Fundação Astrojildo Pereira
Mesa redonda: Um pouco de Gramsci nessa crise não faz mal a ninguém
Evento busca explorar o pensamento gramsciano em paralelo com a crise política que assola o país atualmente
Germano Martiniano
Neste ano em que se completa 80 anos da morte de Gramsci, a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) realizará, no próximo 21 de agosto, às 18h, no Rio de Janeiro, o Seminário: Um pouco de Gramsci nessa crise não faz mal a ninguém. O evento, que conta com especialistas das obras do filósofo italiano, Alberto Aggio, Luiz Sergio Henriques e Andrea Lanzi, busca explorar o pensamento gramsciano em um paralelo com a crise política pela qual o país passa atualmente.
“A mesa redonda foi proposta para lembrarmos os 80 anos da morte de Gramsci. Isso é importante especialmente para nós, que somos os maiores divulgadores das interpretações e debates sobre o pensamento de Gramsci no Brasil por meio da coleção de livros (Brasil & Itália)”, disse Aggio, historiador e professor titular da UNESP.
Contexto
As conjunturas políticas atuais no Brasil têm despertado o interesse no debate em grande parcela da população, assim como tem feito que opiniões extremas, tanto a direita, quanto à esquerda, se fortaleçam. As redes sociais, por sua vez, têm sido “porta-voz” dessas manifestações, como também têm sido o palco de grandes dissidências.
Dentro deste contexto, no qual se vê Bolsonaro, na extrema direita, ganhar mais simpatizantes e, paralelo a isso, parte da esquerda, como PT, PCdoB e PSOL apoiar Maduro na Venezuela, é que o debate sobre a obra de Gramsci se faz mais importante. “Existem muitas interpretações a respeito do pensamento gramsciano, mas seguramente as mais aceitas e difundidas dão conta de que nele há uma perspectiva democrática importante e perspectivas culturais novíssimas que o marxismo do século XIX não comportava. Mais do que isso, Gramsci também foi um crítico aos caminhos que tomava a URSS e suas reflexões buscam uma saída em relação a esses descaminhos que, mais tarde, ficaram mais evidentes. Por tudo isso, vale a pena refletir sobre o pensamento do filósofo italiano”, acentuou Aggio.
Para dar início às reflexões que vão ser tratadas durante o Seminário, a FAP realizou uma entrevista com Luiz Sérgio Henriques, tradutor e ensaísta de Gramsci no Brasil, e que estará como um dos expositores no evento. Leia trechos a seguir:
FAP - A esquerda, atualmente, vive uma crise de identidade. Gramsci, que foi um vanguardista em sua época, já dava indícios em suas obras de que essa dicotomia clara entre capitalismo e socialismo, que ficou ainda mais evidente na Guerra Fria, acabaria?
Luiz Sérgio Henriques - Gramsci descobriu ou redescobriu o continente da política. Estabeleceu um conjunto notável de conceitos (hegemonia, revolução passiva, guerra de posição e de movimento, reforma intelectual e moral, a distinção entre o plano corporativo e o ético-político, etc.), que nem sempre estavam disponíveis no marxismo ou no que se entendia como marxismo. Foi atrás de outros autores e de outras tradições, inclusive liberais. Sabe-se que suas relações com Croce, um liberal clássico notavelmente importante em sua época, foram complexas, feitas de assimilação, recusa e reelaboração. Quantos marxistas agem assim, hoje, em face de Habermas ou Rawls, para dar dois exemplos bem conhecidos? Mesmo tendo se educado no universo socialista (PSI) e tendo se firmado depois como um político comunista, no âmbito da III Internacional, aquele conjunto de conceitos, aplicados à história de seu país, à evolução do socialismo soviético e ao desenvolvimento global do capitalismo, permitiu análises bastante originais que o colocam além do universo bolchevique e o destacam como um clássico da política do século XX. Percebeu, precocemente, o enrijecimento stalinista sob a forma da “estatolatria”: assim caracterizado, o comunismo soviético não teria condições de desafiar um capitalismo que se renovava com o fordismo e o americanismo. Mais cedo do que se pensa, a contraposição entre o mundo comunista e o mundo capitalista ocidental estava resolvida em favor deste último. A partir daí podemos inferir que contraposições frontais entre “campos” antagônicos não são produtivas, porque acabam, mais cedo ou mais tarde, induzindo fanatismos unilaterais e soluções de força.
Podemos ver no pensamento gramsciano uma saída para essa crise de identidade?
A política gramsciana, que recorre à hegemonia (isto é, à persuasão permanente entre sujeitos autônomos e ao deslocamento da relação de forças num contexto de liberdades), aponta numa outra direção. O momento da força fica inteiramente subordinado ao do consenso. Sublinhar isso pode nos ajudar a evitar até mesmo as catástrofes civilizatórias que, infelizmente, estão à espreita. Mas, evidentemente, tudo isto já é por nossa conta. Vemo-nos obrigados a ir muito além de Gramsci. Mesmo sendo muito menores do que ele, ao subirmos em seus ombros veremos coisas que ele não viu nem podia ver. Estamos condenados a “trair” Gramsci. Se o repetirmos, teremos o mesmo triste fim de todos os sectários.
Como interpretar a realidade brasileira, perante toda crise política que vivenciamos, sob a perspectiva gramsciana? Quais partidos políticos mais se aproximam dos seus ideais?
Não devemos adotar a posição de “apóstolos gramscianos” diante do Brasil. Nosso país tem uma densa história própria – uma história intelectual, inclusive. As categorias gramscianas ou quaisquer outras devem ser postas a serviço da compreensão desta realidade, senão não nos servem em absoluto. Vivemos um momento de crise nacional. Um momento, aliás, que se prolonga mais do que esperávamos. Por sua vez, Gramsci não foi um político particularmente bem sucedido, tanto que morreu prisioneiro. Mas, no cárcere, soube se valer da “paciência do conceito”. O fascismo não era um episódio, um parêntese na história do seu país. Vinha de longe, derivava de questões não resolvidas, entre elas a própria forma como se fizera a “unidade” italiana, subordinando o sul da península (que, grosseiramente, poderíamos aproximar do Nordeste brasileiro). Os males brasileiros decorrem igualmente de questões que tratamos mal ao longo do tempo. Nossos períodos de democracia foram curtos, logo interrompidos por surtos duradouros de autoritarismo. Ainda pensamos muitas vezes nos quadros mentais da “estatolatria”. Os sindicatos dependem do imposto sindical getulista, quando deveriam expressar, sobretudo, a vida associativa dos trabalhadores. Os partidos, mesmo os de esquerda, estão pouco presentes na vida social e se transformam facilmente em máquinas eleitorais ou em lugares de reprodução automática de mandatos. O nexo entre partidos, políticos e cultura é frágil, quando sabemos que, hoje, sem reflexão e estudo sério a política não consegue formular boas saídas para a sociedade. Mesmo a cultura, que deve se aproximar da vida das pessoas e dos problemas da política, não pode ser de modo algum ser instrumentalizada por esta última (a política). Devemos cultivar um “cosmopolitismo moderno”, abrindo nossos horizontes e arejando nossa agenda. Ao discutirmos sobre drogas, temos de estudar a experiência de outros países, como, por exemplo, o Uruguai ou Portugal. Muitas vezes, como no filme de Fernando Grostein Andrade e Cosmo Feilding-Mellen, teremos pacientemente de ir “quebrando tabus”. Ao discutirmos sobre violência, teremos de considerar o que acontece em sociedades, como a americana, que permitem a difusão abusiva de armas. Nesta nossa longa viagem no interior da sociedade civil, marxistas de inspiração gramsciana poderão dizer alguma coisa em proveito da convivência democrática e civilizada entre pessoas de múltiplas e variadas inspirações.
Existe uma relação entre a socialdemocracia e o pensamento de Gramsci? O modelo social democrata, dos moldes dos países nórdicos, poderia ser uma solução para o Brasil?
O Brasil tem uma particularidade, uma especificidade densa, como disse acima. Não caberia reproduzir aqui o modelo clássico das socialdemocracias, que também está posto em questão neste nosso admirável novo mundo da globalização. Aliás, temos de ter o mundo como horizonte. Nossa economia deve se integrar competitivamente no cenário global, não se fechar como uma autarquia. Hoje, os reacionários são nacionalistas e até provincianos. Da socialdemocracia clássica devemos reter a preocupação central e mesmo obsessiva com saúde e educação universal. Há variados meios de obter isso, combinando ação pública e iniciativa privada, regulação estatal e mercado. E estamos muito atrasados nessas áreas, infelizmente. É inteiramente lícito que forças economicamente mais ou menos liberais, mais ou menos estatistas, disputem o comando do estado, respeitadas as regras da democracia política. Mas todas estas forças, além de cuidar do funcionamento da máquina econômica, garantindo que funcione bem e se reproduzam de modo sustentável, deveriam - por assim dizer - ter o conhecido índice Gini como referência. Ao cabo de um determinado ciclo, conseguimos nos tornar menos desiguais? O consumo coletivo - nos transportes, na saúde, na educação - ganhou fôlego e se estendeu seus benefícios ao conjunto da população, especialmente aos mais desfavorecidos? Como dizia uma faixa nas jornadas de junho de 2013, povo desenvolvido não é aquele em que o mais pobre anda de carro (ou nem sequer anda, a depender do engarrafamento...), mas sim aquele em que muitos cidadãos, das mais variadas origens sociais, trafegam lado a lado no metrô e em outros bons transportes de massa, em ambientes urbanos saudáveis para todos. Esta é uma lição da social-democracia nos seus melhores anos, que certamente temos de consultar no espírito daquele cosmopolitismo de novo tipo, atento de modo inteligente às mais variadas experiências.
A mesa redonda terá transmissão ao vivo pelo canal no Facebook da FAP: https://www.facebook.com/facefap
Convite
Giuseppe Vacca: O século XX de Antonio Gramsci
Dossiê Gramsci, oitenta anos depois
Dois mil e dezessete é um “ano gramsciano”, por marcar o octogésimo aniversário da morte do pensador sardo, em 1937. Não é de hoje sua presença no debate político e na produção acadêmica brasileira. Uma presença que não é unívoca nem tem a mesma valoração por parte de todos os que se inspiram em maior ou menor medida nos textos daquele pensador. Nossa perspectiva — democrática e reformista — é uma das formas de acolher seu complexo legado. Sem a menor pretensão de qualquer monopólio ou ortodoxia, temos um objetivo “simples” e direto: pôr Gramsci a serviço da democracia brasileira.
Acolhemos a ideia de historicizar radicalmente os escritos do pensador, relacionando-os às diferentes circunstâncias em que foram produzidos — circunstâncias que inauguram nosso tempo, mas não são nem podem ser exatamente as mesmas aqui e agora. E tudo sem censuras, cortes ou embelezamentos. Certamente, este é um pressuposto da apropriação crítica, e não doutrinária, do autor, tornando-o apto a ajudar na compreensão de nossos problemas. Frases soltas ou conceitos descontextualizados têm assim validade muito restrita, ainda que possam ressaltar o brilho do escritor. Mas, como dissemos, nosso objetivo é de outra natureza.
Aqui reunimos três referências internacionais na área. Na abertura, Silvio Pons, atual presidente da Fundação Gramsci, em Roma, e sucessivamente Francesco Giasi e Giuseppe Vacca, diretores da mesma Fundação. Um tema recorrente nestas entrevistas é a monumental Edição Nacional dos Escritos, em curso de publicação. Mas não faltam alusões a questões substantivas da atualidade: a globalização e sua crise, para não falar dos imensos dilemas da própria esquerda.
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) e a Fundação Gramsci atuam conjuntamente no plano editorial, especialmente na coleção Brasil & Itália, acolhida e apresentada por Armênio Guedes, dirigente histórico do PCB associado entre nós às “ideias italianas”. De Giuseppe Vacca, já publicamos Por um novo reformismo; Gramsci no seu tempo (com Alberto Aggio e Luiz Sérgio Henriques); Vida e pensamento de Antonio Gramsci, 1926-1937; e Modernidades alternativas. O século XX de Antonio Gramsci. De Silvio Pons, publicamos A revolução global. História do comunismo internacional, 1917-1991, densa narrativa do impacto do comunismo no século passado.
(Entrevista dada a Leonardo Cazes, publicada parcialmente em O Globo, 26 abr. 2017)
O senhor defende que, ao contrário do que foi feito no passado por alguns estudiosos, não é possível separar a biografia política da biografia intelectual de Gramsci. Por quê?
Gramsci é universalmente considerado um clássico do pensamento político do século XX, mas jamais escreveu um livro. É um autor póstumo que foi, antes de mais nada, um combatente político e um jornalista. Deixou-nos cerca de dois mil textos jornalísticos e políticos, cerca de 80% deles anônimos, publicados entre 1914 e 1926; uma copiosa correspondência, cuja parte mais ampla são as Cartas do cárcere, escritas entre 1926 e 1937; 33 cadernos manuscritos, os Cadernos do cárcere, escritos entre 1929 e 1935, reunidos em volume pela primeira vez dez anos depois de sua morte [a partir de 1947-1948]. Como se pode pensar em estudar seu pensamento, que nos Cadernos passa por uma contínua evolução, articulando-se gradualmente em “sistema”, se prescindirmos de sua biografia? E como interpretar seus conceitos fundamentais sem ligá-los às vicissitudes mundiais que, a partir da Grande Guerra, constituíram o campo de investigação de Gramsci e a fonte de suas reflexões mais audaciosas?
Em vários momentos, o senhor destaca a importância da leitura diacrônica da obra de Gramsci, sob o risco de se praticar reduções significativas do seu pensamento (caso de Bobbio e sua leitura de Gramsci como teórico da sociedade civil). Quais os principais pontos revelados por essa leitura diacrônica?
Recorrendo necessariamente a juízos sumários, creio poder dizer que o conhecimento da vida e do pensamento de Gramsci, acessível nos volumes publicados pela Ed. Contraponto e pela Fundação Astrojildo Pereira, dele nos oferece uma imagem global substancialmente nova e diversa daquelas elaboradas antes da Edição Nacional dos Escritos, que começou publicando, em 2007, os inéditos Cadernos de tradução. Mas, não podendo fazer uma descrição articulada destas novidades, remeto ao ensaio introdutório de meu livro Modernidades alternativas. O século XX de Antonio Gramsci. O ensaio, intitulado “Os estudos gramscianos hoje na Itália”, contém uma comparação sintética das diferenças entre os modos pelos quais era interpretado Gramsci entre os anos 60 e 80 do século passado, e os desenvolvimentos de uma nova leitura. A descontinuidade é fruto de um grande trabalho de recuperação das fontes — antes de tudo, as cartas — e do aperfeiçoamento do método diacrônico no estudo de seu pensamento, realizados por estudiosos que colaboram com a Fundação Gramsci e com a IGS [International Gramsci Society] há cerca de trinta anos.
Nos últimos dez anos, os estudos gramscianos ganharam novo fôlego, após um recuo na década de 1990, com a publicação da Edição Nacional dos Escritos de Antonio Gramsci. Qual a importância desta publicação?
A Edição Nacional, encaminhada no início dos anos 90, favoreceu a formação de uma nova geração de estudiosos que compartilham o método diacrônico na leitura dos Cadernos e interpretam o pensamento de Gramsci reconstruindo seus nexos com a história europeia e mundial do século XX. Os Cadernos do cárcere são publicados segundos novos agrupamentos — Cadernos de tradução, Cadernos miscelâneos, Cadernos especiais —, oferecendo ao leitor a temporalidade mais fiel àquela em que foram escritos. As cartas são publicadas com as dos correspondentes e, ao lado do Epistolário gramsciano, reunimos em dois volumes a correspondência entre Tatiana Schucht [a cunhada russa que lhe prestou assistência nos anos de cárcere] e Piero Sraffa [o economista que servia de elo com o PCI], bem como entre as famílias Schucht (em Moscou) e Gramsci (na Sardenha). Os escritos são republicados em ordem cronológica depois de um acurado exame das atribuições precedentes que nos permitiu inúmeras atribuições e “desatribuições”. Acrescenta-se uma seção de Documentos, em que já foi publicada a apostila que contém os apontamentos do Curso de Glotologia, de Matteo Giulio Bartoli, feitos por Gramsci no ano acadêmico de 1912-1913, fundamental para o estudo de sua formação. Portanto, a Edição Nacional é a primeira edição crítica integral dos escritos de Gramsci tratados com critérios exclusivamente filológicos e segundo o método histórico, sem sugerir nenhuma interpretação e restituindo textos e contextos de sua obra a seu tempo, como é obrigatório para um clássico do pensamento.
No seu livro Modernidades alternativas, o senhor centra sua análise em três conceitos de Gramsci: hegemonia, revolução passiva e filosofia da práxis. Especialmente o conceito de hegemonia já foi interpretado das maneiras mais diversas. De que Gramsci fala quando ele fala de hegemonia? De que maneira esse conceito permanece atual?
Vou tentar dar um exemplo. Se aplicarmos à história mundial contemporânea as lentes de Gramsci, o mundo do século XXI aparece marcado — mais do que pela globalização e por sua crise — por um conflito econômico que ameaça precipitar-se numa guerra de verdade. À luz do pensamento de Gramsci, esta situação teve origem na crise do sistema mundial do segundo pós-guerra — começada nos anos 70 do século passado e culminada com a implosão da URSS — que havia permitido décadas de estabilidade, e no surgimento de um conflito econômico mundial que se caracteriza pelo crescente conflito entre o “cosmopolitismo” da economia e o “nacionalismo” da política. Em outras palavras, as classes dirigentes não foram capazes de negociar novos equilíbrios mundiais baseados na simetria entre soberania política e soberania econômica, precipitando o mundo numa proliferação de guerras voltadas para destruir velhas soberanias políticas e abrir espaço à mercantilização, e favoreceram o desenvolvimento de neomercantilismos continentais nas “regiões” economicamente mais fortes, em crescente conflito entre si. Superado o velho sistema hegemônico mundial, não se formou nenhum outro novo e, portanto, volta à cena a equação entre a política e a guerra.
Gramsci é um intelectual profundamente marcado pelo tempo histórico em que viveu. Sua prisão talvez seja o melhor exemplo disso. Em 2017 completam-se 100 anos da Revolução de Outubro, na Rússia. Qual foi o impacto deste acontecimento na vida e na obra de Gramsci?
A vida e o pensamento de Gramsci foram marcados profundamente pela Revolução de Outubro e a luta pelo comunismo. Mas o que caracteriza aquele pensamento foi a capacidade de historicizar as novidades de seu tempo — grande guerra, comunismo, fascismo, americanismo, desmoronamento dos impérios coloniais, nova subjetividade dos povos, etc. —, elaborando um novo pensamento e uma nova capacidade política de elaborar projetos que hoje nos parecem, ao mesmo tempo, uma revisão radical do marxismo e uma refundação deste mesmo marxismo, projetada num novo tempo histórico que, acredito, ainda é o nosso.
Doação de livros para modernizar o acervo da Biblioteca Salomão Malina
Objetivo da campanha lançada pela FAP é obter exemplares para enriquecer o acervo originalmente constituído pela biblioteca do falecido Salomão Malina, último secretário-geral do PCB
Germano Martiniano
A Fundação Astrojildo Pereira está lançando uma campanha de doações de livros para ampliar o acervo da Biblioteca Salomão Malina, originalmente constituído por obras pertencentes à biblioteca pessoal do falecido Salomão Malina, o último secretário-geral do PCB. A iniciativa integra um dos objetivos da nova diretoria da FAP para o biênio 2017/18, que era a modernização do local e foi alcançado após muito trabalho, com a interveniência do Ministério Público das Fundações Partidárias: a situação do imóvel no Conic (Setor de Diversões Sul), onde funciona a Biblioteca Salomão Malina, está regularizada. Agora, espera-se que, dentro 60 dias, a modernização do local esteja concluída.
De acordo com o diretor-geral da Fundação, o jornalista Luiz Carlos Azedo, “o objetivo é somar ao acervo já existente, obras mais contemporâneas, representativas do novo reformismo, de maneira que possam servir como fonte de pesquisas para estudantes e pesquisadores do assunto”.
Doações
Espera-se, por meio das doações, reunir obras dos chamados intérpretes do Brasil: Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Caio Prado Junior, Sérgio Buarque, José Honório Rodrigues, Victor Nunes Leal, Celso Furtado, Ignácio Rangel e outros que compõem essa linha de intelectuais. “Também pretendemos melhorar o acervo de Literatura, com as obras completas de Machado Assis, Lima Barreto, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar, entre outros autores”, completou Azedo.
O primeiro passo para a doação é passar para a FAP, nos contatos abaixo, os livros que se tem interesse em doar e ver se as obras encaixam-se no perfil requerido pela FAP. Posteriormente, se aprovados, o doador deverá enviar por Sedex ou PAC os exemplares a serem doados à Fundação.
Modernização
A reforma da Biblioteca Salomão Malina tem como meta renovar o local com a instalação de novas estantes, computadores, mesas, poltronas e iluminação concebidas para proporcionar melhores condições de acesso ao acervo bibliográfico físico e virtual. Na área externa, será instalada uma estante-quiosque de livre acesso ao público, além de disponibilizar acesso ilimitado à internet em toda a área da chamada Praça Vermelha. O espaço ainda contará com auditório multiuso (Espaço Arildo Doria), para 65 pessoas, que poderá ser utilizado para palestras, conferências, cursos, reuniões, e pelo Cineclube Vladimir de Carvalho.
Contato: Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
SEPN 509, Bloco D, Lojas 27/28, Edifício Isis – 70750-504
Fone: (61) 3011-9300 Fax: (61) 3226-9756
Email: fundacaoastrojildo@gmail.com
Política Democrática: Batalha diária da cidadania
A revista Política Democrática tem 17 anos de edições quadrimestrais ininterruptas, sempre na busca de constituir-se em instrumento de discussão e difusão de conhecimento junto à sociedade brasileira, na perspectiva dos valores democráticos e republicanos, capaz de contribuir, teórica e politicamente, para o melhor entendimento de nossa realidade nacional, local e internacional, nos seus mais diversos ângulos. Na tradição de outras publicações semelhantes, temos procurado colocar à disposição do público leitor múltiplos enfoques de análise sobre os temas mais importantes da agenda do pais e do mundo.
Contam-se, entre nossos colaboradores, intelectuais polêmicos e dedicados, com presença assinalada nos debates públicos; acadêmicos de renome, estudiosos das questões políticas, sociais, econômicas e culturais que compõem as agendas brasileira e internacional; agentes políticos e sociais, independentemente de concepção política e ideológica, assim como de filiação partidária, que expõem suas opiniões, suas ideias e propostas, com o objetivo de servir à cidadania e de colaborar para que se conheça em profundidade a complexa e delicada situação em que vivemos neste início do século 21.
Trata-se de uma ousada tentativa de envolver-se com representantes da esquerda democrática, oriundos de partidos políticos, movimentos sociais, organizações não governamentais ou mesmo da academia, procurando dar voz aos diferentes argumentos, promover seu confronto e construir, no processo, consensos que sirvam de fundamento à reconstrução da esquerda brasileira, de uma esquerda com viabilidade e eficiência, capaz de promover, no curto prazo, a ampliação e o aprofundamento da democracia, o desenvolvimento da equidade no país, tendo como uma diretriz central a oportunidade igual para todos, homens e mulheres; a superação da pobreza e da exclusão social; e o combate a toda discriminação em razão de classe, gênero, etnia, cor da pele, opção religiosa e/ou ideológica.
Além da edição impressa, Política Democrática é lançada sob a forma de e-book, há mais de cinco anos, e já possui sua edição eletrônica. É um orgulho sermos bem considerados pela Qualis, um dos mais importantes sistemas brasileiros de avaliação de periódicos, mantido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que relaciona e classifica os veículos utilizados para a divulgação da produção intelectual dos programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), quanto ao âmbito da circulação e à qualidade. Sem falar que nossa revista está inserida no SciELO (Scientific Electronic Library Online), coleção de revistas e artigos científicos de amplitude mundial.
Abertos a colaborações, sob a forma de elaboração de artigos e ensaios, ou de criticas ao nosso trabalho, estamos orgulhosos do que já alcançamos e pretendemos ir adiante, sempre procurando produzir o melhor para fazer cabeças e estimular ações na batalha diária da cidadania por uma sociedade democrática, justa e fraterna.
Vamos em frente!
Francisco Inácio de Almeida, editor da Revista Política Democrática
FAP fecha parceria com projeto Cultura no Ônibus
Projeto Cultura no Ônibus consiste na distribuição de livros dentro dos coletivos da companhia para que os usuários possam ler enquanto se locomovem até seus destinos
Germano Martiniano
A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) fechou, nesta semana, parceria com a empresa de ônibus Piracicabana, que apoia o projeto Cultura no Ônibus, projeto que consiste na distribuição de livros dentro dos ônibus da companhia para que os usuários do transporte coletivo possam ler enquanto se locomovem até seus destinos. O objetivo central é incentivar a leitura, a escrita, o entendimento, ampliar os lastros culturais e proporcionar acesso a livros dentro dos coletivos.
Nesta parceria a FAP doou mais de três mil exemplares produzidos pela própria fundação e de diversos autores, que já estão sendo distribuídos. De acordo com Gustavo Loiola, gerente-administrativo da Fundação, “além de contribuir para um projeto sociocultural, a FAP também poderá divulgar, ainda mais, seus exemplares e trabalho no Distrito Federal.’’ Outro aspecto positivo é que a parceria também fortalece a FAP, que tem entre os seus objetivos difundir os ideais democráticos para a população.
Projeto Cultura no Ônibus
O projeto nasceu em 2003 com Antônio da Conceição Ferreira, que na época era cobrador da Piracicabana e, atualmente, atua como coordenador do projeto. Antônio do Livro, como é conhecido, disse que a ideia surgiu por ver que as pessoas ficavam de quarenta e cinco minutos a uma hora dentro do ônibus sem opção alguma de lazer ou entretenimento. A partir disso, o então cobrador começou a incentivar que livros fossem doados para os usuários do transporte público. “Acredito muito na leitura como forma de mudança social e busco cada vez mais difundir esse maravilhoso hábito”, disse Antônio para o site do projeto.
Em 2015 a empresa Piracicabana começou a apoiar o projeto, que hoje conta com mais de 20 mil livros disponibilizados para a população e mais de 500 voluntários. O projeto também está presente em 159 linhas da empresa, num total de 525 ônibus. Além da ação dentro dos ônibus, o projeto também participa de Feiras do Livro, Bienais e realiza diversos eventos, como contação de histórias para crianças.
Doação
Para quem deseja doar algum livro para o projeto, pode-se doar entregando o livro ao cobrador do ônibus, agendando a entrega pelo site, culturanoonibus.com.br, ou também entregando na Rodoviária do Plano Piloto, próximo da plataforma E-Box 1.
Para informações você pode acessar ao site do projeto e também o Facebook:
http://www.culturanoonibus.com.br/
https://www.facebook.com/culturanoonibus/
CMS: Pronunciamento de Astrojildo Pereira sobre o impacto da Revolução Russa no movimento operário brasileiro
Os impactos da Revolução Russa no Brasil
Astrojildo Pereira
É uma honra falar nesta casa paulista da cultura, e isto sobe de ponto quando me vejo patrocinado por tão ilustres personalidades das letras, das artes, da ciência e da política. Acredito, no entanto, que meus amigos da comissão organizadora deste ato carregaram um pouco a mão na ênfase com que anunciaram como possível conferência de caráter histórico ou sociológico o que pretendo expor. Minha intenção é muito mais modesta e até mais própria da minha condição em relação ao tema proposto: falar apenas como testemunha que acompanhou, com apaixonado interesse, o processo da Revolução Russa de 1917, seus antecedentes e suas repercussões entre nós, especialmente no movimento operário.
Durante a guerra imperialista de 1914-1918, mesmo depois que o Brasil se viu envolvido no conflito, às vésperas da Revolução de Outubro, os trabalhadores brasileiros e o melhor da nossa intelectualidade sustentaram – pelos meios que lhes eram próprios e possíveis – a mesma posição de repúdio à guerra, da luta contra suas implicações políticas e econômicas e pelo restabelecimento da paz. Os jornais operários e populares então publicados no Distrito Federal e nos Estados refletiam esse estado de espírito de revolta contra a guerra imperialista e o regime que a gerara. Mas foi a partir do primeiro trimestre de 1915 que a luta contra a guerra, pela paz, se ampliou e tomou um impulso do movimento nacional organizado.
Coube ao Centro de Estudos Sociais do Rio de Janeiro a iniciativa desse movimento, o qual agrupava operários e intelectuais avançados, e se achava estreitamente ligado à vida e à atividade dos sindicatos locais, funcionando na mesma sede da Federação Operária do Distrito Federal. Ali se reuniram várias assembleias preparatórias e, por fim, a 26 de março de 1915, uma grande assembleia de delegados de organizações sindicais e outras, bem como de representantes dos jornais operários e libertários que então se publicavam no Rio de Janeiro. Deliberou-se criar uma Comissão Popular de Agitação contra a Guerra, composta pelos representantes das entidades presentes e de outras que lhe dessem posteriormente a sua adesão. Esta Comissão assumiu o comando do movimento, traçando para o Distrito Federal o plano de uma série de conferências, palestras, assembleias sindicais, comícios populares etc., em preparação de um Primeiro de Maio de luta pela paz. Deliberou-se, igualmente, publicar um manifesto sobre o problema da guerra e da paz, dirigido a todo o povo brasileiro.
Em São Paulo, o movimento foi imediatamente secundado, constituindo-se uma Comissão Internacional: Centro Libertário, União dos Gráficos Alemães no Brasil, Associação Universidade Popular de Cultura Racionalista, União dos Operários Alemães Livres, Círculo de Estudos Sociais Francisco Ferrer, União dos Operários Cantórios, Federação Espanhola, os periódicos populares A Lanterna, o Avanti! (italiano), La Propaganda Libertária (espanhol) e o Volksfreund (alemão). A designação dessas entidades e desses jornais, em línguas diferentes, serve para mostrar a feição internacional da massa operária de São Paulo, cidade de intensa imigração, mas serve também para mostrar – o que é mais importante – o caráter internacionalista da luta sustentada pelos trabalhadores contra a guerra imperialista. Preparando-se para demonstrações do Primeiro do Maio, a Comissão de São Paulo publicou um comunicado, datado de 8 de abril de 1915, que terminava com as seguintes palavras:
“(…) Em Primeiro de Maio, aproveitando a comemoração com que o proletariado afirma, em internacional manifestação, o seu direito a uma vida melhor, realizaremos nesta cidade, onde a guerra teve tão ruidosa repercussão no povo, lançando-o na miséria, a nossa primeira reunião pública pró-paz. “Abaixo a guerra! Viva a Internacional dos Trabalhadores!”.
No Rio, o comício de Primeiro de Maio constituiu, como se esperava, uma verdadeira demonstração da massa contra a guerra. Ao largo São Francisco, onde se realizou, acorreram milhares de trabalhadores, homens e mulheres do povo, que ali proclamavam seu horror à guerra e sua disposição de lutar pela causa da paz. Foi então lido um documento em que se fazia análise das causas e dos efeitos da guerra, e se expunham os fins do movimento em favor da Europa em guerra e nas três Américas.
Em seguida ao comício, a massa popular desfilou pelas ruas do centro da cidade, terminando em frente à sede da Federação Operária.
Nesse mesmo ano a Confederação Operária no Brasil tomou a si o encargo da convocação e preparação de um Congresso da Paz, o qual veio a reunir-se, efetivamente, na Capital da República, em 14, 15 e 16 de outubro de 1915 (entre parênteses notarei aqui uma interessante coincidência: nessa mesma época reunira-se na Suíça um congresso de delegados socialistas de vários países europeus, entre os quais figurava Lênin).
Além da declaração de Distrito Federal, São Paulo, Pernambuco, Alagoas, Estado do Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul participaram do Congresso representantes da Argentina, de Portugal e da Espanha. Vistos com os nossos olhos de hoje, podemos facilmente assimilar as enormes insuficiências da organização de orientação do Congresso da Paz do Rio de Janeiro, em 1915, onde predominaram as declarações grandiloquentes sem alcance prático; mas ao mesmo tempo devemos reconhecer que ele marcou, com incontestável relevo, uma posição franca de luta contra a guerra imperialista e em defesa da paz e da liberdade.
O ano de 1916 transcorreu sem grandes atos, sem que o movimento assumisse relevos oficiais especiais. Observa-se vivo e ardente por meio dos jornais operários e populares. Mas os primeiros meses de 1917 assinalam, no Rio de Janeiro, o recrudescimento da campanha contra a guerra e pela vida, que era, aliás, uma consequência imediata da guerra. Durante os meses de março e abril daquele ano, a Federação Operária promoveu a realização de inúmeros comícios pelos diversos bairros da cidade, e a 18 de abril, numa grande assembleia em sua sede, foi aprovada uma mensagem, que se enviaria ao presidente da República, na qual se protestava contra a eventual entrada do Brasil na guerra (já se falava muito nisto) e que surgissem medidas tendentes a aliviar a crise econômica e financeira, cujos efeitos recaíssem principalmente sobre as costas dos trabalhadores. A comemoração do Primeiro de Maio de 1917, no Rio de Janeiro, transcorreu igualmente sob o signo da luta contra a carestia, com impressionante desfile pelas ruas da capital.
E quando, finalmente, em outubro de 1917, o governo brasileiro, cedendo à pressão imperialista de um dos grupos em guerra, deliberou entrar no conflito, a classe operária e a intelectualidade progressista não se afastaram uma polegada da posição de luta pela paz, mantida sem desfalecimento desde o início das hostilidades entre os dois grupos imperialistas. Um período progressista que então se publicava na capital do país – e que mantinha ligações de simpatia no movimento operário – publicou o seu editorial com um título que equivalia a uma reafirmação inequívoca dos sentimentos de todo o povo brasileiro: “O Brasil não quer guerra”.
Esses detalhes nos ajudam a compreender melhor certos aspectos da repercussão da Revolução Russa de 1917 no Brasil. Pode-se imaginar como foi profunda entre nós a impressão sobre a política de paz inaugurada com extrema audácia pelo governo soviético desde o primeiro dia da tomada do poder.
Não é difícil compreender por que as notícias relativas à insurreição e à conquista do poder pelos operários e camponeses russos, guiados pelo Partido Bolchevique, eram acompanhadas com enorme interesse pelos trabalhadores brasileiros. A imprensa reacionária apresentava tais notícias de maneira caluniosa, deformando os fatos, torcendo o sentido dos acontecimentos e até mesmo inventando horrores para impressionar a opinião pública.
Mas os pequenos e pobres jornais brasileiros, publicados nas principais cidades, rebatiam infatigavelmente as mentiras e deformações veiculadas pela imprensa reacionária, a significação e a natureza dos fatos que se sucediam nos vastos domínios do Império Czarista. Deve-se recordar, neste sentido, um folheto de autor brasileiro, saído a lume, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1918, sob o título A Revolução Russa e a Imprensa, no qual precisamente se defendia a Revolução de outubro e se refutavam as mais grosseiras e furiosas calúnias divulgadas pelos jornais da reação.
Havia, sem dúvida, nos comentários a favor da Revolução, não poucas suposições e conceitos errôneos – que resultavam principalmente de interpretações doutrinárias ainda obscuras e mesmo confusas; mas, pouco a pouco as coisas se esclareciam e, já em 1919, os nossos periódicos operários e populares publicavam importantes e autênticos documentos sobre a Revolução, colhidos na imprensa operária da Europa e da América. O semanário carioca Spartacus, por exemplo, estampou, em seu primeiro número, publicado em agosto de 1919, a “Carta aos Trabalhadores Americanos”, de Lênin, e algumas semanas depois o fundamental trabalho, também de Lênin, “A democracia burguesa e a ditadura do proletariado”. O órgão da Federação das Classes Trabalhadoras de Pernambuco, a Hora Social, publicou, em novembro desse mesmo ano, o texto da primeira Constituição soviética.
Os intelectuais mais esclarecidos, com alguma compreensão da natureza do fenômeno revolucionário, manifestavam também suas simpatias pela Revolução Socialista de outubro. À frente deles, com mais decisão, colocou-se um grande nome, Lima Barreto, que publicou em 1919 um artigo que ficou conhecido como “Manifesto Maximalista”, que, como se pode imaginar, produziu enorme sensação. Devo também recordar, com muita especial consideração, o nome de Afonso Schmidt, que escreveu então numerosos artigos e alguns folhetos em defesa da Revolução de Outubro. O veterano Schmidt aí está, quarenta anos depois, em plena atividade de escritor de vanguarda, glória das nossas letras e orgulho da minha geração.
Mas ainda há dois ou três escritores e jornalistas brasileiros da época, amigos e simpatizantes da Revolução, que marcaram igualmente, inclusive por cara afeição, ao seu tento pitoresco das suas manifestações literárias e jornalísticas a favor dos bolcheviques.
Um deles, o paulista Nereu Rangel Pestana, que escrevia a pedidos do jornal O Estado de S.Paulo, sob o pseudônimo de Ivan Sibiroff, e chegou a publicar um periódico, por conta própria, que deu como título seu pseudônimo, “Ivan Sibiroff”. Nereu Rangel Pestana, pertencente à família de ilustres jornalistas de São Paulo, realizava, com seus artigos, uma dupla campanha jornalística: defendia a Revolução Russa e, ao mesmo tempo, vasculhava os bastidores políticos e financeiros das classes dominantes no estado, disso resultando um volume de ruidoso êxito, a que deu o título de A Oligarquia Paulista.
O outro jornalista a que quero me referir chamava-se Roberto Feijó. Ele residia no Rio de Janeiro e ali publicou uma série de Cartas em defesa dos bolcheviques, usando o pseudônimo de Dr. Kessler, e, com esse disfarce, fazia-se passar por um agente russo enviado ao Brasil. Aliás, Ivan Sibiroff utilizava também a mesma mistificação literária. Diga-se, porém, para desfazer dúvidas, que ambos utilizavam este processo com absoluta honestidade de meios e propósitos, e com uma boa e alegre dose de ironia. Eram ambos, com efeito, homens de espírito e de bom humor, e empregavam a sua malícia, muito desinteressadamente, em favor das melhores causas democráticas e patrióticas.
Sem dúvida, porém, foi nos sindicatos operários e nos movimentos de massa que as demonstrações de solidariedade à jovem República Operária e Camponesa atingiram mais extensão e possuíram mais importância. As assembleias sindicais eram bem movimentadas e sempre que nelas se mencionava os exemplos das lutas revolucionárias dos trabalhadores russos, os presentes manifestavam com unânime entusiasmo os sentimentos de fraternidade, admiração e apoio. Os sindicatos operários promoviam conferências, palestras e debates sobre assuntos relacionados com a Revolução Russa. Quando da intervenção das tropas imperialistas anglo-franco-japonesas, que sustentavam os generais contra-revolucionários – Denikin, Yudenitch, Wrangel, Kolttchak e outros –, moções de protesto recebiam aprovação igualmente unânime das assembleias e comícios onde eram apresentadas. Um sindicato, a União dos Metalúrgicos do Distrito Federal, chegou a proclamar uma greve geral de protesto dessa categoria profissional contra a intervenção imperialista e de solidariedade à República Operária e Camponesa.
Mas o principal da repercussão da Revolução de Outubro no movimento operário estava no tremendo impulso produzido no movimento – aqui e em todos os países – pela vitória da Revolução Socialista.
Todo o período de 1917 a 1920 caracterizou-se, entre nós, por uma onda irresistível de greves que, em muitos lugares, assumiram proporções grandiosas. Em primeiro lugar, a greve geral de São Paulo, em agosto de 1917: esta eclodiu antes de 7 de novembro, mas já sob o signo da revolução operária e camponesa que se processava na Rússia desde março e culminou com a tomada do poder naqueles dias que abalaram o mundo. A greve geral de 1917 em São Paulo abriu uma série de grandes greves de massa que se multiplicaram pelo país até 1920. Eram movimentos por aumento de salários e por melhores condições de trabalho, mas uma coisa se mostrava evidente: a influência da Revolução Russa para a combatividade e para as esperanças da classe operária. A maneira com a qual os trabalhadores da construção civil do Rio de Janeiro conquistaram a jornada de oito horas de trabalho merece especial registro. O horário em vigor, até então, era de 9 a 10 horas, até mais, por dia. Depois de numerosas assembleias o sindicato dos trabalhadores da construção civil resolveu “decretar”, por conta própria, as oito horas diárias de trabalho em todas as obras da construção civil em andamento no Rio de Janeiro, o que se efetivou realmente a partir de dois de maio de 1919.
Não há dúvida de que outras muitas reivindicações pelas quais lutavam as massas trabalhadoras, naquela época, foram alcançadas total ou parcialmente. Mas é fato que a natureza e o volume das vitórias alcançadas não estavam em proporção com o vulto e a extensão do movimento geral.
As reivindicações formuladas por aumento de salários, por melhores condições de vida e de trabalho etc, constituíram como que um fim em si mesmo, e não um ponto de partida para reivindicações crescentes do nível superior. É que, na realidade, se tratava de lutas mais ou menos espontâneas, isoladas umas das outras, sucedendo-se por força de um estado de espírito extremamente combativo que se generalizava entre as massas. Admiráveis exemplos de firmeza, de bravura, de abnegação se verificavam pouco por toda parte, durante as greves e demonstrações de massa que se multiplicavam de maneira contagiosa naqueles anos. Faltava, porém, um centro coordenador, um comando geral à altura das circunstâncias. Em suma: uma direção política, que só um partido independente de classe poderia imprimir em todo o movimento.
A essa justa conclusão se chegava também por influência da Grande Revolução Socialista de Outubro – no nosso caso influência decisiva, e já com sua formulação teórica e prática acabada.
E assim nasceu o Partido Comunista do Brasil.
Estamos aqui há 40 anos de distância do sete de novembro de 1917. Cessa aqui o meu depoimento propriamente dito. Seja-me permitido acrescentar comentários que me parecem oportunos.
Evidentemente, uma revolução social da extensão da Revolução Socialista de Outubro – e tendo sobretudo em vista as condições históricas excepcionais em que ela se processou, num país como o antigo Império dos Czares e em conseqüência direta da Primeira Guerra Imperialista – teria de produzir repercussões mundiais de caráter múltiplo e cuja amplitude viria a abarcar todos os domínios da vida social – econômicos, políticos, culturais e morais.
O fato é que a Revolução Russa abriu o mundo para uma era de reconstrução social, em que as grandes massas populares representam o fator decisivo. Por outras palavras: depois de 1917 abriu-se para o mundo a era do socialismo, de democracia, da liberdade e da paz. E hoje, a bem dizer, nada se faz no mundo que não tenha o seu ponto de referência na União Soviética. A favor ou contra, mas sempre a União Soviética.
E como o Brasil faz parte deste planeta, também nós estamos historicamente enquadrados nesse plano de desenvolvimento. Claro, de acordo com as nossas peculiaridades nacionais.
Malgrado todas as evidências neste sentido, não faltam, entretanto, aqueles que não compreendem, ou não querem compreender, os novos rumos da história. São precisamente aquelas que se obstinam inclusive em negar, ou mesmo desconhecer, o que é a URSS 40 anos depois de 1917, e o que é o mundo socialista dos nossos dias.
Mas não adianta grande coisa. A história caminha para frente, embora não em linha reta.
Pronunciamento de Astrojildo Pereira, em conferência de 25 de setembro de 1957 sobre o impacto da Revolução Russa no movimento operário brasileiro.
Texto extraído do livro Viva, Astrojildo Pereira!, organizado por José R. Guedes de Oliveira, e editado pela Fundação Astrojildo Pereira e Abaré. A Princípios agradece ao organizador do livro pela gentil autorização para a publicação deste texto.
EDIÇÃO 92, OUT/NOV 2007, PÁGINAS 12, 13, 14, 15 e 16
POR MEMÓRIA SINDICAL. 10 JUL 2017
FAP: Nota de repúdio à agressão sofrida pelo Senador Cristovam Buarque
Nesta terça-feira, 18 de julho, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), presidente do Conselho Deliberativo da Fundação Astrojildo Pereira (FAP), foi objeto da agressão verbal, covarde e autoritária de um pequeno grupo de manifestantes, partidários do governo passado e opositores das reformas em processo de aprovação no Congresso Nacional.
Nós, diretores e conselheiros da Fundação, manifestamos de público, em primeiro lugar, nosso veemente repúdio à essa violência. A Democracia se constrói no debate, na contraposição de argumentos e até mesmo no silêncio, quando os argumentos falecem. Não se constrói na agressão, na camuflagem com insultos de vazio argumentativo. Esse é o caminho da intolerância, dos "iluminados" que não precisam de diálogo nem de democracia, uma vez que as ditas verdades da politica já se encontram para eles reveladas. Sabemos que esse caminho tem apenas um ponto de chegada: o autoritarismo.
Manifestamos também nossa solidariedade irrestrita ao senador Cristovam Buarque. Sabemos que acontecimentos desse tipo não o farão esmorecer, mas redobrarão seu empenho na luta por um Brasil politicamente mais democrático e socialmente mais justo.
Diretores e Conselheiros da Fundação Astrojildo Pereira (FAP)
Jovens debatem propostas para a crise política e socioeconômica no encerramento do II Encontro
Participantes destacaram fatores como a liberdade de expressão, a educação e a saúde pública como pilares essenciais para a melhoria do país
Germano Martiniano
O Brasil vive hoje uma das piores crises política e socioeconômica da história. De um lado, milhões de desempregados, violência, pobreza e vários outros problemas que assolam a nação. De outro lado, uma crise ética que tomou grandes proporções com os resultados da Operação Lava-Jato. Dentro deste contexto que os participantes do II Encontro de Jovens Lideranças, na manhã do último sábado (15), debateram e apresentaram diversas propostas que busquem saídas para a situação em que o país se encontra. A dinâmica em grupo encerrou o evento, que durou cinco dias e foi organizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, que ocorreu na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin, no Rio de Janeiro.
Atividade em grupo
A discussão de propostas que busquem uma saída para o país foi uma oportunidade para os jovens colocarem em prática o que aprenderam nos cinco dias de palestras e aulas sobre política e liderança, além de ajudarem a construir um PPS mais forte. A atividade consistiu na formação de grupos, que receberam da organização do evento um tema especifico da situação do país, que deveria ser debatido e, posteriormente, analisada soluções para o mesmo. Nessa mesma atividade, cada grupo também selecionou um líder, que serão os próximos monitores do III Encontro de Jovens, a ser realizado no ano quem vem.
Dentre as propostas, os participantes do II Encontro destacaram a liberdade para se posicionar e opinar como um dos pontos mais importantes no fortalecimento do PPS e da democracia. Outro ponto de destaque foi pedir atenção e ações para combater os crimes de gênero contra a comunidade LGBT no Brasil. Por fim, também chamaram atenção para saúde pública e educação. No caso da saúde, salientaram o número, cada vez maior, de jovens que enfrentam problemas relacionados à depressão em todo o país. Em relação a educação, eles a destacaram como a base para se fazer uma sociedade mais justa. “Foi engrandecedor participar deste encontro, principalmente nos critérios socioculturais, pois essa troca de experiência entre os jovens é o que faz a gente entender o que, realmente, estamos buscando para nós e para o futuro do Brasil”, disse Railane Borges, participante do encontro e eleita monitora para o próximo evento.
Palestras
Após a atividade em grupo, os participantes tiveram as últimas palestras. Na mesa estavam Luzia Ferreira, deputada federal (PPS-MG) e o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS-RJ). A deputada mineira falou da importância da renovação política. “Nós que já temos anos de política, que possamos nos inspirar na pressa e na ousadia que a juventude possuí”, disse. Ela também destacou o papel da Fundação Astrojildo Pereira na organização do evento. “A FAP fez muito bem em reunir jovens de todo o Brasil num seminário de formação política, debatendo ideias e buscando interagir os conceitos dos mais experientes com os dos mais novos”, concluiu a deputada mineira.
Para encerrar, o Comte Bittencourt reiterou o elogio de Luzia Ferreira a FAP na organização do II Encontro. “A Fundação acertou em realizar esta segunda edição do Encontro, pois foi uma oportunidade de debater, com mais de cem jovens de todo o país, temas contemporâneos, democracia, cidades inteligentes, movimento coletivo e a reinvenção da esquerda, entre outros, que possibilitaram aos jovens reflexões acerca destes assuntos", avaliou Comte Bittencourt. "Todos esses aprendizados ajudarão estes jovens a serem protagonistas das mudanças que o país necessita”, completou.
O III Encontro de Jovens Lideranças está previsto para ocorrer em janeiro de 2018. Todas as informações sobre o evento serão publicadas no portal da FAP.
II Encontro debate a qualidade de vida nas cidades brasileiras
O quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças contou com a presença do prefeito de Vitória (ES), Luciano Resende, e do deputado federal e presidente nacional do PPS, Roberto Freire (PPS-SP). Depois de quatro dias de imersão em estudos, os mais de 100 participantes do evento se despedirão da Colônia Kinderland neste sábado (15)
Germano Martiniano
- O mundo hoje possui mais de 60% da população vivendo nas cidades. Somando o avanço tecnológico, é imprescindível que as cidades sejam espaços que ofereçam alimento, saúde, segurança e lazer, entre outras necessidades essenciais à vida humana. Dentro da temática de Cidades Inteligentes, principal palestra desta sexta-feira (14/7), quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças, o prefeito de Vitória (ES), Luciano Resende se apresentou para os mais de 100 participantes. Ele foi um dos debatedores convidados para expor sua experiência como gestor. O II Encontro está sendo promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ), até este sábado (15/7).
Luciano Rezende destacou para os jovens que os “segredos” do sucesso para uma cidade inteligente são bem simples: rapidez, transparência e eficiência. “Precisamos desses três itens atuando conjuntamente. Esses fatores isolados não geram sucesso”, avalia. Segundo o prefeito de Vitória, é preciso que os governantes façam "um governo horizontal com a população". "O cidadão faz parte do governo. Eu me comunico com ele até por whatsapp”, completa Resende.
André Gomyde, presidente da Frente Nacional das Cidades Inteligentes, e palestrante do tema Cidades Tecnológicas, falou das transformações intensas que o mundo está passando, do avanço tecnológico, das mudanças no mundo do trabalho, das profissões que deixarão de existir, entre outras situações que afetam as cidades atualmente no Brasil e em grande parte de todo o mundo. E, consequentemente, a sociedade.
Esquerda e Democracia
O quarto dia do II Encontro começou com aulas no período da manhã, todas transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook (http://www.fb.com/facefap). Alberto Aggio (foto acima), professor e historiador, discorreu sobre a necessidade de se reinventar a esquerda durante a sua apresentação "Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar". Já o professor Caetano Araújo abordou a temática dos desafios da democracia no Brasil na aula "Desafios da democracia no Brasil", também transmitida ao vivo pelo canal da FAP na rede social. Ao ser questionado se o país precisa de uma reforma política para fortalecer a democracia, Caetano foi incisivo: “a forma de organização política atual facilita a corrupção e todos outros problemas que nos levaram a crise ética." Para o professor, "é essencial que ocorra também uma reforma política.”
Roberto Freire
O deputado Roberto Freire (PPS-SP), presidente nacional do PPS, compareceu ao evento antecipadamente e palestrou aos jovens abordando temas como avanço tecnológico, uma nova esquerda, mudanças sociais e como se fazer política nos dias atuais. “Como ser de esquerda e ser vanguarda de esquerda frente às mudanças?”, questionou. Freire afirmou, afirmou, ainda, que a esquerda não deve negar as transformações pelas quais o mundo passa, como fazem os dogmáticos, mas, "ser parte da transformação e dentro dela fazer políticas com valores que garantam os direitos sociais."
À noite, para encerrar as atividades desta sexta-feira, foi realizada uma festa julina, com fogueira, comidas típicas e muita música para animar os jovens, que já estão em clima de despedida, uma vez que, neste sábado - último dia do evento -, o II Encontro será encerrado às 17 horas.
Encerramento
O encerramento do II Encontro de Jovens Lideranças será neste sábado. Os mais de 100 jovens que estão participando do evento vão realizar, às 10h, de uma dinâmica em equipe. Em seguida, às 11h30, uma mesa formada pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF), o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) e do deputado estadual Comandante Bittencourt (PPS-RJ), com mediação do professor e historiador Alberto Aggio, vai tratar da apresentação de propostas relativas ao evento.
O encerramento do II Encontro está previsto para as 15h deste sábado, com a participação de Terezinha Lelis, coordenadora do evento; Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP e do presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP).
A FAP transmitirá o encerramento do II Encontro, ao vivo, em seu canal no Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação deste sábado (15/7), último dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
08h | Alvorada |
9h | Café da manhã |
10h | Trabalho em equipe |
11h30 | Apresentaçao de propostas: senador Cristovam Buarque (PPS-DF), deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) e deputado estadual Comte Bittencourt (PPS-RJ). Mediador: Alberto Aggio (AO VIVO)
|
13H | Almoço |
15h | Encerramento: Terezianha Lelis; Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da FAP; Roberto Freire, presidente nacional do PPS (AO VIVO)
|
17h | Embarque |
19h30 | Chegada |
Terceiro dia do II Encontro debate o novo mundo do trabalho
Nesta sexta (14/7), aulas com Alberto Aggio e Caetano Araújo dão início às atividades do II Encontro. À tarde, está prevista a palestra Cidades Inteligentes, ministrada por André Gomyde e debate com os prefeitos Rafael Diniz (Campos dos Goytacazes-RJ) e Luciano Rezende (Vitória-ES)
Em um país assolado por uma grave crise econômica, com cerca e 14 milhões desempregados, compreender os desafios impostos pelo novo mundo do trabalho é fundamental para quem está em busca de um futuro profissional e pretende se inserir no mercado. O assunto foi o tema da palestra "Os jovens e o novo mundo do trabalho", ministrada pelo superintendente do Sebrae do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ), Cezar Vasquez, nesta quinta-feira (13/7), durante o terceiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças, evento que está sendo promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ), até este sábado (15) e que conta com mais de 100 participantes.
Em sua palestra, Cezar Vasquez orientou os jovens a ficarem atentos e preparados para as mudanças que estão ocorrendo no mercado de trabalho atualmente. De acordo com ele, para obter sucesso e superar os desafios impostos por esta nova realidade, é necessário que se inovem, busquem conhecimento, sejam comunicativos e dominem as novas tecnologias. “Novas profissões irão surgir, outras irão desaparecer. É um processo inevitável", avalia Vasquez. Para o superintendente do Sebrae-RJ, os jovens terão de se acostumar com esta nova realidade. "Tem o lado excitante do que é novo, mas também o lado do temor em relação ao desconhecido. Esse é o desafio”, finalizou.
Capacitação
O terceiro dia do II Encontro começou com aulas no período da manhã, todas transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook (http://www.fb.com/facefap). A primeira delas, com o tema "A trajetória da modernização brasileira", foi conduzida pelo professor Hamilton Garcia. Durante a aula, Garcia relacionou as reformas propostas pelo governo Temer, as quais considera essenciais para a economia brasileira, ao tema apresentado em sua aula.
“Estas reformas deveriam ter sido feitas desde o início do século 21 e, lamentavelmente, não foram feitas pelo PT. O partido se preocupava apenas em ter 80% de aprovação dos brasileiros", criticou. "Como sabemos, toda reforma gera insatisfação. Os resultados são a longo prazo. Por isso o PT as negou”, avalia Hamilton Garcia.
As atividades realizadas durante a manhã desta quinta-feira foram complementadas com mais uma aula que abordou um tema de extrema importância para todos os brasileiros: Os desafios da mudança econômica na atualidade, que ficou a cargo do consultor jurídico e ex-secretário da Receita Federal durante os governos FHC, o professor Everardo Maciel. A aula também foi transmitida ao vivo por meio do canal da FAP no Facebook.
À tarde, além da palestra ministrada por César Vasquez, os participantes do II Encontro também acompanharam a apresentação do diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sergio Besserman, que abordou as questões relacionadas ao tema "O meio ambiente e a sociedade do futuro". A palestra teve a mediação do professor Hamilton Garcia.
À noite, no encerramento das atividades desta quinta-feira, os participantes do II Encontro foram brindados com uma apresentação especial da cantora Anna Aggio, que levou um repertório repleto de música popular brasileira (MPB). Foi um momento de descontração, depois de um dia repleto de atividades.
Programação
Nesta sexta-feira (14), quarto dia do evento, os participantes do II Encontro vão ter uma agenda cheia. As atividades serão iniciadas a partir das 8h30, com a aula "Da revolução à Democracia: uma esquerda a inventar", que será ministrada pelo historiador e professor Alberto Aggio. Em seguida, participarão da aula "Desafios da Democracia no Brasil", que será realizada pelo professor Caetano Araújo. As duas aulas serão transmitidas ao vivo pelo canal da FAP no Facebook.
À tarde, a partir das 15h, está prevista a palestra "Cidades Inteligentes", com André Gomyde. A atividade terá, como debatedores, Rafael Diniz, prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ); e Luciano Rezende, prefeito de Vitória (ES). A mediação do debate será realizada pelo professor Caetano Araújo.
Em seguida, os jovens que estão participando do II Encontro vão realizar uma dinâmica em grupo e, para finalizar as atividades desta sexta-feira, farão parte de uma festa julina, programada para ocorrer às 20h.
A FAP transmitirá as palestras ao vivo em canal no Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação desta sexta-feira (14/7), quarto dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
06h30 | Alvorada |
7h-8h | Café da manhã |
8h30-10h15 | Aula 5 - salão 1 - grupo A. Tema: Da revolução à democracia: uma esquerda a inventar (Alberto Aggio). (AO VIVO) Aula 6 - salão 2 - grupo B. Tema: Desafios da democracia no Brasil (Caetano Araújo). (AO VIVO) |
10H30-12H30 | Aula 6 - salão 1 - grupo A. (AO VIVO) Aula 5 - salão 2 - grupo B. (AO VIVO) |
13H | Almoço |
15:00/16:45h | PALESTRA: Cidades Inteligentes – André Gomyde – salão 1; debatedores: Rafael Diniz, prefeito de Campos; e Luciano Rezende, prefeito de Vitória Mediador: Caetano Araujo. (AO VIVO) |
17h-18h | Dinâmica – Pátio Interno |
19H | Jantar |
20H | Festa Julina (José Augusto puxa a quadrilha) |
II Encontro: segundo dia é marcado pelo debate sobre política e diversidade
Com aulas e palestras durante todo o dia, participantes do II Encontro de Jovens Lideranças debateram temas cruciais para o dia a dia da população brasileira
Germano Martiniano
Um dia voltado para estudos consistentes sobre diversos temas cruciais que afetam o dia a dia da população brasileira, com a abordagem de temas como a política, a diversidade religiosa e sexual, e o combate da violência contra a mulher. Essa foi a tônica das atividades realizadas pelos mais de 100 participantes nesta quarta-feira (12/07), o segundo dia do II Encontro de Jovens Lideranças, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ).
As atividades desta quarta foram divididas em aulas pela manhã e palestra à tarde. Nas aulas, os professores Cláudio Vitorino e Marcus Vinicius Oliveira abordaram temas como a "Ação coletiva, associativa e partidária" e "Política e democracia no mundo contemporâneo", respectivamente, em dois horários, para atender todos os participantes do evento. À tarde, Eliseu Neto, psicanalista e coordenador do PPS Diversidade; e o Monge Dada Jinanananda palestraram sobre o tema "Democracia da inclusão – reconhecer diferenças para garantir direitos".
Após as aulas dos professores Cláudio Vitorino e Marcus Vinicius Oliveira, os participantes do II Encontro foramm dividos em grupos para debaterem, formularem perguntas e tirarem suas dúvidas sobre os temas tratados. Muito se discutiu sobre corrupção, cidadania e associação partidária. O ponto alto da dinâmica em grupo foi a abordagem das relações entre tópicos como administração, gestão e política.
À tarde, durante a palestra proferida por Eliseu Neto e o Monge Dada Jinanananda, foram tratadas questões como sexualidade e religiosidade. O coordenador do PPS Diversidade ressaltou a importância dos respeitos às diferenças. “Primeiro, não é opção sexual, mas orientação sexual. Ninguém escolhe ser gay, ser trans, ninguém escolhe sofrer em um país ainda tão avesso às diferenças, por isso temos de estar atentos até a linguagem no combate a homofobia”, alertou Eliseu Neto.
O Monge Dada Jinanananda, ao tratar do tema religião, destacou que “ninguém deve julgar o Deus de ninguém. Deus, seja lá como você O chame, é a base de cada pessoa, é o que sustenta cada um de nós, por isso devemos sempre respeitar às diferenças religiosas.” Após a palestra, Jinanananda ensinou aos jovens noções de técnicas de meditação.
Finalizando as atividades do segundo dia do II Encontro, os jovens assistiram o filme "Vidas Partidas". Em seguida, participaram de um debate sobre a violência contra a mulher com a atriz e cineasta Naura Schneider.
Nesta quinta (13/07), terceiro dia do evento, estão programadas aulas durante o período da manhã, com os seguintes temas: "A trajetória da modernização brasileira", com Hamilton Garcia e "Os desafios da mudança econômica na atualidade", com Everardo Maciel, consultor jurídico e ex-secretário da Receita Federal durante os governos FHC. À tarde, serão realizadas duas as palestras. A primeira terá o tema "O meio ambiente e a sociedade do futuro", com Sérgio Besserman. A mediação será de Hamilton Garcia. Em seguida, está prevista a palestra "Os jovens e o novo mundo do trabalho", com Cezar Vasquez, mediada por Everardo Maciel. As atividades do dia serão encerradas com uma apresentação musical de Anna Aggio.
A FAP transmitirá as palestras ao vivo em sua página no Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação desta quinta-feira (13/07), terceiro dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
06h30 | Alvorada |
7h-8h | Café da manhã |
8h30-10h15 | Aula 3 - salão 1 - grupo B. Tema: A trajetória da modernização brasileira (Hamilton Garcia) (Ao Vivo) Aula 4 - salão 2 - grupo A. Tema: Os desafios da mudança econômica na atualidade (Everardo Maciel) (Ao Vivo) |
10H30-12H30 | Aula 4 - salão 1 - grupo B (Ao Vivo) Aula 3 - salão 2 - grupo A (Ao Vivo) |
13H | Almoço |
15:00/16:45h | PALESTRA: O meio ambiente e a sociedade do futuro – Sérgio Besserman Mediador: Hamilton Garcia (Ao Vivo) |
17h-18h40 | PALESTRA: Os jovens e o novo mundo do trabalho (Cezar Vasquez) Mediador: Everardo Maciel (Ao Vivo) |
19H | Jantar |
20H | Performance musical de Anna Aggio |
Busca da convergência nas divergências é destaque na abertura do II Encontro
Com mais 100 participantes de todo o Brasil, evento destaca ações de imersão política, dinâmicas de grupo para trabalho em equipe e exercícios de liderança
Germano Martiniano
O II Encontro de Jovens Lideranças, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP) com apoio do PPS, foi aberto oficialmente nesta terça-feira (11/07), às 11h, na Colônia Kinderland, em Paulo Frontin (RJ). Raquel Dias, coordenadora do PPS Igualdade e Diversidade; Terezinha Lelis, coordenadora do evento e Luiz Carlos Azedo, diretor-geral da Fundação, compuseram a mesa oficial de abertura do evento.
Todos destacaram, nos discursos de abertura do II Encontro, a diversidade cultural existente no evento, uma vez que mais de 100 jovens de todo o Brasil estão presentes. “É preciso encontrar convergência dentro das divergências, por isso a importância do encontro”, ressaltou Azedo.
À tarde, foi realizada uma atividade grupal para que todos participantes pudessem se apresentar e se conhecerem melhor. Nela, feita ao ar livre, os participantes formaram grupos e, em seguida, apresentaram-se a todos os participantes. A apresentação poderia ser feita de forma teatral, musical ou comum, de acordo com o estilo de cada grupo. “Foi uma ação que fez com que os jovens se conhecessem de forma descontraída”, disse Terezinha, que coordenou a atividade.
O fechamento das atividades programadas para esta terça-feira foi realizado por Cláudio Manuel, do Casseta & Planeta, durante sua palestra. Com irreverência, o humorista se aprofundou em temas bastantes complexos da vida política brasileira. Questionado durante a palestra se era a favor das reformas da Previdência e trabalhista propostas pelo governo Temer, e atualmente em curso no Congresso Nacional, ele avalia que “são temas que merecem ser tratados pelo Congresso. Não podemos negar que existem milhões de desempregados e, muitos deles, por conta das mudanças das relações de trabalho." Sobre a previdência, Cláudio Manuel considera que "é evidente que a população brasileira está envelhecendo e isso afeta a todos."
A programação do II Encontro de Jovens Lideranças prossegue nesta quarta-feira (12), na Colônia Kinderland, com aulas pela manhã: o professor Cláudio Vitorino tratará a temática "Ação Coletiva, associativa e partidária" e o professor Marcus Vinicius Oliveira, por sua vez, debaterá o tema "Política e democracia no mundo contemporâneo". À tarde, o ativista LGBT Eliseu Neto e o monge Dada Jinanananda, abordam, ainda, o tema "Democracia da inclusão - reconhecer diferenças para garantir direitos" na palestra programada para as 15h.
A FAP transmitirá as palestras ao vivo em sua página Facebook: https://www.facebook.com/facefap
Serviço
II Encontro de Jovens Lideranças
Data: 11 a 15 de julho
Local: Colônia de Férias Kinderland, Paulo de Frontin (RJ)
Confira, abaixo, a programação desta quarta-feira (12/07), segundo dia do II Encontro de Jovens Lideranças
HORÁRIO | AÇÃO |
06h30 | Alvorada |
7h-8h | Café da manhã |
8h30-10h15 | Aula 1 - salão 1 - grupo A. Tema Ação coletiva, associativa e partidária (Cláudio Vitorino) Aula 2 - salão 2 - grupo B. Tema: Política e democracia no mundo contemporâneo (Marcus Vinicius Oliveira)) |
10H30-12H30 | Aula 2 - salão 1 - grupo A. Aula 1 - salão 2 - grupo B. |
13H | Almoço |
15:00/16:45h | PALESTRA : Democracia da inclusão - reconhecer diferenças para garantir direitos (Eliseu Neto e Monge Dada Jinanananda) – Mediador: Claudio Vitorino salão 1 (AO VIVO) |
17h-18h | Dinâmica de grupo - Pátio Interno – Meditação |
19H | Jantar |
20H | Sessão Pipoca : Vidas Partidas e debate com a atriz e cineasta Naura Schneider. |