Marcus Vinicius Oliveira
'Proposta de taxar livro é tragédia absurda', diz pesquisador da Unesp
Marcus Vinicius Oliveira vai participar de debate da Biblioteca Salomão Malina nesta terça-feira (27/7), às 20h
Cleomar Almeida, da equipe da FAP
A polêmica proposta de taxação de livros pode aprofundar ainda mais o abismo social do país, que tem 11 milhões de brasileiros que não sabem ler nem escrever. A avaliação é do escritor e professor de história Marcus Vinícius Oliveira, de 30 anos. “Taxar os livros é uma tragédia absurda”, afirma, em entrevista ao portal da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília.
Confira o vídeo!
Mestre em história, pós-doutorando pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e professor do ensino médio, Oliveira vai participar, na terça-feira (27/7), de webinar da Biblioteca Salomão Malina com o título “Somos todos escritores” para discutir a importância desses profissionais para o desenvolvimento do país.
O evento, que integra a comemoração do Dia do Escritor, celebrado no último domingo, será realizado em parceria com a FAP e terá transmissão em tempo real na página da biblioteca no Facebook. Os internautas também podem assistir ao evento no canal da entidade no Youtube e na página dela no Facebook.
“Alternativa impensável”
De acordo com o escritor, o país ainda tem que resistir à grande barreira do governo que pretende taxar os livros, conforme prevê a proposta da reforma tributária. “É uma alternativa impensável em qualquer país sério que queira aumentar o número de leitores”, ressalta o historiador.
O desafio se impõe ainda mais por causa da pandemia, que, assim como impactou em outras áreas do mercado, também atingiu o setor editorial. As vendas de e-book e audiolivro dispararam no Brasil em 2020. No entanto, por outro lado, em 15 anos, o mercado editorial encolheu 30%.
No ano passado, marcado pela pandemia do coronavírus, o mercado editorial sofreu o impacto do fechamento temporário de lojas físicas no país, faturando um total R$5,2 bilhões em 2020, o que significa um decréscimo de 8,8% em comparação a 2019.
Os dados foram apresentados em um dos recortes da pesquisa Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro ano-base 2020, realizada pela Nielsen Book, com coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
Por outro lado, o levantamento registrou crescimento expressivo das livrarias exclusivamente virtuais, que tiveram aumento de 84% na participação no faturamento das editoras, sendo responsáveis por movimentar R$923,4 milhões em 2020.
Parcerias
Além disso, também há casos de autores independentes que encontraram parcerias para publicar seus livros, como ocorreu no caso da obra “Palavras em liberdade”, produzida por jovens da periferia que se reúnem no grupo Slam-DéF. Ela foi editada, pela FAP, e lançada no dia 14 de julho. Na obra, os autores usam poesias para escancarar as dores, angústias, prazeres e resistências nas comunidades.
De acordo com o historiador, o papel do escritor é exatamente se aproximar de seus leitores. “Sempre entendo a leitura como um encontro. Se o autor escrever, mas não é lido, não existe a completude do que escreveu. Só existe escritor se houver leitor”, ressalta o historiador.
Na avaliação de Oliveira, que é autor de três livros, os escritores têm o desafio de quebrar a barreira da resistência à leitura. “Ainda temos no Brasil um público distante da leitura, pessoas que têm muito medo da leitura, no sentido de que o livro parece algo muito inacessível. Isso tem muito a ver com educação escolar, que impõe a obrigatoriedade do livro, muitas vezes difícil de ler, em linguagem sisuda”, ressalta.
Por outro lado, o aumento de e-books, por exemplo, possibilita crescimento da leitura entre os jovens, sobretudo. “Eu acho que a gente está melhorando neste ponto, por incrível que pareça. Tenho muitos alunos que leem livros infanto-juvenis por ser do interesse deles”, observa Oliveira.
Live: Somos todos escritores
Data: 27/7/2021
Transmissão: A partir das 20 horas
Onde: Portal da FAP e redes sociais da entidade (Facebook e Youtube) e da Biblioteca Salomão Malina (Facebook)
Realização: Biblioteca Salomão Malina, em parceria com a FAP
Para solicitar acesso à sala do Zoom, envie mensagem para o WhatsApp oficial da biblioteca – (61) 98401-5561. (Clique no número para abrir o WhatsApp Web).
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Webinar da FAP lança o livro A Arquitetura Fractal de Antonio Gramsci
Além do autor da obra, Marcus Vinícius Oliveira, Alberto Aggio e Marcos Sorrilha participaram da conversa online com interação do público
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Um grande debate online marcou o lançamento do livro A Arquitetura Fractal de Antonio Gramsci: história e política nos Cadernos do Cárcere (280 páginas), do historiador Marcus Vinícius Furtado da Silva Oliveira. O livro já está à venda na internet e foi editado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), que realizou, nesta quarta-feira (27), a partir das 19 horas, a webinar com a participação do autor e dos historiadores Alberto Aggio, professor-titular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), e Marcos Sorrilha Pinheiro, um dos grandes especialistas brasileiros em história dos Estados Unidos. Haverá ampla interação com o público.
A conversa online foi realizada por meio do canal da FAP no Youtube, com retransmissão no site da entidade e em sua página no Facebook. O livro de Marcus Vinícius é uma versão revisada de sua tese de doutorado, apresentada na Unesp, sob a orientação de Aggio. A obra é dividida em três capítulos: os Cadernos do Cárcere como objeto histórico; os anos que parecem ser séculos: o ritmo de pensamento do jovem Gramsci; e a arquitetura fractal: uma leitura dos Cadernos do Cárcere, além do pós-escrito.
Assista ao vídeo da webinar de lançamento abaixo!
Gramsci, político e intelectual italiano nascido na ilha da Sardenha, no Sul da Itália, é certamente um dos intelectuais mais lidos nas ciências humanas. Em sua apresentação, o livro registra que a bibliografia gramsciana foi agrupada inicialmente por John Cammet e continuada por Francesco Giasi e Maria Luisa Righi. Contabiliza mais de 20 mil documentos escritos em 41 línguas. “Diante disso, explorar o universo gramsciano se mostra uma tarefa hercúlea, seja em razão da aspereza imposta pela formatação fragmentária das notas carcerárias, seja pelo volume exponencial da bibliografia que se acumula com o passar do tempo”, afirma um trecho.
No livro, Marcus Vinícius assume a perspectiva de um diálogo entre filologia e historicismo integral, conforme o prefácio, escrito por Aggio. “Também não esconde sua permanente intenção de convocar Gramsci para a grande discussão dos dilemas políticos da nossa contemporaneidade, centrada nas temáticas da interdependência e do cosmopolitismo, dois vetores essenciais para a compreensão e o enfrentamento dos conflitos e dos desafios de um mundo globalizado”, diz o professor da Unesp, que também publica análises sobre história e política no Blog do Aggio.
Na avaliação do prefaciador, o autor não prescindiu, em momento algum, de enfatizar o caráter aberto do texto gramsciano, reconhecidamente uma das razões da grandeza do seu pensamento. “Outro aspecto importante é que não há no livro a perspectiva, como se fez no passado, de procurar extrair do pensamento de Gramsci orientações imediatas para a ação política ou então concepções de mundo integrais sobre a moral e a cultura, a sociedade e a história, o que invariavelmente produz operações reducionistas”, afirma, para continuar: “É preciso enfatizar, assim, que o autor comunga a ideia da impossibilidade de se pensar em um gramscismo como sistema ou esquema que deveria ser seguido por seus supostos adeptos”.
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Sorrilha, que também é professor assistente da Unesp e tem um canal no Youtube, analisa que o pensamento de Gramsci goza de larga repercussão no debate acadêmico e político no Brasil. “Desde a abertura democrática, suas ideias apareciam como um norte capaz de conciliar os anseios dos setores progressistas às novas demandas da democracia”, pondera. “Hoje, porém, é propagandeado como uma espécie do gênio do mal, capaz de incluir na sociedade uma moral comunista responsável pela deterioração dos valores ocidentais”, continua.
De acordo com Sorrilha, o autor do livro elabora um retrato histórico de Gramsci, devolvendo o intelectual italiano ao seu tempo, às discussões de sua época e às suas influências intelectuais, o que, segundo avalia, torna-o mais assimilável ao Ocidente e condizente com as sociedades democráticas. “O resultado é uma representação de Gramsci, pois não se está atrás do Gramsci ‘verdadeiro’, o que deve promover um estímulo ao leitor interessado, além de ampliar o debate com interlocutores especializados”, escreve.
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A democracia está em risco? Assista a debate em encontro que reuniu 75 jovens do Brasil
Historiador e professor Marcus Vinicius Oliveira coordenou a discussão em evento realizado pela FAP
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
Os riscos à democracia geram bastante preocupação e debate em meio ao acirramento e polarização de ideias na sociedade. Governos de extrema direita, como é o caso do presidente Jair Bolsonaro no Brasil, demonstram cada vez mais posturas contrárias aos ideais democráticos e republicanos e alimentam polêmicas para inflar os ânimos de seus seguidores, conforme analisam cientistas políticos.
Como de costume, a discussão é polarizada. Os pontos apresentados por cada um dos lados envolvidos nessa batalha ideológica são intermináveis e usados como argumento para defenderem o que pensam. Muitas vezes, até a dignidade humana é colocada em xeque. Mas até que ponto a democracia existe no Brasil? É possível e preciso democratizar a democracia? Em que medida a democracia resulta na consciência e prática de direitos e deveres por parte dos cidadãos?
Esses e outros assuntos foram abordados em discussão coordenada pelo historiador e professor Marcus Vinicius Oliveira, durante o IV Encontro de Jovens Lideranças, realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), em Corumbá de Goiás, a 125 quilômetros de Brasília. No total, 75 jovens dos 26 Estados e do Distrito Federal participaram do evento.
» Confira abaixo o vídeo da palestra de abertura ou clique aqui!
https://youtu.be/k7-Wci6OhLc
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Marcus Vinicius Oliveira: “Vamos discutir os problemas políticos do nosso tempo”
Ao longo desta semana, a FAP está publicando uma série de entrevistas com palestrantes do II Encontro de Jovens Lideranças
Germano Martiniano
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) promoverá, na próxima semana (dias 11 a 15 de julho), o II Encontro de Jovens Lideranças, que será realizado na Colônia de Férias Kinderland, em Paulo de Frontin (RJ). O evento contará com 120 participantes de todo o país e tem, como objetivo, preparar os jovens para um cenário político cada vez mais desafiador no Brasil.
A FAP está publicando uma série de entrevistas com palestrantes do evento, que serão publicadas ao longo da semana. A ideia é preparar os jovens para o Encontro, bem como informar os internautas sobre a programação do evento que será realizado em Paulo de Frontin (RJ).
A primeira entrevista é com o historiador e professor Marcus Vinicius Oliveira, mestre em História e Cultura Política pela Unesp Franca e doutorando em História e Cultura Política pela mesma instituição. Oliveira debaterá o tema: “Política e Democracia no Mundo Contemporâneo”. A seguir, trechos da entrevista:
Tendo participado do primeiro Encontro, qual a sua motivação de estar também nesta segunda edição do evento? Qual será a sua contribuição para a formação dos jovens oriundos do Brasil inteiro?
No primeiro encontro minha experiência, embora bastante curta, foi muito proveitosa. Pude interagir com perspectivas de áreas diferentes da minha e discutir com ótimas pessoas. Esse aprendizado proporcionado pelo primeiro encontro me motiva a participar do segundo, dessa vez permanecendo a semana toda. Vamos discutir os problemas políticos do nosso tempo. Quero trazer discussões consistentes acerca desses problemas políticos do nosso tempo, tentando sempre auxiliar na formação de uma cultura política democrática para os jovens, tão necessária aos dias de hoje.
Um dos temas que você debateu no primeiro Encontro foi a polarização do discurso político no Brasil, principalmente por parte do PT, que sempre procura colocar a população nos extremos das questões políticas, impedindo, assim, um diálogo equilibrado e saudável. Como você vê esta questão?
A polarização política pode se tornar um problema na medida em que impede o diálogo entre as forças políticas em questão. Pode se tornar também um problema para a própria democracia, caso algum setor se proponha a resolver a polarização a partir de medidas não democráticas ou autoritárias. Todavia, apesar dessa polarização, nossa democracia, mesmo que problemática, segue existindo. Precisamos pensar formas de aprofundar e melhorar nossa política democrática. Penso que isso seja necessário também diante do clima de desconfiança e rejeição da política que boa parte dos brasileiros sentem, sobretudo em razão dos vários escândalos de corrupção.
Democracia e mundo contemporâneo são temas bastante controversos, afinal, os discursos de extrema direita crescem a cada dia, como exemplo, Trump nos EUA. Porém, não há como negar que a extrema direita cresceu, pois, a esquerda também tem sido incapaz de dar respostas em nível macro à sociedade, inclusive é até uma crítica que faz em relação a derrota de Hillary Clinton para Trump nas eleições presidenciais. O que diz sobre isso?
De fato, há um crescimento da direita em países importantes no cenário mundial, inclusive no Brasil. Muita tinta tem sido gasta, há anos, sobre a incapacidade da esquerda de oferecer respostas aos problemas contemporâneos fundamentais. Também muito se fala em renovar ou reinventar as esquerdas. Todavia, penso que uma esquerda que se queira como proposta viável para o século 21 precisa estar aberta à política e ao diálogo com outros setores da sociedade. É preciso disputar os espaços, elaborar uma cultura capaz de disputar a hegemonia, tanto nacional quanto internacionalmente. E tudo isso precisa ocorrer dentro dos marcos da democracia e isso significa também saber dialogar e tolerar os adversários políticos, assim como também devemos buscar o mesmo da direita ou de qualquer outra força política. Não é possível pensar a política somente a partir da lógica amigo/inimigo.
E a democracia brasileira, como você a vê perante o cenário internacional e também frente a todos esses escândalos de corrupção pelos quais passamos?
A democracia no Brasil é sempre um assunto bastante complexo, seja pela nossa história republicana ao longo do século 20 ou por nossa história mais recente, da redemocratização em diante. Os escândalos em relação à corrupção, além dos problemas óbvios, contribuem para uma descrença e rejeição da política na população e, consequentemente, uma descrença em torno das possibilidades democráticas para o país. Por isso, é preciso defender a Justiça a todo custo, evitando toda a seletividade nos processos. Uma das possibilidades de restaurar a confiança dos brasileiros nas instituições democráticas passa, certamente, pela punição de todos os crimes, independentemente de partidos.
Que mensagem pode ser dita aos jovens que vão participar do II Encontro?
Estou bastante ansioso para o II Encontro. Espero poder contribuir com os jovens, criando um ambiente de discussão que nos possibilite crescer juntos. Certamente, temos questões que instigam a todos, que nos incomodam em conjunto, até porque também estou entre os jovens. Tenho 26 anos! Então compartilho dos anseios e problemas da juventude. Enfim, vamos pensar juntos nesse lugar maravilhoso que é a colônia Kinderland!
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Mais informações sobre o II Encontro de Jovens Lideranças: http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/2017/06/21/5322/