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Nelson de Sá: New York Times alerta contra capa falsa pró-Bolsonaro
O perfil de relações públicas do New York Times no Twitter publicou uma mensagem, em português, com um aviso sobre a imagem abaixo, de uma capa adulterada do jornal. Diz o NYT:
“Estamos cientes de que uma versão manipulada da primeira página do New York Times circula na internet com matérias falsas e uma imagem de manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro. O New York Times não publicou essa capa.”
O jornal sugere acompanhar a cobertura de Brasil aqui. A capa já havia sido objeto de serviços de verificação no Brasil, como Lupa.
Fonte:
Folha de S. Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2021/05/nyt-alerta-para-capa-falsa-pro-bolsonaro.shtml
Nelson de Sá: Economist e NYT começam a dar as costas para Moro
Juiz não foi imparcial, diz revista; 'nas últimas semanas, o lado sombrio foi exposto', diz artigo no jornal
No New York Times, Gaspard Estrada, da Sciences Po, de Paris, escreveu há três semanas sobre aquela que "foi vendida como a maior operação anticorrupção do mundo, mas se tornou o maior escândalo judicial da história".
Neste final de semana, voltou à carga com uma nova versão, contra "a corrupção do sistema judicial" no Brasil, publicando que "Sergio Moro e procuradores perverteram" instituições para agir acima da lei. "Moro usou métodos em flagrante violação do estado de direito. Como recompensa, recebeu o cargo de ministro da Justiça."
Em suma, "nas últimas semanas, o lado sombrio da Lava Jato foi exposto, desnudado, e se espalhou um profundo desencanto com a chamada justiça de Curitiba".
Na Economist desta semana, "o impulso anticorrupção se desfez pela politização da Justiça, de duas maneiras".
Primeiro, "Moro acabou não sendo imparcial. Ele condenou Lula por receber um apartamento na praia. Só que Lula não era o dono nem o usava". Segundo, "com Lula fora da corrida presidencial em 2018, Moro se tornou ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, o vencedor de extrema direita".
Aí "vazaram mensagens mostrando que Moro treinou Deltan Dallagnol, o promotor principal em Curitiba".[ x ]
BOLSONARO SEM TRUMP
O South China Morning Post publicou artigo de Karin Costa Vazquez, especialista em Brics das universidades de Jindal, na Índia, e Fudan, na China, destacando que "a derrota de Trump deixa Bolsonaro reequilibrando as relações com EUA e China".
Ele não deve "mudar substancialmente com Pequim enquanto negocia" com o novo governo em Washington, mas "a longo prazo pode adotar abordagem mais matizada" com a China.
TRUMP COM FOX NEWS
CNN e MSNBC não transmitiram o primeiro discurso de Donald Trump na oposição, mas a Fox News o fez (acima), assim como seus concorrentes na direita, Newsmax e OAN.
Por outro lado, a Fox News destacou que só 55% dos entrevistados na conferência conservadora disseram que Trump é seu preferido para 2024. "Ele está perdendo força", sublinhou Karl Rove, comentarista da emissora e estrategista da ala republicana contrária ao ex-presidente.Nelson de Sá
*Jornalista, publica a coluna Toda Mídia e cobre imprensa e tecnologia
Nelson de Sá: 'Ameaças de golpe abalam Brasil', noticia NYT
Generais falam em 'instabilidade' e enviam 'tremores de que poderiam desmantelar a maior democracia da AL'
Mais uma vez com foto do cemitério de Vila Formosa na home page (abaixo) e na capa de papel, o New York Times noticia que o "Brasil é abalado por conversa de ação militar para reforçar Bolsonaro". O jornal também disparou "push" nos celulares.
Na reportagem, o título era mais direto, "Ameaças de golpe abalam Brasil conforme aumentam as mortes por vírus", mas foi atenuado horas depois da publicação, retirando a palavra "golpe". O segundo parágrafo se mantém:
"A crise se tornou tão intensa que algumas das figuras militares mais poderosas do Brasil lançam alertas de instabilidade —enviando tremores de que poderiam assumir e desmantelar a maior democracia da América Latina."
Destaca dois generais, os ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, e Fernando Azevedo e Silva, da Defesa.
'REPREENSÍVEL'
Como contraponto, o jornal ouve apenas o ex-ministro Sérgio Moro e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O primeiro diz que "isso está desestabilizando o país justamente durante uma pandemia" e "é repreensível, o país não precisa estar vivendo com esse tipo de ameaça".
O segundo diz não achar que "um golpe seja iminente" e que se preocupa com a intensificação das "táticas de intimidação de Bolsonaro", sem citar generais: "Como morrem as democracias? Você não precisa de um golpe militar. O presidente pode buscar poderes extraordinários e pode tomá-los."
'CRUZADA HIPÓCRITA'
Apenas em espanhol e sem chamada, o NYT posta também o artigo "A cruzada hipócrita de Sérgio Moro contra Jair Bolsonaro", do diretor de América Latina na Sciences Po Paris, Gaspard Estrada. "Agora que saiu", escreve o cientista político, "descobriu as bondades do Estado de Direito que ajudou a colocar sob ameaça".Nelson de Sá
*Nelson de Sá é jornalista, cobre mídia e política na Folha desde a eleição de 1989.
Nelson de Sá: China toma lugar dos EUA na América Latina, alertam 'think tanks'
Washington deveria enviar assistência humanitária, como Pequim, não 'destroieres da Marinha', diz artigo no NYT
Na chamada do New York Times, "Gracias China!!!". Artigo de representantes de dois "think tanks" do establishment de política externa, Council on Foreign Relations e Inter-American Dialogue, destaca que Argentina e México agradecem Pequim pelo apoio contra a Covid-19 --e até "Jair Bolsonaro minimiza sua retórica", embora mais para manter a venda de soja.
Enquanto isso, Donald Trump "anuncia aumento de ativos militares no Caribe e costa do Pacífico", quando, "em vez de destroieres da Marinha, os EUA deveriam prestar assistência humanitária a nossos vizinhos", como faz a China. Em suma, no subtítulo, "Liderança dos EUA na América Latina é questionada e Pequim se posiciona para ficar com o manto".
O consultor americano Ian Bremmer, da Eurasia, voltada para risco geopolítico, falou na mesma linha ao podcast do âncora da NBC Chuck Todd. Relatou que a cadeia de suprimentos da China já está em 70% e atinge "funcionamento total" em maio. "Ou seja, enquanto os americanos ainda estiverem parados, os chineses estarão prontos para ser a fábrica do mundo de novo."
Por toda parte, conclui ele, "os cidadãos começam a dizer: 'Por que estamos seguindo os EUA?'. Você vê isso no Sudeste Asiático, na África, na Europa e até na América do Sul".
POLÍTICA INDUSTRIAL LÁ
Também no NYT, o senador republicano Marco Rubio propõe "uma abrangente política industrial pró-americana", depois de "décadas priorizando ganhos financeiros sobre a produção de bens físicos".
O modelo --e concorrente-- é a China, onde "o Partido Comunista apoiou as empresas no desenvolvimento do capital produtivo de longo prazo". Em suma: "Por que não tivemos máscaras e ventiladores? Porque são ações que não maximizam retorno financeiro" em Wall Street.
CHINA AVISOU
Reportagem do Financial Times sobre a "guerra de mídia social" de Eduardo Bolsonaro e Abraham Weintraub com a China ouve, de "autoridade de comércio" brasileira: "O pior é que isso pode plantar uma semente de desconfiança, criar uma imagem negativa do Brasil como fornecedor de produtos à China".
E de "diplomata sênior" brasileiro: "Já danificou as relações. Os chineses já sinalizaram que, se continuarem, os danos podem ser mais tangíveis. Essas mensagens já foram enviadas".
COLAPSO
Com mais de um mês em quarentena e o "colapso" de hospitais e crematórios em Lima, sites peruanos noticiam que a "Polícia bloqueia rodovia enquanto pessoas tentam fugir" da capital (imagem acima).
Na manchete do El Comercio, o país passou de 17 mil casos, o segundo na América Latina, e "Lima reporta mais mortos que todo o Chile", o terceiro. O ministro peruano da Saúde declarou: "Queremos evitar o que se viu em Guayaquil", corpos nas ruas.
Washington Post e o site chinês NetEase já acenderam o sinal vermelho sobre o Peru, com o segundo destacando o temor da América do Sul de se tornar "o próximo campo de batalha" da pandemia.
Nelson de Sá é jornalista, cobre mídia e política na Folha desde a eleição de 1989.
Nelson de Sá: De NYT a La Stampa, atenção para o apoio a 'golpe militar'
Chinês Xin Jing Bao vê governo dividido e avalia que 'perspectivas do Brasil na pandemia não são otimistas'
Sem chamada em home page, New York Times, o alemão Süddeutsche Zeitung e o italiano La Stampa (reproduzidos abaixo), entre vários outros, trazem enunciados e fotos sublinhando o apelo às Forças Armadas na manifestação de domingo. Pela ordem:
"Presidente do Brasil dá vivas a protesto que pedia governo militar."
"Apoiadores do governo no Brasil conclamam intervenção militar."
"No Brasil, Bolsonaro discursa a militares que louvam golpe militar."
Em Pequim, o Xin Jing Bao já traz extensa análise de Yanran Xu, professora de relações internacionais da Universidade Renmin da China. Ela escreve que, "antes de mais nada, a atitude de Bolsonaro contra o isolamento tem motivação ideológica: quer estar perto dos EUA, pode-se dizer que 'veste as calças de Trump'".
No trecho mais significativo:
"A matriz de poder do governo Bolsonaro é composta de cinco forças, os militares, ruralistas, economistas liberais, evangélicos e participantes da 'Lava Jato'. As cinco têm opiniões diferentes em questões específicas. A maior contradição agora vem dos militares e dos evangélicos. No ato, Bolsonaro gritou slogans, se opõs às medidas de isolamento sustentadas pelo Supremo e por membros do Congresso —e também apoiou intervenção militar. Isso causou forte preocupação. Há também a opinião de que suas declarações inflamatórias, feitas do lado de fora do quartel-general do Exército, não queriam instigar golpe, mas mais manter a 'positividade' de seus seguidores."
Ela conclui dizendo, quanto ao isolamento, que "a maioria não concorda com Bolsonaro, cuja taxa de apoio continua caindo". Que "o governo está seriamente dividido e as perspectivas do Brasil no combate à pandemia não são otimistas".
*Nelson de Sá é jornalista, cobre mídia e política na Folha desde a eleição de 1989.
Nelson de Sá: China se volta para o risco crescente da soja brasileira
'É fundamental resolver dependência e expandir canais de importação para diversificar riscos', reporta o financeiro Yicai
Ecoada por portais chineses, extensa reportagem no Yicai, site de notícias financeiras do Grupo de Mídia de Xangai, destaca que “a estabilidade da importação de soja se tornou foco de atenção generalizada”.
O avanço do coronavírus no Brasil, EUA e Argentina, maiores exportadores ao mercado chinês, “vai trazer incerteza maior nos próximos meses”.
O Brasil responde por 65%, daí a atenção maior, a ponto de detalhar a cobrança do sindicato dos portuários de Santos por “equipamentos de proteção” e o risco de greve dos caminhoneiros, que podem “paralisar mais de metade do transporte de soja, dado o transporte ferroviário subdesenvolvido”.
Em suma, citando fontes diversas, “é fundamental resolver o problema da dependência, ampliar a autossuficiência e expandir os canais de importação de soja para diversificar os riscos”.
SORTE
Despacho da agência Xinhua mostra banda brasileira que se apresentaria em Xiam, na China, foi surpreendida pelo isolamento e ficou por lá. "No início, achamos azar, mas agora parece que tivemos muita sorte", afirma músico.
ETNOCÍDIO
O New York Times, com fotos de Victor Moriyama, foi à tribo dos Uru Eu Wau Wau para noticiar que "Bolsonaro cumpre promessas para Amazônia e indígenas temem etnocídio". Ele abre "agressivamente" a floresta à agricultura "no momento em que coronavírus apresenta ameaça mortal".
TESTES, TESTES
NYT, Wall Street Journal e Washington Post atravessaram o fim de semana voltados para, no dizer do WSJ, o quadro de “desordem, escassez, atrasos” nos testes do coronavírus no país.
Nova York e Nova Jersey, “epicentros”, pressionam Washington por testes, mirando-se na Alemanha, que segundo o NYT busca sair da quarentena com testes de anticorpos.
CHINA, CHINA
Também por NYT e WP, respectivamente, “Republicanos visam fazer da China o bode expiatório” e “Campanha de Trump vê vantagem em ligar Biden à China”, com nova propaganda. A campanha democrata já respondeu, com anúncio ligando Trump a Xi Jinping.
Os dois candidatos reagem a pesquisas que, segundo o Los Angeles Times, apontam que a maioria dos americanos quer até compensação financeira da China pela pandemia.
*Nelson de Sá é jornalista, cobre mídia e política na Folha desde a eleição de 1989.
Nelson de Sá: China começa a frear importações do Brasil
Pequim parou de aprovar frigoríficos, noticia Reuters; Bolsonaro é 'um perigo para os brasileiros', diz editorial do Guardian
Por agregadores e jornais como New York Times, a Reuters despachou a notícia "exclusiva" de que a "China não aprovou nenhum novo frigorífico brasileiro" no primeiro trimestre.
Em Brasília, o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura acredita que é "por causa da pandemia" e assegura que "ainda há boa vontade dos dois lados".
A notícia vem duas semanas após Eduardo, filho de Jair Bolsonaro, tuitar que "a culpa [pela pandemia] é da China", causando um confronto diplomático.
Na última semana, o general Augusto Heleno saiu da quarentena para publicar afinal os requisitos de segurança das redes 5G, sem restrições à gigante chinesa Huawei, mas o gesto pouco repercutiu por lá.
O único registro que foi possível encontrar desde a sexta, nos agregadores e jornais chineses, saiu na plataforma de mídia 36Kr, de Pequim.
Por outro lado, portais como Baijiahao, do Baidu, vêm publicando como o "Brasil de repente mudou o discurso e impôs tarifas adicionais por cinco anos a produtos chineses" como louças de mesa e pneus de moto.
'UM PERIGO PARA OS BRASILEIROS'
Em editorial, o britânico The Guardian destaca que Jair Bolsonaro "está destruindo as tentativas de seu país de conter a disseminação do coronavírus", mas encerra o texto em nota positiva, apontando com ironia seu crescente "isolamento".
SEM GUAIDÓ
Em artigo no Wall Street Journal, Elliott Abrams, o responsável por Venezuela no governo americano, afirma já no enunciado que o "Departamento de Estado propõe que Maduro e Guaidó se afastem ambos", no que descreve como "um novo caminho" a ser buscado. Ou seja, "os EUA não apoiam nenhum partido em particular na Venezuela" e, em seu novo plano, os militares venezuelanos é que teriam "papel essencial".
A porta-voz do ministério chinês do exterior, Hua Chunying, respondeu por mídia social que "a China se opõe a qualquer força externa que, sob qualquer pretexto, infrinja a soberania da Venezuela".
DÉCADAS?
De início, o estudo de universidades americanas e britânicas publicado na Nature há duas semanas, sobre a origem do Covid-19, ecoou por derrubar a teoria conspiratória de que o vírus teria sido criado em laboratório.
Mas na semana passada um diretor do Departamento de Saúde dos EUA esclareceu, no site do órgão, com a ilustração acima, que o estudo mostra que o vírus pode ter sido transmitido de animais para seres humanos "anos ou talvez décadas" antes de se tornar letal, em Wuhan.
Foi parar nas manchetes do South China Morning Post, de Jack Ma, ao Drudge Report, "Coronavírus pode ter se espalhado entre humanos por décadas".
Nelson de Sá é jornalista, cobre mídia e política na Folha desde a eleição de 1989.
Nelson de Sá: Crescimento 'fraco, frustrante, débil, desbotado, desapontador'
Brasil desacelerou bruscamente no quarto trimestre, diz Bloomberg, e deve reforçar viés negativo para 2019
No título do francês Le Figaro, “Brasil: crescimento baixo”. Abrindo o texto, “crescimento fraco”, com “número desapontador”. A agência chinesa Xinhua apontou que “ainda está abaixo do nível de 2014”.
Os argentinos Clarín e La Nación, lembrando ser “o maior sócio comercial da Argentina”, publicaram que no Brasil “a expansão continua débil” e “em ritmo lento”. Mais, “as esperanças se viram frustradas”.
O Wall Street Journal falou em “crescimento desbotado”, no título. Abrindo a reportagem, “desapontou”. O jornal ouve de um analista financeiro que “está difícil encontrar empresas para investir aqui”.
A Bloomberg preferiu sublinhar que a “Economia do Brasil desacelerou bruscamente no quarto trimestre”. E que a Capital Economics soltou em nota que “o PIB desaponta aqueles que esperavam que o crescimento iria acelerar após a vitória de Jair Bolsonaro”.
A analista da própria Bloomberg Economics acrescentou que o resultado “deve reforçar o viés negativo do mercado para crescimento em 2019”. O número “fraco” já teria levado o banco Goldman Sachs a cortar a previsão de crescimento do país neste ano para 2%.
Tanto WSJ como Bloomberg responsabilizam, em parte, o “mercado de trabalho mais fraco do que se esperava” pela economia “mais fraca”.
INVESTIDOR NÃO VEM
A Reuters entrevistou em Londres o economista-chefe do Institute of International Finance, a associação global dos bancos, sobre o fluxo de investimentos aos emergentes. Ele cita China, Indonésia e México como “destinos mais populares” e:
“Talvez a maior surpresa para mim seja que os fluxos para o Brasil continuem bastante fracos, mesmo após anos difíceis e com uma agenda interessante de reformas.”
RECEITA RUIM
A nova Economist publica o editorial “Receita ruim”, tendo como segundo enunciado “3G Capital descobre os limites do corte de custos”.
Escreve que “o que aparentava ser uma estratégia bem-sucedida de repente parece ser um fiasco”. E que, “com suas raízes no Brasil, a 3G trouxe torções próprias ao barbarismo” das últimas décadas. “Funcionou por algum tempo”, avalia, mas agora “é preciso encontrar o mix certo entre cortar despesas e investir por crescimento”.
#EUANOBRASIL
Como tuíta há dias com a hashtag acima, Kimberly Breier, secretária-assistente de Estado dos EUA, fez reuniões de trabalho com o chanceler Ernesto Araújo, com o ministro Sergio Moro, com quem tratou de "ameaças à segurança regional", e com o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó (acima).
Também com Fiesp e Escola Superior de Guerra.
Nelson de Sá: EUA pressionam, Mourão e a Cruz Vermelha resistem
Segundo NPR, 'organizações de ajuda se recusam a colaborar' porque operação na Venezuela visa 'mudança de regime'
O New York Times de domingo entrevistou o almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos EUA, em sua visita ao Brasil nesta semana. Segundo o jornal, ele “vem elaborando planos para missões na Venezuela”, uma das quais seria “turboalimentar a entrega de ajuda humanitária”.
Nas palavras de Faller, “há uma gama de opções sobre a mesa”. Ele diz que “há muitos generais na folha de pagamentos ilícitos de Maduro através de narcotráfico e lavagem de dinheiro”. Do Brasil ele foi para a ilha holandesa de Curaçao, próxima da capital venezuelana e outra base para a operação militar de “ajuda humanitária”.
Depois que Faller deixou o país, o vice-presidente Hamilton Mourão deu entrevista à Bloomberg, sob o título “Brasil agora anda com suavidade na Venezuela”.
“É difícil para o Brasil neste momento”, argumentou o general brasileiro, “especialmente devido a problemas orçamentários, desconsiderar a energia que vem” do país vizinho. Mourão “foi adido militar na Venezuela”, registrou a Bloomberg.
Por outro lado, a NPR, rede pública de rádio dos EUA, noticiou que o Comitê Internacional da Cruz Vemelha, a Care “e outras organizações de ajuda se recusam a colaborar com os EUA” na Venezuela, porque a operação foi “planejada para fomentar mudança de regime”.
Artigo na Foreign Policy, de membro da Foundation for Defense of Democracies, que faz lobby contra o Irã em Washington, retoma a pressão contra o suposto “paraíso para terroristas” na Tríplice Fronteira, de Brasil, Argentina e Paraguai. Este último, ameaça abertamente o texto, “precisa patrulhar melhor seu sistema financeiro —ou enfrentar as consequências”.
A retomada da pressão, quase uma década depois, coincide com o lançamento do filme “Triple Frontier” (trailer abaixo), cujo projeto também começou há uma década, programado pela Netflix para 13 de março.
DIDI AVANÇA
A agência Reuters noticia em “exclusiva” que a “gigante Didi”, concorrente chinesa do americano Uber, que já vinha atuando no Brasil como 99, está contratando para lançar seu serviço também no Chile, no Peru e na Colômbia.
HUAWEI REAGE
Na manchete do Financial Times, final de domingo, “Reino Unido diz que Huawei é risco administrável para 5G”. Logo abaixo, “É um golpe no esforço dos EUA de banir a empresa chinesa das redes de telecomunicação dos aliados”.
*Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.
Nelson de Sá: Batalha por 5G se torna 'Guerra Fria da tecnologia'
Em editorial, o jornal chinês atacou as pressões americanas sobre os europeus aliados, contra o uso de equipamento da Huawei, comparando a submissão da Otan ao Pacto de Varsóvia.
FERVOR
James Bamford, tido como principal jornalista para questões de inteligência dos EUA, publicou na New Republic a longa reportagem "A espiã que não era" (acima), sobre a russa Maria Butina, que foi presa em agosto entre títulos que a acusaram até de "usar sexo". Foi efeito do "fervor anti-russo", conclui o repórter.
BOLSONARO VS. BRICS
Em análise no indiano The Economic Times, Fábio Zanini, da Folha, escreve que no país de Jair Bolsonaro, que neste ano preside o grupo Brics, a aliança com os grandes emergentes se tornou “quase invisível”. Até na Venezuela o Brasil agora se situa em posição divergente daquela de China, Rússia e também Índia e África do Sul —e ao lado dos EUA.De maneira geral, “a nova diplomacia brasileira consiste em poucos amigos e objetivos limitados, sem ambições globais”.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
Da CNN, sobre as fotos que correram mundo da festa da, entre aspas no original, “escravidão” em Salvador:"O mundo da moda está passando por uma prestação de contas em termos de insensibilidade cultural e suposto racismo.”
*Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.
Nelson de Sá: Doutrina Monroe ronda ação dos EUA na Venezuela
Resposta americana 'às eleições fraudulentas na Guatemala e em Honduras' foi diferente, aponta FT
Na capa do New York Times de domingo, “Rubio assume papel de destituidor-chefe na Venezuela”. Mostra como o senador pela Flórida, “ao lado do vice Mike Pence”, dobrou Donald Trump e “comanda estratégia dos EUA na Venezuela”.
A CNN entrevistou Marco Rubio e o Washington Post destacou que ele negou que os EUA estejam dando “um golpe”, citando o apoio de outros: “Isso não é EUA. Isso é Honduras. Isso é Guatemala. É Brasil, Colômbia, Argentina etc. etc.”.
No Financial Times, o colunista Edward Luce sublinhou a mudança de Trump, que admitiu intervenção militar porque “a Venezuela não é muito longe”, como um sinal de retorno à Doutrina Monroe, “pela qual os EUA tratam o Hemisfério Ocidental [as Américas] como o seu quintal”.
As desculpas são seletivas, acrescenta Luce, lembrando que o governo americano “tem sido alheio às eleições fraudulentas na Guatemala e em Honduras”. Arrisca que a diferença é que “os refugiados de Guatemala e Honduras tendem a ser pobres, enquanto as elites financeiras venezuelanas na Flórida, que o visitam na ‘Casa Branca de inverno’ em Mar-a-Lago, não são”.
Pelo sim, pelo não, o Huanqiu/Global Times, ligado ao PC chinês, afirmou que “a comunidade internacional deve atentar para a Doutrina Monroe mais uma vez semeando desastre na América Latina”.
GUERRA À HUAWEI
Na manchete digital do NYT ao longo do domingo, “EUA pressionam aliados para combater Huawei em nova corrida armamentista com China”. Querem barrar a gigante chinesa, que está à frente das concorrentes americanas na “transição para as revolucionárias redes 5G”. Os “aliados” citados são os europeus Alemanha, Reino Unido e Polônia.
Fechando o domingo, na manchete do FT, “Enviado da China à União Europeia ataca ‘calúnias’ contra Huawei”.
RUIM PARA OS NEGÓCIOS
Em contraste com as coberturas dos desastres de Mariana e do Museu Nacional, a tragédia em Brumadinho vem tendo relativamente pouco destaque no exterior, restrita agora ao noticiário das mortes.
O francês Le Monde avançou um pouco com a reportagem “Rompimento reaviva controvérsia sobre segurança dos complexos de mineração”.
E a Bloomberg deu análise sob o título “Postura pró-negócios de Bolsonaro é testada pelo rompimento mortal de represa”.
COMMODITY
O chinês Huanqiu, com despachos de agências russas, foi dos poucos jornais a manchetar (acima, via celular) no exterior o rompimento da barragem "de minério de ferro" no Brasil.
*Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.
Nelson de Sá: Solavancos esfriam 'amor' por Bolsonaro no mercado externo
'Investidores deveriam esperar a eleição', aconselha FT, citando sinais contra reforma da Previdência
WSJ noticia investigação por ‘suposta fraude’ com fundos de pensão
No Wall Street Journal, “Alto assessor de Bolsonaro é investigado por suposta fraude de investimento”. Logo abaixo, “Paulo Guedes é considerado um potencial ministro das finanças se Bolsonaro vencer”. E foram suas as “propostas de livre mercado que ganharam apoio do mercado financeiro”.
O jornal ouve de analista brasileira de finanças que, mesmo se a investigação “levar à queda de Guedes”, ele poderia ser substituído por outro de mesma linha. Os investidores estariam “mais preocupados com as declarações de Bolsonaro, abaixando o tom da necessidade de mudanças na Previdência”.
Também no Financial Times, “Procuradores brasileiros investigam assessor econômico de Bolsonaro”. Logo abaixo, o inquérito é “por suspeita de fraude do financista nos investimentos de fundos de pensão”.
O jornal destacou depois a análise “Investidores deveriam esperar a eleição”, listando a declaração do articulador político de Bolsonaro contra a reforma da Previdência no Congresso; o silêncio imposto pelo próprio candidato a Guedes; e por fim, “na quarta, a Folha estampou a notícia de que o financista estava sob investigação. Mr. Guedes não pôde ser encontrado para comentar”. O FT fecha com um alerta:
“Os investidores podem estar amando os acontecimentos no Brasil até agora. Um caminho sábio pode ser esperar para ver como eles vão terminar.”
TÁTICA DO MEDO
Os dois enviados do britânico Guardian à eleição brasileira, Tom e Dom Phillips, produziram longa reportagem sobre a “tática do medo” amplificada por Bolsonaro neste início de campanha para o segundo turno, sob o título “A nova Venezuela?”. No segundo enunciado, “O candidato de extrema direita buscou, com evidência escassa, vincular seu oponente do Partido dos Trabalhadores aos problemas do país vizinho”.
Observam que Donald Trump, em artigo no USA Today, também começou agora a usar a sombra venezuelana contra os democratas, “radicais socialistas”, na eleição legislativa nos EUA.
FUKUYAMA, O COMUNISTA
O filósofo Francis Fukuyama, de Stanford e referência do pensamento conservador das últimas décadas nos EUA, afirmou em mídia social que é “aflitiva” a aprovação de Bolsonaro pelos “mercados financeiros” —e também ele virou alvo de ataques. Depois ironizou:
“Muitos brasileiros parecem pensar que eu sou um comunista porque estou preocupado com uma presidência Bolsonaro. E você pensa que os americanos estão polarizados...”
LGBTQ, PROTEJAM-SE!
Influenciadores como o youtuber Rafucko noticiaram: “LGBTQ, protejam-se! Grindr emite alerta porque tem gente usando o app para atrair homens gays para emboscadas”. O aplicativo, citando preocupações de usuários “após a recente eleição”, aconselhou tomar “as medidas necessárias para manter-se seguro” (acima).
A violência homofóbica, entre outras, já repercute em veículos europeus como Le Monde.
PROVAVELMENTE
Em contraposição ao editorial de capa da própria revista, coluna de Michael Reid na nova Economist, com a ilustração acima, cita declaração do comandante do Exército para afirmar que os militares, "mais provavelmente, vão conter Bolsonaro" --e não apoiar seu autoritarismo.
* Nelson de Sá é jornalista, foi editor da Ilustrada.