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Seminário FAP || 'Nova formação política não é novo partido', afirma Roberto Freire

Para o presidente do Cidadania, país necessita de uma frente que apresente alternativas à sociedade. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, disse neste sábado (24) que o país precisa de uma “frente” que reúna protagonistas em uma “nova formação política” para ser apresentada como alternativa à sociedade. Na abertura do seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI, ele ressaltou, ainda, que “a nova formação não é um novo partido”. O evento é realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), na Casa do Saber, em São Paulo.

Com a presença de vários entusiastas, políticos e intelectuais, o seminário tem como proposta impulsionar ideias e programas para discutir e desenvolver a democracia. O objetivo é encontrar saídas para o sistema político brasileiro diante de um cenário tomado por atitudes extremas e classificadas como “retrocessos” por especialistas.

Na conferência de abertura, Freire destacou que é fundamental a formação de uma frente. “A gente precisa é não se perder em grandes debates. Temos que ter mais foco, ser mais objetivos, definirmos a questão democrática e como agir concretamente para defendê-la”, acentuou ele, lembrando que o mundo passa por profundas transformações.

De acordo com o presidente do Cidadania, a nova formação deve representar as novas demandas da sociedade. “Temos exemplos nos novos movimentos cívicos e sociais. Essa compreensão que nos traz aqui”, acentuou. Ele disse, ainda, que o instrumento de nova formação política “não é, evidentemente, o antigo partido”. “Neste debate, podemos ajudar a discutir o novo que está surgindo. Esse trabalho que estamos tentando fazer é para isso. Com certeza, seremos capazes”, disse.

O secretário-executivo do seminário, Vinicius Muller, também destacou a importância de debater formas de defesa da democracia. Ele é historiador e professor do Insper.

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Seminário FAP || ‘País está ameaçado por este maluco’, diz Marta Suplicy sobre Bolsonaro

Em seminário realizado pela FAP, senadora fez duras críticas ao presidente e disse que a anestesia da população está acabando. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

“Temos que defender o Estado de Direito e a democracia. Este país está ameaçado com este maluco”, disse a senadora Marta Suplicy referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro. Ela fez a declaração, neste sábado (24), durante a abertura do Seminário Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI. O evento é realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculado ao Cidadania, na Casa do Saber, em São Paulo (SP).

“Estamos em um momento que nenhum de nós pensou algum dia na vida que fosse viver”, afirmou Marta. Ela disse que os reflexos da atual política resulta em “coisa esdrúxula”, mas, acrescentou, essa situação não é inesperada. “Todo mundo sabia que a pessoa eleita não era qualificada. Além de não qualificada, tem sério problemas emocionais. São dois fatores que, juntos, são muito perigosos para a democracia”, destacou ela.

De acordo com com a senadora, várias pessoas acharam que a postura de Bolsonaro, no início de seu mandato, poderia ser reflexo de que ele não havia percebido que a campanha tinha acabado. “Mudar de papel de uma hora para outra é difícil, mas, depois, fui percebendo que não era questão de papel, era de desequilíbrio, obsessão, paranoia”, acentuou, para acrescentar que o presidente age com “falta de respeito e de tolerância”.

A senadora citou, por exemplo, que a postura de Bolsonaro diante do quadro de queimadas na Amazônia tem relação com o histórico dele de desrespeito ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No início deste mês, o presidente exonerou o diretor do órgão, Ricardo Galvão, após discordar da divulgação de dados que revelam o aumento do desmatamento na floresta.

A falta de capacidade de Bolsonaro para ocupar o cargo da Presidência da República reflete também, segundo Marta, nas ações de políticas educacionais, externas e econômicas adotadas pelo atual governo. “Algumas grosserias estamos tolerando, mas não dá para ficarmos quietos”, frisou a senadora, ressaltando que ficou contente ao ver o país reagir, nesta sexta-feira (23), com panelaço contra o pronunciamento de Bolsonaro na TV sobre os incêndios na Amazônia. “A anestesia está acabando e a banalização não está sendo mais tolerada”, ressaltou ela.

A senadora destacou que a democracia precisa ser defendida. “Não estou de partido nenhum. Sou de muitos partidos hoje”, disse. “Temos muita coisa em comum nos partidos. Está na hora de pegarmos tudo que a gente discorda e pensar numa grande frente para enfrentarmos o que está aí. Se não nos unirmos, vamos perder a eleição daqui [de 2020] e de 2022”, alertou ela.


FAP || Seminário reúne especialistas para discutir um novo programa político no século XXI

Assunto será abordado por quatro perspectivas distintas: democracia, desenvolvimento, inclusão e sustentabilidade

Temas de grande relevância popular, como a democracia, o desenvolvimento, a inclusão e a sustentabilidade devem ser, cada vez mais, incluídos nas pautas políticas. Com o objetivo de qualificar esse debate, o seminário “Desafios da Democracia – Um programa político para o século XXI” acontece no dia 24 de agosto, na Casa do Saber, em São Paulo.

Dividido em quatro mesas, o evento tem início às 9h com a recepção aos participantes. Em seguida, às 9h30, acontece a abertura com Vinicius Muller, secretário-executivo do Seminário, historiador e professor do Insper; e Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania, antigo PPS.

“Um dos debates mais relevantes de nossos dias contempla a possibilidade de estarmos vivendo um período de risco para a democracia. Ou, no mínimo, para a democracia liberal. Por isso, identificar os grandes temas que não só mobilizam a sociedade, como aqueles relacionados a sustentabilidade e a inclusão social, mas que podem ser favoráveis a adição de propostas iliberais, nos ajuda a identificar tais posições e deixar as diferenças mais claras entre o que defendemos - ou seja, a manutenção e ampliação dos valores liberais da democracia - e o iliberalismo, o risco autoritário - que nos ameaça”, destaca Muller.

Cada sessão do Seminário será composta por um palestrante inicial, outros dois especialistas que vão apontar contrapontos, um terceiro participante para comentar o que foi dito e o mediador do debate. Dessa forma, o evento contará com mais de 20 debatedores, que visam garantir ampla absorção de ideias e opiniões, mesmo com a possibilidade de argumentos conflitantes.

Realizador
O Seminário é realizado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP). A Instituição tem como principal objetivo difundir ideais democráticos e princípios republicanos, a liberdade, a igualdade de oportunidades, a cidadania plena e a justiça social, princípios que seguem as expectativas da sociedade contemporânea.

Desafios da Democracia – Um programa político para o século XXI
24 de agosto  - Casa do Saber | Rua Mario Ferraz, 414 - Itaim Bibi - São Paulo (SP)

 


Livro de Ivan Alves Filho passa a integrar Arquivo Marxista na Internet

Obra PCB-PPS e a Cultura Brasileira: apontamentos foi editada pela FAP

O livro PCB-PPS e a Cultura Brasileira: apontamentos, do jornalista e historiador Ivan Alves Filho e editado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), foi selecionado para integrar o Arquivo Marxista na Internet, disponível em 40 idiomas e que é considerado uma ferramenta de grande importância para se pensar a modernidade. “É fundamental estar nessa batalha das ideias em um mundo sacudido por tantas transformações, do modo de vida ao modo de produzir”, afirma o autor da obra.

Ivan diz que ficou muito feliz ao receber a notícia de que a o seu livro passaria a integrar a plataforma na internet. Foi o editor da edição em língua portuguesa, Fernando Araújo, quem comunicou o autor sobre a divulgação de sua obra no arquivo que reúne diversos autores marxistas. “Há um predomínio grande das obras clássicas do marxismo, a começar por Marx, Engels, Lenin e Gramsci”, diz o historiador.

O autor diz que concorda com a premissa do arquivo de que existe na realidade uma pluralidade no interior do pensamento marxista, em matéria de campos de reflexão e também de experiências muito marcadas pelo mergulho dessas ideias os diferentes cenários nacionais. “O marxismo no Ocidente é bem distinto da experiência que essa escola desenvolveu no Oriente. Mas há conexões. A Revolução Russa, ‘oriental’, revigorou o marxismo no Ocidente, por exemplo, após a crise da social-democracia”, analisa ele.

Na avaliação de Ivan, a fundação tem desenvolvimento um excelente trabalho, colaborando para a produção do conhecimento. “A FAP cumpre um papel importantíssimo no plano das ideias”, destaca o autor.

“De um lado, colocando a nossa intelectualidade em contato com que existe de mais avançado no interior do próprio marxismo, como é o caso da contribuição do italiano Antonio Gramsci. De outro, possibilitando, por intermédio de publicações como [a revista] Política Democrática, o acesso a análises de conjuntura política, com destaque, a meu juízo, para os textos de formuladores da qualidade de Luiz Werneck Vianna, Luiz Sergio Henriques e Marco Aurélio Nogueira”, observa Ivan.


Política Democrática || Rubens Barbosa analisa acordo entre Mercosul e União Europeia

Em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online, presidente do Irice avalia que UE é o segundo parceiro comercial do grupo

A abertura dos mercados com tarifa zero se dará em dez anos para a maioria dos produtos. A UE (União Europeia) deverá reduzir o imposto de importação de forma mais rápida (92% dos produtos) do que o Mercosul (72%), de acordo com o presidente do Irice (Instituto de Relações Internacionais e Comercio Exterior), Rubens Barbosa. A análise dele está publicada na nona edição da revista Política Democrática online.

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“A UE é o segundo parceiro comercial do grupo e o primeiro em investimentos. A corrente de comércio bi regional foi de mais de US$ 90 bilhões em 2018 e o Brasil exportou para lá mais de US$ 42 bilhões, cerca de 18% do total exportado pelo país”, observa o presidente do IRICE. “Em linhas gerais, a divulgação da parte comercial do acordo de associação indica que produtos agrícolas de interesse para o Brasil (suco de laranja, frutas e café solúvel) terão suas tarifas eliminadas; outros produtos terão garantido acesso por meio de quotas (carne, açúcar, etanol)”, afirma Barbosa.

Segundo ele, haverá acesso efetivo em diversos segmentos de serviços, como comunicação, construção, turismo, transportes e serviços financeiros e profissionais, e compras públicas. “Cabe ressaltar a inclusão de regras, inclusive sobre proteção do meio ambiente, mudança do clima (observância do Acordo de Paris) e preservação da floresta amazônica”, diz.

O acordo termina um longo período de mais de 20 anos de isolamento do Merco- sul e do Brasil nas negociações de acordos comerciais. Enquanto, nesse período, o Mercosul assinou três acordos (Egito, Israel e Autoridade Palestina), segundo a OMC foram assinados mais de 250 acordos comerciais no mundo.

“Isolado, o Brasil perdeu espaço nos fluxos dinâmicos do comércio internacional e participa de forma menor nas cadeias de valor global no intercâmbio entre empresas”, diz Barbosa. “Com a assinatura do acordo, na contramão do movimento global que tende ao protecionismo e às restrições ao livre comercio, o Mercosul volta a ter visibilidade e deve acelerar as negociações com a EFTA (Área de Livre comercio da Europa), o Canadá, a Coreia do Sul e Cingapura”, acentua.

 

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Política Democrática publica a releitura de obras sob o olhar de André Amado

Embaixador aposentado faz análise sobre obra-prima em seu mais novo artigo publicado na nona edição da revista produzida e editada pela FAP

Para uma obra-prima ser uma obra-prima, basta ser conhecida, isto é, absorver todas as interpretações que suscitou, que vão contribuir para fazer dela o que ela é. A análise é de do embaixador aposentado André Amado, que também é diretor da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e na qual publicou o seu mais novo artigo.

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A seguir, confira um trecho do artigo de André Amado:

"Preparando-me para escrever um livro sobre a história de detetives e a obra de Luiz Alfredo Garcia-Roza, fui obrigado a ler imensa quantidade de textos, desde romances a críticas literárias de autoria de escritores e acadêmicos de excelência. Meu déficit nessa área assim o exigia. E hoje até agradeço a dura caminhada ladeira acima. Um dos problemas de quem crê tudo saber é subtrair importância dos fundamentos e dos primeiros segredos da área de conhecimento que pretende estudar, tanto quanto a sofreguidão de só se interessar pelo que chamam de novidade, ou, pior, vanguarda.

No caso de histórias de detetive, ainda subsiste, em alguns círculos, a dúvida sobre se se trata de um gênero literário em si ou se não passa de uma leitura de entretenimento, leitura de bordo ou de sala de espera do dentista. Edgar Allan Poe, Conan Doyle, Agatha Christie, Dashiell Hammett, Raymond Chandler e tantos outros – ao lado, claro, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, que acaba de lançar seu 12º romance policial, A última mulher –, contribuíram, cada um à sua maneira, para trazer a discussão para um terreno mais sério."

 

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‘Batman é herói da cidade aterrorizante’, diz Martin Cezar Feijó

Em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online, historiador analisa o papel e a criação do personagem

Batman é um herói da metrópole, da megalópole. Gotham City é mais do que uma Nova York recriada. É a própria cidade aterrorizante das multidões anônimas e dos crimes hediondos, diz o historiador Martin Cezar Feijó, doutor em comunicação pela USP (Universidade de São Paulo) e professor de comunicação comparada na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado). A análise dele está publicada na nona edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira).

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“Batman é um herói das histórias em quadrinhos marcado por uma profunda ambiguidade. Desde que foi criado, há oitenta anos, em 1939, por um jovem de 18 anos, Bob Kane, é talvez o personagem que mais se aproxima do homem comum e, ao mesmo tempo, o assusta pelo seu lado sinistro, noturno, diabólico”, observa o historiador.

De acordo com Feijó, talvez seja mais do que simples coincidência o Batman ter nascido no ano da morte de Freud, pois é uma criação típica dos tempos pós-psicanálise. O próprio Freud, segundo o autor, escreveu um texto em 1919, intitulado O sinistro, que pode dar pistas para uma melhor compreensão desta figura noturna.

“Neste texto, um dos poucos explicitamente dedicados às questões estéticas, Freud destaca uma novela de E. T. A. Hoffmann, o homem da areia, e demonstra o que tem de assustador no que é, também, incerto, ambíguo, duvidoso, entre o que se vê e o que se imagina ter visto”, afirma Feijó. “Sinistro é algo que, embora próximo, causa espanto, angústia, pavor. Algo a ver com o demoníaco”, acrescenta.

O criador de Batman, embora jovem, parecia ter consciência disso, segundo o doutor em comunicação. Bob Kane se criou no Bronx, em Nova York – no mesmo bairro em que, um século antes, Edgar Allan Poe escreveu muitos contos e seu poema O corvo –, inspirando-se em novelas policiais e em quadrinhos mais noturnos, como O homem de negro e O Sombra. Além do Zorro e sua dupla identidade, é claro.

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Peter Siller: Os partidos políticos e sua função normativa

Jamais os partidos políticos foram tão necessários como atualmente. Quem, senão os partidos, seria capaz de traduzir a formação de vontade (e opinião) social em leis e atuação política? No entanto, para que as legendas possam fazer jus a esta missão, precisam primeiro reaprender a travar debates sobre questões fundamentais. O artigo examina em detalhes a essência e a função dos partidos, lembrando que o Parlamento constitui o espaço onde ocorre a articulação entre a função de formação da vontade (e opinião) dos partidos e o processo legislativo. Daí sua importância como espaço decisivo para a reflexão crítica sobre o estado da representação.

Para lutar contra a indignação e o pessimismo em tempos de supremacia política do Poder Executivo e de uma esfera pública desgastada, o conceito de partido político é mais atual do que nunca para nossa democracia. Deveríamos redescobrir os partidos como instituições que representam diversas noções de interesse comum (bem comum) na interface com o Legislativo. Quem, senão os partidos políticos, para formular as alternativas político-filosóficas fundamentais que tornam a democracia um espaço repleto de possibilidades, em vez de deixar que fique atrofiada diante da retórica sobre condicionantes materiais? Urge enfrentar o ressentimento contra os partidos políticos que está renascendo na atualidade. Da mesma forma, os partidos políticos têm de se renovar para voltar a estar à altura da sua função-chave para a democracia.Em consequência dos desenvolvimentos sociais das últimas décadas, os partidos políticos enfrentam pressões em várias frentes. Têm enorme dificuldade de desenvolver uma gama de orientações político-programáticas diferentes para criar um espaço de tomada de decisão democrática. A perda do discurso controvertido intra e interpartidário vem frequentemente associada a essa dificuldade. Assim, há uma diminuição da força representativa dos partidos políticos e da sua capacidade de acolher convicções e interesses de diversas classes, grupos e meios sociais para concentrá-las em propostas norteadoras.

As razões da falta de distinguibilidade, discursividade e representatividade podem ser encontradas nos próprios partidos; mas pesam mais as mudanças sociais profundas que estão ocorrendo, tais como: a perda de competência das democracias nacionais no processo de europeização e globalização; a perda de ideias de uma constelação (supostamente) pós-ideológica; uma visão da política como sendo uma profissão por toda a vida; a retração à esfera privada em reação às exigências de um novo mundo do trabalho; uma sociedade midiática em aceleração extrema e, não por último, uma divisão social que reflete o fosso democrático.

Desprezo em vez de intervenção crítica
Tanto mais preocupante é o fato de não haver um debate público sobre o futuro da democracia partidária. Ao contrário, no lugar de uma crítica construtiva visando à reforma, cresce o ressentimento contra os partidos políticos, inclusive no centro da sociedade. Mesmo os intelectuais do centro não são imunes a estes sentimentos. Em vez de intervenção crítica, presenciamos desprezo, retrocesso populista, por vezes alienação agressiva, e esta atitude até rende aplausos na roda do botequim ou entre colegas de cafezinho.

Advertimos aqueles que julgam que essa frustração agressiva em relação aos partidos políticos é um fenômeno novo, que o menosprezo aos partidos e seus «negócios escusos» tem uma tradição antidemocrática longa, sobretudo na Alemanha Federal. Na verdade, já nasceu com os partidos políticos. Por um lado, temos o anseio autoritário por uma instância imparcial e objetiva que resolve os assuntos políticos sem disputa democrática e participação dos cidadãos. Por outro, estamos diante de um populismo do imediatismo político que faz oposição às instituições da representação democrática, as quais possibilitam que haja uma prática democrática não autoritária no espaço e no tempo. O desencanto com os partidos e os políticos passa novamente a ser um tema não apenas da maioria queixosa, mas também de muitos críticos que se dizem progressistas.Na mesma linha, intelectuais televisivos de destaque acham que sua missão é sensibilizar os cidadãos para a opção de não votar. Antes da eleição para o Parlamento federal em 2013, mais da metade dos 48 intelectuais e artistas entrevistados pelo semanário alemão Die Zeit não estava disposta a revelar suas preferências com relação a candidatos ou partidos, muito menos a defender alguém. Harald Welzer introduziu sua frustração pós-democrática com uma pergunta: «Por que deixei de votar?». Para Richard David Precht, «a questão de votar ou não votar ficou quase irrelevante». Segundo Peter Sloterdijk, «simplesmente ficou impossível votar em um dos partidos tradicionais». E para Ernst Wilhelm Händler, dar o voto a um partido equivale a «não apenas aceitar uma falha de caráter, mas até optar conscientemente por este defeito».

Presume-se, via de regra, que a alienação política se deve primordialmente a problemas de comunicação e, portanto, bastaria outro discurso para despertar o eleitorado e os membros do partido. Efetivamente, a única saída passa por uma autoafirmação da função democrática dos partidos, pois a crise dos partidos não se deve apenas a razões endógenas, mas também está ligada a uma profunda transformação da nossa sociedade e à relutância em abraçar e participar desse processo de mudança.

Precisamos voltar a falar sobre a ideia normativa do partido político
Qualquer reforma dos partidos políticos deve levar essa transformação em conta, mas sem cair em uma adaptação cega a ela. Em vez disso, os partidos devem reagir às novas condições da sua existência de forma a levar em consideração a sua base de legitimidade. Por conseguinte, são necessárias propostas e debates sobre como os partidos podem voltar a desempenhar melhor o papel-chave que lhes cabe na democracia. Trata-se de uma questão que diz respeito a todos nós e não meramente àqueles que atuam em partidos ou tiram seu ganha-pão neles, na medida em que se trata do futuro de uma instituição decisiva para a nossa democracia.

Logo, temos de falar novamente sobre a ideia normativa do partido político. Somente depois poderemos determinar se, de fato, há problemas e quais problemas estão apenas baseados em ressentimentos. O esclarecimento da função normativa dos partidos também se faz necessário para identificar perspectivas de desenvolvimento realmente promissoras para um progresso democrático.

Nesse contexto, não podemos deixar de nos perguntar quais são os fundamentos das nossas convicções democráticas e da nossa confiança nos processos democráticos. Em suma, trata-se da convicção justificada de que chegamos a resultados melhores, seja no diálogo, seja na disputa, quando decidimos por maioria sobre nossas concepções divergentes do que é «certo para todos» (bem comum, justiça).

Para alguns, essa convicção democrática elementar pode parecer óbvia, mas na verdade não é. Trata-se, de fato, de uma renúncia tanto à noção da democracia como mera luta em torno de interesses próprios, na qual a maioria vence no final, quanto à noção de um interesse comum estabelecido a priori. Qualquer interpretação do interesse comum, qualquer resposta generalizável deve abarcar os diferentes interesses dos envolvidos. Sem dúvida, a articulação de interesses – o lobby em causa própria – é uma pré-condição para a democracia que requer a igualdade de acesso de todos. Porém, a democracia é muito mais e vai além, pois a articulação de interesses ainda não constitui uma proposta de agregação de interesses justa e generalizada. Somente na disputa em torno de concepções divergentes do interesse comum reside a esperança discursiva de incluir o outro em pé de igualdade na argumentação, em vez de imediatamente lhe declarar guerra em caso de conflito de interesses.

Claro que qualquer interpretação do interesse comum é quase impreterivelmente matizada por interesses. Concepções morais, políticas ou legais do que é certo em geral estão profundamente enraizadas nos interesses do respectivo meio socioeconômico. Isso também vale para as classes esclarecidas, cujas concepções se apresentam tão altruístas e pós-materialistas, mas por trás das quais pode estar a defesa intransigente do status econômico e social. Considerando a controvérsia em torno do interesse comum, a democracia é, portanto, sempre um processo permanente de autoesclarecimento sobre a diferença entre interesse próprio sublime e generalização (sem desconsiderar os interesses próprios).

A democracia não é nem a mera luta entre interesses opostos nem o meio para impor um interesse comum existente a priori. O anseio antidemocrático por um «governante esclarecido» persiste hoje na esperança da tecnocracia fundamentada em Executivo, Judiciário, comissões e administradores ou agentes fiduciários. Isto não significa que nós, democratas, tenhamos de abdicar das pretensões de verdade, seja perante os inimigos da democracia, seja no discurso democrático, tendo em vista pretensões discursivas engessadas de exatidão normativa ou verdade empírica, enquanto tivermos clareza que um novo argumento pode transformar ou até negar a nossa própria pretensão de verdade.

Logo, os partidos políticos são as instituições que representam diversas concepções sociais do que «é certo para todos» na interface entre sociedade e Legislativo. Exatamente nisso reside a ideia de partido político. Neste sentido, os partidos devem ser entendidos como espaços funcionais que organizam o debate em torno das diferentes interpretações do interesse comum para fins de programa legislativo. Funcionando como «correia de transmissão» entre sociedade e Legislativo, os partidos são, nas palavras de Christoph Menke, «a interseção entre particularidade e universalidade», por «representarem meras partes do todo social, mas que projetam e tentam realizar modelos do todo social».

É tarefa dos partidos políticos defender propostas generalizáveis
A função democrática específica dos partidos só pode ser compreendida quando estamos cientes da sua função legislativa definida pela Constituição. Ser «partido» significa participar do processo de formação da vontade (e opinião) na sociedade e reivindicar a possibilidade de exercer influência direta no resultado do processo legislativo parlamentar por meio dos representantes eleitos. Essa característica única dos partidos políticos não está em contradição com o livre exercício do mandato consagrado na Constituição. A boa representação está estreitamente ligada ao controle dos eleitores, mas, a partir de certo ponto, também tem a ver com a confiança na competência decisória objetiva dos representantes.

É precisamente dessa característica específica da função legislativa geral que resulta a obrigação especial dos partidos de não se enxergarem apenas como representantes de interesses, mas também como protagonistas de diferentes concepções do interesse comum ou bem comum. Além de conhecer os diferentes interesses existentes na sociedade, os partidos têm a tarefa de defender propostas generalizáveis. Só se forem permeáveis a interesses distintos, eles serão capazes de desenvolver respostas legislativas que tentam atender todos os envolvidos.

Simultaneamente, os partidos devem sempre dar conta do dever de verificar e corrigir a sua interpretação de bem comum condicionada pela sua base socioeconômica. Esse processo de questionamento contínuo poderá ser promovido pela concorrência com outros partidos, cujas propostas estão mais próximas dos interesses de outros grupos socioeconômicos.

Por isso, os partidos políticos distinguem-se categoricamente de protagonistas da representação de interesses e organizações do tipo single-issue que limitam sua pretensão de generalização a um único tema, sem envidar esforços para englobar outras áreas sociais. Com certeza, lobistas e advogados que defendem um único tema desempenham um papel importante na nossa democracia, mas quem gostaria que eles pudessem decidir sobre leis?

Isso posto, os partidos assumem quatro funções na nossa democracia: primeiro, uma função norteadora, ao defenderem conceitos específicos do interesse comum descritos em concepções e propostas de atuação concretas; segundo, uma função discursiva, ao introduzirem essas posições em discursos sociais e institucionalizados; terceiro, uma função decisória, ao participarem do processo de decisão democrático-legislativo. Essas três funções estão estreitamente associadas a uma quarta função, qual seja, a função representativa.

Jamais a representação justa por partidos políticos foi tão importante
A ideia e a missão por trás da instituição «partido político» só podem ser captadas quando entendemos a importância democrática da representação intacta em todas as três funções. No entanto, a pré-condição essencial para poder cumprir essa função é ter tempo, uma vez que a qualidade das muitas decisões que precisamos tomar nas sociedades modernas depende, em grande medida, do tempo disponível para ponderar cada caso. Só quando há tempo suficiente, os partidos são capazes de exercer as suas funções democrático-legislativas: preparação e apresentação de questões políticas sob pontos de vista sociais distintos (função norteadora), seu processamento discursivo (função discursiva) e, a seguir, a tomada de decisão (função decisória).

Não obstante, o tempo é sempre um bem escasso nas democracias. Discussões e debates desembocam em decisões (no mínimo provisórias), sendo impulsionadas exatamente por isso. Desse caráter finito e temporal dos processos democráticos deduzimos a importância fundamental dos compromissos para a democracia. Como ideal regulador, o processo de se chegar a um acordo é um propulsor imprescindível, mas raramente consegue ser posto em prática. Apesar da importância da disputa em prol de uma política temporal justa, o tempo dos cidadãos é igualmente limitado. Mesmo no futuro será assim: os cidadãos terão disponibilidade de tempo diferentes à sua disposição e as aproveitarão de forma diversa. Por isso, é necessário que haja uma representação justa daqueles que não podem ser «cidadãos em tempo integral» para defender as suas opiniões e interesses o dia inteiro na seara política.

Apesar das profecias pessimistas do «fim da política representativa» (Simon Tormey), a representação justa é mais importante do que nunca, sobretudo devido à nítida expansão espacial e temporal do horizonte de decisão da política com a globalização. Precisamos, portanto, de uma nova reflexão e de uma nova prática acerca dos mecanismos da representação legítima, a fim de dar novo ímpeto aos partidos. Em vez de nos despedirmos da noção de representação, deveríamos nos indagar como podemos melhorar a função representativa dos partidos.

Em hipótese alguma isso implica que deixamos de esperar de cada cidadão que se considere sujeito da nossa democracia, no sentido republicano do termo. A política baseada em delegação não é a mesma coisa que advocacy. Deixar-se representar é exigente e exaustivo. Delegar significa ocupar-se da matéria; formar sua própria opinião leva tempo e requer análise e/ou discussão. Votar é muito mais do que simplesmente apertar uma tecla na urna eletrônica. E a representação só produzirá mais-valia se usufruir da atenção pública em um espaço de deliberação aberto a todos. Então, seria errado reduzir os partidos ao perfil clássico de partidos programáticos. A perspectiva político-partidária transparece no interesse comum, ou bem comum, quando trata de conceitos concretos relativamente a diversas áreas temáticas (partido baseado em conceitos), quando desenvolve e executa projetos concretos com limitação temporal (partido baseado em projetos) e quando tem representantes ou lideranças que personificam posições e defendem uma determinada proposta de orientação social (partido baseado em pessoas).

É chegada a hora de uma «nova fundamentalidade»
A quintessência da ideia de partido político vive, porém, da discussão e revisão periódica dos seus princípios e das suas respectivas interpretações do interesse comum, a fim de satisfazer a sua função central. Por essa razão, é um erro fatal julgar debates de fundo e trabalho em prol do programa de base como algo que é apenas nice to have (seria legal ter, mas é supérfluo) ou até considerá-los como fatores que atrapalham. Pois é exatamente nesse exercício que se decide, no fim das contas, se um partido é capaz de mostrar uma orientação para a sociedade e oferecer uma opção, alternando o olhar entre concretização de concepções e projetos. Possuir um perfil bem delineado ou atingir a essência da marca reconhecida não acontece por acaso ou de graça, e tampouco pode ser comprado nas agências de marketing. Ambos precisam ser conquistados com esforço e trabalho. Não importa tanto o resultado textual no papel ou na tela, e sim a apropriação discursiva de uma posição de fundo que depois transparecerá em todas as formas de comunicação.

Falar em um desenvolvimento «pós-ideológico» da sociedade, no qual é impossível descrever alternativas fundamentais é, no mínimo, sinal de preguiça mental. Não há motivo para saudosismo da constelação ideológica antiga. E quem não entender os desafios dramáticos da atualidade como um convite analítico e normativo, que exige respostas norteadoras, não captou o espírito da coisa. Está fadada ao fracasso uma resposta meramente «pragmática» como reação à antimodernidade agressiva dos nossos tempos, à perda de democracia em uma economia globalizada, ao acirramento da clivagem social, aos movimentos globais de refugiados ou à destruição do nosso meio ambiente. A «ideologia do pragmatismo» não é nem mesmo capaz de descrever os problemas que enfrentamos, muito menos de assumir uma atitude. A fim de afirmar nossa convicção de liberdade, igualdade e democracia, devemos, antes de mais nada, nos certificarmos de nós mesmos: qual é o fundamento da nossa pretensão de verdade em uma era moderna reflexiva? Qual é a nossa noção de liberalidade e nossa reivindicação à participação social e democrática? Qual é a nossa visão política de economia inclusiva e verde?

O apelo a uma «nova fundamentalidade» dirige-se diretamente aos partidos políticos e sua função discursiva. Em oposição às leituras resignadas da era pós-moderna, os partidos deveriam entender a «obscuridade» diagnosticada como instigação à reflexão sobre princípios e programa básico. Isso, aliás, ajudaria a dar uma orientação a seus projetos e posições concretas.

Todavia, isso significa que os partidos precisam abraçar todas as propostas de orientação intelectual e cultural – as quais certamente já existem – para desenvolver e transformar as ideias que forçosamente sempre existem. (Como, da mesma forma, a teoria política e a arte precisam voltar a procurar o diálogo com outras esferas sociais, em vez de repousar confortavelmente no oásis do «intrinsicamente político»).

Por meio dessa determinação funcional normativa do partido político, pode-se distinguir com mais exatidão entre duas formas de crítica: por um lado, a que busca um melhor cumprimento das funções e, por outro, a que se baseia no ressentimento antidemocrático. Uma crítica aos partidos que aproveita a «necessidade de ponderação e calma» a fim de difamar a disputa democrática acerca de alternativas políticas, aproveita-se desse ressentimento. Em vez disso, é preciso, o quanto antes, uma forma de crítica preocupada com mais disputa político-partidária. Uma crítica aos partidos que recorre a condicionantes materiais para roubar tempo ao discurso democrático alimenta ressentimentos antidemocráticos. Há necessidade urgente de uma crítica que almeja melhorar o intercâmbio discursivo sem esquecer da escassez de tempo. A crítica aos partidos políticos que difama as instituições de representação justa com promessas de «caráter direto e imediato» da vontade do povo ou do interesse do cidadão aproveita-se igualmente do ressentimento antidemocrático. O que realmente precisamos é de uma crítica aos partidos políticos que tenha a intenção de melhorar a permeabilidade social e a força de representação dessas instituições.

A análise e as ideias devem ser complementares
Uma análise do problema das funções ou até da perda de funções dos partidos políticos só será possível se já tivermos desenvolvido uma posição sobre qual poderia ser a descrição funcional ideal dos partidos políticos. Muitos artigos científicos são meros exercícios rotineiros que fornecem uma apresentação descritiva dos problemas sem construir a ponte em direção aos critérios normativos das suas análises. O que significa «legitimação da coletividade política»? Como averiguar a «socialização dos cidadãos no processo político»? Que critérios de qualidade valem para o «recrutamento de lideranças políticas»? Se não quisermos que esses pontos sejam lidos e depois esquecidos, a análise e as ideias precisam voltar a se complementar.

É evidente a perda de força de representação dos partidos políticos nos últimos 25 anos. A composição social dos partidos não reflete mais a estrutura social da população, dado que determinadas camadas sociais, categorias salariais e profissionais estão manifestamente sobrerrepresentadas. Sintomas dessa perda são a queda contínua na participação nas eleições, diminuição do número de filiados, menor participação de alguns grupos nos processos de formação da vontade (e opinião), além de perda de confiança e reputação de partidos e políticos junto ao público em geral. Da mesma forma, a ligação ou identificação dos partidos com determinados «meios sócio-morais» está desaparecendo (M. Rainer Lepsius); também está em declínio a importância de sindicatos, igrejas ou associações, ou seja, as instituições tradicionais que transmitiam normas e davam orientação nas eleições.

Paralelamente, os partidos políticos apresentam cada vez menos propostas de orientação concorrentes. Em vez disso, a concorrência partidária gira em torno de pessoas, alianças ou coalizões e questões pontuais, e as diferenças entre os partidos também estão ficando menores. A atenção da mídia está igualmente mais voltada para pessoas e constelações de poder e menos preocupada com posições. Position issues(ou seja, questões ligadas a posições e/ou conteúdos) que possam contribuir para a polarização política são cada vez mais relegadas ao segundo plano, representando, hoje, a exceção. A concorrência entre os partidos está limitada principalmente a valence issues (questões ligadas a números). Por exemplo, trata-se apenas do valor do salário mínimo e não mais da questão do salário mínimo propriamente dita. Os pormenores das questões – como determinado objetivo deve ser alcançado, como determinada medida deve ser dimensionada – são entendidos apenas por alguns poucos especialistas, frequentemente não são nem mesmo compreendidos por todos os deputados. A consequência é que tudo é absorvido pelo Poder Executivo.

Os partidos políticos devem promover a inclusão política e social
Além disso, vigora uma forte reticência, para não dizer aversão, a controvérsias políticas. Cada vez menos, a política é percebida como disputa em torno de conceitos diferentes, mas é desde o início vista como moderação. O «centro» já está sempre formado. O compromisso não se dá mais no fim da discussão política, mas marca seu início, por medo de ser punido pelo partido por defender uma posição minoritária, ou por medo que qualquer forma de conteúdo anômalo ou mais audacioso possa abrir um flanco ao ataque midiático ou afugentar os eleitores. Por fim, a fragmentação do espaço da mídia, impulsionada pela digitalização, faz com que não haja um confronto visível entre as posições que, simplesmente, ficam isoladas em universos digitais paralelos.

Com respeito a sua função decisória, os partidos políticos enfrentam um problema de fundo, pois, apesar da maior necessidade de controle nas sociedades mais complexas, a capacidade de controle está diminuindo na esfera nacional. Essa perda de capacidade de controle deve-se à mercantilização de campos de atuação que anteriormente eram políticos, processo que foi acelerado pela globalização. Trata-se de uma dinâmica que, supostamente, diminuiu a necessidade de legitimação da atuação do Estado, mas na realidade foi à custa da capacidade de controle. Com a criação de comissões e conselhos de especialistas, houve várias tentativas de enfrentar a crise de controle do Estado no final dos anos 90. Dessa forma, esperava-se conseguir uma solução «racional» das questões políticas a serem decididas. Esses conselhos não substituíram os parlamentos, mas, como se atribuía uma maior racionalidade às suas decisões, estas acabaram exercendo uma influência considerável.

A exclusão social desemboca, não raro, na autoexclusão das pessoas afetadas no processo político. Até a presente data, os partidos políticos não deram muita atenção a esse déficit democrático. Como estão concorrendo com outros partidos, consideram o eleitorado ativo mais importante. Todavia, essa atitude está em contradição com a missão dos partidos políticos, de serem, na medida do possível, órgãos representativos de um processo de formação da vontade (e opinião). Apenas usar um «discurso» diferente não será suficiente para voltar a fazer jus a essa pretensão. A exclusão social não está associada a problemas de comunicação.

A questão decisiva é que a participação política vem atrelada à participação social. Trabalho e educação representam, portanto, as condições prévias essenciais para a inclusão social. Nesse caso, não se trata apenas de uma necessidade social, mas também de uma premissa democrática. E – independentemente das características pessoais e coletivas, como gênero ou origem – uma abertura democrática não significa estipular uma diversidade identitária. No futuro, os partidos políticos precisam se entender muito mais como protagonistas da inclusão social e política. E, para tal, não bastará assegurar o status social dos excluídos do ponto de vista material. Dar continuidade à abertura das instituições democráticas requer uma participação real em uma sociedade (de trabalho) inclusiva.

Os partidos políticos têm uma função de orientação. Sua missão constitucional de participar da formação da vontade (e opinião) democrática só poderá ser equacionada em um espaço de alternativas políticas. Debates controversos são frequentemente vistos como falta de orientação dos partidos pelo público midiático e equiparados à fraqueza de atuação e liderança. O resultado é uma falta de clareza interna que dificulta um debate programático sustentável entre os partidos e acaba favorecendo diferenças simbólicas efêmeras. Também pode-se apontar como resultado um jargão estereotipado que pretende transmitir a própria identidade, mas tem pouco a dizer, e dificilmente será capaz de impulsionar discussões duradouras.

Por que e como os partidos políticos devem conduzir os discursos
Isto significa que os partidos não levam o seu papel constitucional suficientemente a sério. A concepção de espaços de discursos sustentáveis é um trabalho político-partidário árduo e exige consciência e competências fortes. Isto vale para o discurso para dentro do partido, que forma a opinião do partido, como também para a intervenção pública, com posições comuns para fora do partido. Dez pontos são decisivos para a competência discursiva e estratégica dos partidos. Primeiro, a visibilidade de alternativas de orientação que permitem a criação de um espaço de opções políticas, inclusive a divulgação dos argumentos e das ponderações concorrentes. Segundo, é necessário que posições e argumentos diferentes sejam apresentados de forma compreensível. Terceiro, é necessária uma estrutura de debates focada, que ofereça espaço suficiente à discussão de posições de fundo distintas, mas não para toda e qualquer opinião individual. Quarto, é necessário desenvolver plataformas comuns, em analogia às plataformas digitais, onde haja um confronto das posições divergentes, em vez dessa separação em redes paralelas fechadas. Atrito positivo seria o produto desse esforço. Quinto, é necessário apoiar os grupos e redes intrapartidários capazes de desenvolver propostas com orientações e concepções na véspera de um debate geral. Sexto, esses atores precisam ser representados adequadamente no discurso. Sétimo, os debates deveriam ser encenados de tal modo que sejam um convite à participação no sentido republicano. Oitavo, além disso, é necessária uma cultura e estruturas de apoio que garantam que a transformação da própria posição no processo discursivo não seja uma desvantagem, mas sim um ponto forte. Nono, fracassos nas votações não devem automaticamente pôr em questão a base de subsistência política dos vencidos. E finalmente, décimo, deve haver consciência de que o efeito de iniciativas político-partidárias no espaço da sociedade pressupõe uma posição comum, clara e inequívoca, a qual deve ser estabelecida através de um discurso esclarecedor, sempre aberto a compromissos, para dentro do partido. A capacidade de intervenção discursiva dos partidos políticos para fora requer, adicionalmente, uma atenção «sismográfica» para detectar controvérsias sociais, midiáticas e intelectuais que transcendem o cenário partidário.Ante os déficits crescentes de representatividade, orientação e discurso dos Parlamentos e partidos políticos, a voz forte e alta dos «novos movimentos populares» começou a marcar presença. Sua meta é a participação direta dos cidadãos e a influência democrática direta. Em alguns casos houve forte oposição entre participação direta e democracia representativa. Ignorou-se, porém, que o desejo de participação direta até agrava tendencialmente os déficits de representatividade da democracia, por seus protagonistas pertencerem a determinados grupos sociais.

Por isso, mais democracia não exige apenas mais participação. Os processos democráticos devem ser concebidos de tal maneira que a participação resulte de fato em uma representatividade melhor e mais justa. Ultimamente, esse problema recebeu de novo mais destaque. Através de «células de participação» e outros formatos de participação representativa, já foram feitas experiências interessantes. Nesse quesito, os partidos políticos também precisam melhorar seu desempenho metodológico. A introdução pura e simples de outra «cultura de boas-vindas» não será suficiente; devem ser criadas estruturas participativas que levem em consideração a transformação radical que ocorreu no mundo do trabalho e da sociedade. Estas abrangem não apenas um envolvimento temporário, baseado em projetos de não-membros, mas também uma diferenciação de interesses específicos, relativamente a ofertas de participação temática e local ou ainda estruturas de capacitação e ensino que prenunciem tanto vantagens para a atividade político-partidária como benefícios pessoais.

Considerando sua função de formação da vontade e opinião pública, as lideranças políticas não devem se limitar a moderar o debate entre opiniões divergentes, de tal maneira que as diferenças entre as posições não sejam mais perceptíveis aos olhos da população. Sempre que houver decisões sociais de fundo a tomar, devem atuar como uma espécie de «abridor do discurso», não pela mera racionalidade discursiva, mas, sobretudo, para fomentar a participação e paixão democráticas. A capacidade de liderança pode ser apoiada e treinada. Tendo em conta a redução dos recursos humanos, os partidos devem dedicar atenção especial a essa tarefa. Nesse processo, as lideranças políticas precisam sempre estar preparadas para o risco do fracasso.

Plataformas comuns em vez de alas ou nichos separados
Os partidos políticos possuem arenas bem estabelecidas de formação da vontade (e opinião), mormente as convenções dos partidos, as quais seguem um regime padronizado. Embora a vontade (opinião) da maioria fique clara no final, não se sabe bem, em geral, como se chegou a essa maioria. Para se transformarem em fóruns de formação da vontade (e opinião), os partidos precisam mexer na sua estrutura interna. Por um lado, precisam criar fóruns de debates visíveis, que estejam abertos a impulsos vindos de fora do partido; por outro, devem estar dispostos a discutir as divergências internas abertamente, a título de exemplo para a sociedade. Em vez de alas ou nichos separados, são necessárias plataformas comuns, nas quais as discussões sobre as opções de políticas futuras e de afirmação adequada do partido são travadas publicamente.

Os Parlamentos constituem o espaço onde se dá a articulação entre a função de formação da vontade (e opinião) dos partidos políticos e o processo legislativo. Por isso, são um espaço decisivo para a reflexão crítica sobre o estado da representação. É questionável deixar a deliberação de matérias políticas nas mãos de comissões de especialistas, da burocracia ministerial ou do Tribunal Constitucional Federal. O Legislativo somente poderá honrar sua missão constitucional se estiver focado nas decisões realmente essenciais e travar discussões engajadas e compreensíveis, em vez de tratar de todos os casos individuais, possíveis e imagináveis, com disposições próprias.

*Peter Siller, chefe do Departamento de Política da Fundação Heinrich Böll, em Berlim e Chefe de redação da revista Polar, dedicada a temas de filosofia, política e cultura. Texto publicado na revista Política Democrática nº 53


‘Parada Gay de SP ganha força no país’, destaca Almira Rodrigues em artigo na Política Democrática

Nona edição da revista, produzida e editada pela FAP, publica análise sobre avanços conquistados pela mobilização política

A psicanalista e socióloga Almira Rodrigues diz que a Parada Gay de São Paulo, que este ano reuniu mais de três milhões de pessoas em sua 23ª edição, “ganha força como um dos eventos políticos de grande expressão no país”. No entanto, em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online, a especialista afirma que o governo federal desconsidera amplamente os “acontecimentos, nos âmbitos da sociedade civil e do Poder Judiciário”, relacionados às minorias sociais.

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A pesquisadora lembra que o dia 28 de junho é comemorado como o Dia Internacional do Orgulho LGBT+ em homenagem ao 28 de junho de 1969, quando a polícia reprimiu duramente as pessoas LGBTs, no bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, e elas resistiram enfrentando a violência policial por três dias. No ano seguinte, conforme escreve a autora, realizou-se a primeira Parada Gay nessa cidade e, ano a ano, elas foram se propagando mundo afora, a exemplo das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher – 8 de março.

No Brasil, segundo Almira, desde 1996 as paradas do Orgulho Gay são realizadas. Neste ano, São Paulo realizou sua 23ª com o tema “50 anos de Stonewall – Nossas conquistas, nosso orgulho de ser LGBT+”, reunindo mais de três milhões de pessoas. “Podemos dizer que é o evento político de maior expressão no país”, afirma a psicanalista.

Pouco antes, em 13 de junho, o STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu o julgamento de ação direta de inconstitucionalidade por omissão, visando à criminalização da homofobia e da transfobia. “Estas ações foram ajuizadas pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos (ABGLT), em 2012, e pelo Partido Popular Socialista (atual Cidadania), em 2013”, ressalta a autora.

O entendimento da maioria dos ministros (8x3) foi pela equiparação dos crimes de LGBTfobia ao racismo, à medida que consideraram que o conceito de racismo se aplica às discriminações contra grupos sociais minoritários. Esta decisão vigora até que o Congresso Nacional aprove lei sobre a matéria. “Desde meados do século passado, psicanalistas, médicos e profissionais das ciências humanas reconhecem que a identidade de gênero, ou ‘sexo psicológico’, não acompanha necessariamente o sexo biológico”, afirma Almira.

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Política Democrática: Arlindo Oliveira explica o que muda na Lei Eleitoral de 2020

Analista político detalha o que o eleitor pode esperar para as disputa eleitoral do ano que vem

Duas importantes alterações estarão em vigor pela primeira vez nas eleições municipais de 2020. A primeira trata da propaganda eleitoral e a segunda aborda as coligações partidárias, conforme destaca o analista político Arlindo Fernando de Oliveira. Em artigo publicado na nova edição da revista Política Democrática, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), ele diz que a alteração mais importante, entretanto, é proibição de coligações entre os partidos políticos nas eleições para vereador, assim como para deputado federal, deputado estadual e distrital.

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Oliveira destaca que existe prazo. “As regras do jogo para as eleições municipais de outubro de 2020 podem ainda ser alteradas este ano, desde que as modificações ocorram até o dia 4 de outubro, ou seja, um ano antes do pleito”, acentua. “No presente momento, não há grandes movimentações no Congresso, mas até setembro isso pode mudar”, afirma.

O analista político explica que a primeira é a mudança na Lei Eleitoral, no que diz respeito à propaganda eleitoral, determinando que, nas eleições municipais, apenas os candidatos majoritários irão aparecer na TV e no rádio, no horário regular. Os candidatos a vereador terão direito apenas a uma parte (40%) do tempo do partido destinado às chamadas inserções, propagandas de um minuto ou 30 segundos distribuídas ao longo do dia, das 5 da manhã até a meia noite.

Em relação à mudança que considera mais importante, Oliveira explica que ela está definida por uma Emenda à Constituição (EC 97, de 2017), não se aplicou às eleições gerais do ano de 2018, passando a valer nas eleições municipais de 2020. “Cada partido deverá lançar neste pleito, portanto, uma lista de candidatos capazes de somar votos em número bastante para alcançar o quociente eleitoral’, diz.

O quociente eleitoral é definido pela divisão entre o número de votos válidos da eleição para vereador, pelo número de cadeiras que compõem a Câmara Municipal. “A maior parte dos municípios brasileiros, mais de 3.200 dos 5.569 existentes, tem seu Poder Legislativo municipal composto por nove vereadores”, observa. O quociente eleitoral é, nesses casos, de 11% dos votos válidos.

A proibição de coligações será um pouco mitigada por outra alteração no sistema eleitoral, ocorrida no Código Eleitoral. Ela permite que todos os partidos participem do rateio das vagas que sobram após o primeiro cálculo dos quocientes eleitorais e partidários.

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‘Crime comum e organizado existe em toda parte’, afirma Henrique Herkenhoff à Política Democrática

Publicação da FAP mostra, em sua nova edição, crítica do presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-ES

Tema da segurança pública ganhou tanto espaço nas discussões políticas e nas últimas eleições, que cada candidato precisou apresentar soluções convincentes e de fácil digestão pelo eleitorado. Essa é a análise do presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-ES (Ordem dos Advogados do Brasil seção Espírito Santo), Henrique Geaquinto Herkenhoff, em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online.

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Produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), a nova edição da revista mostra posicionamento crítico de Herkenhoff. “Há alguns anos, em um raro momento de racionalidade e responsabilidade, nossos representantes eleitos propuseram a completa proibição do comércio e da propriedade privada de armas de fogo, que se tornariam exclusivos das forças públicas”, observa ele.

Herkenhoff também já atuou como secretário de Segurança do Estado do Espírito Santo (2011/2013), desembargador federal (2007/2010), procurador e procurador regional da República (1996/2007), integrando a Missão Especial de Combate ao Crime Organizado e o Conselho Penitenciário Estadual.

De acordo com ele, de fato, os EUA, único país relevante a não adotar aquela medida, têm estatísticas de homicídios e assaltos que, se não espantam aos brasileiros, sempre foram escandalosamente maiores que as da Europa, Ásia, Oceania e mesmo de parte da África. “Crime comum e organizado existe em toda parte, mas a violência grave é atualmente um fenômeno circunscrito ao continente americano”, acentua.

Na avaliação do autor, não faz o menor sentido portar uma arma para se defender de um roubo, muito ao contrário. “Como o assaltante sempre escolhe o melhor momento, geralmente está em grupo e conta com o fator surpresa, as circunstâncias são francamente desvantajosas para os que tentam reagir”, afirma, para continuar: “E mesmo os policiais correm muito mais risco quando fazem ‘bico’ como seguranças do que em serviço”.

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‘Brasil vive momento paradigmático’, diz Alberto Aggio à revista Política Democrática

O Brasil sempre foi um país cheio de deficiências e incompletude, com a economia decrescendo, a sociedade se repolarizando e sem o mínimo de orientação à política

O Brasil sempre foi um país cheio de deficiências e incompletude, com a economia decrescendo, a sociedade se reportaríamos e sem o mínimo de orientação no plano político. A avaliação é do historiador Alberto Aggio, em artigo publicado na nona edição da revista Política Democrática online, produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira)

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“Em momento algum de sua história, sejam quais tenham sido seus protagonistas de proa, sejam quais os intelectuais que se esforçaram para lhe dar um sentido e o povo que se animou em saudá-lo como benfazejo, o país se concretizou como uma experiência integralmente generosa de vida a partir deste Ocidente particularíssimo, visto em alguns momentos como extremo e longíquo”, diz o analista político, que também é professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

De acordo com Aggio, que é diretor da FAP, o país vive hoje mais um momento paradigmático da dificuldade para visualizar o que realmente se passa entre nós. “A economia decresce, a sociedade se repolariza e falta o mínimo de orientação à política”, afirma, para continuar: “Compreender a democracia e sustentá-la tem sido mais difícil do que caminhar de forma esperançosa rumo a ela”.

No Brasil de hoje, conforme escreve o autor do artigo, “tudo parece revirado”. “A operação Lava Jato, importante marco contra a corrupção desenfreada que se alastrou nos anos petistas, acaba de sofrer um contra-ataque”, observa Aggio. Ele lembra que o atual presidente do STF, ministro Dias Toffoli, praticamente suspende os inquéritos que tramitam em todas as instâncias da Justiça que tenham partido de dados detalhados e compartilhados por órgãos de controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), sem prévia autorização judicial.

A decisão, na opinião de Aggio, beneficia o atual senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, e paralisa a investigação que está sendo realizada pelo MP do Rio de Janeiro, envolvendo seu então assessor, Fabrício Queiroz. “O Judiciário, sempre tão cioso de sua autonomia, favorece assim diretamente o presidente Bolsonaro por meio de uma decisão que interrompe concretamente uma operação marcada pelo republicanismo a que, a despeito das eventuais críticas a seus procedimentos, a sociedade dava e dá imenso apoio”, afirma.

 

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