livro
Livro mostra década do “pior desempenho econômico” da história republicana do Brasil
Em sua nova obra, economista Benito Salomão reúne escritos publicados de 2010 a 2020
Comunicação FAP
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) publicou o livro Como Construímos Outra Década Perdida? Escritos entre 2010 e 2020 (344 p.), de autoria do economista Benito Adelmo Salomão Neto. Na obra, o autor mostra de que forma o país alcançou, no período, “o pior desempenho econômico da sua história republicana”.
> Em breve, o livro será colocado à venda na estante virtual da FAP!
Com 12 capítulos, o livro é resultado da larga experiência do autor, que, ao longo de anos, qualificou ainda mais as suas análises sobre os cenários políticos e econômicos, em dezenas de artigos publicados e que foram revisitados na produção da obra. “Relendo o que escrevi, pude constatar que meus artigos anteciparam muitos eventos que acabaram acontecendo no Brasil ao longo da década”, diz ele, que é conselheiro da FAP.
De acordo com o livro, em 2010, o Brasil apresentava um conjunto de problemas econômicos, como baixa produtividade, pressões fiscais e desequilíbrios macroeconômicos, além de desafios políticos relacionados ao populismo dos governos. A partir daquele mesmo ano, segundo o autor, o Brasil, que viu sua democracia se consolidar nos anos 1990 e 2000, passou a conviver com um ambiente constante de radicalismo e polarização.
Em 2020, na avaliação do economista, a situação do país piorou ainda mais por causa de novos problemas que se somaram aos já existentes, como ameaças à democracia e proliferação da fome, da pobreza e da miséria, questões que se impõem como desafios ainda nos dias de hoje.
A obra aponta que o Brasil tem problemas de curto e longo prazo que precisam ser atacados simultaneamente. “Não é tarefa fácil”, analisa o autor. Segundo ele, um dos problemas econômicos mais urgentes é a estabilização da dívida pública e a sustentabilidade da política fiscal. “Por outro lado, o problema do desemprego se coloca de forma muito violenta”, acrescenta. “Não basta gerar empregos, é preciso estar atento à qualidade desses empregos gerados”, assevera, em outro trecho.
Ao defender que o país deve conciliar políticas educacionais, industriais e de desenvolvimento regional, o economista diz que o objetivo deve ser estabelecer um parque produtivo diversificado e complexo, capaz de competir com o resto do mundo. É uma sugestão que, segundo ele, não tem nada a ver com o modelo de industrialização pautado na substituição de importação dos anos 1930, 1950 e 1970.
A leitura do livro é atual, já que continuam ocorrendo muitos dos problemas registrados no passado. A obra, porém, não apresenta uma interpretação econômica pura sobre a crise da economia brasileira, justamente porque Benito é um economista com ampla vivência no mundo político.
Em tom de alerta, o autor ressalta que, se os anos de 2010 a 2020 foram perdidos em termos econômicos e políticos, a década atual não pode seguir o mesmo caminho. “E isso depende de decisões coletivas acertadas que precisam ser tomadas”, escreveu.
O AUTOR
Benito Salomão é um conhecido economista, pesquisador e intelectual brasileiro da nova geração. Possui doutorado em Economia pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal de Uberlândia, com tese sobre a política fiscal no Brasil, e Mestrado em Economia, com dissertação sobre os efeitos orçamentários da criação de municípios pela mesma Instituição. Em 2020, foi Visiting Scholar Researcher na Vancouver School of Economics of the University of British Columbia no Canadá, onde desenvolveu pesquisa sobre avaliação de políticas públicas aplicadas aos municípios do MATOPIBA.
Atualmente, Benito Salomão é professor do Instituto de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia (IERI-UFU), tendo anteriormente atuado como economista chefe de uma casa de análises voltada para avaliação de ativos financeiros e valores mobiliários no Brasil.
O economista assina como autor quinze ensaios científicos em periódicos de renome no Brasil e no exterior, também é autor do livro Perspectivas de Desenvolvimento no Município de Uberlândia: Uma Abordagem Econômica, Social e das Finanças Públicas; além de organizador do livro Retomada do Desenvolvimento: Reflexões Econômicas para um Modelo de Crescimento com Inclusão Social, ambos editados pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP). Participou das principais conferências científicas do Brasil e do mundo nos últimos anos e atua no debate público com mais de 215 artigos de opinião publicados nos principais jornais brasileiros.
Sua pesquisa venceu, em três edições, o Prêmio Brasil de Economia do Conselho Federal de Economia (Cofecon), ficando, em 2022 e 2020, no 1° lugar e, em 2018, em 3° lugar. Em 2021, foi indicado ao Prêmio Economista do Ano pela Revista Economia em Ação. Desde então, é membro associado do International Institute of Public Finance (IIPF), que reúne estudiosos e pesquisadores da área de economia do setor público de mais de 50 países.
A segunda parte da longa jornada do Partidão em busca da democracia
Daniel Costa*
Após o lançamento do primeiro volume escrito pelo jornalista Carlos Marchi em 2022, a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) traz, para o público especializado ou não, o segundo volume do livro Longa jornada até a democracia - Os 100 anos do partidão (1922-2022), escrito pelo jornalista e escritor Eumano Silva, também coautor do vencedor do Prêmio Jabuti, “Operação Araguaia”. O volume aborda a trajetória do PCB (Partido Comunista Brasileiro) do IV Congresso, realizado em 1967 até 1992, momento em que os líderes da sigla estiveram sintonizados com os ventos de mudança ocorrido no leste europeu e foram inspirados pelo processo que culminaria na transformação do PCI (Partido Comunista Italiano) em PDS (Partido Democrático da Esquerda).
É nesse conturbado cenário que o grupo majoritário do partido opta pela mudança da sua linha política, deixando de lado os símbolos da foice e do martelo, o léxico revolucionário, passando a adotar a sigla PPS (Partido Popular Socialista).
Fruto de uma longa e densa pesquisa, Eumano Silva mostra, ao longo de 844 páginas, os tortuosos caminhos do Partidão no processo de enfrentamento à ditadura civil-militar implantada em 1964. O livro ainda aborda o processo de luta pela anistia e redemocratização, a relação do PCB com o novo sindicalismo surgido no ABC paulista no final da década de 1970, o surgimento do Partido dos Trabalhadores, agremiação que, apesar das afinidades ideológicas, seria um dos causadores (não o único) do eclipse do Partidão e, claro, as próprias crises e embates internos entre as diferentes concepções partidárias e estratégias e táticas políticas.
Nós, historiadores, geralmente, encaramos livros como o escrito por Eumano Silva com certo ceticismo acerca de possíveis qualidades, seja pela construção da narrativa do fato histórico, pelo enquadramento dos personagens seja por outras questões que são caras ao métier historiográfico. Porém, dado o rigor analítico, a diversidade dos personagens entrevistados, o denso embasamento bibliográfico e a farta pesquisa documental, arrisco dizer que, desde seu lançamento, ao lado do primeiro volume, a obra se torna referência para aqueles que desejam compreender não somente os tortuosos caminhos daquela que fora a grande referência para a esquerda brasileira até o surgimento do Partido dos Trabalhadores, mas também os caminhos e descaminhos da nossa democracia.
Como ressalta o jornalista Luiz Carlos azedo, responsável pela orelha do livro, “o PCB sobreviveu por sua política. Eumano Silva, por meio de documentos, depoimentos e pesquisas bibliográficas, reconstitui a trajetória desses heróis quase anônimos da luta contra a ditadura, muitos dos quais foram sequestrados, presos e barbaramente torturados. Poucos membros do Comitê Central permaneceram no país, mesmo caçados vivos ou mortos”.
Em um partido com oitenta anos de trajetória, considerando o período entre 1922 e 1992, as disputas internas seriam algo constante, em momentos extremos, causando inclusive rupturas - cabe destacar que, para pesquisadores dedicados à trajetória da agremiação comunista, a riqueza dos debates internos seria o motor para a formulação de políticas que daria relevância ao Partidão ao longo de sua existência. Tratar principalmente de rupturas em organismos coletivos nem sempre é uma tarefa fácil, geralmente opta-se em contar apenas a versão do lado vencedor, e aqui temos mais um mérito para destacar na obra, assim como ressaltar a postura do autor e da própria Fundação Astrojildo Pereira.
A pluralidade fica latente ao verificar a diversidade de personagens entrevistados para a construção da narrativa. Assim, o leitor terá a oportunidade de travar contato com a visão de figuras ligadas ao atual Cidadania, como o sindicalista paulista Davi Zaia; o historiador e jornalista Ivan Alves filho; o já citado Luiz Carlos Azedo e o ex-presidente do Cidadania Roberto Freire, um dos principais nomes do partido após o processo de mudança de nome e concepção, que ficaria a frente da sigla até 2023, quando foi substituído pelo professor Comte Bittencourt.
São ouvidos ainda personagens como José Genoíno, ex-integrante do PCdoB, que chegou a participar da guerrilha do Araguaia e hoje segue militando no PT, e Frei Chico, destacado militante do PCB paulista nos anos 1970 e irmão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A diversidade de entrevistados abarca ainda personagens como o sindicalista carioca Ivan Pinheiro, uma das lideranças ao lado de Horácio Macedo, do grupo que se opunha ao processo ocorrido em 1992, que passaria a ocupar o cargo de secretário-geral do PCB “reconstruído” e em 2023 seria um dos articuladores de uma nova ruptura à esquerda dentro da pequena agremiação.
Por fim, em relação à diversidade de personagens ouvidos por Eumano, ainda podemos destacar nomes como a historiadora Marly Vianna, próxima do grupo prestista; o cientista político Marco Aurélio Nogueira, próximo do grupo de Armênio Guedes; José Salles; Florestan Fernandes Júnior; Mauro Malin, Marcelo Cerqueira e o ex-governador do Rio de Janeiro Wellington Moreira Franco.
Desse modo, percorrendo os 181 capítulos do volume, Eumano apresenta ao leitor fatos de fundamental importância não só para compreender a trajetória do PCB, mas também como funcionava os meandros da repressão ao longo da ditadura civil- militar. Repressão que compreendia desde a tortura realizada nos tenebrosos porões até infiltração de agentes e delatores, como o notório caso do “agente” Carlos e a suposta delação de Severino Theodoro de Mello, tido como figura fundamental na perseguição ao Comitê Central do Partido, resultando na morte de dez integrantes da instância partidária.
Ao longo do segundo volume dessa longa jornada, o autor mostra ainda situações como a descoberta e desmantelamento da gráfica do PCB, responsável pela impressão do jornal “Voz operária”, a operação que resultou na transferência para a Itália do acervo de Astrojildo Pereira, um dos fundadores do partido em 1922. Figuram ainda casos como o tão falado “ouro de Moscou” e a disputa dentro do Comitê Central que culminaria na ruptura de Luiz Carlos Preses no começo da década de 1980.
Apesar do forte ataque sofrido pelos órgãos de repressão ao longo da década de 1970, a linha de atuação política tirada no Congresso realizado em 1967 começa a apresentar resultados. Mesmo sem deter a hegemonia política nas esquerdas e na oposição consentida - algo claramente inviável ‐, as palavras de ordem e bandeiras de luta propostas pelo partido começam a ganhar ressonância na sociedade civil, que passa a incorporar como pauta temas como a anistia, eleições livres e diretas em todos os níveis, liberdade de expressão e organização, constituinte, etc.
Outro fato narrado que mostra a seriedade do autor na condução da narrativa é visto na abordagem da crise ocorrida no Comitê Central em meados da década de 1970 acerca da questão que envolveu o dirigente partidário e possível sucessor de Prestes na condução do CC, José Sales. Não cabe apresentar aqui de forma detalhada o caso, porém, o que fica para o leitor é a capacidade demonstrada por Eumano em ouvir os diferentes personagens envolvidos e as diferentes perspectivas interpretativas. No segundo caso, as biografias do dirigente comunista Luiz Carlos Prestes escrita pelo historiador Daniel Aarão Reis Filho, lançada pela Companhia das Letras e o volume escrito pela também historiadora e filha do cavaleiro da esperança, Anita Prestes, e colocada nas livrarias pela Boitempo são cotejadas pelo jornalista que busca aparar a divergência entre os autores para tecer uma narrativa sóbria do episódio.
Como bem destacou o historiador José Antônio Segatto, responsável pelo prefácio do livro, “o autor - em vez de utilizar, principalmente, a bibliografia existente - valeu-se, em grande medida, da documentação, tanto do PCB (resoluções manifestos, declarações etc.) como as produzidas por órgãos governamentais (muitas delas inéditas, que levantou em arquivos), sobretudo os encarregados da investigação policial e da repressão; muitos desses aparelhos, diga-se, operantes no porão da ditadura do regime ditatorial ou mesmo clandestinos. Além disso, Eumano serviu-se de uma variedade de depoimentos de dirigentes e militantes, alguns com protagonismo proeminente e outros coadjuvantes ou meramente laterais”.
Análise: PCB, da luta armada à defesa da democracia
Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio
Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo
O jornalista Marcelo Godoy, autor da contracapa da publicação, destaca que o trabalho feito por Eumano, “vai além de iluminar fatos e de servir de olhos do leitor nos lugares onde não podemos estar”. Ainda segundo Godoi, “Eumano redescobre um passado, que nos envolve com seu manto e se dissimula em meio à enganosa normalidade cotidiana do esquecimento de conflitos e caminhos da longa jornada até o presente. Compreender esse conjunto, sem anacronismos, foi o passo seguinte. Lucien Febvre dizia que onde não há problema não há história. Sem ele, há apenas narrações e compilações. Um problema é o começo e o fim da história. Eumano ajuda-nos a compreender o crepúsculo do PCB e resgata a presença do passado e nosso presente sem a qual nenhuma pretensão do sonho democrático seria possível”.
Ao conversar com o autor no lançamento realizado em São Paulo, ele destacou a riqueza e a quantidade de depoimentos de entrevistas realizadas ao longo da pesquisa e que, dada a quantidade e a qualidade de informações, cada entrevista merecia até um novo livro. Fica a dica para a Fundação Astrojildo Pereira para que no futuro pense em tal possibilidade, para continuar contando a História e as histórias daquele que fora um dos principais partidos políticos do Brasil, inclusive no pequeno período em atuou de forma legal, como no período de clandestinidade, mostrando a perspectiva daqueles atores que fizeram essa história.
Por fim, destacamos, novamente, o prefácio escrito por José Antônio Segatto, que, além de saudar o esforço de Eumano, exalta a iniciativa de tratar e mostra a história do partidão em sua fase terminal, “expondo-a na forma de uma extensa reportagem, fornecendo a um público ampliado, com pouco ou nenhum conhecimento do assunto em questão, uma contribuição inédita e significativa para o entendimento de uma das mais importantes instituições da sociedade civil e política (PCB) e de um período histórico-político extremamente sombrio da República brasileira”.
Com a publicação do segundo volume do livro “Longa jornada até a democracia - Os 100 anos do partidão (1922-2022)”, a Fundação Astrojildo Pereira contribui para a memória daquela que foi uma das principais forças de esquerda no país e mostra aos leitores que uma sociedade justa e igualitária só pode ser constituída sob os signos da democracia.
*Daniel Costa é historiador pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e desenvolve na mesma instituição pesquisa de mestrado acerca da corrupção na América portuguesa no período pombalino, especialmente nas capitanias de Pernambuco e Minas ao longo do século XVIII.
Alberto Aggio lança em SP livro Ainda respira... a democracia sob ameaça
Comunicação FAP
Ex-diretor da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), o historiador Alberto Aggio, professor da da Universidade Estadual Paulista (Unesp) vai lançar, no dia 4 de abril, em São Paulo, o seu mais novo livro, Ainda respira… a democracia sob ameaça, da editora Appris. O evento será realizado na Rua Tinhorão, nº 60, na Consolação, a partir das 19h30.
De acordo com a editora Appris, o livro Ainda respira… a democracia sob ameaça convida o público a pensar os problemas políticos atuais a partir de uma perspectiva global, convergindo a análise para a história presente do Brasil e do Chile, especialmente de 2019 até os dias que correm.
Cada uma de suas partes expressa um enfoque inovador e estimulante no sentido de possibilitar uma compreensão maior dos dilemas do nosso tempo. O Brasil de Jair Bolsonaro e o Chile da revolta popular que levou Gabriel Boric à presidência da República são os referenciais nacionais aqui trabalhados como paradigmas para essa reflexão.
O pano de fundo é a situação paradoxal que vive a democracia ao redor do mundo, no seu momento de maior generalização e também de profunda crise. Daí o necessário tratamento de temas que incidem sobre a realidade atual como o populismo, o iliberalismo, a antipolítica, a crise da socialdemocracia e o espectro da revolução.
O desafio que o livro de Aggio apresenta é o de a sociedade ser capaz de superar modelos explicativos estanques visando a elaboração de indagações produtivas que possibilitem a formulação de interpretações abertas e orientadas a desvendar as contradições que nos cercam.
No mesmo evento, será realizado o lançamento do livro-reportagem Longa Jornada até a Democracia, Volume 2, de autoria do jornalista Eumano Silva.
SOBRE O AUTOR
Alberto Aggio é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP), livre-docente e titular pela Unesp. Tem pós-doutorado na Universidade de Valencia/Espanha e na Universidade Roma Tre, na Itália. Publicou inúmeros artigos em periódicos nacionais e estrangeiros, além dos livros “Democracia e socialismo: a experiência chilena” (Annablume, 2a. ed., 2002), “Frente Popular, Radicalismo e Revolução Passiva no Chile” (Annablume/Fapesp, 1999), “Itinerários para uma esquerda democrátiva”(FAP/Verbena, 2018) e “Um lugar no mundo” (FAP, 2a. ed. 2019). É autor e organizador de “Gramsci: a vitalidade de um pensamento” (Unesp, 1998) e “Pensar o Século XX (Unesp, 2003). Foi diretor-executivo da FAP.
FAP lançará livro de Eumano Silva sobre o PCB, em Brasília
Autor realizará noite de autógrafos do segundo volume do livro Longa Jornada até a Democracia
Comunicação FAP
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP), vinculada ao partido Cidadania23, lançará o segundo volume do livro Longa Jornada até a Democracia (844 p.), do jornalista Eumano Silva, no dia 12 de março, a partir das 19 horas, no Bar Beirute, considerado o mais tradicional de Brasília. A entrada é gratuita. O livro será colocado à venda no site da entidade, responsável pela edição da obra, na parte “Estante Virtual”. Exemplares também estarão disponíveis para compra durante o evento.
O livro é a segunda parte de um projeto de reconstituição da história do Partido Comunista Brasileiro (PCB), também conhecido como Partidão, conforme explica o professor titular de Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) José Antonio Segatto, na apresentação da obra. O primeiro volume, de autoria do jornalista Carlos Marchi, aborda o período compreendido a fundação da sigla, em 1922 – como Seção Brasileira da Internacional Comunista –, até o VI Congresso do PCB, realizado em 1967.
Análise: PCB, da luta armada à defesa da democracia
Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio
Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo
O segundo volume abarca sua fase derradeira (1967-1992), considerados os últimos vinte e cinco anos de existência do Partidão. Composto por 181 pequenos capítulos, a obra é considerada, pelo autor, como um livro-reportagem. Ao longo dos capítulos são expostas as transformações e desventuras do PCB; a perseguição e repressão imposta a seus dirigentes e militantes pelo terrorismo do Estado ditatorial e as cizânias e dissidências políticas.
O livro é resultado de uma ampla análise da documentação do PCB (resoluções, manifestos, declarações etc.) e de informações produzidas por órgãos governamentais, principalmente, os encarregados da investigação policial e da repressão (SNI, DOI-Codi, Cenimar, Deops e outros). Conforme registrado na obra, muito desses aparelhos, operaram nos porões da ditadura do regime ditatorial ou mesmo clandestinos.
Eumano Silva também se baseou em uma variedade de depoimentos de dirigentes e militantes, alguns com protagonismo proeminente e outros coadjuvantes ou meramente laterais.
Ao abordar a história do Partidão em sua fase terminal, expondo-a na forma de uma extensa reportagem, o autor fornece a uma contribuição inédita e significativa para o entendimento do PCB, uma das mais importantes instituições da sociedade civil e política, e de um período histórico-político considerado extremamente sombrio da República brasileira.
Comte Bittencourt visita Biblioteca Salomão Malina, em Brasília
Comunicação FAP
O novo presidente do Cidadania 23, Comte Bittencourt, visitou nesta quinta-feira (14/9) a Biblioteca Salomão Malina, mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e que desenvolve uma série de projetos culturais continuamente, no Conic, em Brasília. Ele, que é professor e exerceu quatro mandatos de deputado estadual do Rio de Janeiro, tem como principal luta um ensino público de qualidade, por acreditar na capacidade de transformação da sociedade pela educação. O líder político também visitou a sede administrativa da entidade.
Em sua primeira visita à Biblioteca Salomão Malina como presidente do Cidadania 23, Comte estava acompanhado do ex-diretor-geral da FAP, o sociólogo e consultor do Senado Caetano Araújo. No local, Comte também conheceu o espaço cultural Arildo Dória, destinado à realização de cursos e atividades para a comunidade, reuniões e eventos.
A biblioteca oferece ampla programação de atividades para a população em geral, presencialmente e de forma on-line, para alcançar o maior número possível de pessoas, inclusive no horário do almoço, para quem pode aproveitar esse intervalo e se desenvolver. Toda quarta-feira, a partir das 12h10, há aulas de yoga e, às segundas e sextas, curso de Krav Magá. Quinta-feira é dia do Cineclube Vladimir Carvalho, com início às 12 horas e entrada franca.
História
Inaugurada em 28 de fevereiro de 2008, a Biblioteca Salomão Malina se tornou um importante espaço de incentivo à produção do conhecimento em Brasília. Localizada no Conic, tradicional ponto de cultura urbana próximo à Rodoviária do Plano Piloto, a biblioteca foi reinaugurada em 8 de dezembro de 2017, após ser revitalizada. Isso garantiu ainda mais conforto aos frequentadores do local e reforçou o compromisso da biblioteca em servir como instrumento para análise e discussão das complexas questões da atualidade, aberta a todo cidadão.
O espaço conta com quase 5 mil títulos para empréstimos gratuitos. O acervo é constantemente atualizado por meio de doações e pela aquisição de obras de pensadores contemporâneos. As obras são especializadas em Ciências Sociais e Humanas. Também há livros sobre crítica social e costumes, na transição do Brasil rural para o urbano.
Biblioteca Salomão Malina
Funcionamento: segunda a sexta, das 9h às 18h
Endereço: SDS, Bloco P, ED. Venâncio III, Conic, loja 52, Brasília (DF). CEP: 70393-902
Telefone: (61) 3323-6388
WhatsApp: (61) 98401-5561
Ivan e Niemeyer: a beleza arquitetônica de uma amizade
Eduardo Rocha*
“A sabedoria se torna loucura, prazer e dor”.
Gueorgi Plekhanov
“(...) a práxis como atividade material do homem transforma o mundo natural e social para fazer dele um mundo humano”.
Adolfo Sanches Vasques
Acabei de ler prazerosamente o recente livro do historiador e jornalista Ivan Alves Filho, intitulado De Oscar a Niemeyer: meu convívio com o maior arquiteto contemporâneo. Este meu pobre, modesto e curto texto não cobre, não expressa, com certeza, a grandiosidade humana do texto escrito por este intelectual da mais fina, sensível e bela flor vermelha pecebista - que é autor de vários livros que desnudam alguns e decisivos episódios da realidade histórica brasileira.
Intelectual este com quem tive o prazer de ladeá-lo na mesa durante as comemorações dos gloriosos 100 Anos do PCB, organizadas pelo Cidadania (sucessor legítimo do PCB-PPS) e pela Fundação Astrojildo Pereira, e feitas no clima-calor agradável de 25 de março de 2022 na cidade de Niterói, estado do Rio de Janeiro, berço físico-político-histórico do PCB – portanto, comemorações estas realizadas na mesma data do primeiro congresso do PCB, onde então estiveram presentes apenas nove delegados representando 73 comunistas de todo Brasil.
Lembro que em 2002 visitei onde fora a “sede” do local onde fora fundado o PCB em 25 de março de 1922 – era, em 1922, uma casa que pertencia à família de Astrojildo Pereira. Foi ali onde se realizou o Primeiro Congresso do PCB. Passaram-se décadas e aquele “espaço” tinha se transformado, lá em Niterói, num estacionamento. Que fim levou este patrimônio histórico!
Mas compreendamos: a vida do PCB nunca foi fácil. Era o ano de 2002. E estávamos, na cidade de Niterói, lançando então a chapa PPS-PDT, composta por Ciro Gomes (presidente) e Leonel Brizola (vice-presidente) para as eleições presidenciais de então.
Lembro que tinha uma placa no muro frente ao estacionamento (e aí tiramos uma foto) que dizia que ali fora fundado o PCB. Tirei até uma foto frente a esta placa ao lado de Salomão Malina, Francisco Inácio Almeida, Roberto Percinoto, Paulo Eliziário, Luzia Ferreira e George Gurgel.
Não sei onde está esta foto.
Deve estar perdida por aí.
Mas está em minha memória. Aproveitando a estadia em Niterói, outros camaradas, após o término da convenção eleitoral, também visitaram a “sede congressual” e também tiraram fotos.
Desta mesa das comemorações dos 100 Anos do PCB, da qual o Cidadania generosamente me convidou a compô-la, estava também, para minha alegria pessoal e também contribuindo para o enriquecimento intelectual-cultural-político do evento, a meu lado e ao lado de Ivan Alves Filho, outro intelectual da matriz de 1922, o camarada Martin Cesar Feijó, autor da biografia do fundador do PCB, intitulada O revolucionário cordial: Astrojildo Pereira e as origens de uma política cultural. Assinale-se que Martin Cezar Feijó tem também larga e multifacetada produção bibliográfica.
Eu era o expositor menor, o mais simples.
Falei sobre a trajetória da Juventude Comunista na história do PCB.
Foi a tarefa que me incumbiram.
Minha fala foi uma modesta e curta.
Ivan Alves Filho e Martin Cesar Feijó deram um show de história partidária e de reflexões sobre política cultural.
Voltando ao livro.
Em seu mais recente trabalho, narrando sua amizade com Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (1907-2012), Ivan Alves Filho, transferindo o seu intelecto memorial às letras, expressa muito mais que política, expressa muito mais que as artes da arquitetura, expressa muito mais que as moléculas comprometedoras e decisivas da história brasileira e mundial, expressa muito mais que memórias humano-geográficas diversas e inapagáveis que ele presenciou: expressa, isto sim, uma amizade sincera, carinhosa, leal, afetuosa e de camaradagem (dentro da maravilhosa tradição solidário-humana do Partidão que eu vivi) e relatada com fraternidade, precisão, honestidade e sinceridade num texto extremamente agradável.
A verdade é sempre concreta (ela nunca é abstrata – um elefante não voa, não bate asas!), mas precisará sempre de uma aliada imprescindível para posicionar-se dignamente perante o mundo e vencer a mentira, que roda o mundo mesmo antes da verdade calçar as sua sandálias: a consciência honesta. E a verdade Ivan Alves Filho a tem como companheira desde o berço. Cada letra sua nesta sua obra está assentada materialmente pela verdade histórica realmente vivida por ele.
Seu recente trabalho histórico expressa a beleza e o carinho da arquitetura memorial social-intelectual-humana de uma sólida amizade entre dois seres humanos histórica, inequívoca e irrevogavelmente vinculados à raiz do legado histórico de 1922 – cada um, claro, entrando no PCB a seu tempo, a seu modo, a seu motivo e cada um cumprindo seu papel histórico diante das turbulências vividas pelo PCB.
E ambos (Oscar e Ivan) cumpriram bem seus papeis históricos.
Ivan, por ser mais jovem, ainda tem mais a dar à inteligência histórica brasileira.
É jovem!
E pode ainda mais ajudar a todos os que creem na verdade científico-concreta a sairmos do reino da ignorância-religiosa e entramos na República do conhecimento-científico libertador da humanidade do reino da necessidade.
Não posso deixar de parabenizar Ivan Alves Filho por sua obra, que fala de um inigualável do nosso Partido de origem, o PCB, Oscar Niemeyer e, também, de um inigualável ser humano em todo o mundo.
Não é todo dia que nasce, se forja e se apresenta ao mundo um ser humano com esses atributos humano-intelectuais e, justo dizer, revolucionários: Oscar Niemeyer.
Como nos informa Ivan Alves Filho, Niemeyer sempre, juntamente com sua arte, levantou sua voz a favor dos oprimidos, dos pobres, dos miseráveis, dos explorados, dos excluídos e sempre se posicionou a favor dos que sofrem no regime capitalista.
Niemeyer nunca vacilou.
Sempre teve um lado.
Digno defensor da paz, da democracia e do socialismo.
Defensor da dignidade humana.
A beleza arquitetônica concretizada, objetivada, realmente existente, realiza na prática (desde a arquitetura chinesa, passando pela greco-romana e muito antes os desenhos rupestres de aproximadamente 40.000 anos atrás) a beleza criativa da inteligência humana e proporciona a beleza da contemplação-cognitiva conquistada e apreciada pela humanidade.
A inteligência humana criou belezas arquitetônicas, a exemplo do que fizeram os persas, fenícios, egípcios, hititas, celtas, hebreus, cartagineses e os povos originários da América (sejam os povos da Norte, da Central, do Caribe ou do Sul) , como os incas, astecas, maias, guaranis, tupinambás, apaches, shawees, navajos e, assim como os povos africanos e asiáticos.
A beleza emancipacionista-libertária do espírito rebelde-crítico de Niemeyer, a riqueza de sua alma criativa da beleza humano-arquitetônica, de sua solidariedade ao PCB, de seu domínio da ciência da arte do desenho humano e da natureza, tudo isso é revelado pelas letras conscientes de Ivan Alves Filho, em tão poucas e ricas e nutritivas linhas históricas.
Com seu texto, Ivan Alves Filho não nos fala da fria arquitetura do concreto, não nos fala das fórmulas matemáticas complexas que a presidem (o que, em si, é também uma beleza, desde Pitágoras), e que proporcionaram a construção de grandes obras que a inteligência humana criou nos últimos milênios.
Não!
Ivan Alves Filho, com o seu De Oscar a Niemeyer, não nos leva à frieza e certeira das chamadas ciências duras (física, química, biologia, geologia, astronomia e botânica).
Oscar tanto Niemeyer e quanto Ivan Alves Filho sempre estiveram do mesmo do lado: a favor de todo o multifacético progresso social do ser humano. Por isso, não causa espanto Ivan Alves Filho descrever a beleza da arquitetura humana calorosa de Oscar Niemeyer pela vida, pelo justo, pelo bem, pela amizade sincera, pela solidariedade internacional dos povos.
Oscar Niemeyer projetou arquitetonicamente muitas obras que foram concretamente realizadas, mas seu pensamento concreto foi o de contribuir para a arquitetura humana de uma humanidade pacífica, democrática, harmoniosa, economicamente desenvolvida, ambientalmente humano-sustentável, justa socialmente, culturalmente avançada e universal, cientificamente desenvolvida, humanamente solidária, livre de preconceitos, autoritarismos, ignorâncias, misticismos e obscurantismo.
Seu texto claro, suave, calmo, memorial e sincero nos brinda com informações que expressam não apenas a sua amizade político-histórica-pessoal-familiar vivida com Oscar Niemeyer (um privilégio para poucos), mas revela também momentos cruciais e decisivos da vida nacional brasileira e internacional – e porque também não dizer, de um lado, dos momentos difíceis vividos pela vida real-concreta pelo próprio autor (que sofreu com os dentes e hálitos horrorosos da hiena da ditatura de 64) e, de outro, de momentos que as circunstâncias históricas compensaram todo o seu sofrimento pessoal – pela sua coerência política, ética e ideológica.
Muitas informações passadas pelo seu livro eu mesmo as desconhecia. O conhecimento não se apreende de supetão, de imediato. Foi Lenin quem disse que a apreensão da realidade se dá por longas e tortuosas aproximações sucessivas, progressivas à realidade concreta e, partir daí, originam-se interpretações e posições para as ações concretas.
Não é fácil apreender o real.
Nem todo intelecto ao interpretar a realidade resulta numa posição progressista, pois os interesses de classe, em ultima instância, determinam a consciência e sua relação com o ser social.
Temos nos herdeiros de 1922 (PCB-PPS-Cidadania), uma missão: temos de colaborar para extirpar pela raiz as bases sociais, econômicas, culturais e ideológicas que levam parcelas do povo brasileiro em crerem em “mitos”, sejam eles quais forem – tragédias essas que vitaminam o nazi-fascismo tupiniquim.
E o lulopetismo também não é solução para os gigantes desafios histórico-estruturais que devem ser enfrentados e superados pela democracia brasileira - o lulopetismo é o atraso inverso do bolsonarismo.
O Brasil precisa de forças democráticas que operem democraticamente transformações estrutural-democráticas dentro da democracia e da República a favor da maioria do nosso povo brasileiro.
Seu texto revela detalhes da solidariedade militante concreta de sua vida pessoal e com o seu internacionalismo impregnado/gestado desde criança por seu pai (Ivan Alves) – não apenas do autor, que se mantém honesta e dignamente na sua posição histórica diante das cruciais curvaturas da vida nacional - mas do nosso maior arquiteto a todos os que se dispuseram a revolucionar democraticamente o Brasil e o mundo; suas linhas escritas expressam a convivência humanista de vida e ideais revolucionários não só entre dois fraternos amigos, mas, complementarmente, entre dois responsáveis camaradas cúmplices de sonhos, lutas, inteligências, articulações, convicções e esperanças empenhadas na construção de um Brasil e de um mundo melhor.
Ivan Alves Filho rememora personagens históricos que projetaram e construíram o concreto teórico-ideológico-político-organizacional material-concreto do PCB e outras forças democráticas que deram corajosa substância humana à conquista da democracia, sepultando assim as trevas inauguradas em 1964, e relembra mesmo personagens – que se tornaram seus amigos - que são caros à conquista da independência da Argélia frente à França, por exemplo.
Ivan Alves Filho, em seu livro, faz uma referência justa e honesta para o imprescindível Francisco Inácio Almeida, secretário de Luís Carlos Prestes em Moscou, na então União Soviética, e um dos mais destacados e competentes dirigentes do PCB-PPS-Cidadania.
Ele diz: “Talvez, em toda a minha vida, eu só tenha convivido com uma outra pessoa com as mesma generosidade de Oscar, o meu querido amigo Francisco Inácio de Almeida, figura fundamental na história das lutas sociais do Brasil, cearense de Baturité”.
Francisco Inácio Almeida é um ser humano solidário que eleva o espírito humano a torna-se universalmente humano-solidário.
O autor revela também seu aprendizado político-humanista recebido pelo artista-humanista de Brasília e da arquitetura do humanismo universal (parece Ivan colocar-se sempre humildemente como um jovem permanente aprendiz diante de um generoso sábio Oscar Niemeyer).
Nas suas linhas descreve os momentos que lhe marcaram pessoalmente – momentos material-políticos difíceis que o autor vivenciou no Brasil e no exílio durante os anos do regime ditatorial vindo às trevas em 1964 até momentos de sofisticação intelectual proporcionado não só pelo amigo, mas pelas suas andanças políticas, culturais e acadêmicas pelos países que conheceu, pelas universidades que cursou, pelos livros que leu, pelos livros que escreveu, pelos acontecimentos que assistiu e com as pessoas das mais diversas matrizes teórico-ideológicas com que conviveu e apreendeu, professou e moldaram sua consciência generosamente humana.
Muitos já escreveram sobre Oscar Niemeyer, um Singular magistralmente Universal, devido sua Particularidade criativa. Esta obra de Ivan Alves Filho não navega nas frias, matematizadas e inanimadas curvas arquitetônicas do concreto projetadas e construídas no Brasil e mundo afora, com o suor de operários, que sempre mereceram seu carinho, amor, e solidariedade militante.
O que encontraremos nesta obra são curvas, linhas, projeções, ângulos, significados imaginário-humanos que Niemeyer objetivou, concretizou, materializou em sua universal subjetividade impregnada da modernidade suave e da beleza da inteligência humanista que ele sempre portou.
As curvas literárias trabalhadas por Ivan Alves Filho são as curvas humano-históricas da vida humana em sua multifacetada beleza e crueldade em momentos difíceis pelos seres humanos que lutaram pela humanidade\ – a contradição da vida, sempre presente até mesmo numa curva, que é a negação da reta!
Marx diz que o gênero humano, agindo sobre a natureza exterior à sua consciência natural-humana e modificando-a materialmente, muda sua própria natureza humana, isto é, ele muda sua natureza física e intelectual e, com isso, seu próprio mundo social.
A consciência humana, aprendi isso, não age apenas sobre a natureza inorgânica e orgânica – uma necessidade histórica inegociável à preservação da vida humana, há que produzir comida e as condições mínimas para a existência humana -, mas age também sobre a sua própria natureza sócio intelectual, age sobre si mesma, num processo doloroso de luta pela sobrevivência material-intelectual da vida concreta, na luta pelo conhecimento humano-universal contra a ignorância múltipla (repleta de ignorância místico-religiosa) e sedenta de sabedoria científica-libertadora das trevas, que deve enfrentar o ser social material e realmente existente, esta galáxia de pensamentos nada inocentes, pois revelam o grau desigual atingido de consciência social pela humanidade.
Recomendo a leitura de De Oscar a Niemeyer: meu convívio com o maior arquiteto contemporâneo, de Ivan Alves Filho.
É um belíssimo trabalho que deve ser lido e nutrir as novas gerações que a vida democrática e pluralista vale a pena, que a solidariedade humana vale a pena, que a inteligência científico-criativa vale a pena, que lutar pela transformação do mundo para sair do reino da ignorância e do reino da necessidade para o reino da liberdade vale a pena.
E por fim, para não me alongar e tomar mais o tempo do leitor, a obra de Ivan mostra que a amizade verdadeira, leal, sincera, honesta e real deve ser sempre vivida, lembrada, valorizada e eternizada.
É uma práxis (esta atividade humana intelectual-material) perante a realidade do ser social que cerca o gênero humano e o determina e o leva, sob determinadas circunstâncias, a transformar objetivamente este mundo num mundo que faça a humanidade feliz.
Fica o meu modesto registro de congratulações não só ao autor como também ao eterno camarada Oscar Niemeyer.
Eduardo Rocha, Guarulhos, SP, domingo, 30/07/2023
Referências Bibliográficas
- Alves Filho, Ivan. De Oscar a Niemeyer: meu convívio com o maior arquiteto contemporâneo / Ivan Alves Filho, -- 1º ed. – Tiradentes, Minas Gerais, Brasil: Aquarius, 2023. 86 p.
- Feijó, Martim Cezar. O revolucionário cordial: Astrojildo Pereira e as origens de uma política cultural. São Paulo. Editora Boitempo Editorial, 2022. 256 p.
Eduardo Rocha é economista pela Universidade Mackenzie, pós-graduado com especialização em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi Economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), articulista da Voz da Unidade, órgão oficial de imprensa do PCB, e secretário de Salomão Malina, último secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB), e dirigente Nacional do Partido Popular Socialista (PPS), sucessor do PCB.
Ivan Alves Filho publica livro De Oscar a Niemeyer
Comunicação FAP
O historiador, jornalista e documentarista Ivan Alves Filho publicou, nesta quinta-feira (27/4), o seu mais novo livro, De Oscar a Niemeyer, editado pela Aquarius Produções Culturais. Na obra, ele relata o “convívio com o maior arquiteto contemporâneo”. A publicação tem apoio cultural da Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e do Instituto Cultural Biblioteca do Ó.
Para adquirir o novo livro do historiador, entre em contato com a editoria, por meio de seu perfil no Facebook ou Instagram.
“Convivi com Oscar Niemeyer boa parte da minha vida. Eu o conheci ainda guri; meu pai se tornara seu amigo durante o tempo da construção de Brasília”, afirma o autor. “Oscar foi, para mim, um exemplo de criador e humanista, acima de tudo”, acrescenta. A capital federal completou 63 anos na última sexta-feira (21/4).
O autor conta que manteve contato com o arquiteto praticamente o tempo todo, desde que o conheceu, inclusive no exterior. “Lá em casa, nós o considerávamos um membro da nossa família, tamanha a nossa aproximação com ele”, diz, para acrescentar: “Sempre comentei com os amigos que Oscar explica o Niemeyer – e não o contrário. No centro de tudo, o homem”.
De acordo com o historiador, de fato, poucos trabalharam tanto na vida quanto Niemeyer, morto praticamente em cima de uma prancheta, poucos dias antes de completar 105 anos de idade. O aniversário seria em 15 de dezembro de 2012.
Niemeyer morreu no Rio às 21h55 do dia 5 de dezembro de 2012. Ele estava internado desde 2 de novembro no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul.
Saiu na Veja | Rede descoberta
Por José Casado, publicado na revista Veja
“Eu sou Victor Muller Ferreira, nasci o 04 de abril de 1989 no Riode-Janeiro, em Niteroi” — dizia o documento encontrado num dos dispositivos eletrônicos apreendidos com o passageiro deportado da Holanda para o Brasil, em março do ano passado.
Descontados os erros na escrita, não sobrava uma única verdade nas dezesseis palavras iniciais de um roteiro tosco sobre um homem que nunca existiu, mas morou em Niterói, Brasília, São Paulo e Baltimore (EUA) nos últimos onze anos.
Victor era Sergey na vida real. Jamais foi Muller Ferreira, como identificado no passaporte brasileiro. Erab Vladimirovich Cherkasov, informavam certidões russas. Nascera trinta e sete anos atrás em Kaliningrado, antiga Königsberg do filósofo Immanuel Kant. É um enclave do tamanho do Recife, entre a Polônia e a Lituânia, base naval da Rússia no Mar Báltico.
Detido no aeroporto de Guarulhos por identidade falsa, Cherkasov está preso em Brasília. Semana passada começou a ser processado nos Estados Unidos como agente de espionagem do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia. Ele nega. O governo de Vladimir Putin pediu sua extradição, qualificando-o como um mafioso moscovita.
Cherkasov é caso exemplar das dificuldades dos espiões do século XXI para criar histórias de vida coerentes no mundo digital e burlar sistemas de vigilância biométrica nas fronteiras.
Já era complicado na Europa de oito décadas atrás, quando Leopold Trepper vestiu a pele do industrial canadense Adam Milker e começou a montar a Orquestra Vermelha, a maior rede de espionagem soviética durante a II Guerra Mundial.
No fim de 1939, conta Trepper no livro O Grande Jogo (Fundação Astrojildo Pereira), chegaram à Bélgica quatro agentes russos que deveria infiltrar nos Estados Unidos. Todos estavam com passaportes uruguaios, confeccionados num birô moscovita de falsificações — a “sapataria”, no jargão da época. Para entrar nos Estados Unidos como cidadãos sul-americanos, precisavam de endosso do consulado de seu país em Bruxelas. O problema era que, dos quatro “uruguaios”, só um falava espanhol e sabia alguma coisa sobre o Uruguai.
Falhas em Moscou expõem espiões no Brasil, na Argentina e na Europa
A Orquestra Vermelha tornou-se lenda da espionagem soviética pelos êxitos. Um deles foi no outono de 1941, quando Hitler reuniu seus generais para decidir a ofensiva contra Moscou. Não levou muito tempo para o Kremlin conhecer, em detalhes, a opção pelo cerco à capital soviética — o estenógrafo do Estado-Maior da Wehrmacht na reunião era um dos “músicos” de Trepper.
Nas sombras da guerra de Putin na Ucrânia, os serviços secretos da Rússia agora parecem sitiados por falhas de informação e de segurança. Desde a invasão, dezenas de agentes russos mantidos sob cobertura diplomática foram expulsos por governos europeus. Estão perdendo, também, agentes treinados e custeados na vida encoberta no exterior.
Nos últimos doze meses foram descobertos três deles com identidades e residências no Brasil e dois na Argentina. As ações antiespionagem foram públicas, com indícios de coordenação entre treze governos.
Sergey Cherkasov foi identificado como oficial da inteligência militar russa e barrado na Holanda, em março do ano passado, depois de uma temporada na Universidade Johns Hopkins (EUA), onde viabilizara seu grande jogo: um estágio no Tribunal Penal de Haia, que investigava crimes de guerra na Ucrânia.
Deportado e preso em São Paulo, foi mapeado até nos locais onde escondia arquivos eletrônicos para coleta por outros agentes. Um deles numa ruína no mato, no quilômetro 34 da Rodovia Raposo Tavares, em Cotia (SP).
Na época da prisão de Cherkasov, a Grécia identificou a agente russa Irina Alexandrovna Smireva. Ela é casada com outro agente que vivia no Brasil na pele do empresário carioca Gerhard Daniel Campos Wittich.
Seis meses depois, em outubro, a Noruega prendeu o coronel russo Mikhail Valeriyevich Mikushin, o José Assis Giammaria no passaporte brasileiro, infiltrado num grupo de pesquisas no Ártico. Às vésperas do Natal, a Eslovênia deteve um casal de espiões, com passaportes argentinos em nome de María Rosa Mayer Muñoz e Ludwig Gisch.
Essa inusitada fragilidade na rede de agentes de Moscou com vidas falsas construídas no Brasil e na Argentina foi tema do vice-diretor da CIA, David Cohen, em visita aos governos do Mercosul na semana passada.
Fonte: Artigo publicado na Veja.
Carlos Marchi lança livro Longa Jornada até a Democracia, no Rio
Cleomar Almeida, coordenador de Publicações da FAP
Escrito pelo jornalista e escritos Carlos Marchi, o livro Longa Jornada até a Democracia (476 páginas), primeiro de dois volumes que abordam os 100 anos do Partido Comunista Brasileiro (PCB), será lançado nesta quinta-feira (26/01), a partir das 19 horas, durante evento presencial no Bar e Restaurante R. Farme de Amoedo, 51 - Ipanema, Rio de Janeiro. Os leitores poderão terão seus exemplares autografados no local pelo autor da obra, editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP).
O livro teve seu segundo lançamento presencial em Brasília (20/12). O primeiro foi realizado em São Paulo, no último dia 12 de dezembro, também com a presença do autor e de dezenas de convidados. Interessados em adquirir seu exemplar podem enviar solicitação diretamente para o e-mail da FAP (fundacaoastrojildo@gmail.com) ou ligar para 61 3011-9300.
A obra registra o legado do partido, que, com erros e acertos registrados em livros de história, ainda permanece como um dos principais atores da luta pela democracia brasileira. O autor começa em 1922 e se detém ao período que segue até a década de 1960, a qual define a característica mais própria e delineada com que o Partidão entrou na memória coletiva.
Veja o vídeo do lançamento no Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 2023.
O livro relata a história do partido que se revelou dono de uma visão estratégica que intuía, ainda que muitas vezes no quadro conceitual do “marxismo-leninismo”, a natureza “ocidental” da formação social brasileira. Por isso, rejeitava com muita consistência o caminho das revoluções do século XIX.
Este tipo de revolução, replicado em 1917 e mesmo depois em países periféricos, também não deixou de arregimentar muita gente idealista, mas, é forçoso admitir, tratou em geral de ideais redentores de pouca ou nenhuma viabilidade prática. É o que observa o prefaciador da obra, o tradutor e ensaísta Luiz Sérgio Henriques.
Confira, a seguir, galeria de fotos do lançamento em São Paulo:
Ligado à revolução desde o seu nascimento, o PCB respondia ao mesmo tempo às necessidades da própria modernização capitalista, como expressão da entrada de uma nova subjetividade de classe na arena política, que se reformulava com a corrosão irreversível da República Velha e a ampla rearrumação promovida com a Revolução de 1930. Um ator moderno, com forte motivação endógena.
Clique aqui e confira todas as obras publicadas pela FAP
Com o passar dos anos, o Partidão passou a ser o portador explícito de uma determinada visão de mundo, baseada na centralidade da classe operária e num marxismo, a bem dizer, precariamente assimilado, assim como de um nexo entre nacional e internacional, que, explorações propagandísticas à parte, caracteriza todo moderno grupo político.
“Fazer como na Rússia”, portanto, não significava obedecer às ordens de Moscou, ou de lá receber o “ouro” para promover a subversão, mas reivindicar pela primeira vez, de modo coerente, o protagonismo de um decisivo agrupamento subalterno nas lutas políticas e sociais do país. E de um agrupamento que não estava sozinho no mundo, mas, sim, inserido numa rede típica da modernidade do século XX.
A centralidade da classe operária seria igualmente a fonte de um novo paradoxo, que salta logo à vista entre as diferentes vicissitudes descritas no livro. Antes de mais nada, a classe operária de que falavam os pais fundadores do PCB – em primeiro lugar, os dois dirigentes mais marcantes, Astrojildo Pereira e Octávio Brandão, este último não presente no ato niteroiense de fundação – vinha à luz num contexto de capitalismo autoritário e numa economia cuja industrialização.
A rigor, se faria “por cima”, pelas mãos do Estado, sem contemplar a democratização da propriedade rural e a plena liberdade de organização de sindicatos urbanos e partidos de esquerda.
Serviço
Lançamento do livro Longa Jornada até a Democracia
Data: 26/01 (próxima quinta-feira)
Horário: a partir das 19h
Onde: Bar e Restaurante R. Farme de Amoedo, 51 - Ipanema, Rio de Janeiro
Realização: FAP e Carlos Marchi
Biblioteca Salomão Malina abre inscrições para o workshop escrita criativa
Estão abertas as inscrições para o workshop on-line de escrita criativa, que será realizado na terça feira (31/01), a partir das 19 horas. A oficina, de 25 vagas, terá como palestrante a escritora, poetisa e cronista Andressa Mikaelly dos Santos, com parceria da Biblioteca Salomão Malina, mantida pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), ambas em Brasília.
O evento será transmitido no perfil da biblioteca no Facebook, assim como no canal da entidade no YouTube e no site da fundação. Andressa Mikaelly diz que escrever criativamente vai além de elaborar um texto que as pessoas julguem interessante.
“É sair do óbvio. É mostrar o que você tem de diferente, pois não tem a ver com algo técnico, mas sim com o que parte de dentro de você”, explica. No final do evento, os participantes receberão um certificado. Para mais informações, entre em contato com a biblioteca pelo WhatsApp (61) 98401-5561.
A escritora espera que, ao final, os alunos se sintam confiantes para expressar e mostrar ao mundo, de forma livre, seus escritos. “Escrever é transcender o limite do pensamento''. Ela conta que começou a escrever para se imaginar em lugares aos quais tinha vontade de ir.
O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que é realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL). O objetivo do levantamento é promover pesquisas e ações de fomento à leitura.
Para a cronista Andressa Mikaelly, as redes sociais contribuem para que as pessoas leiam menos. “Os reels, tik tok e outras redes nos dão a oportunidade de ver as coisas resumidas, o que tira a beleza de se buscar conhecer e aprofundar”, afirma.
Ela acrescenta que, normalmente, boa parte das pessoas querem tudo para ontem. Perderam, segundo Andressa Mikaelly, a beleza de se aprofundar na leitura. As ações de ler e escrever andam juntas, segundo ela.
Sobre a palestrante
Andressa Mikaelly tem 31 anos e está finalizando sua licenciatura em Letras na Universidade Paulista (UNIP). Publicou, em janeiro de 2022, seu primeiro livro disponível na Amazon: Textos que eu escrevi sobre você.
O livro é um compilado de frases e poesias baseados na presença, mas, principalmente, na ausência, e no que se pode fazer com a dor que invade alguém depois de uma despedida.
Ela acredita que todo escritor é um bom observador. Em Brasília, cidade onde mora, a escritora gosta de ir aos cafés para sentar e ler um bom livro. “Adoro observar a vida fora da minha 'bolha', isso rende boas histórias”, diz.
Seus livros preferidos são A desumanização, de Valter Hugo Mãe; A hora da estrela, de Clarice Lispector; e Sorria, você está sendo iluminado, de Felipe Guga.
Conheça mais sobre a escritora aqui: https://keepo.io/andressamikaelly/
Serviço
Workshop de escrita criativa
Link de inscrição: https://forms.gle/mJsnRUmPt9VAwEYGA
Dia: 31/01/2023
Horário da transmissão: 19h
Onde: Perfil da Biblioteca Salomão Malina no Facebook e no portal da FAP e redes sociais (Facebook e Youtube) da entidade
Realização: Biblioteca Salomão Malina e Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
Texto editado pela coordenação de publicações da Fap.
Novo livro Longa Jornada até a Democracia ajuda a pensar o Brasil
Cleomar Almeida, coordenador de Publicações da FAP
O presidente nacional do Cidadania 23, Roberto Freire, e o diretor-geral da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), Marco Marrafon, disseram na noite desta terça-feira (20/12) que o livro Longa Jornada até a Democracia, do escritor e jornalista político Carlos Marchi, é registro histórico imprescindível para refletir o Brasil de hoje. Eles e dezenas de outros convidados prestigiaram, em Brasília, o lançamento do livro, editado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP).
Marchi conta que recebeu o pedido de escrever o livro como um “difícil” desafio, apesar de sua experiência como escritor. Ele também é biógrafo do jornalista Carlos Castelo Branco (Todo aquele imenso mar de liberdade) e do senador Teotônio Vilela (Senhor República).
“Foi um livro difícil de fazer. Me deram a encomenda de escrever sobre os 100 anos do Partido Comunista Brasileiro, e eu tinha seis meses para escrever o livro, um prazo muito curto, mas acho que consegui um bom resultado”, disse. “A visão que este livro dá sobre o PCB tem grande vantagem, cobre de 1922 a 1968, praticamente a história toda do partido até o Sexto Congresso”, ressaltou.
O presidente nacional do Cidadania destaca a capacidade de apuração do autor, que, conforme acrescenta, resultou em uma obra de altíssima qualidade com registro da luta pela democracia no país. “A fundação está trazendo uma contribuição para a nossa história e para a história do Brasil”, afirmou.
Carlos Marchi lançará livro Longa Jornada até a Democracia, em Brasília
Livro Longa Jornada até a Democracia, de Carlos Marchi, será lançado em São Paulo
O diretor-geral da FAP lembrou que o livro é apenas o primeiro de dois volumes que abordam os 100 anos do PCB, comemorados em março deste ano. “Marchi fez um livro primoroso, muito bem escrito, que não é apenas um registro histórico, mas um olhar contemporâneo. Este livro é uma obra-prima e, também, ajuda a pensar o futuro. Marchi é um escritor e grande parceiro da fundação”, asseverou Marrafon.
Veja, abaixo, vídeo sobre o evento:
O jornalista Walter Sotomayor diz que o livro ganha ainda mais relevância ao aliar resgate histórico do PCB à oportunidade de conscientização da população sobre a luta pela democracia. “Primeiro é a recuperação histórica de pessoas que acreditaram nos seus ideais, lutaram por eles, e essa luta deve ser mostrada para gerações futuras”, acentuou.
A obra, segundo o jornalista José Natal, também é um alerta sobre o momento pelo qual o país passa. “É um documento histórico muito importante nesta época que estamos vivendo, com a democracia sob constantes ameaças E estamos agora passando por um momento decisivo e definitivo. Este livro fatalmente vai ajudar o povo brasileiro a conhecer a história da nossa democracia”, afirmou.
O historiador Arnor Brito disse que a obra o fez lembrar dos tempos da ditadura no Brasil. “Na ditadura, não podia fazer quase nada. Para o pessoal mais novo, é bom ler [o livro] para saber o que é a democracia. Muitos estão pedindo a volta da ditadura sem saber o que é”, observou.
Na capital federal, o livro teve seu segundo lançamento presencial. O primeiro foi realizado em São Paulo, no último dia 12, também com a presença do autor e de dezenas de convidados.
Confira, a seguir, galeria de foto do lançamento:
Interessados em adquirir exemplares do Longa Jornada até a Democracia podem enviar solicitação diretamente para o e-mail da FAP (fundacaoastrojildo@gmail.com) ou ligar para 61 3011-9300.
O segundo volume sobre o centenário do PCB está em fase de produção e deverá ser lançado no próximo ano pelo jornalista Eumano Silva. A obra será uma continuidade histórica até os dias atuais, com a transformação para o Cidadania 23.
Revista online | Um revolucionário cordial em revista
Daniel Costa*, especial para a revista Política Democrática online (49ª edição: novembro/2022)
Entre as efemérides lembradas em 2022 está a criação do Partido Comunista do Brasil, e no bojo deste acontecimento a Fundação Astrojildo Pereira (FAP), em parceria com a Boitempo, promoveu a reedição da obra do militante, que, animado pelos ecos da Revolução Russa, fundaria em 1922 o PCB. Astrojildo Pereira publicou cinco livros - esgotados há anos -, são eles: Crítica Impura; Formação do PCB; Interpretações; Machado de Assis e URSS Itália Brasil. Ele foi, segundo Dainis Karepovs, "um homem de paixões e convicções inquebrantáveis e duradouras". A reedição de sua obra possibilita às novas gerações desvendar os caminhos trilhados por aquele que pode ser considerado o pioneiro na defesa da construção de uma esquerda democrática.
O professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) Gilberto Maringoni classifica Astrojildo como um homem "antidogmático e antissectário por essência”. “Astrojildo bateu-se sempre por uma política radical e ampla para os comunistas", acrescentou. A tarefa a qual se impôs pode ser vista como uma das hipóteses para o apagamento, por parte de setores da esquerda, de sua produção intelectual e relevância para a construção do movimento comunista no país.
Coleção Astrojildo Pereira é lançada com nova edição de seis obras
Crítica Impura, o último trabalho publicado por Astrojildo, foi editado em 1963. Como afirma o jornalista Paulo Roberto Pires, a obra "é um livro datado - e nisso está sua qualidade -", reunindo 49 ensaios publicados entre as décadas de 1930 e 1960. Além de trazer questões candentes a seu tempo, oferece ao leitor reflexões acerca da obra de autores como Eça de Queiroz e José Lins do Rego. Dividida em três partes: ensaios e notas de leitura; testemunhos sobre a nova China e cultura e sociedade, a publicação mostra a versatilidade daquele que foi muito além de um dirigente político. A edição conta com o prefácio assinado pela jornalista Josélia Aguiar e ensaio escrito pelo filósofo Leandro Konder, em anexo.
Formação do PCB, lançado originalmente em razão da comemoração dos 40 anos de fundação do partido, foi seu penúltimo livro. Procurando criar uma narrativa histórica das origens do comunismo no país, é o trabalho do autor que mais ganhou reedições. Partindo de artigos e notas publicadas na imprensa, documentos pessoais e a própria memória, Astrojildo aborda as lutas operárias ocorridas nos últimos anos do século XIX e a criação das bases que culminaram na fundação do PCB. Segundo José Antonio Segatto, a reedição do livro, "no momento em que se comemora o centenário de fundação do partido do qual Astrojildo Pereira foi o principal protagonista de sua criação, além de ser uma homenagem mais que justificável, recoloca a questão histórico-política da luta pela emancipação das classes subalternas, num país iníquo ao extremo, com os direitos de cidadania constantemente aviltados e com uma democracia contingente e restrita".
Sem medo de cometer o pecado capital dos historiadores, ou seja, ser anacrônico, podemos constatar que boa parte das batalhas travadas por Astrojildo no alvorecer do século XX seguem atuais. Além do prefácio assinado por Segatto, a edição conta com importante escrito de Astrojildo em anexo, publicado em 1918. O texto A Revolução Russa e a imprensa questiona o tratamento dado pela imprensa aos acontecimentos referentes à Revolução Russa.
Confira, a seguir, galeria de imagens:
Interpretações, talvez, seja o trabalho menos conhecido de Astrojildo, mesmo com alguns dos textos aparecendo em outras coletâneas ao longo dos anos. Dividido em três partes, Romances brasileiros; História política e social e Guerra e após-guerra, o livro traz, nas palavras de Pedro Meira Monteiro, "a sensibilidade aguda de um crítico que mergulha nos textos, buscando a malha tensa do social, em suas contradições mais fundamentais".
Percorrendo a obra de Machado de Assis, Lima Barreto e Graciliano Ramos, Astrojildo ainda discutirá o papel desempenhado por Rui Barbosa no processo que culminaria na abolição da escravidão. O prefácio da edição é assinado pelo professor Flávio Aguiar, e apresenta, como anexo, o ensaio intitulado "Meu amigo Astrojildo Pereira", escrito por Nelson Werneck Sodré e publicado em 1990, e "As tarefas da inteligência", de Florestan Fernandes, publicado em 1945, ainda sob o calor da publicação da primeira edição do livro.
Machado de Assis, um dos trabalhos mais conhecidos de Astrojildo, teve sua primeira edição em 1959. Desde então, ganhou nova edição em 1990 e outra, em 2008, quando foi comemorado o centenário do bruxo do Cosme Velho. Reunindo estudos publicados em revistas e jornais, o livro pode ser colocado na prateleira dedicada às grandes obras que procuraram discutir a formação da nossa identidade. A riqueza está no pioneirismo de sua análise, pois, por meio da lente do intelectual comunista, Machado de Assis deixou de ser visto como alguém indiferente ao Brasil do século XIX, e sim um escritor que realizou pertinente críticas às desigualdades e contradições da sociedade em sua época. A edição traz prefácio de José Paulo Netto e, como anexos, textos de Euclides da Cunha, Rui Facó e Otto Maria Carpeaux, além de Machado de Assis é nosso, é do povo, de Astrojildo, publicado em 1938, por ocasião dos 30 anos do falecimento de Machado de Assis.
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URSS Itália Brasil, seu livro de estréia, foi lançado em 1935. Reunindo textos publicados entre 1929 e 1934, a obra buscava difundir o ideário comunista pelo país. É dividido em três partes, cada uma dedicada aos países que dão título à publicação. A edição conta com prefácio de Marly Vianna e apresentação de Heitor Ferreira Lima.
Por fim, destaco a reedição da biografia escrita pelo historiador Martin Cezar Feijó, O revolucionário cordial: Astrojildo Pereira e as origens de uma política cultural mostra as várias faces de Astrojildo, do militante político ao intelectual amante dos livros e da literatura. Segundo Feijó, sua obra pode ser vista como uma "reflexão sobre um revolucionário que soube ser cordial num contexto de brutalidade".
Com a publicação das obras de Astrojildo Pereira e da biografia escrita por Feijó, o público passa a ter acesso ao pensamento daquele que foi "um revolucionário cordial à frente de seu tempo, tempo este sombrio, pouco dado a cordialidades". No momento em que a sociedade passa a ter esperança na reconstrução da democracia, pensar como e com Astrojildo pavimenta o caminho para a construção de uma esquerda plural e democrática.
Sobre o autor
*Daniel Costa é historiador pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e desenvolve pesquisa acerca da corrupção na América portuguesa ao longo do século XVIII.
** O artigo foi produzido para publicação na revista Política Democrática online de novembro de 2022 (49ª edição), produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), sediada em Brasília e vinculada ao Cidadania.
*** As ideias e opiniões expressas nos artigos publicados na revista Política Democrática online são de exclusiva responsabilidade dos autores. Por isso, não reflete, necessariamente, as opiniões da publicação.
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