Guilherme Mendes

Guilherme Mendes: Previdência - 379 a 131

Eu não acredito que a reforma da previdência esteja separando ainda mais a esquerda da direita. Essa votação está dividindo os políticos responsáveis dos políticos irresponsáveis e populistas.

Divide Ciros Gomes de Tabatas Amarais

Por que a jovem Tabata é a favor da Reforma da Previdência?

1. Se a reforma da previdência vai sair 83% dos que ganham até 2.000 reais, segundo Ciro?

Porque esse número te induz ao erro. É evidente que 35 milhões de aposentados no setor privado vão economizar mais dinheiro, em valores absolutos, do que apenas 700 mil servidores públicos. Por outro lado, a economia por cabeça atinge 5x mais o servidor público, que hoje se aposenta com R$ 9.179 em média (Insper) contra os R$ 1.200 em média dos trabalhadores do setor privado.

2. Se a expectativa de vida no Maranhão é de 70 anos e em Santa Catarina de 80, fazendo assim que apenas as pessoas do Sul e Sudeste possam se aposentar antes de morrer?

Porque esse raciocínio não faz sentido se a gente levar em conta a demografia. Expectativa de vida ao nascer é uma coisa e dentro dessa estatística estão as pessoas que morrem assassinadas, em acidentes, no nascimento, por doença crônica, etc. Expectativa de vida dos aposentados é outra coisa e aí os Estados ficam mais próximos. Um aposentado morre, em média, aos 83 em Rondônia e aos 86 no Espírito Santo. A diferença cai muito entre o Estado com pior e melhor estatística.

3. Se o trabalhador dos Estados do Sul e Sudeste se aposentam 8 anos mais cedo que o trabalhador do Norte e Nordeste?

Porque essa é justamente uma das principais desigualdades que a Reforma da Previdência corrige. O trabalhador do Sul e Sudeste se aposenta antes porque se aposenta por “tempo de contribuição” - comprova facilmente porque consegue empregos estáveis, fica a maior parte da vida na formalidade. Já o trabalhador do Norte e Nordeste se aposenta por “idade mínima”, já que passa a maior parte do tempo na informalidade, sem emprego com carteira assinada. Com a reforma, os trabalhadores serão submetidos todos à idade mínima para se aposentar, o que obrigará os sulistas e do Sudeste a trabalharem mais.

4. Se a proposta de modificar o BPC (Benefício de Prestação Continuada) é ruim para as pessoas em situação de miserabilidade?

Porque essa modificação no BPC é mesmo prejudicial, e não será realizada, a Comissão Especial tirou isso do texto.

5. Se as DRU (Desvinculações de Receitas da União) flexibilizam o orçamento público, permitindo retirada de dinheiro da seguridade para pagar dívidas públicas com bancos, por exemplo?

Porque as DRU retornam integralmente como recursos de livre alocação para cobrir as despesas da seguridade, inclusive da previdência, isso segundo o relatório final de fórum criado pela própria Dilma Rousseff.

6. Se a grande maioria da população pobre vai ter sua aposentadoria rebaixada, e essa é uma reforma racista pois a maioria da população pobre é negra?

Porque isso simplesmente não é verdade. Se a pessoa contribuir os 20 anos mínimos (homem) e 15 anos mínimo (mulher), ela se aposenta com 60% da média salarial durante a vida, e ganha 2% por ano a mais trabalhado até atingir 100% com 40 anos. Como o salário mínimo aumentou muito nas últimas décadas, a reforma da previdência atrela o piso ao salário mínimo.

7. Se o trabalhador rural vai ser prejudicado?

Porque essa modificação é mesmo prejudicial, e não será realizada, a Comissão Especial tirou isso do texto.

8. Se os banqueiros, partidos e empresários, que devem à previdência poderiam ser cobrados, e assim não haveria necessidade de reforma.

Porque isso não faz sentido econômico. Nem político. Economicamente, empresas devem R$ 500 bilhões à previdência, mas apenas 9% disso (45 bilhões) seria possível de recuperar, pois a maioria das empresas decretou falência ou simplesmente não tem condições de arcar com a dívida. Politicamente, essa discussão não faz sentido porque o PL 1646/2019 já tramita em regime de prioridade e visa justamente criar mecanismos para evitar novas dívidas e para acelerar a cobrança das atuais dívidas ativas.

9. Se os militares ficarão de fora da reforma?

Porque isso não é verdade. Os militares estão incluídos na reforma e economizarão R$ 90 bilhões em 10 anos. A questão é que a reforma de seu plano de carreira vai trazer uma despesa da ordem de R$ 80 bilhões, o que reduz a economia deles em R$ 10 bilhões. Essa despesa, entretanto, está sendo gasta com gente da ativa. Vamos então discutir sobre os salários do judiciário, legislativo e dos servidores federais? Acredito que eles não vão gostar de debater sobre isso.

A reforma da previdência incomoda uma boa parcela de políticos porque vai terminar com privilégios da sua classe e daqueles que dependem do Estado para viverem bem. É um atentado ao próprio clã deles.

O Brasil tem hoje a pior previdência social do mundo. Pior que a da Turquia, Grécia e Portugal. Comprometemos, simplesmente, mais da metade dos gastos totais da União apenas com a previdência social (Insper). Isso afasta investidores e diminui nossa capacidade de investimentos em áreas importantes, como infra-estrutura, segurança, educação e saúde.

A reforma que está começando a ser aprovada hoje não divide políticos de esquerda de políticos de direita. Divide políticos irresponsáveis e populistas de políticos que prezam pela eficiência econômica para geração de empregos, riqueza e desenvolvimento.

Divide coronéis Ciros Gomes de Tabatas Amarais. Os que enganam que não pode discenir dos que priorizam o interesse público. Que a sociedade possa identificar isso e ganhar em sabedoria. Não é uma discussão de esquerda e direita. Precisamos de bons políticos de ambos os lados.


Guilherme Mendes avalia necessidade de reforma tributária em artigo na revista Política Democrática online

Para o autor, endereçar a questão tributária é tão importante para o aumento da renda por trabalhador quanto a questão da educação e da infraestrutura no Brasil

Cleomar Almeida

O Brasil está entre os 10 piores países nos tributos (Banco Mundial), conforme lembra Guilherme Mendes, em artigo publicado na sexa edição da revista Política Democrática online. Segundo ele, a simplificação tributária, com a criação de um imposto único sobre o valor agregado, pode endereçar esses problemas de forma simples e eficiente. A publicação é produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania, novo nome do PPS (Partido Popular Socialista).

» Acesse aqui a sexta edição da revista Política Democrática online

No artigo, Mendes lembra uma declaração do economista Marcos Lisboa, na FGV-SP, segundo o qual “o Brasil está ficando mais pobre. Entre 1995 e 2016, países emergentes cresceram 127% em renda por trabalhador; os EUA, 48%. O Brasil cresceu apenas 19%”. De acordo com o autor do artigo, uma parte relevante de fracasso de produtividade econômica no Brasil deve-se, de um lado, à complexidade da legislação tributária e, de outro, a oportunismos fiscais que geram distorções econômicas e iniquidades tributárias entre as classes mais baixas e mais altas.

Segundo Mendes, o processo de simplificação tributária, já ocorrida nos países desenvolvidos, com a criação de um imposto único sobre o valor agregado, pode endereçar esses problemas de forma simples e eficiente. Ele lembra que, desde a promulgação da Constituição, foram editadas, em média, por dia, 3 normas tributárias federais, 11 estaduais e 17 municipais, colocando o Brasil entre os 10 piores países nos tributos (Banco Mundial).

Mesmo assim, de acordo com Mendes, a insegurança jurídica permanece. “Estima-se R$ 4 trilhões (66% Reforma tributária como condição para o aumento da renda no País do PIB) de contencioso tributário e mais bilhões em créditos tributários a empresas sem previsão de recebimento”, afirma, para acrescentar: “Isso cresce à medida que as normas não mudam, o que, aliado ao oportunismo fiscal desincentivam o investimento estrangeiro e o crescimento de empreendedores produtivos, o que prejudica o ambiente de negócios e a renda por trabalhador.”

Para o autor, endereçar a questão tributária é tão importante para o aumento da renda por trabalhador quanto a questão da educação e da infraestrutura no Brasil.

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Política Democrática: Ativismo das redes sociais se concretizou com eleição de Bolsonaro, diz Guilherme Mendes

Cientista político avalia, em artigo publicado na revista Política Democrática online de dezembro, que sociedade vive falsa impressão de controle social

Cleomar Almeida

Redes sociais estão sendo usadas nos processos decisórios de maior importância em todo o mundo, como referendos e eleições nacionais. No Brasil, esse ativismo se concretizou em influência política real com a eleição de Jair Bolsonaro. A avaliação é do cientista político, gestor corporativo e líder do Política Simples para Indignados, Guilherme Mendes.

» Acesse aqui a revista Política Democrática online de dezembro

Em artigo publicado pela revista Política Democrática online de dezembro, produzida e editada pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), o cientista político avalia que a sociedade vive uma falsa impressão de controle social a partir da popularização das redes sociais. “Quando a interação entre política, gestão pública e tecnologia está em pauta, a discussão tende a se restringir ao impacto das redes sociais na criação de fatos políticos, verdadeiros ou não, que podem influenciar decisões políticas e processos eleitorais”, escreveu ele.

No entanto, de acordo com o gestor corporativo, as redes sociais, sozinhas, não são capazes de transformar um país. “Será necessário ampliar o tímido debate sobre a capacidade da tecnologia de transformar a forma como fazemos política, desenvolvemos política pública e exercemos o verdadeiro controle social”, disse, para prosseguir: “É cediço que as redes sociais cumprem, durante a última década, preponderante papel no jogo da democracia representativa. Isso é válido tanto para países de idade média jovem, como naqueles de pirâmide etária mais madura”.

No artigo, Mendes observa que, de um lado, as manifestações da Primavera Árabe em mais de dez países (2010), Occupy Wall Street (2011), os protestos do Gezi Park na Turquia (2013) e as Jornadas de Junho no Brasil (2013) possivelmente não tivessem ocorrido senão através de canais alternativos de comunicação. “De outro lado, o ativismo de rede social se concretizou em influência política real através de grupos de esquerda e direita, como é o caso do Movimento Brasil Livre (MBL) e da Mídia Ninja, que possuem audiência consolidada e influenciam milhões de pessoas”, acrescentou.

 

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