuando conjuntamente. Esses fatores isolados não geram sucesso”, avalia. Segundo o prefeito de Vitória, é preciso que os governantes façam "um governo horizontal com a população". "O cidadão faz parte do governo. Eu me comunico com ele até por whatsapp”, completa Resende.

André Gomyde, presidente da Frente Nacional das Cidades Inteligentes, e palestrante do tema Cidades Tecnológicas, falou das transformações intensas que o mundo está passando, do avanço tecnológico, das mudanças no mundo do trabalho, das profissões que deixarão de existir, entre outras situações que afetam as cidades atualmente no Brasil e em grande parte de todo o mundo. E, consequentemente, a sociedade.


Esquerda e Democracia

O quarto dia do II Encontro começou com aulas no período da manhã, todas transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook (http://www.fb.com/facefap). Alberto Aggio (foto acima), professor e historiador, discorreu sobre a necessidade de se reinventar a esquerda durante a sua apresentação "Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar". Já o professor Caetano Araújo abordou a temática dos desafios da democracia no Brasil na aula "Desafios da democracia no Brasil", também transmitida ao vivo pelo canal da FAP na rede social. Ao ser questionado se o país precisa de uma reforma política para fortalecer a democracia, Caetano foi incisivo: “a forma de organização política atual facilita a corrupção e todos outros problemas que nos levaram a crise ética." Para o professor, "é essencial que ocorra também uma reforma política.”


Roberto Freire
O deputado Roberto Freire (PPS-SP), presidente nacional do PPS, compareceu ao evento antecipadamente e palestrou aos jovens abordando temas como avanço tecnológico, uma nova esquerda, mudanças sociais e como se fazer política nos dias atuais. “Como ser de esquerda e ser vanguarda de esquerda frente às mudanças?”, questionou. Freire afirmou, afirmou, ainda, que a esquerda não deve negar as transformações pelas quais o mundo passa, como fazem os dogmáticos, mas, "ser parte da transformação e dentro dela fazer políticas com valores que garantam os direitos sociais."

À noite, para encerrar as atividades desta sexta-feira, foi realizada uma festa julina, com fogueira, comidas típicas e muita música para animar os jovens, que já estão em clima de despedida, uma vez que, neste sábado - último dia do evento -, o II Encontro será encerrado às 17 horas.


Encerramento

O encerramento do II Encontro de Jovens Lideranças será neste sábado. Os mais de 100 jovens que estão participando do evento vão realizar, às 10h, de uma dinâmica em equipe. Em seguida, às 11h30, uma mesa formada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) e do deputado estadual Comandante Bittencourt (PPS-RJ), com mediação do professor e historiador Alberto Aggio, vai tratar da apresentação de propostas relativas ao evento.

O encerramento do II Encontro está previsto para as 15h deste sábado, com a participação de Terezinha Lelis, coordenadora do evento; Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP e do presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP).

A FAP transmitirá o encerramento do II Encontro, ao vivo, em seu canal no Facebook: https://www.facebook.com/facefap

Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)

Confira, abaixo, a programação deste sábado (15/7), último dia do II Encontro de Jovens Lideranças

HORÁRIOAÇÃO
08hAlvorada
9hCafé da manhã
10hTrabalho em equipe
11h30Apresentaçao de propostas: senador Cristovam Buarque (PPS-DF), deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) e deputado estadual Comte Bittencourt (PPS-RJ). Mediador: Alberto Aggio (AO VIVO)

 

13HAlmoço
15hEncerramento: Terezianha Lelis;  Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP; Roberto Freire, presidente nacional do PPS (AO VIVO)

 

17hEmbarque
19h30Chegada

 


Luiz Carlos Azedo: Os quarenta e um

As aprovações do teto de gastos, da terceirização e da reforma trabalhista, e o controle da inflação funcionaram como um fator favorável à permanência de Temer

O presidente Michel Temer pode ter salvo o mandato ontem, graças à tropa de choque que rejeitou o relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e aprovou, por 41 votos a 24, um novo parecer, de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), recomendando a rejeição da denúncia contra o primeiro presidente da República a ser denunciado criminalmente pelo Ministério Público. O relatório de Abi-Ackel (PSDB-MG) já estava pronto quando o governo conseguiu derrotar Zveiter, por 40 votos a 24 e uma abstenção; e foi imediatamente referendado.

A próxima batalha será em plenário, mas a votação da CCJ aumentou as expectativas quanto à capacidade de Temer permanecer no poder, ainda que a correlação de forças na comissão tenha sido alterada a fórceps, com a substituição de nove deputados da base considerados infiéis. Novo relator, Abi-Ackel afirma que as acusações contra Temer foram resultado de ação “suspeitíssima” do empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, e que a denúncia “peca por omissão” ao não demonstrar “o nexo causal entre o presidente da República e o ilícito que menciona”.

Com a decisão de ontem, a incerteza migrou da situação para a oposição. O novo parecer somente será aprovado se tiver o apoio de dois terços do total de 513 deputados, ou seja, 342 votos. Somente assim será autorizada a instauração do processo no Poder Judiciário. No caso de rejeição da denúncia pelo plenário, o Supremo ficará impedido de dar andamento à ação, que será suspensa. O processo será retomado após o fim do mandato do presidente. Esse é agora o cenário mais provável, com Temer na condição de “pato manco” até 2018.

O outro cenário depende de um fato novo que abale o Palácio do Planalto e mude novamente o ambiente na Câmara. Caso a denúncia seja aceita, será analisada pelos 11 ministros do STF e Temer pode se tornar réu, sendo afastado por 180 dias. Só perderá o cargo definitivamente se for condenado pelo Supremo. O comando do país ficaria a cargo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No caso de condenação, Maia teria de convocar eleições indiretas no prazo de um mês. Segundo a Constituição, o novo presidente da República seria escolhido pelo voto de deputados e senadores.

Consequências
Esses dois cenários estão balizando a movimentação do Palácio do Planalto no Congresso. Na hipótese de rejeição, Temer será blindado contra a Lava-Jato, mas a base governista estará dividida irremediavelmente, porque o PSDB está à beira da implosão. Na última reunião de seus caciques, o presidente interino Tasso Jereissati queria anunciar o desembarque do governo, como deseja a maioria da bancada na Câmara, mas foi impedido pelo governador Geraldo Alckmin e pela maioria dos senadores, liderados por Aécio Neves (MG). Na CCJ, ontem, quatro deputados tucanos votaram a favor do acolhimento da denúncia e dois contra, sendo um escolhido relator da rejeição, o mineiro Abi-Ackel.

As aprovações do teto de gastos, da terceirização e da reforma trabalhista, e o controle da inflação, mesmo com o governo fragilizado pela Lava-Jato, funcionaram como um fator favorável à permanência de Temer. O próximo passo é a aprovação da reforma da Previdência, após a rejeição da denúncia. Seria a prova de que o “pato manco” nada como um cisne em águas turvas. Outra consequência será o fortalecimento dos parlamentares que rejeitaram a denúncia, principalmente aqueles que foram os primeiros a pôr a cara a tapa na Comissão de Constituição e Justiça. Com certeza, quererão tomar os espaços ocupados pelos partidos cujas bancadas, majoritariamente, votaram contra Temer.

Mais uma consequência diz respeito ao segundo cenário. Antes da votação na CCJ, a expectativa de poder em relação a Rodrigo Maia era ascendente. O parlamentar era o Plano B de muitos palacianos e dos parlamentares da base que defendiam a aprovação da denúncia. De certa maneira, a possibilidade de afastar Temer e continuar no governo com Maia já havia saído do campo das especulações para as articulações políticas. Quem foi flagrado fazendo jogo duplo será tratado como traidor e perderá os cargos após a votação em plenário. É a guerra.

Finalmente, a Lava-Jato. A rejeição da denúncia não absolve Temer. O processo será retomado quando encerrar seu mandato. Isso levará o governo a avançar na tentativa de conter o Ministério Público, a partir de setembro, quando acaba o mandato do procurador-geral Rodrigo Janot. De certa forma, a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, a nove anos e seis meses de prisão, e a denúncia contra Temer tecem um amplo espectro de adversários da Operação Lava-Jato, que estão em quase todos os partidos e poderes da República.

* Luiz Carlos Azedo é jornalista

http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-os-quarenta-e-um/


Terceiro dia do II Encontro debate o novo mundo do trabalho

Nesta sexta (14/7), aulas com Alberto Aggio e Caetano Araújo dão início às atividades do II Encontro. À tarde, está prevista a palestra Cidades Inteligentes, ministrada por André Gomyde e debate com os prefeitos Rafael Diniz (Campos dos Goytacazes-RJ) e Luciano Rezende (Vitória-ES)

Em um país assolado por uma grave crise econômica, com cerca e 14 milhões desempregados, compreender os desafios impostos pelo novo mundo do trabalho é fundamental para quem está em busca de um futuro profissional e pretende se inserir no mercado. O assunto foi o tema da palestra "Os jovens e o novo mundo do trabalho", ministrada pelo superintendente do Sebrae do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ), Cezar Vasquez, nesta quinta-feira (13/7), durante o terceiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças, evento que está sendo promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ), até este sábado (15) e que conta com mais de 100 participantes.

Em sua palestra, Cezar Vasquez orientou os jovens a ficarem atentos e preparados para as mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho atualmente. De acordo com ele, para obter sucesso e superar os desafios impostos por esta nova realidade, é necessário que se inovem, busquem conhecimento, sejam comunicativos e dominem as novas tecnologias. “Novas profissões irão surgir, outras irão desaparecer. É um processo inevitável", avalia Vasquez. Para o superintendente do Sebrae-RJ, os jovens terão de se acostumar com esta nova realidade. "Tem o lado excitante do que é novo, mas também o lado do temor em relação ao desconhecido. Esse é o desafio”, finalizou.

Capacitação
O terceiro dia do II Encontro começou com aulas no período da manhã, todas transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook (http://www.fb.com/facefap). A primeira delas, com o tema "A trajetória da modernização brasileira", foi conduzida pelo professor Hamilton Garcia. Durante a aula, Garcia relacionou as reformas propostas pelo governo Temer, as quais considera essenciais para a economia brasileira, ao tema apresentado em sua aula.

“Estas reformas deveriam ter sido feitas desde o início do século 21 e, lamentavelmente, não foram feitas pelo PT. O partido se preocupava apenas em ter 80% de aprovação dos brasileiros", criticou. "Como sabemos, toda reforma gera insatisfação. Os resultados são a longo prazo. Por isso o PT as negou”, avalia Hamilton Garcia.

As atividades realizadas durante a manhã desta quinta-feira foram complementadas com mais uma aula que abordou um tema de extrema importância para todos os brasileiros: Os desafios da mudança econômica na atualidade, que ficou a cargo do consultor jurídico e ex-secretário da Receita Federal durante os governos FHC, o professor Everardo Maciel. A aula também foi transmitida ao vivo por meio do canal da FAP no Facebook.

À tarde, além da palestra ministrada por César Vasquez, os participantes do II Encontro também acompanharam a apresentação do diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sergio Besserman, que abordou as questões relacionadas ao tema "O meio ambiente e a sociedade do futuro". A palestra teve a mediação do professor Hamilton Garcia.

À noite, no encerramento das atividades desta quinta-feira, os participantes do II Encontro foram brindados com uma apresentação especial da cantora Anna Aggio, que levou um repertório repleto de música popular brasileira (MPB). Foi um momento de descontração, depois de um dia repleto de atividades.

Programação
Nesta sexta-feira (14), quarto dia do evento, os participantes do II Encontro vão ter uma agenda cheia. As atividades serão iniciadas a partir das 8h30, com a aula "Da revolução à Democracia: uma esquerda a inventar", que será ministrada pelo historiador e professor Alberto Aggio. Em seguida, participarão da aula "Desafios da Democracia no Brasil", que será realizada pelo professor Caetano Araújo. As duas aulas serão transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook.

À tarde, a partir das 15h, está prevista a palestra "Cidades Inteligentes", com André Gomyde. A atividade terá, como debatedores, Rafael Diniz, prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ); e Luciano Rezende, prefeito de Vitória (ES). A mediação do debate será realizada pelo professor Caetano Araújo.

Em seguida, os jovens que estão participando do II Encontro vão realizar uma dinâmica em grupo e, para finalizar as atividades desta sexta-feira, farão parte de uma festa julina, programada para ocorrer às 20h.

A FAP transmitirá as palestras ao vivo em canal no Facebook: https://www.facebook.com/facefap

Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)

Confira, abaixo, a programação desta sexta-feira (14/7), quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças

HORÁRIOAÇÃO
06h30Alvorada
7h-8hCafé da manhã
8h30-10h15Aula 5 - salão 1 - grupo A. Tema: Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar (Alberto Aggio). (AO VIVO)

Aula 6 - salão 2 - grupo B. Tema: Desafios da democracia no Brasil (Caetano Araújo). (AO VIVO)

10H30-12H30Aula 6 - salão 1 - grupo A. (AO VIVO)
Aula 5 - salão 2 - grupo B. (AO VIVO)
13HAlmoço
15:00/16:45hPALESTRA: Cidades Inteligentes – André Gomyde – salão 1; debatedores:  Rafael Diniz, prefeito de Campos; e Luciano Rezende, prefeito de Vitória Mediador: Caetano Araujo. (AO VIVO)
17h-18hDinâmica – Pátio Interno
19HJantar
20HFesta Julina (José Augusto puxa a quadrilha)

 

 


Ricardo Noblat: O desmanche de um mito

Nunca antes na história deste país um presidente da República havia sido denunciado por corrupção. Michel Temer foi o primeiro, acusado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, de corrupção passiva. Destinava-se a Temer a mala de dinheiro do Grupo JBS arrastada por rua de São Paulo pelo ex-deputado Rocha Loures (PMDB-PR).

Nunca antes na história deste país um ex-presidente da República havia sido condenado por corrupção. Lula foi ao ser sentenciado pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e meio de prisão no processo do tríplex do Guarujá. Se a segunda instância da Justiça confirmar a sentença, ele será preso. Mesmo que não seja, ficará impedido de disputar eleições.

A primeira e única vez até aqui que Lula provou os dissabores da cadeia foi na condição de perseguido pela ditadura militar implantada no país em 1964, e que duraria 21 anos. Muito bem tratado, à época, pelo delegado Romeu Tuma, que depois se tornaria seu amigo e ingressaria na política, Lula fez greve de fome chupando balas. Foi logo solto e virou herói.

Mesmo que por ora solto e candidato a roubar do ex-ministro José Dirceu a condição de “guerreiro do povo brasileiro” conferida pelos militantes do PT, dificilmente Lula será encarado daqui para frente como herói pela larga maioria daqueles que no passado recente o enxergaram como tal. Sua biografia ganhou para sempre a mancha indelével da corrupção.

Pouco importa que ainda ostente o título de campeão das pesquisas de opinião pública com algo como 30% das intenções de voto para presidente se as eleições fossem hoje. . Tais pesquisas também o apontam como campeão de rejeição. Mais de 60% dos entrevistados dizem que jamais votariam nele. De resto, só haverá eleições em outubro do próximo ano.

A condenação de Lula por Moro produzirá efeitos no campo da esquerda. De saída reforçará as chances de Ciro Gomes (PDT-CE) de conseguir o apoio do PT para concorrer à presidência. Não se descarte a hipótese de Dilma desejar a mesma coisa. Afinal, em desrespeito à Constituição, seus direitos políticos foram preservados, embora ela tenha sido deposta.

Se escapar da Lava Jato sem maiores sequelas, pela direita o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) é o nome que terá mais a lucrar lucrar com a condenação de Lula. O prefeito João Dória não será páreo para ele na coligação de partidos a ser encabeçada pelo PSDB. A Dória restará a candidatura ao governo de São Paulo que atrai também o senador José Serra.

Quanto a Temer... Mesmo que a Câmara negue autorização para que seja julgado pelo Supremo Tribunal Federal, enfrentará uma segunda e talvez a uma terceira denúncia por corrupção e obstrução da Justiça, fora as delações do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro. Caso sobreviva, governará como um morto-vivo.


Cristovam Buarque: A tristeza de Felipe, a paralisia do Artur e a minha vergonha

Uma amiga falou que até recentemente seu neto Felipe, de seis anos, gostava de assistir às notícias nos telejornais e perguntar sobre elas. Há pouco tempo, disse que perdeu o interesse porque ficava triste com o que via. A simplicidade dessa criança é um exemplo eloquente do mal que estamos fazendo na formação do Brasil.

Que sociedade está surgindo em uma realidade que assusta crianças de seis anos de idade, como se elas estivessem no meio de uma guerra?

O que sentem nossas crianças ao assistirem a tiroteios, ao saberem das mortes de pessoas, inclusive de menores de idade, que estavam na trajetória de balas perdidas que invadem escolas, cruzam ruas, chegam nas salas e até mesmo na barriga de uma mãe grávida ferindo o bebê de nome Artur, antes dele nascer, condenando-o talvez à morte ou a sobreviver paraplégico desde o nascimento?

O que sentem ao ver, dia após dia, canos de esgoto descarregando dinheiro de propinas roubadas, que se não tivessem sido desviadas teriam evitado a tragédia a que assistimos?

Aos seis anos, Felipe ainda não percebe essa lógica maldita, mas os adolescentes já conseguem entender o significado das palavras e as correlações entre elas. Certamente não ficam apenas tristes, devem cair no desencanto ou pior ainda, no desprezo aos políticos que deveriam ser seus líderes.

Pior é saber que os tristes, ao verem o espetáculo na televisão, fazem parte de uma casta privilegiada. Milhões não apenas assistem, estão dentro do inferno da ausência de paz, no risco das balas, do desemprego, da falta de escolas, cultura e perspectiva.

Dividido, sem coesão nem rumo, o Brasil naufraga e leva com ele nossas crianças que, sem barcas, não conseguem atravessar o “mediterrâneo invisível” que as levaria ao futuro: a escola em paz e com carinho. Cada dia o país demonstra odiá-las, porque despreza o futuro delas e de toda nação brasileira.

Síria, Iraque, Afeganistão e outros países têm gerações perdidas pela guerra que deixa suas crianças e adolescentes sem escolas, assistindo aos adultos na incansável tarefa de destruírem suas pátrias. O Brasil é maior, tem mais recursos, é mais tolerante com suas maldades, mas estamos trabalhando fortemente para seguirmos nesta direção: saindo da crise para a decadência e desta para a desagregação.

O desencanto dos adolescentes e jovens, a tristeza do Felipe e a paralisia de Artur são gritos para aqueles que, apesar da eloquência, não chegam aos ouvidos aos quais são dirigidos, pedindo apenas duas coisas: um tempo de coesão, sem corrupção na política, com compaixão social, e um rumo histórico com sentimento nacional.

Nosso maior problema é a surdez de sentimentos, esta forma maior de corrupção na política.

E, surdamente, sem ouvir os gritos, pomos a culpa na realidade, como se a política não fosse para modificá-la. Por isso minha vergonha por sentir a impotência diante da tragédia construída pela vontade egoísta ou a omissão incompetente, vergonha diante de Felipe e Artur, aos quais peço desculpas.

 


II Encontro: segundo dia é marcado pelo debate sobre política e diversidade

Com aulas e palestras durante todo o dia, participantes do II Encontro de Jovens Lideranças debateram temas cruciais para o dia a dia da população brasileira

Germano Martiniano

Um dia voltado para estudos consistentes sobre diversos temas cruciais que afetam o dia a dia da população brasileira, com a abordagem de temas como a política, a diversidade religiosa e sexual, e o combate da violência contra a mulher. Essa foi a tônica das atividades realizadas pelos mais de 100 participantes nesta quarta-feira (12/07), o segundo dia do II Encontro de Jovens Lideranças, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ).

As atividades desta quarta foram divididas em aulas pela manhã e palestra à tarde. Nas aulas, os professores Cláudio Vitorino e Marcus Vinicius Oliveira abordaram temas como a "Ação coletiva, associativa e partidária" e "Política e democracia no mundo contemporâneo", respectivamente, em dois horários, para atender todos os participantes do evento. À tarde, Eliseu Neto, psicanalista e coordenador do PPS Diversidade; e o Monge Dada Jinanananda palestraram sobre o tema "Democracia da inclusão – reconhecer diferenças para garantir direitos".

Após as aulas dos professores Cláudio Vitorino e Marcus Vinicius Oliveira, os participantes do II Encontro foramm dividos em grupos para debaterem, formularem perguntas e tirarem suas dúvidas sobre os temas tratados. Muito se discutiu sobre corrupção, cidadania e associação partidária. O ponto alto da dinâmica em grupo foi a abordagem das relações entre tópicos como administração, gestão e política.

À tarde, durante a palestra proferida por Eliseu Neto e o Monge Dada Jinanananda, foram tratadas questões como sexualidade e religiosidade. O coordenador do PPS Diversidade ressaltou a importância dos respeitos às diferenças. “Primeiro, não é opção sexual, mas orientação sexual. Ninguém escolhe ser gay, ser trans, ninguém escolhe sofrer em um país ainda tão avesso às diferenças, por isso temos de estar atentos até a linguagem no combate a homofobia”, alertou Eliseu Neto.

O Monge Dada Jinanananda, ao tratar do tema religião, destacou que “ninguém deve julgar o Deus de ninguém. Deus, seja lá como você O chame, é a base de cada pessoa, é o que sustenta cada um de nós, por isso devemos sempre respeitar às diferenças religiosas.” Após a palestra, Jinanananda ensinou aos jovens noções de técnicas de meditação.

Finalizando as atividades do segundo dia do II Encontro, os jovens assistiram o filme "Vidas Partidas". Em seguida, participaram de um debate sobre a violência contra a mulher com a atriz e cineasta Naura Schneider.

Nesta quinta (13/07), terceiro dia do evento, estão programadas aulas durante o período da manhã, com os seguintes temas: "A trajetória da modernização brasileira", com Hamilton Garcia e "Os desafios da mudança econômica na atualidade", com Everardo Maciel, consultor jurídico e ex-secretário da Receita Federal durante os governos FHC. À tarde, serão realizadas duas as palestras. A primeira terá o tema "O meio ambiente e a sociedade do futuro", com Sérgio Besserman. A mediação será de Hamilton Garcia. Em seguida, está prevista a palestra "Os jovens e o novo mundo do trabalho", com Cezar Vasquez, mediada por Everardo Maciel. As atividades do dia serão encerradas com uma apresentação musical de Anna Aggio.

A FAP transmitirá as palestras ao vivo em sua página no Facebook: https://www.facebook.com/facefap

Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)

Confira, abaixo, a programação desta quinta-feira (13/07), terceiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças

HORÁRIOAÇÃO
06h30Alvorada
7h-8hCafé da manhã
8h30-10h15Aula 3 - salão 1 - grupo B. Tema: A trajetória da modernização brasileira (Hamilton Garcia) (Ao Vivo)

Aula 4 - salão 2 - grupo A. Tema: Os desafios da mudança econômica na atualidade (Everardo Maciel) (Ao Vivo)

10H30-12H30Aula 4 - salão 1 - grupo B (Ao Vivo)
Aula 3 - salão 2 - grupo A (Ao Vivo)
13HAlmoço
15:00/16:45hPALESTRA: O meio ambiente e a sociedade do futuro – Sérgio Besserman Mediador: Hamilton Garcia (Ao Vivo)
17h-18h40PALESTRA: Os jovens e o novo mundo do trabalho (Cezar Vasquez) Mediador: Everardo Maciel (Ao Vivo)
19HJantar
20HPerformance musical de  Anna Aggio

 

 


Busca da convergência nas divergências é destaque na abertura do II Encontro

Com mais 100 participantes de todo o Brasil, evento destaca ações de imersão política, dinâmicas de grupo para trabalho em equipe e exercícios de liderança

Germano Martiniano

O II Encontro de Jovens Lideranças, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, foi aberto oficialmente nesta terça-feira (11/07), às 11h, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ). Raquel Dias, coordenadora do PPS Igualdade e Diversidade; Terezinha Lelis, coordenadora do evento e Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da Fundação, compuseram a mesa oficial de abertura do evento.

Todos destacaram, nos discursos de abertura do II Encontro, a diversidade cultural existente no evento, uma vez que mais de 100 jovens de todo o Brasil estão presentes. “É preciso encontrar convergência dentro das divergências, por isso a importância do encontro”, ressaltou Azedo.

À tarde, foi realizada uma atividade grupal para que todos participantes pudessem se apresentar e se conhecerem melhor. Nela, feita ao ar livre, os participantes formaram grupos e, em seguida, apresentaram-se a todos os participantes. A apresentação poderia ser feita de forma teatral, musical ou comum, de acordo com o estilo de cada grupo. “Foi uma ação que fez com que os jovens se conhecessem de forma descontraída”, disse Terezinha, que coordenou a atividade.

O fechamento das atividades programadas para esta terça-feira foi realizado por Cláudio Manuel, do Casseta & Planeta, durante sua palestra. Com irreverência, o humorista se aprofundou em temas bastantes complexos da vida política brasileira. Questionado durante a palestra se era a favor das reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo governo Temer, e atualmente em curso no Congresso Nacional, ele avalia que “são temas que merecem ser tratados pelo Congresso. Não podemos negar que existem milhões de desempregados e, muitos deles, por conta das mudanças das relações de trabalho." Sobre a previdência, Cláudio Manuel considera que "é evidente que a população brasileira está envelhecendo e isso afeta a todos."

A programação do II Encontro de Jovens Lideranças prossegue nesta quarta-feira (12), na Colônia Kinderland, com aulas pela manhã: o professor Cláudio Vitorino tratará a temática "Ação Coletiva, associativa e partidária" e o professor Marcus Vinicius Oliveira, por sua vez, debaterá o tema "Política e democracia no mundo contemporâneo". À tarde, o  ativista LGBT Eliseu Neto e o monge Dada Jinanananda, abordam, ainda, o tema "Democracia da inclusão - reconhecer diferenças para garantir direitos" na palestra programada para as 15h.

A FAP transmitirá as palestras ao vivo em sua página Facebook: https://www.facebook.com/facefap

 

Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)

Confira, abaixo, a programação desta quarta-feira (12/07), segundo dia do II Encontro de Jovens Lideranças

HORÁRIOAÇÃO
06h30Alvorada
7h-8hCafé da manhã
8h30-10h15Aula 1 - salão 1 - grupo A. Tema Ação coletiva, associativa e partidária (Cláudio Vitorino)

Aula 2 - salão 2 - grupo B. Tema: Política e democracia no mundo contemporâneo (Marcus Vinicius Oliveira))

10H30-12H30Aula 2 - salão 1 - grupo A.

Aula 1 - salão 2 - grupo B.

13HAlmoço
15:00/16:45hPALESTRA : Democracia da inclusão - reconhecer diferenças para garantir direitos  (Eliseu Neto e Monge Dada Jinanananda) – Mediador: Claudio Vitorino salão 1 (AO VIVO)
17h-18hDinâmica de grupo - Pátio Interno – Meditação
19HJantar
20HSessão Pipoca : Vidas Partidas e debate com a atriz e cineasta Naura Schneider.

 


II Encontro de Jovens Lideranças começa nesta terça-feira (11/07)

São esperados 120 participantes de todo o país, além de dirigentes do PPS, conselheiros e diretores da Fundação Astrojildo Pereira e palestrantes convidados

Começa nesta terça-feira (11/07) o II Encontro de Jovens Lideranças promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), que contará com a participação de 120 jovens de todo o país. Dirigentes do PPS, conselheiros e diretores da FAP e palestrantes garantirão o sucesso da programação, entre os quais o ex-ministro da Cultura e deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS; o senador Cristovam Buarque (DF); o deputado estadual Conte Bittencourt; o deputado federal Arnaldo Jordy; e os prefeitos de Vitória, Luciano Rezende (ES), e Rafael Diniz, de Campos (RJ). O II Encontro será realizado de 11 a 15 de julho, na Colônia de Férias Kinderland, em Paulo de Frontin (RJ).

Com características de treinamento em regime de imersão política, dinâmicas de grupo para trabalho em equipe e exercícios de liderança, a novidade do II Encontro será a realização de um curso de formação política com carga horária de 12 horas, que abordará os seguintes temas: Ação coletiva, associativa e partidária; Política e democracia no mundo contemporâneo; A trajetória da modernização brasileira; Os desafios da mudança econômica na atualidade; Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar; e Desafios da democracia no Brasil.

As aulas serão ministradas por Cláudio Vitorino, Marcus Vinicius Oliveira, Hamilton Garcia, Everardo Maciel, Caetano Araujo e Alberto Aggio. O humorista e diretor Cláudio Manoel, o diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sérgio Besserman; a atriz Naura Schneider; o presidente do Sebrae-RJ, Cezar Vasquez: o presidente da Frente Nacional das Cidades Inteligentes e diretor da Terracap, André Gomyde; o psicoterapeuta e líder da Diversidade do PPS, Eliseu Neto e o monge yogue Dada Jinanananda farão palestras sobre os mais diversos temas, da violência contra a mulher ao respeito à diversidade, da questão ambiental ao empreendedorismo e do futuro da cidades ao mercado de trabalho para os jovens. Entre as atividades lúdicas e recreativas, uma aula de meditação, um show performático, muito rap e uma festa caipira que vai terminar em funk.

Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)

Confira, abaixo, a programação desta terça (11/07), primeiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças

HORÁRIOAÇÃO
07HSaída do RJ (Kariok)
10H30Café da manhã
11H-12H30ABERTURA: Raquel Dias, secretariado nacional
Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP
12H30-13H30Instalação (ida pra os alojamentos)
13H30Almoço
15H – 17HDinâmica para a formação dos grupos e apresentação (José Augusto e Terezinha Lelis)
17HPalestra: Cláudio Manoel (Casseta)
19HIntervalo
20HOrientações das atividades,regras, compromissos, responsabilidades: aprendizado coletivo (Terezinha Lelis).
20H30Sessão de cinema: Jogo de Imitação