Economia
Cristovam Buarque: Esqueceram do Brasil
Nesta semana, ouvi um professor chileno dizer: “Tenho pena do Brasil”. Esta frase me incomodou mais do que as matérias sobre as tragédias brasileiras destes tempos sombrios. Ainda mais quando imaginei a pergunta que ele não fez: “Como vocês deixaram o Brasil chegar a esta situação?” Como senador, senti constrangimento por esta pergunta não feita, e pela resposta que daria: “Há décadas, os políticos não colocam o Brasil como o personagem central de suas decisões”. O Brasil tem sido preocupação de sociólogos, literatos, jornalistas, economistas, mas não dos políticos. A Lava-Jato está mostrando que alguns usam a política para o enriquecimento pessoal; outros, para financiar campanhas e continuarem com seus mandatos; os melhores fazem política servindo a desejos imediatos de grupos específicos dos eleitores que os apoiam; as leis são feitas para beneficiar trabalhadores, empresários, aposentados, servidores públicos, consumidores, mas raramente ao Brasil como um todo, no longo prazo.
Há parlamentares dos professores, não da educação; dos aposentados, não da aposentadoria; dos universitários, não da ciência e tecnologia; da assistência social, não da emancipação do povo; do apoio à indústria, não ao desenvolvimento industrial; dos médicos, não da saúde. Ao longo da história, querendo atender cada grupo no imediato, sem considerar o Brasil no longo prazo, relegamos a opção por prioridades: o resultado tem sido o aumento nos gastos públicos acima da disponibilidade de recursos e, em consequência, o endividamento e a inflação. A ausência do Brasil nas decisões políticas provoca um esquecimento da perspectiva de nação ao longo das décadas e séculos no futuro. Para beneficiar cada grupo, sacrificamos todos e o país. O debate sobre o impeachment é um exemplo de que “esqueceram o Brasil”. Com opção já tomada, defende- se a cassação ou a continuidade do mandato da presidente, sem aprofundar o debate sobre o que será melhor para o Brasil.
A disputa se dá entre os que desejam a continuidade do governo do PT, depois de 13 anos, mesmo sabendo dos riscos de a volta da irresponsabilidade fiscal desestruturar ainda mais as finanças públicas e de o corporativismo vir a desarticular ainda mais o tecido social e o futuro do Brasil; os outros não querem a continuidade do governo de Dilma, sem refletir sobre as consequências da interrupção do mandato do segundo presidente entre os quatro eleitos. Não há consideração sobre qual destas duas alternativas será capaz de consolidar nossa democracia, assegurar estabilidade fiscal e monetária, induzir o país na direção de uma economia produtiva, uma sociedade justa, um setor cientifico e tecnológico sólido, cidades eficientes, educação de qualidade igual para todos; não há consideração sobre qual será capaz de conduzir as reformas de que o Brasil necessita. Esqueceram do Brasil, esta é a causa de o Brasil dar pena em quem observa sua tragédia atual. (O Globo – 25/06/2016)
Cristovam Buarque é senador (PPS-DF)
Sete passos essenciais para o Brasil entrar na economia de baixo carbono
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura elaborou sete objetivos para promover a economia de baixo carbono e dar início à implementação dos compromissos brasileiros assumidos no Acordo de Paris contra o avanço das mudanças climáticas. São ações de advocacy que os grupos de trabalho do movimento defenderão em curto prazo.
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura identificou objetivos a serem cumpridos ainda em 2016 para iniciar a implementação da economia de baixa emissão de carbono, uma nova ordem global, selada com a assinatura do Acordo de Paris. O propósito é diminuir a emissão de gases do efeito estufa (GEE) e, assim, concretizar as metas do clima.
Mais de 70 especialistas, distribuídos em sete grupos de trabalho (GTs) da Coalizão Brasil, elaboraram os sete objetivos para 2016, bem como planos de ação de curto e médio prazos. Tais objetivos giram em torno dos temas-chave do movimento: agricultura de baixo carbono, bioenergia, Código Florestal, economia da floresta tropical, restauração/reflorestamento, valoração e serviços ecossistêmicos, além de cooperação internacional.
Agricultura de baixo carbono – O objetivo do GT dedicado a esse tema é fomentar a disseminação de tecnologias de alta rentabilidade e baixa emissão de carbono em escala no país. "Já existe um arsenal tecnológico que permite produzir com baixa emissão de GEE, mas é preciso divulgar que são práticas lucrativas, eficientes e rentáveis", ressalta Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). "Elas também devem ser mais disseminadas e acessíveis, de modo que o produtor se sinta incentivado e seguro para adotá-las", completa Marina Piatto, coordenadora de clima e agropecuária do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Para cumprir o objetivo, o GT irá mapear as iniciativas já existentes, que promovem ou podem vir a promover a disseminação de tecnologias de baixo carbono, identificar estudos que mensurem resultados, produzir e divulgar a estratégia desses programas.
Bioenergia – Pelo Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu, até 2030, a ter a participação de 18% de biocombustíveis na matriz energética e alcançar 23% de participação de energias renováveis (além da hídrica) na bioeletricidade até 2030. O GT dedicado à bioenergia definiu como objetivos: a articulação de uma política pública para alcançar esses compromissos; a elaboração de um plano de ação para cooperação internacional em bioenergia; e o desenvolvimento de uma estratégia para a padronização global de biocombustíveis. "É preciso que haja diretrizes públicas de longo prazo, bem como diferenciação tributária para valorizar o biocombusível, além de uma padronização global", afirma Elizabeth Farina, diretora presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). "Já na área de bioeletricidade, faz-se necessário instituir um programa de contratação de leilões diferenciados por fonte e/ou regiões e sanar os obstáculos de conexão da bioeletricidade à rede distribuidora, entre outros fatores que podem alavancar a energia renovável", completa Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
Código Florestal – O GT assumiu como objetivo contribuir para a completa implementação do Código Florestal, articulando esforços dos diversos atores envolvidos em uma agenda de consenso. A lei no 12.651/2012, conhecida como Código Florestal, foi usada como base para muitos dos compromissos brasileiros para o Acordo de Paris (a chamada INDC), a exemplo da restauração e reflorestamento de 12 milhões de hectares, o que criou uma agenda ambiciosa, envolvendo conservação de recursos naturais e oportunidade de geração de empregos e divisas. "É preciso concluir o Cadastro Ambiental Rural (CAR), regulamentar as Cotas de Reserva Ambiental (CRA) e agilizar a regulamentação e implantação dos Programas de Regularização Ambiental (PRAs) nos estados", afirma Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). O GT também irá promover a regularização dos mecanismos econômicos contidos no Código Florestal e estimular a compensação de Reserva Legal (RL), um dos principais instrumentos para evitar o desmatamento e promover conectividade de áreas protegidas com a regularidade ambiental da produção agrícola.
Economia da Floresta Tropical – O GT desse tema definiu atuar na promoção da transparência no licenciamento e nas transações do setor florestal de madeira nativa, a fim de combater o desmatamento ilegal. O acesso aos dados de licenciamento, responsabilidade técnica, produção, beneficiamento, comercialização e transporte de madeira nativa permitirá, por exemplo, reduzir fraudes na emissão de licenças de exploração, aumentar a capacidade de monitoramento da atividade e expandir a rastreabilidade da madeira. "A transparência contribuirá, ainda, para o aumento da competitividade dos produtos de madeira tropical no mercado internacional e para melhorar a reputação do setor no exterior", afirma Maurício Voivodic, gerente de projetos do Imaflora. “O plano de ação inclui articulação política de alto nível, em âmbito federal e estadual, para oferta de dados relacionados à autorização de exploração florestal, além do suporte da Coalizão Brasil a iniciativas de transparência no manejo florestal”, observa Roberto Waack, presidente do conselho da Amata.
Restauração/Reflorestamento – O objetivo é impulsionar programas de restauração e reflorestamento em larga escala, por meio da criação de uma plataforma para monitorar fatores críticos, da formatação de um programa de desenvolvimento tecnológico de silvicultura tropical e do incentivo à qualificação de agentes da cadeia da restauração. "O Brasil tem condições ideais para desenvolver um grande programa de restauração e reflorestamento, começando pela área disponível: 170 milhões de hectares de pastagens degradadas", afirma Rachel Biderman, diretora do WRI (World Resources Institute) Brasil. "Também são bem-vindos e necessários o estabelecimento de políticas públicas que apoiem iniciativas de restauração e de instrumentos para viabilizar investimentos no setor e o devido acompanhamento dos resultados", conclui Rachel.
Valoração e Serviços Ecossistêmicos – São metas desse GT: influenciar a política nacional para pagamentos por serviços ambientais; apresentar elementos-chave, como forma de contribuição, para a Estratégia Nacional de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal); avaliar as melhores alternativas para precificação do carbono; e viabilizar a contabilização das remoções por reflorestamento e restauração nas plataformas de relatos corporativos. "As ações para aprimorar e valorizar os mecanismos econômicos de carbono e outros serviços ecossistêmicos contribuem para cumprir as metas do Acordo de Paris, além de trazerem impactos positivos para a sociedade, conservação de recursos hídricos e biodiversidade", afirma André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Cooperação Internacional – Estabelecer parcerias internacionais consistentes para ações estratégicas envolvendo conhecimento, tecnologia e advocacy é o objetivo desse GT. "As mudanças climáticas são um desafio global, portanto, é fundamental costurar ações coordenadas internacionalmente. No caso da Coalizão, nosso trabalho está em identificar agendas comuns no que se refere ao uso da terra e à economia de baixo carbono, para compartilhar soluções de governança e de tecnologias entre o Brasil e outros países", afirma Marcelo Furtado, diretor executivo do Instituto Arapyaú. Em seu plano de ação, o grupo irá definir prioridades e contribuições com os demais GTs da Coalizão Brasil, incentivar os membros do movimento a firmar programas internacionais e mapear iniciativas já existentes no país e no exterior.
Os objetivos da Coalizão Brasil foram lançados no seminário Oportunidades Econômicas no Contexto das Mudanças Climáticas, realização conjunta com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e o Museu do Amanhã, entre os dias 1º e 2 de junho, na cidade do Rio de Janeiro.
Sobre a Coalizão Brasil
A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura é um movimento multissetorial que se formou como o objetivo de propor ações e influenciar políticas públicas que levem ao desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, com a criação de empregos de qualidade, o estímulo à inovação, à competitividade global do Brasil e geração e distribuição de riqueza a toda a sociedade. Mais de 120 empresas, associações empresariais, centros de pesquisa e organizações da sociedade civil já aderiram à Coalizão Brasil – coalizaobr.com.br.
Fonte: cidadessustentaveis.org.br
Cristovam Buarque: Ares do tempo
Há uma sensação geral de que o país perdeu o rumo. O incômodo vem de fatos específicos: caos político, corrupção, recessão, desigualdade, violência, epidemias, desemprego, deseducação, falência das contas públicas. Poucos, porém, consideram que estes indicadores de falta de rumo e de decadência têm em comum o fato, ainda mais grave, de que estamos sem sintonia com o “espírito do tempo”, o conjunto de ideias que orientam a humanidade e cada nação para o futuro.
É como se, além de rodando no meio do mar, não soubéssemos como inflar as velas do barco na direção dos ares que sopram para o futuro. Não é a primeira vez que isso acontece. Quando o mundo ingressava na primeira revolução tecnológica, com capital industrial e trabalho assalariado dentro das regras do mercado, nós optamos por continuar escravocratas, patrimonialistas, ruralistas, exportadores de bens primários, obscurantistas no pensamento.
Cem anos depois, quando iniciamos nossa industrialização, passamos a fabricar velhos produtos, não nos dedicamos a inventar produtos novos, conforme os novos tempos que já se iniciavam. No século XXI, outra vez estamos dessintonizados com ares do tempo: a revolução científica, o capital conhecimento e a inovação como motores do progresso.
Continuamos emergindo ao passado, não ao futuro: comemoramos continuar exportando commodities e fabricando autos, sem desenvolver capacidade de inovação para criar novos produtos da economia do conhecimento, sem base científica e tecnológica, sem colocar o bem-estar na frente de produção, consumo e renda, sem compromisso com o equilíbrio ecológico.
Vemos a tragédia imediata da recessão e do desemprego ao redor, mas não percebemos a tragédia distante de continuarmos na velha economia da produção primária, da indústria metal-mecânica, da dupla dependência tecnológica, tanto na inovação dos produtos quanto na inovação das ferramentas.
A maior prova da falta de sintonia com o futuro é o descuido como tratamos nossa educação de base, desperdiçando milhões do mais importante vetor do futuro: os cérebros bem formados de nossa gente. O vetor do progresso está na educação de qualidade igual para todas as crianças, independentemente da renda dos pais e da cidade onde vivem. Desprezamos o futuro quando nos recusamos a prestigiar o mérito dos bons professores, diferenciando-os dos demais.
Não estamos sintonizados com o futuro ao mantermos uma máquina estatal ineficiente, a serviço de sindicatos e partidos, e não do público; ou quando nos recusamos a atualizar velhas leis que já estão superadas. Nos tempos em que a taxa de natalidade diminui e a esperança de vida aumenta, o espírito do tempo exige reforma no sistema previdenciário.
A maior crise brasileira não está nas aparências do que nós vemos e sofremos, mas na nossa recusa de olhar para onde sopram os ares do futuro e como fazermos as reformas que nos sintonizarão com ele. Estamos desorientados com o presente caótico e outra vez não nos sintonizamos com as forças do espírito do tempo. (O Globo – 28/05/2016)
Cristovam Buarque é senador (PPS-DF)
Economista alerta para queda do nível das reservas internacionais
Ao analisar a leve recuperação nos preços dos ativos nacionais diante da expectativa de maior cautela em relação à condução da política monetária do FED, que nesta quarta-feira anuncia decisão sobre a taxa de juro, o economista e analista de mercado Fabio Berghella disse ao Portal do PPS que a situação do Brasil “ficou ainda mais favorável”, mas que a expectativa do mercado em relação ao País está piorando com a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornar ministro.
Segundo ele, o “mercado teme que não só Lula fortaleça o governo”, como também adote medidas econômicas nada usuais, dentre elas o uso das “reservas internacionais para subsidiar o crédito”.
“Já manifestei meu ponto de vista contrário ao uso das reservas e creio que a piora do mercado nos últimos dias fundamenta-se neste ponto central”, disse o economista, ao argumentar que “nos últimos dias houve queda expressiva no nível das reservas internacionais”.
“Se o último galho que o PT estava sentado eram sobre as reservas, esse galho acaba de quebrar”, afirma Berghella.
Veja abaixo o comentário do economista.
O mercado, Lula no governo e as reservas internacionais
Houve uma pequena recuperação nos preços dos ativos nacionais nas últimas semanas, fato atribuído, principalmente, a expectativa de maior cautela em relação à condução da política monetária pelo FED e também devido ao aumento das apostas de que tanto as commodities quanto os ativos de países emergentes já encontram-se com preços atrativos.
No Brasil, a situação ficou ainda mais favorável na medida que o mercado precificava o impedimento da presidente Dilma.
Contudo, nos últimos dias a situação mudou um pouco. Ontem os mercados pioraram bastante com a expectativa de que o embarque de Lula fortaleceria o governo – diminuindo assim a possibilidade do impeachment.
Esse fato é incontestável, a contrapartida do PT – a exemplo do que foi o discurso de raiva do ex-presidente após seu depoimento – deve ser forte e incisiva quanto à mudança na política econômica.
O mercado teme que não só Lula fortaleça o governo, convocando a reação – a exemplo do que Chaves e a mídia faziam muito bem na Venezuela – como também as medidas econômicas não sejam as mais usuais: o uso das reservas internacionais para subsidiar o crédito interno.
Já manifestei meu ponto de vista contrário ao uso das reservas e creio que à piora do mercado nos últimos dias fundamenta-se neste ponto central.
As reservas possuem divulgação diária pelo BACEN e por isso o argumento acima será facilmente defendido caso haja piora deste indicador.
O mercado já antecipa a possibilidade de um Lula “bravão” tomar de assalto as reservas, que nos últimos dias registrou queda expressiva no nível das reservas internacionais.
Se o último galho que o PT estava sentado eram sobre as reservas, esse galho acaba de quebrar.”
Fonte: PPS
Economista diz que na “verdadeira fotografia” da economia brasileira, PIB encolheu 5,9%
O economista e consultor Fabio Berghella disse ao Portal do PPS que os números do PIB divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE são “muito piores” quando a comparação do desempenho da economia é feita entre o 4º trimestre de 2015 com o mesmo período do ano passado (5,9%) do que na anual (3,8%), conforme está sendo divulgado pela imprensa (veja abaixo).
“A verdadeira fotografia da economia brasileira é bem pior que a noticiada. Os indicadores econômicos referentes ao acumulado do ano de 2015 chegaram ao seu final – os dados que começam a ser divulgados a partir de agora comparam 2016 com 2015. Essa comparação é muito pior do que a mídia veicula, afirma Berghella.
Veja a seguir o comentário de Berghella sobre desempenho da economia em 2015.
“A verdadeira fotografia da economia nacional
De novo, a comparação noticiada pela imprensa foi o acumulado de 2015, queda de -3,8% do PIB.
Os dados são muito piores, na comparação anual (4º trimestre de 2015 com 4º trimestre 2014), ou seja, nos dados mais recentes, a economia encolheu -5,9%.
Esse número é próximo a queda de -7,1% (na mesma comparação anual) apontada pela PMC (Pesquisa Mensal do Comércio) divulgada pelo IBGE, no dia 16 de fevereiro.
A forte correlação entre a PMC e o PIB ocorre porque 72% do PIB brasileiro depende do setor de serviços – fortemente ligado ao consumo.
Nos gráficos extraídos da pesquisa do IBGE (Contas Nacionais Trimestrais) é possível observar o seguinte:
http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=3111
– a queda na FBCF indica que os investimentos recuaram -18,5%;
– a desvalorização cambial puxa a queda de -20,1% das importações e alimenta a alta de 12,6% nas exportações (nada a comemorar porque o peso do comércio externo no PIB é pequeno em relação a outros países);
– o governo diminuiu gastos – queda de -2,9% – contudo insiste em cortar menos que os outros setores;
– o consumo das famílias tem relação forte com o PIB (país consumista) – a queda já bate -6,8% – esse é o ponto-chave de preocupação, gastos diminuem, atividade recua, desemprego aumenta, insolvência dispara e crédito encolhe. O crédito é o oxigênio para o crescimento econômico numa economia sem poupança interna.
Abrindo o PIB, pelo lado da oferta (mesma comparação anual):
– comércio mergulhando -12,4%; o PÉSSIMO é resultado para o setor mais importante da economia brasileira, indicando claramente que o fundo do poço ainda está distante;
– construção civil caindo -5,2%; importante indicador porque este é um setor que agrega muito valor á cadeia produtiva, além de empregar muita gente;
– transporte com queda de -9% também é um péssimo sinal.
O fracasso econômico do governo do PT: PIB cai 3,8% em 2015, a maior queda em 19 anos
Na comparação com 4º trimestre de 2014, queda foi 5,9%; PIB per capta recuou 4,6% no ano passado
No ano passado, o PIB caiu 3,8% em relação a 2014, a maior queda da série histórica iniciada em 1996, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE.
Segundo o órgão, a queda do PIB resultou do recuo de 3,3% do valor adicionado a preços básicos e da contração de 7,3% nos impostos sobre produtos.
Nessa comparação, a agropecuária (1,8%) apresentou expansão, e a indústria (-6,2%) e os serviços (-2,7%) caíram. Em 2015, o PIB totalizou R$ 5,9 trilhões (valores correntes). O PIB per capita ficou em R$ 28.876 em 2015, com queda de 4,6%, em volume, em relação ao ano anterior.
PIB cai 5,9% em relação ao 4º trimestre de 2014
Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB sofreu contração de 5,9% no 4º trimestre de 2015, a maior queda desde o início da série histórica iniciada em 1996. Dentre as atividades econômicas, a Agropecuária cresceu 0,6% e a Indústria sofreu queda de 8,0%. Nesse contexto, a indústria de transformação apresentou contração de 12,0%.
(Assessoria IBGE/Portal do PPS)
Banco Mundial prevê crescimento modesto entre emergentes e ressalta conjuntura econômica do Brasil
Banco Mundial prevê recessão de 2,5% para o Brasil em 2016, após um ano turbulento, em que escândalos na Petrobras, ajuste fiscal e inflação alta afastaram investidores e desvalorizaram o real. Desempenho negativo tem repercussão regional.
O Banco Mundial destacou, nesta quarta-feira (6), que as economias em desenvolvimento devem apresentar uma recuperação e um crescimento econômicos modestos, de apenas 2,9%, em 2016, devido ao fraco desempenho de emergentes, como a China, a Rússia e o Brasil. Em novo relatório, o órgão ressaltou a situação da nação brasileira, que continuará em recessão, após retrair 3,7% em 2015. No ano passado, os escândalos na Petrobras, o arrocho fiscal e monetário e a escalada da inflação afastaram investidores, segundo o Banco.
Para 2016, estimativas indicam uma contração de 2,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que só voltará a crescer em 2017. As previsões para esse e o próximo ano, porém, supõem a redução do déficit fiscal e a definição de expectativas mais firmes para a inflação, que atingiu o patamar mais alto em 12 anos no segundo semestre de 2015, ultrapassando os nove pontos percentuais. O Banco Mundial ressaltou também o recorde alcançado pela taxa de juros, fixada pelo Banco do Brasil em 14,25%, valor mais elevado em nove anos.
De acordo com o relatório, a estabilização econômica poderá diminuir a necessidade de novos ajustes fiscais e monetários. O documento lembrou que, atualmente, o governo brasileiro enfrenta obstáculos para aprovar medidas de austeridade no Congresso Nacional. Segundo a avaliação do Banco Mundial, o cenário de incerteza política e desequilíbrios macroeconômicos geraram preocupações entre os investidores, levando a uma ampla desvalorização do real em 2015. O lado positivo da depreciação da moeda foi o aumento das exportações. O Brasil liderou o crescimento de 4% observado no volume de exportações da América do Sul.
De acordo com o Banco Mundial, desafios domésticos de países regionalmente relevantes como o Brasil e a Venezuela têm repercutido na América Latina e Caribe, que apresentaram recessão de 0,9% em 2015 e devem ter seu crescimento estagnado em 2016. O relatório estimou que uma queda de 1% no crescimento brasileiro, por exemplo, provoca retrações de cerca de 0,6 e 0,5% no desempenho da Argentina e do Paraguai, respectivamente.
Em 2016, além do Brasil, outro grande emergente permanecerá em recessão. É o caso da Rússia, cuja economia contrairá 0,7%. Embora não vá apresentar crescimento negativo, a China deverá observar uma desaceleração em suas atividades econômicas, que se expandirão 6,7% nesse ano, em comparação com os 6,9% registrados em 2015. O país passa por um momento de transição, rumo a uma economia mais baseada em serviços e consumo.
O Banco Mundial teme que o enfraquecimento dessas economias restrinja o crescimento de países em desenvolvimento menores. O relatório da agência destaca que foram os grandes emergentes os responsáveis por uma parcela importante do crescimento mundial da última década. O organismo financeiro espera que, em 2016, a estabilização dos preços de commodities e do petróleo e o desempenho dos países desenvolvidos possibilitem a manutenção de níveis de crescimento positivo, ainda que modestos, para as nações em desenvolvimento.
Fonte: nacoesunidas.org
Folha: Dólar volta a subir e se mantém no maior valor em mais de 12 anos
SÃO PAULO - Sinais de desaceleração da economia chinesa intensificaram o clima de aversão ao risco entre os investidores nesta segunda-feira (27), derrubando as Bolsas globais e pressionando a cotação do dólar para cima. Internamente, a preocupação com o quadro político e econômico do Brasil eleva o grau de tensão no mercado.
Às 12h30 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,44% sobre o real, cotado em R$ 3,356 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, subia 0,29%, para R$ 3,358. Ambos estão no maior valor nominal desde março de 2003.
No mercado de ações, o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, caía 0,20%, para 49.145 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,8 bilhão. O mau humor também era visto em Nova York, onde o S&P 500 tinha baixa de 0,26%, enquanto Dow Jones recuava 0,61% e o Nasdaq, 0,64%.
As Bolsas europeias operavam no vermelho, com quedas de mais de 1%. Analistas enxergam o movimento como reflexo do tombo de 8,48% do mercado de ações de Xangai nesta segunda, a maior baixa diária nos últimos oito anos.
"A forte queda da Bolsa chinesa trouxe a preocupação de um 'pouso forçado' da China [segunda maior economia do mundo], que levou os preços das commodities para baixo e provocou a desvalorização das moedas latino-americanas", afirma Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
Os preços do petróleo caíam mais de 1% no exterior às 12h30 (de Brasília). Com isso, as ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, cediam 1,59%, para R$ 9,88.
Investidores também aguardam as deliberações da reunião do conselho de administração da estatal na última sexta-feira.
Em sentido oposto, o preço do minério de ferro subiu 1,4% na China nesta sessão, para US$ 51,40 por tonelada. Assim, a ação preferencial da Vale ganhava 3,20%, para R$ 14,48. A China é o principal destino das exportações da mineradora brasileira.
No setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, o avanço de Bradesco (+0,82%) e Banco do Brasil (+3,62%) amenizava a queda do índice. Já o Itaú Unibanco via suas ações caírem 0,24%.
A Secretaria do Tesouro Nacional comunicou em nota que a venda de ações do BB que estavam na carteira do Fundo Soberano atingiu 5,63 milhões de papéis e foi encerrada em 15 de julho. O preço médio de venda foi de R$ 23,84 por ativo, totalizando R$ 134 milhões.
JUROS
O dado melhor que o esperado das encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos reforçou a visão de que a economia americana segue no caminho de recuperação, o que abre espaço para o Federal Reserve (banco central americano) começar a subir a taxa básica de juros. As encomendas de bens duráveis nos EUA subiram 3,4% em junho, ante expectativa de alta de 2,7%.
O aperto monetário americano deixaria os títulos do Tesouro dos EUA –que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco– mais atraentes do que aplicações em emergentes como o Brasil, provocando uma saída de recursos dessas economias. Com a menor oferta de dólares, a cotação da moeda americana seria pressionada para cima.
Mesmo com a recente escalada do dólar, o Banco Central manteve o ritmo de rolagem do lote de US$ 10,675 bilhões em swaps cambiais que vencem em agosto e renovou nesta segunda-feira mais 6.000 contratos. A operação equivale a uma venda de dólar no mercado futuro.
O mercado, contudo, já começa a cogitar a possibilidade de o BC aumentar o volume de rolagem no próximo mês para tentar amenizar o movimento de alta do dólar frente ao real.
Para Rostagno, o BC segue na estratégia de diminuir a intervenção no mercado de câmbio e reduzir o estoque de US$ 108,182 bilhões em swaps cambiais, que tem um custo fiscal elevado. "Se eventualmente o Brasil ficar mais próximo de perder o grau de investimento, acho que o BC pode aumentar as intervenções", afirmou.
A recente alta do dólar reforçou as apostas de que o BC deverá manter o ritmo de alta de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), cuja decisão será anunciada na quarta-feira (29).
O Boletim Focus, divulgado nesta manhã, mostrou uma mudança das apostas para a taxa Selic (juro básico) no fim deste ano. A mediana das projeções passou de 14,50% para 14,25% ao ano. Já a mediana da projeção para o IPCA (índice oficial de inflação) subiu de 9,15% para 9,23% em 2015 e ficou estável em 5,40% para 2016.
Fonte: Folha Online