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Eliane Brum: Precisamos saber quem está no poder
O silenciamento da pessoa-chave para elucidar crimes, que podem estar ligados ao clã Bolsonaro, aprofunda a pergunta mais perigosa da República
Na semana em que completou 700 dias que Marielle Franco foi assassinada, a notícia não é a elucidação do crime – e, sim, o assassinato da pessoa-chave para elucidar o crime. A execução de Marielle, uma vereadora do Rio de Janeiro e uma ativista dos direitos humanos, assinalou o momento em que um limite foi superado no Brasil. O não esclarecimento até hoje, quase dois anos depois, de quem foi o mandante e por que ela foi morta aponta a crescente e cada vez mais perigosa incapacidade das instituições de proteger a democracia no país. O silenciamento de Adriano da Nóbrega, premeditado ou não, no domingo, 9/2, mostra que o Brasil é um país em que os limites entre lei e crime foram borrados num nível sem precedentes. Não sabemos quem está no Governo. E precisamos saber.
A maioria já conhece os fatos. Mas é preciso reafirmá-los. Adriano da Nóbrega poderia esclarecer o esquema de “rachadinha”, desvio dos salários de servidores, no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador e filho do presidente Jair Bolsonaro. Poderia esclarecer qual é a profundidade das relações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro. Poderia ajudar a esclarecer o assassinato de Marielle Franco.
Poderia, mas não pode mais. Foi morto numa suposta troca de tiros durante uma operação conjunta da Polícia Militar da Bahia e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Dezenas de policiais treinados foram supostamente incapazes de prender, numa casa isolada, uma pessoa considerada essencial para a elucidação de crimes que assombram a República. Foram capazes apenas de matá-lo. Segundo o advogado do morto, Paulo Emílio Catta Preta, Adriano teria afirmado dias antes que, caso fosse encontrado pela polícia, seria eliminado como “queima de arquivo”. Quando foi assassinado, estava escondido na casa de um vereador do PSL, num sítio no município de Esplanada, na Bahia. O PSL até há pouco era o partido do presidente e também de seu primogênito.
Quem era Adriano da Nóbrega?
Ex-capitão do BOPE, elite da polícia militar carioca, Adriano estava foragido havia um ano, suspeito de chefiar a milícia de Rio das Pedras, a mais antiga do Rio, e também o Escritório do Crime, um grupo de matadores de aluguel. Formado por policiais e ex-policiais civis e militares, o Escritório do Crime está relacionado pelas investigações à execução de Marielle Franco. Adriano já havia sido preso três vezes, por homicídio e tentativas de homicídio, e liberado. Sua mulher e sua mãe trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro até novembro de 2018.
Adriano era próximo de Fabrício Queiroz, suspeito de comandar o esquema da rachadinha para Flávio Bolsonaro e de envolvimento com a milícia de Rio das Pedras. Queiroz, por sua vez, era não só funcionário, mas amigo pessoal de Jair Bolsonaro desde os anos 1980. Também era policial militar aposentado. Um cheque de Queiroz, no valor de 24 mil reais, foi depositado na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O homem que foi morto era publicamente respaldado pela família Bolsonaro no exercício de seus mandatos como parlamentares. Como deputado, Flávio deu ao então policial a Medalha de Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio. Naquele momento, 2005, Adriano cumpria prisão pelo assassinato de um guardador de carros que havia denunciado policiais. Era a segunda vez que o filho mais velho do presidente homenageava o PM. Também em 2005, Jair Bolsonaro, então deputado federal, fez um discurso na Câmara dos Deputados, defendendo Adriano e protestando contra a sua condenação por homicídio. Segundo o Ministério Público do Rio, as contas de Adriano foram usadas por Queiroz para transferir o dinheiro do esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Os dois acusados pelo assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes são o policial reformado Ronnie Lessa, que teria dado os tiros, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que teria dirigido o carro. Ambos são suspeitos de pertencer ao Escritório do Crime, que seria chefiado por Adriano da Nóbrega. Ronnie Lessa, por sua vez, vivia no mesmo condomínio de Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca.
Neste mapa de coincidências e suspeições, Adriano da Nóbrega era a pessoa capaz de juntar os pontos e preencher as lacunas. Mas está morto.
O que não é possível
Todas as coincidências podem ser apenas coincidências. É possível que a família Bolsonaro seja apenas ingênua ao escolher amigos e colaboradores. É possível que Flávio Bolsonaro estivesse apenas distraído demais para notar o que, suspeita-se, estava acontecendo no seu gabinete sob o comando de seu amigo Queiroz. É possível que Bolsonaro não tivesse tido relações com este vizinho chamado Ronnie Lessa. É possível que o grupo de policiais da Bahia e do Rio que foram prender Adriano sejam apenas incompetentes. É possível que essa quantidade de policiais militares e ex-policiais suspeitos de crimes seja apenas ocasional e não revele nada sobre o que a instituição Polícia Militar se tornou.
O que não é possível é continuarmos sem saber se há ou não envolvimento de Bolsonaro e seu clã com criminosos. Se há ou não envolvimento de Bolsonaro e seu clã com as milícias. Se houve ou não o esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro. O que não é possível é 700 dias depois do assassinato de Marielle Franco o Brasil – e o mundo – não saber quem mandou matá-la. E por quê.
Nada é normal no Brasil de hoje
Há um esforço para tratar o que hoje vive o Brasil como normalidade. Como se houvesse apenas anomalias que pudessem ser corrigidas no curso do processo eleitoral e sob a vigilância de instituições robustas. Como se o que está em curso fosse do jogo da democracia. Não há, porém, nada de normal no que acontece hoje no Brasil.
Há forte desconfiança de que Adriano da Nóbrega foi executado para não poder contar o que sabia. Ainda que tenha sido incompetência da polícia, como achar que é normal uma parte significativa da população brasileira ter certeza de que as PMs trabalham para si mesmas ou para interesses que não são os da população nem da justiça? Como achar normal que esta rede de suspeitos sejam policiais ou ex-policiais? Como achar normal conviver com o poder das milícias, que são formadas por integrantes das forças de segurança formais dos estados? E como achar normal o DNA de milicianos marcarem atos e fatos do presidente da República, de um senador da República que é filho do presidente e de outros familiares do clã? Este Brasil não nasceu agora, mas só hoje temos um presidente e uma família presidencial envolvida em tantas coincidências criminosas, que produzem cada vez mais sangue e parecem estar cada vez mais longe de serem esclarecidas.
Bolsonaro e as instituições
A trajetória de Jair Bolsonaro pode ser contada pela ação e também pela inação das instituições brasileiras. Se o então capitão tivesse sido condenado pelo Superior Tribunal Militar, em vez de absolvido, por planejar colocar bombas em unidades militares para protestar contra os baixos salários, o país seria diferente hoje? Se o então deputado federal Jair Bolsonaro tivesse sido julgado e condenado por cada declaração racista e de incitação à violência que pronunciou durante seus quase 30 anos de Congresso, o Brasil seria diferente hoje? Se o então parlamentar Jair Bolsonaro tivesse respondido na Justiça e sido cassado pelos seus pares por homenagear um torturador durante o impeachment de Dilma Rousseff, o Brasil seria diferente hoje?
O exercício do “e se” vale apenas como isso mesmo, um exercício para iluminar melhor o que aconteceu de fato. Ou não aconteceu de fato. O que está diante de nós, hoje, é o que fazer diante desta realidade agora. Não que país seria o Brasil, mas sim que país será o Brasil caso não descobrirmos por que não podemos descobrir quem mandou matar Marielle Franco.
A pergunta mais perigosa
A aparente impossibilidade de elucidar a morte de Marielle, que já provocou alarmantes declarações de autoridades públicas no passado recente, nos lança em perguntas cada vez mais perigosas. As perguntas perigosas costumam ser as mais importantes.
Sabemos há muito que há um poder paralelo no Brasil. Um poder do crime que, em diferentes momentos, teve e tem ramificações na estrutura do Estado. As milícias cariocas, herdeiras dos esquadrões da morte formados por policiais, são o exemplo mais bem acabado desta distopia que virou realidade. E também de sua evolução ainda mais perversa, ao confundirem-se nas últimas décadas com o próprio Estado, na medida em que são agentes do Estado usando a estrutura do Estado para controlar as comunidades, lucrar com esse domínio e executar quem se opõe ao seu poder. Começaram a atuar com a desculpa de proteger as favelas e periferias do tráfico de drogas. E se tornaram ainda piores do que o tráfico. Em alguns casos são sócias dos traficantes, na maioria dos casos mais poderosas.
Como o cidadão pode se contrapor a um poder que controla ao mesmo tempo o crime e as forças de repressão ao crime, a usurpação dos serviços públicos e os próprios serviços públicos, um poder que comercializa até mesmo lotes de votos numa eleição, como fazem algumas milícias? As muitas comunidades que hoje são reféns das milícias no Rio podem contar como é viver sob o jugo da lei que corrompe a lei, da polícia que é bandida.
O que Adriano da Nóbrega poderia esclarecer é se este poder já deixou de ser paralelo. Se chegamos a um ponto em que um e outro são o mesmo também no Planalto. Poderia, mas não pode mais. E nós, que (ainda) estamos vivos, o que podemos? E, mais importante, o que faremos?
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Brasil, Construtor de Ruínas, Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, meus desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum/ Instagram: brumelianebrum
Afonso Benites: Bolsonaro fortalece núcleo militar e cogita segunda chance a Onyx no Bolsa Família
Presidente convida general que foi interventor militar no Rio para assumir a Casa Civil. Reacomodação daria novo direcionamento a programa contra miséria, que acumula demanda reprimida
Depois de tanto negar que o faria, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começa a fazer, a conta-gotas, sua minirreforma ministerial. Ao mesmo tempo, reforça o núcleo militar, como forma de tentar manter o apoio da cúpula das Forças Armadas. A nova troca de ministérios deve atingir dois ministros que estão desgastados em seus cargos: Onyx Lorenzoni (DEM), na Casa Civil, e Osmar Terra (MDB), na Cidadania, o ministério responsável pelo programa Bolsa Família. Lorezoni deverá substituir Terra, que pode ser realocado em alguma embaixada. Confirmando essa movimentação, o novo chefe da Casa civil será o general Walter Braga Netto, atual número dois do Exército Brasileiro. Será a terceira troca em uma semana. No dia 6, o presidente demitiu Gustavo Canuto do Desenvolvimento Regional e o substituiu por Rogério Marinho (PSDB), então secretário especial de Previdência e Trabalho. Canuto foi para a Dataprev, a estratégica empresa de tecnologia de informação da Previdência Social que o Governo pretende privatizar em breve.
Até a conclusão dessa reportagem, o Governo não havia se manifestado oficialmente sobre as demissões e novas nomeações. Mas diversas reuniões ocorreram ao longo do dia para tratar do tema. Só se pode considerar ministro, de fato, quem tiver seu nome publicado no Diário Oficial da União, o que não ocorreu até o fim da tarde desta quarta-feira.
Ao ser realocado na Cidadania, Onyx será responsável por comandar um orçamento de 1,9 bilhão de reais. Sob sua alçada está a execução do programa Bolsa Família e as ações voltadas para o esporte. Sua missão será dar uma nova cara ao programa que concede bolsas à população mais pobre, parar de se fechar a quem necessita e tentar reduzir a fila, que tem crescido exponencialmente. Como revelou o EL PAÍS em 31 de janeiro, a gestão Bolsonaro não explica detalhes sobre a real demanda reprimida do principal programa de combate à miséria do país. Cálculos da reportagem, com base em dados públicos de beneficiados, aponta que a fila para receber o programa pode ser até três vezes maior do que o Governo divulga oficialmente, que é de 500.000 famílias. Nesta quarta-feira, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, deu um prazo de cinco dias para que o Ministério da Cidadania informe as providências que estão sendo adotadas para assegurar que todo o público apto a acessar o programa Bolsa Família seja atendido.
O posto no comando do programa é estratégico em termos políticos. Em meio à crise na gestão do Bolsa Família, a avaliação no Planalto é de que apenas o discurso de que se estão combatendo as fraudes no benefício social, tão propalado por Osmar Terra, não basta. O presidente quer, de alguma maneira, deixar sua marca nesse programa, que foi criado nos governos do PT, o principal partido de oposição.
O novo chefe da Casa Civil, Braga Netto ficou nacionalmente conhecido ao ser declarado interventor federal na área de segurança do Rio de Janeiro no ano de 2018, durante a presidência de Michel Temer e o Governo de Luiz Fernando Pezão, ambos do MDB. Ele é avesso à imprensa e já impediu que repórteres acompanhassem seu discurso em evento público. Sua ascensão ao ministério é uma tentativa de Bolsonaro de se cercar de militares em quem confia dentro do Palácio do Planalto.
Além da Casa Civil, os outros três ministérios instalados no Palácio do Planalto serão ocupados por militares. O Gabinete de Segurança Institucional, com o general da reserva Augusto Heleno, a Secretaria-Geral da Presidência, com o capitão reformado da Polícia Militar, Jorge Antônio de Oliveira, e a Secretaria de Governo, com o general da ativa Luiz Eduardo Ramos.
Uma outra sinalização de apoio aos militares, foi o de conceder ao vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão (PRTB), a coordenação do Conselho da Amazônia, um órgão consultivo que trata dos temas de meio ambiente e defesa na principal floresta brasileira. Antes, o organismo era vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
Os demitidos
Mesmo sabendo que seria demitido, Onyx seguiu cumprindo sua agenda normalmente na Casa Civil. Pela manhã, após participar de um seminário que tratava das prioridades do Governo no Congresso Nacional, o ministro declarou ser um servo leal ao chefe do Executivo. “O presidente Bolsonaro é o meu líder. O que ele decidir, eu cumpro”, disse ao responder a repórteres qual seria o andamento de uma das reformas que a gestão Bolsonaro pretende apresentar neste ano.
Desde o ano passado Bolsonaro já demonstrou estar descontente com a atuação de Onyx na pasta. Aos poucos foi minando seu poder. Retirou de sua competência a articulação com o Congresso, a análise jurídica de projetos de lei e o programa de privatizações. Restou ao ministro participar de eventos que o presidente não queria comparecer, como a abertura do ano legislativo, e coordenar reuniões de grupos interministeriais.
A gota d’água ocorreu no fim de janeiro, quando o então número dois de Onyx, Vicente Santini, usou um jatinho da força aérea para voar entre a Suíça e a Índia para participar da comitiva presidencial que visitava Mumbai. Santini ocupava interinamente o ministério, porque o titular estava em férias, nos Estados Unidos. O presidente se irritou com a viagem porque outros ministros, efetivos, tinham ido ao país asiático em voos comerciais, o que gerou menos custos aos cofres públicos. Santini foi demitido e, em seu esteio, ao menos outros três assessores caíram.
Onyx só não foi completamente retirado do Governo porque o presidente tem uma espécie de dívida de gratidão com ele. Ainda em 2017, Onyx foi o primeiro deputado a declarar apoio à candidatura de Bolsonaro à presidência e promoveu dezenas de reuniões em sua casa em Brasília em busca de aliados dentro do parlamento.
Já Osmar Terra deve ser realocado em alguma embaixada. Além das falhas no Bolsa Família, ele perdeu força na função porque seu ministério assinou um contrato sem licitação com uma empresa de tecnologia da informação (a Bussiness Tecnology) mesmo tendo sido alertado por órgãos de controle de que a companhia tinha indícios de fraude. A empresa foi alvo de uma operação da Polícia Federal no início do mês. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo no último dia 10 de fevereiro.
Tanto Onyx como Terra são deputados federais pelo Rio Grande do Sul. Estão licenciados de seus cargos. Se voltassem à Câmara, não teriam destaque, já que os cargos de liderança estão ocupados. Além disso, no caso de Terra, seu retorno retiraria da função de vice-líder Darcísio Perondi, que é o primeiro suplente do MDB gaúcho na Casa e vice-líder do Governo.
FAP divulga seleção para preenchimento de vaga de auxiliar de logística
Interessados devem apenas cadastrar currículo no site da Soma Desenvolvimento Humano
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
A FAP (Fundação Astrojildo Pereira) informa que está aberta a seleção pública para a contratação de auxiliar de logística da entidade, localizada em Brasília. Os interessados devem ter, obrigatoriamente, ensino médio completo e curso técnico na área. Os currículos devem ser enviados apenas para a Soma Desenvolvimento Humano, responsável pela avaliação dos requisitos do cargo.
O salário é compatível com a média do mercado. A FAP não receberá currículos em sua sede, já que todos devem ser cadastrados apenas no site da empresa de recursos humanos responsável pela seleção (www.somadesenvolvimentohumano.com.br).
Os interessados também devem ter experiência em:
- Conferência e armazenamento de equipamentos, materiais de expediente, copa e publicações;
- Lançamentos de movimentação de entradas e saída;
- Gestão e controle de estoque;
- Auxílio em processos de logística;
- Conhecimento de pacote office.
Em caso de dúvidas, os interessados podem entrar em contato com a consultora de recursos humanos da Soma, Adriana Thompson, por e-mail (adriana@somadesenvolvimento.com.br).
Luiz Carlos Azedo: Notícias Populares
“A morte do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, no interior da Bahia, embora a versão oficial seja a de que resistiu à prisão, alimenta suspeitas de queima de arquivo”
Os programas de tevê que fazem a cobertura policial no estilo “bandido bom é bandido morto” foram a principal causa do fechamento do jornal Notícias Populares, ligado ao Grupo Folha, que circulou de 1963 a 2001 na capital paulista e se notabilizou pelas manchetes “se-espremer-sai-sangue”e fotos de mulheres nuas. Criado pelo romeno Jean Nelle, abusava do que hoje seria chamado de fake news, como a história do Bebê Diabo, uma série fantasiosa de reportagens sobre uma criança que nasceu com deformações físicas, e o desaparecimento de Roberto Carlos, que, na verdade, estava em viagem aos Estados Unidos e, por isso, não havia sido localizado pelos repórteres do jornal.
No Rio de Janeiro, o jornal Luta Democrática, fundado pelo político fluminense Tenório Cavalcanti, que circulou de 1954 a 1980, também abusava de manchetes sensacionalistas, como “Violada no Auditório”, a propósito do fato de o cantor Sérgio Ricardo ter quebrado o violão durante uma apresentação musical, e “Cachorro fez mal à moça”, um caso banal de infecção intestinal por causa de um sanduíche de salsicha, ambas de autoria do jornalista Carlos Vinhaes. Sexo, sangue, dinheiro e poder eram os quatro pilares dos jornais policiais norte-americanos da década de 1950 que serviram de paradigma para o NP e a Luta.
O escritor norte-americano James Ellroy, autor de Los Angeles — Cidade Proibida, se inspirou no noticiário policial para escrever sua trilogia sobre a política norte-americana, que começa com Tablóide Americano, sobre os bastidores do assassinato do presidente John Kennedy, continua com Seis Mil em Espécie, a operação de “queima de arquivo” da conspiração, e termina com Sangue Errante, no qual narra a derrocada norte-americana no Vietnã e os bastidores do governo de Richard Nixon. Todos foram publicados no Brasil pela Editora Record. Ellroy é um dos grandes escritores “noir”, gênero de literatura policial que surgiu nos Estados Unidos na época do macarthismo. Sua narrativa se baseava em pesquisas sobre personagens reais e muita literatura, ou seja, a fusão de realidade e ficção.
A morte do ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro Adriano da Nóbrega, que estava foragido no interior da Bahia, é um prato cheio para um escritor “noir”. Embora a versão oficial seja a de que resistiu à prisão, as circunstâncias de sua morte alimentam suspeitas de que teria havido uma “queima de arquivo”. Adriano não estava sendo investigado no caso do assassinato da vereadora do PSol Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, mas era um dos chefões do chamado Escritório do Crime, grupo de extermínio da milícia do Rio de Janeiro, do qual faziam parte o sargento reformado da PM Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, suspeitos do assassinato de Marielle.
Adriano era um dos denunciados da Operação Intocáveis, coordenada pelo Gaeco do Rio de Janeiro. Quando foi deflagrada, em janeiro de 2019, foram presos cinco homens acusados de integrar a milícia que atuava em grilagem de terra, agiotagem e pagamento de propina em Rio das Pedras e na Muzema, na Zona Oeste do Rio. Segundo a polícia baiana, estava sendo investigado por envolvimento em operações de compra e venda de gado e de fazendas na Bahia, para lavagem de dinheiro.
Parceiros
Primeiro, a operação ocorreu na Costa do Sauípe. Adriano não foi achado no local. Entretanto, o Bope da Bahia o localizou na chácara do vereador Gilson Lima, do PSL de Esplanada, município a 165 quilômetros de Salvador, irmão do deputado estadual Alex Lima, ex-PTN, hoje filiado ao PSB. Os dois são irmãos de Rodrigo de Dedé, ex-prefeito de Esplanada. O secretário de Segurança da Bahia, Maurício Barbosa, sustenta que os policiais abriram fogo contra Adriano porque ele resistiu à abordagem.
Adriano sempre teve ligações com Fabrício Queiroz, amigo do presidente Jair Bolsonaro e ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro, então deputado na Assembleia Legislativa fluminense. Os dois trabalhavam juntos no 18º Batalhão da Polícia Militar, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, quando mataram Anderson Rosa de Souza, durante uma ronda na Cidade de Deus. No mesmo ano, por iniciativa do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, a Assembleia Legislativa do Rio aprovou uma moção de louvor a Adriano “pelos inestimáveis serviços” prestados à PM.
Adriano foi condenado por homicídio em 2005. Mesmo assim, na Câmara, o então deputado federal Jair Bolsonaro discursou em sua defesa. E a Assembleia Legislativa do Rio concedeu a Adriano a Medalha Tiradentes, sua mais alta honraria, por iniciativa de Flávio. À época, Adriano já era ligado aos milicianos. Chefe de gabinete de Flávio na Assembleia, Queiroz empregou a filha e a ex-mulher de Adriano, que são acusadas pelo Ministério Público de terem devolvido a Queiroz R$ 203 mil, parte dos seus salários. Queiroz e Flávio são investigados por envolvimento com a chamada “rachadinha” da Alerj.
http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-noticias-populares/
Vladimir Safatle: Como a esquerda brasileira morreu
É um sintoma de que o grupo não é mais capaz de impor outro horizonte econômico-político e só conhece um horizonte de atuação, o “populismo”
Este é um artigo que gostaria de não ter escrito e não tenho prazer algum em fazer enunciações como a que dá corpo ao título. No entanto, talvez não haja nada mais adequado a falar a respeito da situação política brasileira atual, depois de um ano de Governo Jair Bolsonaro e a consolidação de seu apoio entre algo em torno um terço dos eleitores. Aqueles que acreditavam em alguma forma de colapso do Governo e de sua base precisam rever suas análises. O que vimos foi, na verdade, outro tipo de fenômeno, a saber, a inoperância completa do que um dia foi chamado de “a esquerda brasileira” enquanto força opositora. Não que se trate de afirmar que ela está diante do seu fim puro e simples. Melhor seria dizer que um longo ciclo que se confunde com sua própria história termina agora. O pior que pode acontecer nesses casos é “não tomar ciência de seu próprio fim” repetindo assim uma situação que lembra certo sonho descrito uma vez por Freud na qual um pai morto continua a agir como se estivesse vivo. A angústia do sonho vinha do fato do pai estar morto e nada querer saber disto. Se a esquerda brasileira não quiser ver sua morte definitiva como destino, seria importante se perguntar sobre qual é esse ciclo que termina, o que ele representou, quais seus limites.
Signos não faltaram para tal diagnóstico terminal. Contrariamente ao discurso de que o Governo Bolsonaro estaria paralisado, vimos ao contrário a aprovação de medidas até pouco tempo impensáveis, como a reforma previdenciária, isso sem nenhuma resistência digna deste nome. Ou seja, a maior derrota da história da classe trabalhadora brasileira foi feita sem que anotassem sequer o número da placa do carro responsável pelo atropelamento. Uma reforma da mesma natureza, mas menos brutal, está a tentar ser imposta na França. O resultado é uma sequência de greves e manifestações de vão já para o seu terceiro mês. Na verdade, o que vimos no Brasil foi o contrário, a saber, governos estaduais pretensamente de esquerda a aplicarem reformas estruturalmente semelhantes. Como se fosse o caso de dizer que, no final, governo e oposição comungam da mesma cartilha, sendo distinta apenas a forma e a intensidade de sua implementação. Fato que já havíamos visto com o segundo Governo Dilma e sua guinada neoliberal capitaneada por Joaquim Levy.
Isso é apenas um sintoma de que a esquerda brasileira não é mais capaz de impor outro horizonte econômico-político. Durante todo o ano de 2019, diante de um Governo cujas políticas visam a retomada, em chave autoritária, dos processos de concentração de renda, de acumulação primitiva e de extrativismo colonial, não foram poucos aqueles que esperaram da esquerda brasileira (todos os partidos e instituições inclusas) a expressão de outro tipo de política. A esquerda governa estados, municípios grandes e pequenos, mas de nenhum deles saiu um conjunto de políticas que fosse capaz de indicar a viabilidade de rupturas estruturais com o modelo neoliberal que nos é imposto agora. Houve época que a esquerda, mesmo governando apenas municípios, conseguia obrigar o país a discutir pautas sobre políticas sociais inovadoras, partilha de poder e modificação de processos produtivos. Não há sequer sobra disto agora.
Talvez seja o caso de insistir neste ponto porque, como dizia Maquiavel, o povo prefere um governo ruim a governo nenhum. Não são as qualidades do Governo Bolsonaro que dão a ele certa adesão popular. É o vazio, é o fato de não haver nenhuma outra alternativa realmente crível neste momento. E a razão disso é simples: a esquerda brasileira morreu, ela tocou seu limite e demonstrou não ser capaz de ultrapassá-lo. Isso vale tanto para partidos, sindicatos quanto para a classe intelectual (na qual me incluo). Nossas ações até agora não se demonstraram à altura dos desafios efetivos. O melhor a fazer seria começar a se perguntar pela razão de tal situação.
Coloquemos uma hipótese de trabalho: a esquerda brasileira conhece apenas um horizonte de atuação, este que atualmente chamaríamos de “populismo de esquerda”. Foi ele que se esgotou sem que a esquerda nacional tenha se demonstrado capaz de passar para outra fase ou mesmo de imaginar o que poderia ser “outra fase”. Entende-se por populismo de esquerda um modelo de construção de hegemonia baseado na emergência política do povo contra as oligarquias tradicionais detentoras do poder. Este povo é, na verdade, produzido através da convergência de múltiplas demandas sociais distintas e normalmente reprimidas. Demandas contra a espoliação de setores sociais, contra a opressão racial, contra os legados do colonialismo: todas elas devem convergir em uma figura que seja capaz de representar e vocalizar esta emergência de um novo sujeito político.
No entanto, o caráter nacionalista do populismo permite também a inclusão de setores descontentes da oligarquia, grupos da burguesia nacional dispostos a ter um papel “mais ativo” nas dinâmicas de globalização. Assim, o “povo”, neste caso, nasce como uma monstruosa entidade meio burguesia, meio proletariado. Uma mistura de JBS Friboi com MST.
Este é o modelo que a esquerda nacional tentou implementar em sua primeira tentativa de governar o Brasil: a que termina com o golpe militar contra o Governo João Goulart. Na ocasião, um dos personagens mais lúcidos de então, Carlos Marighella, faz um diagnóstico preciso: a esquerda havia apostado na conciliação com setores da burguesia nacional e com setores “nacionalistas” das forças armadas dentro de governos populistas de esquerda. Ela colocou toda sua capacidade de mobilização a reboque de uma política que parecia impor mudanças seguras e graduais. Ao final, tudo o que ela conseguiu foi estar despreparada para o golpe, sem capacidade alguma de reação efetiva diante dos retrocessos que se seguiriam.
A lição de Marighella não foi ouvida. Tanto que a esquerda brasileira fará o mesmo erro com o final da ditadura militar e com o advento da Nova República. A história será simplesmente a mesma: o movimento em direção a um jogo de alianças entre demandas sociais e interesses de oligarquias locais descontentes tendo em vista mudanças “graduais e seguras” que serão varridas do mapa na primeira reação bem articulada da direita nacional.
Nesse sentido, nossa história segue os passos da história argentina: outro campo de ensaio do populismo de esquerda. Mas há um diferença substancial aqui. Depois da experiência ditatorial, a Argentina soube criar um linha de contenção de impulsos golpistas. Hoje, quase mil pessoas ainda se encontram nas cadeias argentinas por crimes da ditadura. No Brasil, ninguém foi preso. A resposta argentina produziu uma linha de contenção, inexistente entre nós, que permitiu ao peronismo ter ressureições periódicas. Dificilmente, essa será a história brasileira daqui para frente, pois o risco de deriva militar é real entre nós.
Mas há ainda um outro fator decisivo. O colapso do lulismo não foi seguido apenas de um golpe parlamentar apoiado em práticas criminosas de setores do poder judiciário. Ele foi seguido da criação de uma espécie de antídoto à reemergência do corpo político populista. O que vimos, e agora isto está cada vez mais claro, foi a emergência de um corpo fascista. Mas o corpo político fascista é normalmente a versão terrorista e invertida de um corpo político anterior, marcado pela emergência do povo e pelas promessas de transformação social. Dessa forma, ele acaba por bloquear sua ressurgência. Já se disse que todo fascismo nasce de uma revolução abortada. Nada mais justo.
Theodor Adorno um dia descreveu o líder fascista como uma mistura de King Kong e barbeiro de subúrbio (certamente pensando no Chaplin de O grande ditador). Essa articulação entre contrários é fundamental. A pretensa onipotência do líder fascista deve andar juntamente com sua fragilidade. O líder fascista deve ser “alguém como nós”, com a mesma falta de cerimônia, a mesma simplicidade e irritação que nós. A identificação é feita com as fraquezas, não com os ideais. Ele deve ser alguém que come miojo em banquetes presidenciais, que se veste de maneira desajeitada como alguém do povo. Ele deve a todo momento dizer que está a combater as elites que sempre governaram esse país (que agora serão os artistas, as universidades, os “cosmopolitas” e “globalistas”). Ele deve mostrar que não é alguém da elite política, que na verdade tal elite o detesta. Pois se trata de criar um antídoto para toda forma de tentativa de recuperar a produção do povo como processo de emergência de dinâmicas de transformação social.
Dessa forma, tudo se passa como se Bolsonaro fosse uma versão militarizada de seu oposto, a saber, Lula. Não se trata com isso de afirmar que estamos presos em uma polaridade. Ao contrário, trata-se de dizer que tudo foi feito para anular a polaridade real, criando um duplo imaginário. Nunca entenderemos nada das regressões fascistas se não compreendermos estas lógicas dos duplos políticos. Se há algo que nos falta é exatamente polaridade. Temos pouca polaridade e muita duplicidade.
O fato é que tal dinâmica demonstrou-se eficaz. Ela quebrou os processos de incorporações populistas que foram, até agora, a alma da esquerda brasileira. Por isso, o que vemos agora é uma esquerda sem capacidade de ação, pois atordoada com o fato de a direita brasileira ter, enfim, produzido a sua figura com capacidade de incorporação do povo, agora sem o erro de apostar em um egresso da elite político-econômica (Collor) ou em alguém sem vínculos orgânicos com o militarismo fascista (Jânio).
Numa situação como essa, a esquerda nacional ainda paga o preço de ter sido formada para a coalizão e para a negociação. Esse é seu DNA, desde a política de alinhamento do PCB aos ditames anti-revolucionários do Soviete Supremo. Por isso, ela não sabe o que fazer quando precisa mudar o jogo e caminhar para o extremo. Sua inteligência não age nesse sentido, suas estruturas não agem nesse sentido, sua classe política não age nesse sentido. Seus movimentos de revolta perdem-se no ar por não ter nenhuma sustentação ou coordenação de medio e longo prazo. Foi assim que ela morreu. Se ela quiser voltar a viver, toda essa história tem que chegar a um fim. Ela deverá tomar ciência de seu fim.
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Obra de Luiz Jorge Werneck Vianna apresenta duas das principais paixões do autor: o Brasil e a democracia
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
O cientista social Luiz Jorge Werneck Vianna, de 81 anos, professor da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), é um defensor intransigente da democracia, analisa os fatos por meio de uma compreensão crítica da realidade e da história e sustenta uma legítima teoria sobre o Brasil como Estado nacional e comunidade política. No livro Diálogos Gramscianos Sobre o Brasil Atual (2018), uma de suas obras mais recentes à venda no site da Amazon e produzida com entrevistas realizadas por ele com diversos interlocutores, o autor apresenta um enigma da política brasileira. O livro foi editado em parceria entre Verbena Editora, FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e Fundação Gramsci.
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Um dos maiores intérpretes brasileiros de Antonio Gramsci, Vianna mostra, em seu livro, entrevistas que contemplam o período de 2007 a 2018 e que vão além de meras análises de conjuntura. O autor nasceu no Rio de Janeiro em novembro de 1938. Concluiu o curso de graduação em Direito pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), em 1962. Em 1967, terminou a segunda graduação, em Ciências Sociais, pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Em 1970 concluiu o Mestrado em Ciência Política pelo Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro) e, em 1976, obteve título de doutor em Sociologia pela USP (Universidade de São Paulo).
O cientista político Rubem Barboza Filho registrou sua avaliação na contracapa do livro. “Nesta coletânea, o leitor irá se deparar com a reflexão, em ato, de um de nossos maiores intelectuais”, diz, para continuar: “Longe da impotência reflexiva que esteriliza as nossas conhecidas divisões, Luiz Werneck Vianna reafirma, com uma verve que associa a visão de longo prazo e a face das conjunturas, duas de suas paixões: o Brasil e a democracia. Paixões que alimentam a lucidez profética de quem não aceita para o país outro futuro senão uma vida democrática cada vez mais densa e produtiva”.
País sufocado
Leitor de Vianna, o doutor em ciência política pela USP e professor de teoria política na Unesp (Universidade Estadual Paulista) Marco Aurélio Nogueira atesta a visão que o autor deixa no livro. “Um país sufocado pela centralidade do Estado, que modelou a modernização de modo a prolongar a marginalidade das classes subalternas e a travar o próprio moderno. Tratou-se de uma ‘estatalização’ que não foi incentivada e organizada somente pelas elites dominantes, mas também pelos atores que buscaram se apresentar como expressão da esquerda”, afirma Nogueira.
O livro também procura acompanhar os desdobramentos recentes do processo político no Brasil, segundo Nogueira, olhando em detalhe a “era Dilma” (2011-2015), com sua tentativa fracassada de patrocinar um desenvolvimentismo sem foco emancipatório e destinado basicamente a servir de plataforma para a reprodução de um bloco de forças no poder. “A consequência disso não foi apenas o impulsionamento de uma grave crise econômica e fiscal, como também a perda da base parlamentar, que levou ao impeachment, e uma crise política de vastas proporções, com a qual ainda temos de lidar”, diz o professor da Unesp.
Luiz Werneck Vianna é presidente da ANPOCS (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) e foi professor do Iuperj. Ele também é autor de outros livros à venda no site da Amazon, como Ensaios sobre política, direito e sociedade (2015), Modernização sem o Moderno (2011), A Revolução Passiva (2004) e A Judicialização da Política e das Relações Sociais no Brasil (1998).
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Valor: Livro de André Lara Resende reúne ensaios que criticam visão dominante da teoria econômica
André Lara Resende reúne, em livro, ensaios que criticam a visão dominante da teoria econômica: "Estávamos errados"
Por Diego Viana e Robinson Borges | Valor Econômico / Eu & Fim de Semana
SÃO PAULO - Desde 2017, os artigos do economista André Lara Resende publicados no Valor têm sido alvo de controvérsias. Suas críticas à política de juros e à teoria macroeconômica que embasam decisões e análises no Brasil geram reações em outros economistas, provocando debates duradouros. Suas opiniões sobre a natureza da moeda e o peso da dívida pública vão na contramão das teorias mais tradicionais.
Em “Consenso e Contrassenso: Por uma Economia Não Dogmática”, livro lançado hoje pela Portfolio-Penguin, o economista retoma os artigos publicados no ano passado e vai além. Relembra a própria trajetória como pesquisador e investidor, sua participação na elaboração dos planos Cruzado e Real e na negociação da dívida externa. O título do livro é extraído do primeiro artigo publicado no ano passado, que tratava das transformações na macroeconomia desde a crise de 2008. Com seu subtítulo, “Déficit, Dívida e Previdência”, o ensaio anunciava que as relações entre o endividamento público e a evolução do déficit fiscal não ocorrem do modo como se costumava pensar.
Coautor dos artigos que introduziram a noção de inflação inercial e contribuíram para formular o Plano Real, o economista é crítico da política de juros implementada no país desde 1994. A Selic alta não contribuiu para segurar a inflação e ainda teve impacto na dívida pública e no baixo crescimento. Assim, a recente redução dos juros pelo Banco Central é vista como uma correção de rumos, embora tardia.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista de Lara Resende ao Valor:
Valor: No ano passado, seus artigos geraram uma cascata de respostas e réplicas. Como o senhor avalia o debate suscitado, em termos de qualidade e pertinência?
André Lara Resende: Interpreto isso como sinal de que tocaram num ponto nevrálgico. Como digo na introdução de meu novo livro, depois de dois anos de profunda recessão, 2015 e 2016, a economia brasileira continua estagnada. Enquanto a renda da China é hoje 18 vezes o que era há 40 anos, a brasileira não chega ao dobro do que era em 1979. A distância entre o Brasil e os países avançados não se reduziu. Pelo contrário, aumentou. Não foi possível superar o fosso que separa o Brasil rico e moderno do Brasil onde impera a miséria e a desesperança. Sem inflação e sem dívida externa, o país está paralisado, preso a uma armadilha ideológica imposta pelos cânones de uma teoria macroeconômica anacrônica.
Valor: Um dos pontos controversos de seus ensaios é a afirmação de que a restrição financeira do Estado é política e não econômica. Qual é o peso político-ideológico nessa questão?
Lara Resende: A questão de que um Estado emissor de moeda fiduciária não tem restrição financeira é de lógica. E não é novidade. Está em [John Maynard] Keynes. Enquanto a moeda era lastreada, metálica, obrigava o Estado a ter certa restrição. E toda vez que o Estado precisava, por questões de força maior - quase sempre em caso de guerra ou depois no caso de crises bancárias -, modificava a quantidade de lastro da moeda para emitir mais. Nos últimos anos, especialmente após a crise de 2008, houve uma obsessão com a ideia do equilíbrio orçamentário. Mas sempre foi política. Nos EUA, por exemplo, por anos o Partido Republicano foi obcecado com o desequilíbrio do orçamento fiscal. Enquanto o Partido Democrata foi mais tolerante. O que é impressionante é o dogmatismo com que a passou a ser defendida.
Valor: Como o senhor analisa essa questão?
Lara Resende: Como menciono num dos artigos do livro, chegou-se a afirmar a ideia de austeridade expansionista, o que é uma contradição em termos. Ao contrair o gasto fiscal, você faria a economia se expandir. Depois da irresponsabilidade com que os gastos fiscais foram feitos na gestão do PT, especialmente no [governo] Dilma e no segundo mandato do Lula, houve uma espécie de estresse pós-traumático. Qualquer coisa que se fale sobre aumentar gastos públicos é percebida como se fosse estapafúrdia. Na verdade, ter certa disciplina fiscal é sempre desejável. Em todos meus artigos sempre digo isso. Existe uma restrição efetiva, que é a capacidade instalada da economia e do emprego. Se começar a pressionar os limites, começa a pôr pressão, [provoca] desequilíbrio externo. Cria redução de superávit no balanço de pagamentos, balança comercial e, eventualmente, começa a ter pressões inflacionárias. Existem restrições? Existem, mas não é uma questão financeira, sempre e a qualquer custo, do equilíbrio fiscal e financeiro.
Valor: Para o senhor, essa visão traz efeitos para o Brasil, que não faria investimentos necessários?
Lara Resende: Em momentos como o Brasil de hoje, que está com muita capacidade ociosa, grande desemprego e profundas necessidades de gastos públicos - infraestrutura, saneamento, saúde, educação, segurança -, é fundamental poder fazer esses gastos. É melhor para a confiança e para atrair investimentos privados internos e externos do que a ideia de uma obsessão de equilibrar o orçamento a qualquer custo, no curto prazo.
Valor: O senhor argumenta haver uma espécie de retórica “científica” dos economistas para poder fazer um contrapeso ao poder de um Estado, demagogo, que estaria “livre para gastar demais”...
Lara Resende: Como digo no meu ensaio sobre a moeda e a política, a questão é que sempre houve uma tensão permanente. Ao reconhecer que o Estado emissor da moeda não tem restrição financeira, há sempre o risco de o Estado gastar de forma conspícua, favorecendo a própria corte, a aristocracia e seus ocupantes. O risco de o Estado gastar mal, ser um Estado corporativista, defendendo os interesses dos seus funcionários e dos donos do poder sempre existirá e é preciso controlá-la. Uma forma de controlá-la foi a ideia de que a moeda emitida pelo Estado tivesse lastro metálico. Mas isso criava “iliquidez”, o que era prejudicial para a economia. Sempre houve essa contradição. No século XX, para efeitos práticos, terminou o padrão-ouro, as moedas são fiduciárias, não tem mais como impor ao Estado essa restrição. Inventou-se então a teoria quantitativa da moeda, cujo grande defensor foi Milton Friedman, na Universidade de Chicago, dizendo: “Embora não haja necessidade do lastro para emitir moeda, não se pode emitir mais moeda do que o crescimento da renda nominal - a teoria quantitativa da moeda -, senão vai causar inflação. Isso nunca foi empiricamente correto, mas foi muito aceito.
Valor: A crise de 2008 teve um peso na revisão dessa teoria?
Lara Resende: Com o quantitative easing [afrouxamento monetário], a expansão monetária que todos os bancos centrais dos países desenvolvidos fizeram depois da crise de 2008, isso [a teoria dominante] foi completamente desmoralizado. Veste-se como uma coisa técnica, com cientificidade, uma restrição que é uma restrição exclusivamente política. Essa exigência do equilíbrio fiscal é contraproducente em momentos de recessão e em momentos em que há necessidade de investimentos em infraestrutura. É o caso do Brasil, que está com infraestrutura “colapsada”. Tudo o que falta ao Brasil são serviços públicos de qualidade, são gastos públicos e investimentos de qualidade, e o Brasil está de mãos atadas. Quando você diz que o Estado não tem restrição financeira, assusta aqueles que consideram que o Estado não pode fazer e nunca fará nada certo. Precisa restringir ao máximo o Estado.... E é música para os ouvidos daqueles que acham que o Estado nunca faz nada errado. A direita tem horror e a esquerda fica fascinada. Os dois não estão corretos. O Estado pode fazer coisas certas e coisas erradas.
Valor: Qual é o papel do Estado?
Lara Resende: Não há saída para o mundo contemporâneo sem um Estado competente e eficiente, produtivo, que entenda o espaço, que gaste e trabalhe a favor da população. O Estado é para defender o interesse público, o bem público, não o interesse corporativista dos seus ocupantes, os interesses eleitorais ou demagógicos dos donos do poder no momento. O fato de estarmos numa democracia representativa e de termos visto abuso de gasto do Estado não é razão para inventar restrição.
Valor: O senhor considera que moeda é um bem público indissociável do poder e das instituições, e não uma criação espontânea dos mercados?
Lara Resende: Para o [professor da London School of Economics] David Graeber, autor de “Debt”, o mito fundador da economia contemporânea é a ideia de que a moeda é uma criação espontânea dos mercados. Uma economia funcionando como uma economia de escambo é uma economia exatamente como a nossa, contemporânea, só que não tem moeda, só escambo. Então cria-se uma mercadoria que vira de aceitação geral, a moeda. O Graeber mostra que isso nunca foi verdade. Você só começa a criar a ideia de troca, de mercado, quando cria a moeda. E só se cria moeda quando tem um poder central: o Estado. Não existe mercado sem a moeda e não existe moeda sem Estado, logo não existe mercado sem Estado. O que cria mercado competitivo e competente, produtivo, é um Estado competente e com consciência da importância do mercado competitivo.
Valor: Ao falar do papel do Estado, o senhor considera que a democracia representativa precisa ser repensada?
Lara Resende: Tem de resolver o problema do Estado, um problema político. Como se organiza uma democracia representativa no mundo contemporâneo, com mídia social, internet? A democracia representativa no século XX, dos “founding fathers”, tinha a ideia de que o Estado contemporâneo tem que ser tocado pela elite, como sempre foi no mundo. Essa elite deixou de ser, no século XX, uma elite aristocrática, portanto de sangue, para ser uma elite de competência, mas é elite. Questões de Estado são complicadas demais para serem tocadas por assembleias populares. Então, a democracia é representativa. Você pode mudar entre diferentes grupos da elite, que estão representando interesses diferentes, ou visões de mundo ligeiramente diferentes sobre a sociedade, não podem ser muito diferentes senão a coisa não funciona, mas é o que acontece. Quando você desmonta essa estrutura e passa a ter uma ideia de caminhar em direção a uma democracia direta, “assembleísta”, cria os problemas que o mundo enfrenta. A defesa foi o Estado ser ocupado por tecnocráticos, a independência do Banco Central, a Comissão Europeia. Os políticos são eleitos, mas não mandam mais nada.
Valor: Qual é o efeito desse fenômeno?
Lara Resende: Hoje os eleitores percebem que elegem políticos que não mandam nada e, como eles não mandam nada, passaram a defender seus interesses corporativistas e, portanto, interesses corporativistas cada vez mais corruptos. Os eleitores ficam indignados com essa percepção, consciente ou inconscientemente, de que “a democracia está parecendo uma farsa”, e é essa tentação populista, da ideia de “contra”, que é o Trump nos Estados Unidos, contra o “pântano” de Washington, e no Brasil, que é o bolsonarismo, contra “o establishment político”, que é “corrupto”. “Nós é que vamos fazer isso diretamente, de uma forma autoritária, diretamente representando o povo.”
Valor: Na sua opinião, por que muitos economistas reagiram aos seus artigos da forma como fizeram?
Lara Resende: Primeiro, os economistas do “mainstream”, a visão dominante no Brasil, são fiscalistas. A ideia é fazer o ajuste fiscal e deixar que a confiança, os investimentos privados e os investimentos estrangeiros façam tudo o que for necessário para a economia. Isso é um liberalismo completamente equivocado. Eu me considero um liberal, mas isso é uma versão ingênua e profundamente equivocada de como funciona a economia. Segundo, minha crítica é muito profunda sobre a macroeconomia mainstream. Estou dizendo: toda a macroeconomia está construída sobre bases equivocadas. Isso é perturbador para economistas com essa formação, como a minha. Só que você tem de reconhecer: estávamos errados. Como os economistas, principalmente os macroeconomistas, se tornaram homens públicos - na verdade políticos, fazem política, embora pretendam estar fazendo ciência -, isso ameaça a legitimidade para se expressar na vida pública. A questão é: a macroeconomia estava errada. Circunstancialmente funcionou durante certo tempo.
Valor: O que mudou?
Lara Resende:Desde o fim do século passado ela não é mais adequada para explicar o funcionamento da economia. A economia hoje é de puro crédito, a visão de moeda creditícia é incompatível com a da teoria monetária do início do século passado. Existe, portanto, uma razão política e uma ameaça sobre a estrutura teórica da macroeconomia, que fundamenta a sua legitimidade de opinar na política.
Valor: Quando o crescimento começou a voltar nos EUA, o Fed reverteu o QE, mas a economia voltou a desacelerar e o portfólio do Fed subiu novamente. Em 2013, o senhor se referia ao QE como “um grande ponto de interrogação”. O que aprendemos com ele, além do fato de que o aumento da base monetária não traz inflação?
Lara Resende: O QE não provocou inflação, como previa a ortodoxia monetária, mas não foi capaz de estimular o crescimento. Para isso, seria necessário fazer uso de uma política fiscal keynesiana, reduzir impostos e expandir os investimentos públicos, sem preocupação com o equilíbrio orçamentário. Quando a taxa de juros está próxima de zero, o custo da dívida pública é insignificante. Investimentos públicos na infraestrutura e em outras áreas que estimulem a produtividade não correm o risco de elevar de forma permanente a relação da dívida com o PIB. Infelizmente, também nas economias avançadas, o dogma do equilíbrio fiscal prevaleceu. Quando o governo de Donald Trump, por outras razões, finalmente cortou os impostos, a recuperação da economia se consolidou e o desemprego chegou ao seu mínimo histórico, sem qualquer indício de inflação. A inflação é uma questão de expectativas coletivas. Uma vez ancoradas, são mais estáveis do que se imaginava.
Valor: No livro, o senhor também contesta a tese de que a dívida pública é um ônus a ser arcado pelas gerações futuras como muitos economistas advogam. Por quê?
Lara Resende: Isso é um equívoco lógico. Para ficar claro, a dívida pública é interna, não externa. Quem é o detentor da dívida pública interna? São os credores, o próprio país. Os devedores são aqueles que vão pagar, no futuro, os impostos, os contribuintes. Quem são os credores? São os detentores da dívida pública. Quem são os detentores da dívida pública? Os agentes superavitários. Então, existe um elemento distributivo na dívida pública. Quando a dívida pública é justificável? Se você emitiu dívida pública para fazer investimentos que beneficiam a todos, inclusive aos mais pobres, é razoável. Sempre serão os agentes superavitários que vão deter a dívida pública, e esses agentes superavitários tendem a ser um dos mais ricos nos países muito injustos, mas são fundações, todos os fundos de aposentadoria - que não necessariamente são superavitários; são poupadores, que detêm a dívida pública. O errado é perceber a dívida pública como ameaça, quando a dívida pública é uma dívida de nós com nós mesmos. Então, tem efeitos sobre como os gastos que foram financiados com a emissão dessa dívida pública são feitos. O mais importante é que sejam benfeitos, que beneficiem a produtividade e o bem-estar de todos, portanto os serviços públicos, investimento em infraestrutura, saúde, educação, segurança
Valor: Depois do efeito distributivo não pode ficar um ônus fiscal?
Lara Resende: Só haverá ônus fiscal, como disse num artigo, se a taxa de juros da dívida pública for muito superior à taxa de crescimento da economia. Se não for, não haverá ônus, o próprio crescimento resolve a questão do pagamento dos juros da dívida. Outra questão é: não há razão nenhuma para ter, por períodos prolongados, a taxa de juros real da dívida pública, a taxa básica, que é totalmente controlada pelo Banco Central, acima da taxa de crescimento da economia. Você não tem problema nenhum em emitir dívida pública, desde que você garanta que a taxa de juro real não será superior, por muito tempo, à taxa de crescimento da economia. Com isso, você não terá crescimento da razão dívida-PIB. Como hoje no mundo todo as taxas de juro são praticamente zero, a taxa real zero, até negativa em tantos países, e a taxa de crescimento, embora baixa, 1,5%, 2,5%, é muito superior, então não há restrição nenhuma para emissão de dívida pública.
Valor: Isso se aplica ao Brasil também?
Lara Resende: Isso vale para o Brasil também. Agora a taxa de juro no Brasil ainda é positiva, mas já vi duas entrevistas de gestores dizendo que o Banco Central está criando uma bolha. Qual é o problema? Se criar, corrija o mercado acionário. Bolha na bolsa brasileira, isso é irrelevante. Agora, a grande mídia tende a olhar, a só responder a essa visão, que é a visão da bolsa, a visão da Faria Lima. Essa visão é monolítica, sem um instante de reflexão.
Valor: O Brasil vivenciou, nos últimos anos, uma queda da inflação e dos juros. É duradoura? Como aponta no livro, a explicação para a inflação deve ser buscada no longo prazo; esta desinflação também reflete processos de longo prazo?
Lara Resende: O Banco Central, na gestão de Roberto Campos Neto, finalmente se deu conta do equívoco que era manter a taxa de juros básica nos níveis absurdamente altos em que foram mantidas desde o Plano Real. Sobretudo diante do desemprego e do alto nível de capacidade ociosa observados desde a recessão de 2014 e 2015, a política de juros do Banco Central era absolutamente injustificável. Tenho a impressão de que a alta taxa de juros apenas agravou o desequilíbrio fiscal e desestimulou o investimento, sem, já há muito anos, dar qualquer contribuição para o controle da inflação.
Valor: O senhor criticou a resposta do governo brasileiro à crise em 2008 como “oportunidade perdida para baixar os juros”. Corrigiu-se o erro daquele momento?
Lara Resende: Sim, corrigiu-se com mais de dez anos de atraso e com um altíssimo custo em termos de investimentos, do crescimento e do aumento da relação da dívida com o PIB.
Valor: Comentando o período prolongado de juros baixos no mundo desenvolvido, o ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers se referiu a um “buraco negro dos juros”. Essa situação tende a se perpetuar?
Lara Resende: A convivência com juros muito baixos e até mesmo negativos é uma situação nova e inusitada. Não é o caso do Brasil, que, apesar da queda recente, ainda tem juros reais positivos. O experimento da expansão de reservas bancárias, ou seja, de emissão de moeda, o chamado QE, promovido pelos principais bancos centrais do mundo desenvolvido, sem que houvesse sinal de volta da inflação, comprovou quão equivocada estava a teoria monetária dominante. Qual o efeito a longo prazo de juros negativos e se vão continuar muito baixos por muito tempo é difícil dizer. Mas estou entre os que acreditam que os juros serão bem mais baixos no futuro do que foram no século passado.
Valor: A ideia de que a correlação entre juros e inflação é oposta ao que crê tradicionalmente a economia faz pensar na expectativa de inflação no Brasil, que voltou a subir no fim de 2019. Se a causalidade é inversa ao que se pensava, subir os juros para responder a uma eventual alta da inflação seria um erro?
Lara Resende: A conjectura, levantada originalmente [pelo economista] John Cochrane, de que a relação entre a taxa de juros básica e a inflação pudesse ser positiva, e não negativa como sempre supôs a teoria macroeconômica, não é tão estapafúrdia quanto pode parecer. Apesar de, no curto prazo, o juro alto desestimular a demanda e moderar as pressões inflacionárias, se mantido por muito tempo, induz os agentes a inferir que o BC, que é quem mais tem informação sobre a inflação futura, espera que ela seja alta. A taxa de juros básica, assim como a taxa de câmbio e os salários, seria, assim, um dos principais preços balizadores das expectativas de inflação. A inflação no Brasil acompanhou a queda da taxa de juros e as expectativas parecem ancoradas. Não há motivo para especular sobre uma eventual alta da taxa de juros apenas porque a inflação nos últimos meses do ano passado ficou ligeiramente acima do esperado.
Valor: Com a reforma da Previdência quase concluída, como ela se encaixa no que o senhor esperaria de uma reforma dessas?
Lara Resende: Com o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida, o sistema previdenciário de repartição se torna deficitário e precisa ser revisto. O problema ocorre no mundo todo, não apenas no Brasil. Além de deficitária, a previdência brasileira é injusta, porque o funcionalismo público, em todos os níveis e nas diferentes esferas do Estado, tem aposentadorias incomparavelmente mais generosas do que o trabalhador do setor privado, que se aposenta pelo INSS, regido pelo RGPS [Regime Geral da Previdência Social]. A atual reforma, focalizada primordialmente no RGPS, além de não constituir uma solução definitiva, não enfrentou o corporativismo do funcionalismo. Manteve seus privilégios praticamente intactos.
Valor: O senhor foi um dos primeiros economistas brasileiros a demonstrar interesse pela Teoria Monetária Moderna (MMT). Poderia contar sobre como conheceu essa corrente?
Lara Resende: Apesar do nome, a MMT nada tem de nova. Recupera uma longa tradição na história da teoria da moeda, que Joseph Schumpeter, na sua “História da Análise Econômica”, chamou de teorias creditícias da moeda. A essência da moeda é ser uma unidade contábil de créditos e débitos entre os agentes da sociedade. A MMT recuperou as teorias creditícias da moeda e, por isso, não comete os equívocos dos que insistem em ver a moeda como mercadoria. É uma descrição muito mais realista do funcionamento dos bancos centrais e dos mercados financeiros num sistema de moeda fiduciária, como são todos os sistemas monetários contemporâneos.
Valor: Se gastos públicos, taxação e outras variáveis são cruciais, como no caso da MMT, então a macroeconomia começa a se parecer com um ramo da ciência política. É ilusório pensar a economia como um campo autônomo?
Lara Resende: É completamente equivocado pensar a economia como um campo autônomo. Até o século XIX a economia era um campo da filosofia. Foi a partir do fim do século XIX e o início do século XX que a teoria econômica se separou das demais ciências sociais e históricas. Adotou, então, a formulação e a metodologia que hoje lhe são características. O aparente rigor analítico lhe permitiu se arvorar como uma disciplina, mais do que independente, superior às demais ciências humanas. Basta um segundo de reflexão para concluir que questões como quanto e como tributar, onde e como investir recursos públicos, têm um inescapável componente político. Mas não apenas as questões tributárias e monetárias são eminentemente políticas, toda e qualquer questão econômica não pode ser analisada fora do seu contexto político e social.
Valor: O senhor sugere que, na última década, os bancos centrais fizeram política fiscal veladamente. E o senhor marca a diferença entre essa política fiscal e a que é feita pelo Executivo: são compras de ativos, não investimentos em infraestrutura ou transferências. Trata-se de uma transferência de soberania para os BCs?
Lara Resende: Quando os bancos centrais expandem a base monetária, como fizeram com o QE, para adquirir ativos, desalavancar os bancos e impedir o colapso do sistema financeiro, estão fazendo um misto de política fiscal e monetária. Estão financiando gastos públicos para adquirir ativos financeiros. Não salvaram apenas o sistema financeiro, mas provavelmente toda a economia mundial de um colapso sem precedentes. De toda forma, se é possível expandir gastos extraorçamento fiscal para uma emergência como essa, cabe sempre a pergunta: por que não também expandir gastos extraorçamentários para outras questões vitais que contribuam para o aumento da produtividade e do bem-estar? A exigência de que se equilibre o orçamento fiscal é uma restrição autoimposta que se justifica para evitar a tentação de gastos irresponsáveis, demagógicos e até mesmo corruptos, mas acaba sendo uma camisa de força que impede gastos plenamente justificáveis. Como definir tais gastos justificáveis e como evitar os injustificáveis? Não é uma questão simples, sobretudo nas democracias representativas, mas é algo que precisa ser urgentemente examinado. O custo do equilíbrio fiscal mantido a ferro e fogo, como se fosse um imperativo natural, muitas vezes é excessivo.
Valor: Qual é sua visão sobre o Green New Deal? Um programa de investimentos tão ambicioso é viável atualmente?
Lara Resende: Acho importante que seja discutido com seriedade.
Valor: Sobre os modelos DSGE [dinâmicos estocásticos de equilíbrio geral], o senhor comenta que, depois da crise, finalmente começou uma tentativa de introduzir neles a finança e a moeda. Quão longe foi esse esforço? A mudança provocou grandes transformações nos resultados e nas conclusões da macroeconomia?
Lara Resende: Com a grande crise financeira das economias desenvolvidas de 2008, o irrealismo dos modelos macroeconômicos, nos quais não havia moeda, nem sistema financeiro, ficou patente e se tornou insustentável. Houve, realmente, um esforço da teoria predominante para incorporar o sistema financeiro e tentar dar um toque de realismo aos modelos. Mas, como insistem em partir de uma concepção equivocada da moeda e a privilegiar a formalização matemática, os novos modelos acrescentaram muito pouco à capacidade de formulação de políticas públicas.
Valor: Há alguns anos, o senhor se lamentava que a macroeconomia tinha virado uma “área menor da matemática aplicada”, porque não incorporava problemas de ordem social e política. Isto está mudando?
Lara Resende: É verdade. A teoria macroeconômica, na busca de se equiparar às ciências da natureza, adotou uma excessiva formalização matemática. Levada ao paroxismo, a macroeconomia hoje ensinada aos alunos de doutorado nas principais universidades americanas, que ainda servem de referência acadêmica, perdeu toda a capacidade de representar a realidade complexa das questões econômicas que são indissociáveis de suas dimensões psicológicas, políticas e sociais. Tornou-se, de fato, uma área menor da matemática aplicada.
El País: Artistas e intelectuais lançam manifesto internacional contra censura no Governo Bolsonaro
Texto assinado por nomes como Caetano Veloso, Sting e Noam Chomsky pede atenção da comunidade global para o que chama de escalada autoritária na política brasileira
Artistas, intelectuais e políticos do Brasil e de diversos países lançam nesta sexta-feira um manifesto contra o cerceamento de instituições culturais, científicas e educacionais, além da imprensa, pelo Governo Jair Bolsonaro (sem partido). No texto, que inclui até o momento cerca de 1.900 assinaturas, os manifestantes convocam a comunidade internacional a se manifestar publicamente contra a censura no país.
Nomes da cultura brasileira como Caetano Veloso e Chico Buarque, estrelas internacionais como Sting e Willem Dafoe e escritores consagrados como o moçambicano Mia Couto e o português Valter Hugo Mãe assinam a carta. Entre os intelectuais estão o linguista Noam Chomky, o cientista político Steven Levitsky —autor do livro Como as democracias morrem— e os historiadores Lilia Schwarcz e Boris Fausto.
Entre os exemplos do que os autores chamam de “escalada autoritária” o texto cita nomeações, tentativas de mudanças em livros didáticos e no conteúdo de filmes e restrição ao acesso a bolsas de pesquisa em universidades. “A administração Bolsonaro deixou claro que não tolerará qualquer desvio de sua política ultraconservadora”, afirma o manifesto. “A partir de um programa moralista e ideológico fechado e compactuado, essa administração busca mudar o conteúdo dos livros escolares, dos filmes nacionais, restringir o acesso a bolsas de estudo e de pesquisa, intimidar o corpo docente, os jornalistas e os cientistas."
A carta menciona também o uso do canal oficial de Governo para criticar a cineasta Petra Costa, que concorre ao Oscar 2020 com o documentário Democracia em vertigem, que trata dos acontecimentos políticos que culminaram no impeachment da petista Dilma Rousseff. A diretora também assina o manifesto. “Pela primeira vez na história do Brasil, Petra Costa pode vir a ser a primeira mulher latino-americana a ganhar um Oscar, com o documentário Democracia em vertigem. Já a administração Bolsonaro usou o Twitter oficial da Secretaria de Comunicação para definir Costa como uma antipatriota que espalha mentiras”, afirma o texto.
Leia a íntegra do manifesto
As instituições democráticas brasileiras têm sofrido um verdadeiro ataque desde o começo da gestão de Jair Bolsonaro. Desde 1º de janeiro de 2019, quando Bolsonaro assume o poder como presidente do Brasil, assistimos a uma escalada autoritária, refletida em uma sistemática tentativa de controle e cerceamento de várias instituições culturais, científicas e educacionais brasileiras e aos órgãos da imprensa.
Os exemplos são muitos.
Logo no início da gestão, membros do partido pelo qual Bolsonaro foi eleito (PSL) pediram, publicamente, que alunos filmassem seus professores e os denunciassem por “doutrinação ideológica”, através de filmagens e seu compartilhamento nas mídias sociais. Essa campanha estilo “caça às bruxas”, chamada de “escola sem partido”, gerou insegurança nas escolas e universidades, em um país que há pouco mais de três décadas saiu de uma ditadura militar opressora. Em janeiro de 2020, Bolsonaro afirmou que os livros didáticos brasileiros “tinham muita coisa escrita” e sugeriu que o Estado interferisse diretamente no conteúdo das obras que chegam às escolas públicas, e de forma sectária.
A administração Bolsonaro deixou claro que não tolerará qualquer desvio de sua política ultraconservadora. O diretor de marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim, foi demitido por haver colocado no ar uma propaganda, censurada pelo governo no início de 2019, que refletia inclusão racial. Mais tarde, no mesmo ano, enquanto a floresta Amazônica brasileira queimava em níveis alarmantes, a administração retaliou contra cientistas que ousaram mostrar fatos. Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foi exonerado por divulgar dados de satélite do desmatamento no Brasil.
No dia 21 de janeiro, o Ministério Público Federal denunciou, sem provas, Glenn Greenwald, jornalista e cofundador do The Intercept, por participar de uma suposta organização criminosa que teria, entre outros, invadido celulares de autoridades brasileiras. Em um ataque à liberdade de imprensa, diretamente relacionado à série de reportagens que The Intercept vem fazendo sobre a corrupção dentro da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal desafiou o Supremo Tribunal Federal e contornou a medida cautelar nas investigações sobre Greenwald, proferida por Gilmar Mendes, ministro do Supremo.
Esse não é um caso isolado. Vários agentes, entre eles tribunais regionais e policiais militares, vêm agindo como células defensoras do projeto bolsonarista e tomando medidas para tentar moldar a sociedade brasileira. Somente em 2019 contabilizaram-se 208 agressões a veículos de comunicação e a jornalistas.
No dia 16 de janeiro, o ex-Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, e Bolsonaro, em uma transmissão conjunta, elogiaram a “guinada conservadora” e o “recomeço da cultura” do país. No dia seguinte, Alvim plagiou o nazista Joseph Goebbels quando fazia o anúncio de um novo prêmio nacional das artes. O secretário foi exonerado por conta da imensa reação que seu discurso gerou na sociedade civil. Mesmo assim, Alvim era a voz do projeto bolsonarista de contínua afronta à liberdade de expressão, com mudanças que demonstram retrocesso na liderança e no funcionamento de diversos órgãos, como o Conselho Superior de Cinema, da ANCINE, do Fundo Setorial Audiovisual, da Biblioteca Nacional, do Iphan —Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional— e da Fundação Palmares.
Pela primeira vez na história do Brasil, Petra Costa pode vir a ser a primeira mulher latino-americana a ganhar um Oscar, com o documentário Democracia em Vertigem. Já a administração Bolsonaro usou o Twitter oficial da Secretaria de Comunicação para definir Costa como uma antipatriota que espalha mentiras. Por outro lado, enquanto os longa-metragens Bacurau, A Vida Invisível e Babenco receberam reconhecimento internacional nos festivais de Cannes e de Veneza, respectivamente, Bolsonaro declarou que faz tempo que não se produz bons filmes no Brasil.
A partir de um programa moralista e ideológico fechado e compactuado, essa administração busca mudar o conteúdo dos livros escolares, dos filmes nacionais, restringir o acesso a bolsas de estudo e de pesquisa, intimidar o corpo docente, os jornalistas e os cientistas.
Buscam também reverter, inclusive, várias conquistas dos últimos anos, como a implementação da política de cotas e de ação afirmativa no país, medidas que, entre outras, e pela primeira vez na história do Brasil, vêm tornando o país mais múltiplo e inclusivo, menos desigual, com 51% dos alunos das universidades públicas sendo provenientes das comunidades negras. O que temos presenciado desde 2019 é um movimento oposto; um retrocesso nesses direitos fundamentais.
Estamos assim, diante de um governo que nega a laicidade do Estado e que fomenta fundamentalismos e racismo religioso, que nega o aquecimento global, e as queimadas na Amazônia, despreza líderes que lutam pela preservação do meio ambiente, e desrespeita a cultura e a preservação ambiental realizada pelas comunidades indígenas e quilombolas.
Este governo ignora a atuação paralela e criminosa das milícias, e a corrupção que prometeu combater. Bolsonaro e seus ministros atacam as minorias e negam as demandas dos movimentos negros, indígenas, LGBTTQ+. Também, constantemente, ataca cientistas, acadêmicos e jornalistas toda vez que se sente ameaçado. É um governo que tem feito drásticos cortes no orçamento para o desenvolvimento da cultura e educação, e que não tem plano de desenvolvimento para o seu povo.
O resumo é que o projeto de Governo atual ataca as instituições democráticas e isso poderá ser irreversível. Chamamos assim a comunidade internacional a se solidarizar e se posicionar publicamente:
- Para condenar estes atos de violência e de aparelhamento burocrático e ideológico do Estado, para que não se configure em um programa eficiente e regular de censura.
- Para pressionar o governo brasileiro para que ele siga a Declaração Universal de direitos humanos, e com isso respeite a liberdade de expressão, de pensamento e de religião.
Por fim, conclamamos os órgãos de Direitos Humanos e a imprensa internacional para que fiquem atentos ao que acontece no Brasil e às ameaças à democracia que tem sido colocada à prova, diariamente. O momento é grave, e é hora de dizer não à escalada autoritária no Brasil.
Sting
Trudie Styler
Valeria Chomsky
Noam Chomsky
Caetano Veloso
Arnaldo Antunes
Nancy Fraser
Boaventura Sousa Santos
Juninho Pernambucano
Bernardo Carvalho
Conceição Evaristo
Willem Dafoe
Jean Wyllys
Karim Aïnouz
Gregorio Duvivier
Célia Xakriabá
Lilia Katri Moritz Schwarcz
Marielle Ramires
Luiz Schwarcz
Sueli Carneiro
Pilar Del Río
Maud Chirio
Valter Hugo Mãe
Benedita Da Silva
Djamila Ribeiro
Steven Levitsky
Randal Johnson
Chico Buarque
Marcia Tiburi
Paulo Coelho
Julian Schnabel
Mia Couto
Boris Fausto
Milton Hatoum
Jodie Evans
Petra Costa
Wagner Schwarz
Sebastião Salgado
Sônia Guajajara
James Naylor Green
Dominique Gallois
Dira Paes
Sidney Chalhoub
Igiaba Scelgo
Ida Vitale
Pablo Capilé
Reverend Billy And Stop Shopping The Choir
Alice Ruiz
Gianpaolo Baiocchi
Angela Rebello
Barbara Wagner
Dinamam Tuxá
Mel Lisboa
Maria Fernanda Candido
Ivana Jinkings
Gilberto Miranda
Luis Eloy Terena
Leonardo Vieira
Márcio Astrini
José Luís Peixoto
Alinne Moraes
Douglas Belchior
Generosa De Oliveira
Rebecca E Karl
Georgia Kirilov
Karen Gronich
Muhammed Hamdy
Bruno Gissoni
Jeremy Adelman
Elika Takimoto
Ricardo Rezende
Adair Rocha
Virgínia Berriel
Mari Stockler
Cecília Pederzoli
Maria De Medeiros
Pancho Magnou
Cristina Pereira
Bete Mendes
Danuza Leal Telles
Luciano Marques Da Silva
Valeria Verkini
Toni Lotar
Karl Robert Graser
Breno Serson
Mauro Nadvorny
Adriana Kanzepolsky
Edison Araújo Russo
Cintia Buschinelli
Delcele Mascarenhas Queiroz
Joao Biehl
Sérgio Salvati
Marcus Fuchs
Fábio Stucchi Vannucchi
Maria Miranda
Fernando Prates
Mirna Boaroto Romero
Maria Doralina Silveira Da Silva
Maria Elisabete
Mariana Caldin
Adélia Cristina Pessoa Araújo
Bruno Carvalho
Beatriz Carvalho
Elizabeth Marques
Sônia Altoé
María De Fátima Gouvêa
Nara Reis
Léo Heller
Andre Lázaro
Carmem De Farias
Isabel Cristina Gonçalves De Sousa
Thyago Nogueira
Myriam Gontijo De Campos Abreu
Cleide Aparecida De Oliveira Dias
Maria Da Graca Ferreira Da Costa Val
Cibele Peres Demicheli
Ligia Gomez
Paulo Roberto Batista
Juliana Motta
Ricardo Anele
Paulo Henrique De Almeida Rodrigues
Esther Kuperman
Lilia Zambon
Henrique Noronha
Luísa Urano
Alina Zoqui De Freitas Cayres
Sylvia Caiuby Novaes
Paulo Sérgio Rais De Freitas
Olga Sodré
Paulo Ricardo Nunes
Ana Maria De Almeida Ribeiro
Ana Basaglia
Sandra Lacal
Vania Candida De Paula
Maria Carolina Cardoso De Andrade Righi
Elizabeth Amaral
Edward Flavian Shore
Lucélia Rocha De Souza Pereira
Laura Maria Da Silva
Luiza Cristina Rodrigues Lage
Kleber Da Mata
Clotilde Bassetto
Ligia Giovanella
Dilke Fonseca
Marcelo Fernandes De Mello
Paulo Roberto Pires
Morvan Anderaos
Angela Botelho
Marilia Freitas Pereira
Filippe De Mello Lopes
Aparecida Flausino
Elisabeth Andreoli De Oliveira
Lindsay Mayka
Gustavo Martins Ferreira
Cristina Madeira
Pedro Paulo Cavalcante
Marina Bedran
Maria Das Graças De Sousa
Ariane Zanelli De Souza
Rubens M. Volich
Cristina Catunda
Jurema Alves Pereira
Daniela Forner Castelan
Graziella Moretto
José Pagano
Vima Lia De Rossi Martin
Tatiana Salem Levy
Maria Filomena Grwfori
Marisa Sant'anna Cinquini
Ana Carolina Diefenthaeler
Luiz Saldanha
Telma Regina De Paula Souza
Bruno Lacerda
Janete Frochtengarten
Robson Rocha
Nara Milanich
Patrick Foley
Janine Durand De Andrada Coelho Galvão
Ermeson Vieira Gondim
Meire Silva Pena
Antônia Pereira Martins
Márciacristina Soares De Moura Victorino
Luciano Ximenes Aragão
Mauro Rego Monteiro Dos Santos
Ivan Rodrigues Martin
Marília Garcia
Bettino Zanini
Naira Morgado
Núbia Maria Rabelo De Oliveira
Guilherme Freitas Gomes
Ester Zita Botelho
Karolayne Viterbo Da Silva
Andrea Rodrigues
Renata Del Monaco
José De Medeiros Machado Junior
Ariane Leal Montoro
Cecilia Maria De Brito Orsini
Igor Freire De Vetyemy
Maria Aparecida Kfouri Aidar
Virginia De Araujo Figueiredo
Fernando Tolentino
Maria De Lurdes Zemel
Ana Clara Veras
Claudia Junqueira De Lima Costa
Maria Constança Peres.Pissarra
Nuno Porto
Ligia Valdes Gomez
Olga Regina Zigelli Garcia
Lauro Barbosa
Maria Else
Patricia Mercedes Metzler
Elisabeth Arouca Carossi
Ana Lúcia Assunção Da Silva
Cláudia Gomes De Paula E Silva
Eliana Garofalo
Herê Aquino
Danúsia Miranda Von Zuben
José Gilberto Cukierman
Joao Paulo Vaz
Mary Lucy Dal Bosco Carletto
Hanen Sarkis Kanaan
Edmilson Coelho Maciel
Isabel Nb Thiemann
Eroy Silva
Ricardo Guaranys De Oliveira Castro
Maria Helena Ferrari
Mariza Machado Kluck
Luiz Carlos Miranda Pereira
Fernanda D'alessandro Nogueira Portilho
Marcela Galvani Borges
Marcia Ferreira
Andre Fernando Bahia De Melo
Antonio Dimas
Ymara Vitolo
Patricia O B Souza
Martin Klettenhofer
Andréa Sales Monteiro
Buda Lira
Albertino Ribeiro
Elisângela Aparecida Serafim
Maria Lygia Gonçalves Daflon
Hélder Mateus Da Costa
Julio Frochtengarten
Sandra Rodrigues Cabral
Junia Ferreira Furtado
Francisco José Penteado Aranha
Nayra Ganhito
Luiz Tornaghi
Jacqueline Do Carmo Reis
Carlos Cardoso
Cilas Medi
Maria Eugenia Barbosa
Franciele Busico Lima
Thiago Machadob
Yamil Dutra
Marco Paulo De Magalhães
Célia Arruda
Maria De Lourdes Eleutério
Gizela Turkiewicz
Joice Anastacia Soares
Renato Lima
Ângelo Ignácio
Maria Do Carmo De Menezes Vaz De Mello
João Gabriel Monteiro E Silva
Clovis Erly Rodrigues
Marilsa Taffarel
Eduardo Souza Lima
Michelle Morais De Sa E Silva
Apoio A Denúncia
Francelino C Rocha
Iriny Nicolau Corres Lopes
Maria Izabel De Mattos Correa
Heloisa Murgel Starling
Joao Pina-cabral
Iolanda Rosa Da Silva
Ralf Schinke
Dalmo De Zoppa
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Cibele Azevedo Correa
Paula Signorelli
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Beatriz Barbosa
José Carlos Morais Uchôa
Virginia Portas
Edilasir Afonseca
Aurenívia Morais Uchôa
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Beatriz Cerbino
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Hélder Narde
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Eduardo Antonio Triches
Fernando Leiva
Dulce Tamara Da Rocha Lamego Da Silva
Juarez Homem D'el Rei Pinto
Mércia Mendes
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Gabriel Fonseca
Maria Fernanda
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Jean Coelho
Maria Nepomuceno
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Guilherme Araujo
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Beatriz Cerqueira
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Luiz Antonio Carvalho Ribeiro
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Cibele Lucas De Faria
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Joanna Van De Schepop
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Cintia Borges Almeida Fonseca
José Braz Goilart
Marta Conte
Cintia Lublanski
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Mirza Seabra Toscho
Marcos Pimenta
Adrián Pablo Fanjul
Denise Cabral Carlos De Oliveira
Eduardo Luiz Samico
Lúcia Adélia Fernandes
Gislene Marques Meireles
Diogo Ardaillon Simoes
Daniele Melo Da Costa
Anna Maria A. Do Amaral
Sergio Windholz
Gal Oppido
Breno Kuperman
Ana Beatriz Do Nascimento Genuncio
Heloar Rodrigues Oliveira Reis
Geraldo Bastos De Oliveira
Rosa Gauditano
Denise Asdis
Mariana Weiss Telles
Renato Sztutman
Norberto Lima Bonini
Dalila De Almeida Gomes Coura
Marcos Mantoan
Claudia Beatriz Campanella De Siervi
Moisés De Jesus Prazeres Dos Santos Bezerra
Ana Paulina Aguiar Soares
Cláudia Patrícia Coutinho Campos
Nanci De Oliveira Lima
Thomas D. Rogers
Luiz Fernando Narcizo De Oliveira
Graziella Baggio
Leda Barone
Nelisa De Araujo Guimaraes
Izabel Missagia De Mattos
Cláudio José Mendes Ferreira
Paulo Eustaquio Duarte Pinto
Maria Thereza Marcilio
Armando Molina Divan Junior
Fernanda Franceschi
Maria Das Gracas Vitoria Franca
Sonia Maria De Oliveira Capanema
Márcio Fecher
Antonio Filho
Luiz Fernando Dias Duarte
Maria Andrade
Liana Albernaz De Melo Bastos
Margaret Assis Arantes
Marcelo Oliveira Da Silva
Fernanda Otoni
Carlos A. Forment
Arthur Vianna
Elison Oliveira
Rebecca Atencio
Miriam Chnaiderman
Anna Carolina Lo Bianco
Adelmo Duarte Filho
Eliane Luzia Trevisan
Isabella Marcatti
Ingrid Brioso Rieumont
Magda Chinellato
Maria Ignez Costa Moreira
Paloma Vidal
Bianca Lucindo Côrtes
Maria Lúcia Gross
Clara Marina
Jose Ricardo De Oliveira
Eunice Rodrigues Paiva
Fernanda Scalzo
Regina Helena Teixeira
Elaine Cristina Simões Brandão
Ligiana Costa
Isabela Gouveia Cabral
Leonardo Libanio Christo
Claudio Vaz
Paulo Probo
Jorge Pessoa
Marina Corcovia
Alba Valeria Pereira Cordeiro
Filadelfo Oliveira Neto
Moises Damiao De Souza
Diva Alves
Patricia Pinho
Vera Maria Taranto
Luiz Di Bella
Ligia De Melo Canejo
Renata Gerard Bondim
Eliana Monteiro Moreira
Valéria De Oliveira Julião
Cleonice Maria Campos Dorneles
Lygia Segala
Silvana Nascimento
Jorge R. Lima
Lucio Vitor Olivier
José Ricardo Marcondes Paim
José Sergio Leite Lopes
Monika Sönksen
Francisco Bethencourt
Valéria Maria De Azeredo Passos
Lídice Matos
Soraia Bento
Maria Juliana Da Silva Medina
Marcelo
Guillermo Rocamora
Creusa Salette De Oliveira
Mauricio Magrisso
Monica Martins Rabelo
Evangelina Jimenez
Maria Carmen Andrade Gomes
José Fernando Thomé Jucá
Angela Vilela
Edwar Nogueira Soares
Maria Rita Medeiros Fontes
Cecilia Mello
Daniel Cavalcante Aragão
Maria Lucia De Oliveira Marques
Sandra Lucia Cerqueira Ferreira
Maria Ferreira
Mariangela Tamietti
Jorge Teotonio
José Fernando Cardoso
Gilda Cosenza
Luis Marsala
Renata Magalhães Da Silveira
Sonia Regina Hoffmann
Marilia Marques
Águeda Pereira
Dayse Cardoso Codeço Wagner
Luciano Pinho Nilo
Fábio Cerqueira Brandão
Luzinete Simões Minella
Natalia Reis
Maria Júlia Chabo
Maria Luiza Ghirardi
Adriana Bezerra Pimentel
Telma Araújo
Telma De Oliveira Araújo
Marisa Lourenço
José Renato Ferreira Canejo
Márcia Regina Okano
Tatiana Pavanelli Valsi
Suzana Deslandes
David M. Halperin
Leda Maria
Isaac Cândido Júnior
Mirian Iolanda Rejani
Cid Barbosa Lima Junior
Victor Burton
Crislaine Valéria De Toledo Francisco
Claudio Meneghetti
Leandro Mendonça
José Roberto Eliezer
Renata Zambonelli Nogueira
Marcia Scazufca
Luiz Camillo Osorio
Frederico Lustosa Da Costa
Kathleen Hulley
Liliane Kemper
Renata Paparelli
Gabriel Luiz Bandouk
Bruno Brulon Soares
Luciana Whitaker
Iris Carolina Miguez
Claudia Versiani
Celso Curi
Wallace Puosso
Andrea Sendyk
Carlos Grassioli
Sábado Nicolau Girardi
Maria Esther De Freitas
Sonia Roncador
Maria Dos Prazeres Firmino De Barros
Sergio Leite Pedrosa
Lourdes Tisuca Yamane
Maria Filomena Gregori
Maria Alice Bezerra
Eduardo Affonso
Marilia Balbi
Silvero Pereira Do Nascimento
Vauner S Azevedo
Luiz Fernando Rodrigues De Paula
Falcão Vasconcellos, Luiz Gonzaga
Stéphanie Roque
Thomás Aquino
Guilherme Meyer
Madalena Vaz-pinto
Mariana Figueiredo
Celia Rita Genovez
Edna Maria Da Silva
Luiz Coelho
Aparecida Mendes
Andrea Roca
Tiago Corbisier Matheus
Antonio Carlos Pereira Da Silva
Breno Bringel
Renato Sampaio
Roberto Valsi
Ana Lúcia Braga Pedrozo
Luís Ricardo Pires
Tadeu Di Pietro
Celia Orlandi
Janine Luz Vasconcelos
Daniel De Carvalho
Lucila J M Gonçalves
Denise Trevisan De Góes
Reginafátima Rachide
Conceicao De Maria Coelho Verdini
Samuel Sena Semim
Roberto Da Silva Amorim
Elcio Gonçalves
Maria Scazufca
Luciola Licinio Santos
Maria Cristina De Souza
Pedro Moritz Schwarcz
Ronaldo Godinho
Paulo Neves
Vania C. Sequeira
Marília Arreguy
Fernanda Reis Corte
Gustavo Montenegro
Evelynn Rosaria De Alcantara
Jamila Aparecida Silva Câmara
Eliana Borges Pereira Leite
Mauro Kohan
Naira Kiyomi Uehara
Vera Lúcia
Beth Ng
Celso Melo
Selma Venco
Susane Worcman
Adriano Chan
Mauro Pergaminik Meiches
Jose Marcilio Cavalcanti Ferreira
Otavio Anisio Amaral Ramos
Tatiana Sottili
Ana Rita Souza Prata
Dr. Susan C. Quinlan
Ademir Rodrigues Pereira
Mario Dionel
Ernesto Neto
Tecka
Marcelo Duarte Pinto
Ivanildo Santana Do Nascimento
Jorge Luiz Padilhs
José Antônio Aleixo Silva
Maria Leticia Ferreira Da Costa Val
Branca Szafir
José Milton Bertoco
Andrea Camposcozinhe
Cristina Guedes
Tânia Zillio
Nelson Jakson Gomes Da Silva
Ivan Toledo De Sousa
Fabrício César De Oliveira
Christianne Jacome
Fabio De Sa E Silva
Patrícia De Medeiros Guimarães
Erika Fonseca
Paula Vig Garcia
Stephen Duncombe
Carlos Alberto De Freitas
Rebeca Roseli Lang
Rosália Maria Ev Neves
Santuza Fernandes Rodrigues
Heloisa Buarque De Hollanda
Acácia Cristina Reis De Andrade Brito
Vanda Claudino-sales
Maria Cristina Guimarães
Eduardo Godoy
Rodrigo Soares De Cerqueira
Marta Barcellos
Reginalice Cera Da Silva
Marta Vanelli
Ana Maria Stucchi Vannucchi
Mara Coelho De Souza Lago
Maria Rebello De Rezende Bombonatti
Ariadna Paz
Ameris Paol
Iris Kantor
Tomás Selaibe Pires
Angela Bergallo
Maria Teresa Da Silveira Pinheiro
Jacqueline Castro
Cilene A Silva
Tracy Devine Guzmán
Mônica Guidorizzi
Tarsila Araújo
Denise Di Loreto
Maria Ester Lopes Moreira
Silvio Naslauski
Marília Dornas
Marcio Acselrad
Adriana Marques
Guilherme Giufrida
Marilza De Meli Foucher
Rômulo Viol
Linda Luz Jansen De Jesus Brigato
Rich Potter, Phd
Lorena Féres Da Silva Telles
Sérgio Augusto Pinto
Marcia Peicher Lisboa
Paulo Pace
Sonia Regina Furlan
Sonia
Regina De Paula
Amanda De Sousa Cabral
Eduardo Aguiar Ferreira
Céu Bauler
Ronaldo Rabello
Oscar Loureiro Malta
Michele Gonçalves Dos Ramos
Juliana Capile Rivera
Cleide Monteiro
Catarina De Sousa
Gabriel Farias Rodrigues
Euler Oliveira Cardoso Da Costa
Lígia Marques Miguez
Ivo Lesbaupin
Alice Warschaue
Paulo Germano Marmorato
Carolina Domingues
Camila Maciel
Marilene Lima
Paula Nogueira
Angela Furtado
Eduardo Martins
Delaine Carvalho
Célia Maria Leite Costa
Cristina Ricardo
Elza Pinto Couto
Hebe Mattos
Maria Berenice Dias
Maria De Nazareth Baudel Wanderley
Carmem Matos
Gilvane Caldas Lima
Márcia Motta
Arthur José Medeiros De Almeida
Daniela Corbe
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Luiz Roberto Alves
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Iara Costa Pinto
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Alice Sant'anna
Marcia Arantes
Maria Valdecira De Lima Silva
Márcia Leitão
Tatiana Klix
Nadia Vieira
Cássio Eduardo Soares Miranda
Mateus Bernardes
Emanuella Urquiza
Paulo Oswaldo Boaventura Netto
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Sergio Costa
Ricardo Rezende
Hivanesa Cristina Da Silva
Terezinha Bissoli
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Maicon P Da Cunha
Cecília Pescatore Alves
Maurício Lucchesi
Denilson Ronan De Carvalho
Nívia Pombo
Maria Lucia Udihara
Cristóvão Giovani Burgarelli
Rosangela Colosio
Mauricio Acuna
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Sandra Cutar
Guilherme Da Silva Ribeiro
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Beatriz Vieira De Souza
Ludmila Maria Paulino Rocha
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Carla Raquel
Durval Augusto Rizzatto
Hélia Márcia Silva Mathias
Gustavo Matos
Rodolfo Pinto Stumpf
Márcia Regina De Almeida Rezende Ruiz
Oscar Antonio De Almeida Cirino
Marcos Teixeira
Tarcioleal Pereira
Rejane Camara Cutrim
Cesar Piovani
Jun Nakabayashi
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Carlos Anibal Nogueira Da Costa
Jr. Black
Isabel Lustosa
Maria Elizabeth Varjal Medicis Pinto
Diou Faria
Maeve Jinkings
Mateus Vitavar
Vania Souza
Miriam Adelman
Peter M. Beattie
Marco Fialho
Dale T. Graden
Mira Wajntal
Maria Da Graça Dos Santos Gome
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Caroline Chang
Margareth
Soalba Virgínia Vieira
Alan K. De Alcantara
Anamaria Fernandes Willemes Batalha
Monica Mattins
Maria Eugênia De Carvalho
Marinalva Portilho Vieira
Jussara Bivar
Raimundo Donato Prado Ribeiro
Hal Langfur
Heloisa Buarque De Almeida
Jorge Pacheco
José Brasil De Matos Filho
Regina Weinfeld Reiss
Flavia De Castro E Castro
Maria De Fátima Alves
George A Yudice
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Andrêza Almeida Fernandes Alves
Angelica Melo De Sá
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Marconi De Lima Braz
Maria Das Graças Cabral E Silva
Anselmo Jose Da Silva
Joao Carlos Vilarim
Roberto Morais Da Silva
Carolina Rede Biller
José Geraldo Furtado Ramos
Xosé Abad
Silvia Monteggia Varela
Maria Aparecida Ribeiro Magalhaes
Helia Ferreira
Luiz Henrique Malzone Assumpção
Roseane Freitas Nicolau
Amy Chazkel
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Ana Carolina Araujo Abreu
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Solon Coelho
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Luena Nascimento Nunes Pereira
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Valter Battistin
Marta R Amoroso
Maria Olívia Chiarella Ornelas De Mello
Soraia Aparecida Ferreira
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Rosania Maria De Carvalho Abrantes
João Carlos Dias De Castro
Simone Kropf
Eliani Dantos
Fabiana Biancardi
Celigracia Maddalena
Frank Lourenço
Vanessa De Almeida Silva
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Cristina Ribeiro
Claudia Heller
Riba De Castro
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Leonardo Tucherman
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Michele Castro
Virgínia Arêas Peixoto
Naiara Morena Roque
Glenio Martins
Francisco
Roque Ferreira
Manoela Goldoni
Adriana Martorano
Patrícia Fernanda Barbosa Dutra
Ligia Mefano
Daniela Gomes
Paola Martins
Marco Antônio Quirino Duarte
Alexandre Do Nascimento Souza
Rogerio Alexandre Cunha Simoes
Daniel De Paula Aragao
Arnaldo Nudelman
Maria Stella Sampaio Leite
Paloma Varon
Célia De Lima Carvalho
Cicera Vanessa Maia
Eduardo Marques
Beto Quadros
Cristina Deane
Lazara Cristinada Silva
Gênese Andrade
Bibiana Bolson
Sonia Lansky
Cristiane Santos De Souza Nogueira
Irene Nogueira De Rezende
Marcos Antonio De Oliveira Sá
Roberto Carvalho
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Cézar Fernandes Alves
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Lia Só Ncini
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Gerardo Halpern
Bruno Nascimento Campos
Vera Luz
Robert Austin
Elizabeth Da S. Simões
Antonio Carlos
Marc Becker
Leopoldo M. Bernucci
Fernando Martins Borges Coelho
Francisco Moreira
Adelia Pasta
Marta Francisca Topel
Monica Guimaraes Teixeira Do Amaral
Luiz F Taranto
Heloisa Pontes
Cleber Zeferino
Fabiana D'alessandro Nogueira Portilho
Eliana C Sisla
Joana Maria Leôncio
Jose Antonio Pereira Do Nascimento
Erika Robb Larkins
Geraldo Magnani
Oswaldo Correa Miranda
Shilpa Narayan
Ana Rojas
Gabriella Scheer
Carlos Chesman De Araújo Feitosa Chesman
Valéria Costa Pacheco
Lisiane Da Silveira Ev
Leonardo Danziato
María Do Carmo Pinheiro Chagas
Kleber Alexandre Da Rocha
Joao Candido Portinari
Jonas Godinho
André Monteiro
Ivon P Fittipaldi
Cecilia Campello Do Amaral Mello
Eliane Veras Soares
Paulo Fluxus
Solange Lins Chaves
Tomé Carlos Lago Reis
Fred Góes
Maria De Fátima Tomaz
Mário A. G. Neto
Marcos Pores Leodoro
Alvaro Alves. Evangelizar Nossos Indígenas É O Mesmo Que Matá-los Em Vida. Trocar A Alegria Natural Pela Tristeza "Dos Degredados Filhos De Eva"
Daniel Marques Araújo
João Carlos Da Luz
Maria Do Carmo Bueno Guerra
Cynthia Sarti
Marcelo Noah
David Lehmann
June Alice Chaves Izzo
Mônica Leite
Rosi Schwantes
Renato Penteado Fabiano
Célia Regina Rossi
Sylvio Gomes Lanna
Heitor Frúgoli Jr.
Luciana Fenyves Sadalla De Avila
Ana Maria Barcellos De Lima
Carlos Roberto De Carvalho
Luciene De Rezende Figueira
Paula Paiva
Conrado Hübner Mendes
Federico Veiroj
Sergio Vitor Lemes
Eduardo Peres De Paula Bomfim Lopes
Claudia Regina Da Silva
Danny Barbosa
Sean T Mitchell
Leandro Castro Oltramari
Mariza Guerra De Andrade
Wilson Moromizato
Paulina Basch
Paulino S. Fukunaga
Evanize Pavanelli Valsi
Marcia Regina Bozon De Campos
Ricardo Airut Pradas
Marcos Costa Lima
Luciana Coutinho Passos
Claudia Guimaraes Costa
Evelani Martins Da Silva
Adilson Ribeiro Dos Santos
Samara Azevedo
João Batista M C Lima
Alex Ivan Peirano Chacon
Maria Da Consolação Silva
Adele Nelson
Paulo Schleder
Maria Emília Caixeta
Pedro Meira Monteiro
Cesar Augusto Oller Do Nascimento
Virgínia Maria Trindade Valadares
Gustavo De Melo
Vilma Franceschi
Maria Helena De Moraes Pozzo Rossetti Pacheco
Evanilde Martins Carlos
Juliana Monteiro De Andrade
Helena Maria Cruz E Souza
Vilma Augusta Dos Santos
Walderes Nunes Loureiro
Maria Odila Leite Da Silva Dias
Julio Albuquerque
Eduardo Coelho Grillo
Maria Isabel Cunha Pimenta
Peter Evans
Sibele Andreoli De Oliveira
Alfredo Arnóbio De Souza Da Gama
Jose Wilson Martins Da Silva Jujior
Estevam Las Casas
Altamiro Vilhena
Lêda Lucia Queiroz
Leda Catunda
Osvaldo Rocha Da Silva
Laércio Costa Nunes
Emilio Veronese
Suzi Meneses Ribeiro
Cláudia Borges Costa
Maria Ines Oliveira Bodanese
Mauricio Brandão
Helderson Mariani Pires
Paulo Alves De Lima
Carlos Lineu
Vera Lucia Dos Santos Cardoso
Diogo R. Coutinho
Simone Michelin
Bruna Barbosa
Robson Quirino Salvador
Marta Kuczynski
Eleide Abril Gordon Findlay
Ana Cristina Figueiredo
Maria Sandra Perrud
Denise Braz
Erich Proglhof
Valéria
Mardonio Coelho Filho
William Menezes
Munira Proenca
Heloísa Maria Halembeck Marton
Guilherme Aguiar
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Luís Henrique De Oliveira Daló
Ana Luisescitek
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Fernando Rinaldi
Sylvio De Sousa Gadelha Costs
Jim Uleman
Riardo Chaloub
Gigi Pedroza
Maria Do Socorro Fernandes De Carvalho
Alexandre Bhering
José Maria Porcaro Salles
Cândido Hilário García De Araújo
Juliana Real Nunes
César Coelho Xavier
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Fernando Porto Calipo
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Nuria Fló Rama
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Jose Gomes Temporao
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Alice Claus
Marcos De Sao Thiago
Daniel Hunt
Luciene Andrade De Souza
Sinclair Thomson
Viviane Namur
Andrea Sampaio
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Marcelo D'salete
Claudia M Gadotti
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Eva Wongtschowski
Sandra Lúcia Barbosa
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Alejandro Velasco
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Francisco De Assis Da Silva
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Mara Selaibe
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Gilmara Azenha
Cecilia Motta De Paula
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Aldo Ambrózio
Francisco Eduardo Serra Grande Da Silva
Flavio Pires
Elisiane Sartori
Raquel Durigon
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Ronaldo Abrão Pimentel
Leonardo Costa Lima Verde
Alberto Kleinas
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Nina Mary Lopes Cunha
Cássia Brito Carneiro
Gabriela Poester
Nelson Nisenbaum
Max Santos
Ercilia Brasil
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Leonardo M. Diniz
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José De Anchieta Leal
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Juliano Dornelles
Suzy Lopes
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Seth Garfield
Paula Halperin
Joel Wolfe
Luiz Carlos Azedo: De olho nas eleições
“A nomeação Marinho para o Desenvolvimento Regional surpreendeu os meios políticos, mas vai ao encontro dos desejos da base governista, que se queixava da atuação de Canuto à frente da pasta”
Craque da articulação política do governo na aprovação da reforma da Previdência, o ex-deputado Rogério Marinho foi nomeado, ontem, ministro de Desenvolvimento Regional, no lugar de Gustavo Canuto, que vai assumir a presidência da Dataprev, a empresa de processamento de dados do INSS. Marinho era secretário especial do Trabalho e Previdência no Ministério da Economia, estava cotado para o lugar de Onyx Lorenzoni, na Casa Civil, e agora vai ampliar o poder do ministro Paulo Guedes na gestão dos recursos federais, principalmente no Norte e no Nordeste. O adjunto Bruno Bianco assumirá o lugar de Marinho na secretaria especial.
A mudança no governo mostra a preocupação do presidente Jair Bolsonaro com as regiões Norte e Nordeste, onde tem sua menor aprovação nas pesquisas de opinião. Sinaliza também uma maior preocupação com sua articulação no Congresso, onde Marinho tem amplo trânsito e agora passará a gerenciar a distribuição de recursos federais nos estados que compõem a região. Canuto, seu antecessor, era um foco permanente de críticas dos parlamentares da base governista, que se queixavam das dificuldades para liberação de suas emendas. Num ano de eleições municipais, a mudança é estratégica para o desempenho eleitoral dos aliados de Bolsonaro.
Rogério Marinho integrava a equipe de Guedes desde a transição do governo, sendo nomeado secretário especial do Trabalho e Previdência por sua atuação na área durante o governo de Michel Temer, pois foi o relator da reforma trabalhista na Câmara. Filiado ao PSDB, entre 2007 e 2018, foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte. O Ministério do Desenvolvimento Regional, no governo Bolsonaro, resultou da junção dos antigos ministérios da Integração Nacional e das Cidades. A mudança também tem a ver com a intenção do governo de lançar novos programas de grande impacto nos municípios, nas áreas de saneamento, mobilidade urbana e construção civil.
A nomeação de Marinho surpreendeu os meios políticos, mas vai ao encontro dos desejos da base governista, que se ressentia da atuação de Canuto. O general Luiz Eduardo Ramos, secretário-geral da Presidência, sai fortalecido com a mudança, pois foi o principal canal de reclamações dos políticos contra Canuto e participou da decisão de substituí-lo. A presença de Marinho esvazia ainda mais o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que já havia perdido o Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e agora terá mais um ministro na Esplanada que dispensa sua intermediação para se relacionar com o Congresso.
Delação premiada
Preso desde 2016, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral conseguiu que sua delação premiada negociada com a Polícia Federal fosse homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Autoridades com foro privilegiado estão citadas na delação, que segue em sigilo de Justiça. A homologação pode representar uma reviravolta no caso do ex-governador, condenado 13 vezes na Lava-Jato, com penas que chegam, somadas, a 380 anos de cadeia.
O acordo de delação premiada de Cabral provocou uma onda de especulações nos bastidores do Judiciário, ainda mais porque o procurador-geral da República, Augusto Aras, chegou a se manifestar contra a homologação. Segundo rumores na PF, integrantes do Poder Judiciário também são citados, entre eles ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para redução da pena, Cabral se comprometeu a devolver R$ 380 milhões recebidos por meio de propina quando ele ocupava o cargo de governador. A PF não decidiu quais benefícios seriam concedidos a Cabral, o que caberá ao Supremo, ao apreciar o relatório de Fachin.
http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-de-olho-nas-eleicoes/
Compre na Amazon: Na Trincheira da Verdade tem riqueza de jornalismo na Amazônia
Editado em parceria com a FAP, obra de Lúcio Flávio Pinto tem relatos exclusivos sobre uma das regiões mais importantes do Brasil
Cleomar Almeida, assessor de comunicação da FAP
O jornalista Lúcio Flávio Pinto, de 69 anos, vai completar, no mês de maio, 54 anos de ofício. Seu vasto trabalho lhe rende grandes resultados, como a publicação de obras literárias por meio das quais compartilha experiências de seu olhar cirúrgico sobre a realidade. No livro Na Trincheira da Verdade: Meio século de jornalismo na Amazônia (288 páginas), editado em parceria entre Verbena Editora, FAP (Fundação Astrojildo Pereira) e Fundação Gramsci, ele revela a riqueza de assuntos que transitam da política à cultura da região. A obra está à venda no site da Amazon.
» Clique aqui e adquira já o seu livro.
O livro de Lúcio Flávio Pinto foi publicado inicialmente em 2017 e tem o custo de 30 reais no site da Amazon. Reúne textos que escreveu especificamente sobre jornalismo ao longo de uma década, em Manaus, em uma região do Brasil que ele chama de “zona periférica do poder nacional”. “Espero que sejam textos de interesse mais amplo do que o visado no momento em que os escrevi, no calor da hora e na linha de frente”, disse ele, em trecho publicado no site da FAP.
O autor atuou na imprensa brasileira por 21 anos seguidos, passando pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelas revistas Veja, Istoé, Realidade e outras publicações. Iniciou, em 1987, a trajetória do Jornal Pessoal, o qual, segundo Lúcio Flávio Pinto, é um dos jornais alternativos de mais longa duração da história da imprensa brasileira.
Trincheira isolada
Movido pelo faro jornalístico, Lúcio Flávio Pinto conta como se articulou para se tornar um contador de histórias reais. “Montei uma trincheira isolada, em Belém do Pará, para um combate jornalístico em busca da verdade que praticamente me devolveu aos tempos iniciais de um jornalista que defendia causas e empunhava bandeiras que permanecem até hoje no universo da minha vontade”, afirmou, em outro trecho no site da fundação. Ele também é autor de outros livros, como A Amazônia em Questão, que também está à venda no site da Amazon.
Professor titular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Marco Aurélio Nogueira afirma a atuação de Lúcio Flávio Pinto é “exemplo de jornalismo verdadeiramente independente, que cumpre sua missão mais nobre, a de auditar e fiscalizar o poder”. “De sua pena sai um jornalismo investigativo da melhor qualidade, feito no calor da hora, carregado de causas nobres no momento mesmo em que os fatos aconteceram”, destaca.
O ensaísta e tradutor Luiz Sérgio Henriques confirma a credibilidade do autor do livro. “Lúcio Flávio é, acima de tudo, um ‘amazônida’”, afirma, para continuar: “Um intelectual com alto sentido de sua profissão a quem coube testemunhar o dantesco processo de integração do ‘Brasil tardio’ por parte de seu voraz vizinho: o Brasil agressivo dos colonizadores, dos ‘fazedores de deserto’, dos incapazes de compreender a riqueza inaudita que só se descortinará para aqueles que decifrarem o enigma de floresta e água que dá vida à sua Amazônia”, assevera.
Leia mais:
>> Consulte o acervo da Biblioteca Salomão Malina
Luiz Carlos Azedo: Tolerância
”A xenofobia, a misoginia, a homofobia, a justiça pelas próprias mãos e o desrespeito aos direitos e às garantias individuais são ameaças à democracia, ainda que aparentemente sejam isolados os casos”
O consagrado ator José de Abreu anunciou no Instagram que embarca hoje para a Nova Zelândia, onde pretende morar. Depois de muita malcriação nas redes sociais — para dizer o mínimo —, resolveu dar um tempo e curtir a namorada Carol Junger, com quem recentemente fez um périplo de 75 dias, por 11 países. Radical aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cai fora do rodamoinho em que entrou depois das grosserias que fez com a também consagrada atriz Regina Duarte, que aceitou o convite para ser secretária de Cultura do governo Bolsonaro.
Os ataques de José de Abreu a Regina Duarte deixaram perplexos até mesmo os seus aliados: “Fascista não tem sexo. Vagina não transforma uma mulher em um ser humano. Eu não vou parar, eu sou radical mesmo e estou em um caminho sem volta”, declarou ele, em áudio enviado para a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, depois de várias postagens nas redes sociais atacando a atriz.
Saiu de cena como quem resolveu curtir a vida sem maiores compromissos: “Amanhã, começaremos uma nova fase de nossa vida em comum, vamos morar na Nova Zelândia. No começo, em Auckland. Se gostarmos, ficamos. Se não, Wellington ou Christchurch. Opções não faltam: país lindo, padrão de vida comparado aos países escandinavos, mas sem o ônus do frio. Pequeno, povo bacana, natureza… Que Deus nos ilumine e proteja #newzealand #newzealandlife #auckland #expatlife #novazelandia #vidamaluca”, escreveu.
Um radical que bate em retirada por livre e espontânea vontade da cena política brasileira deve ser motivo de comemoração, seja ele de esquerda, seja de direita. Às vésperas do Oscar, a cineasta Petra Costa, cujo filme Democracia em vertigem está entre os finalistas da categoria documentário, também sofre uma campanha intensa na internet por causa de sua abordagem sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. De forma inédita, a secretaria de Comunicação do governo classificou a cineasta como uma “ativista anti-Brasil”.
Mas quem acabou indo para o pelourinho foi o jornalista Pedro Bial, que fez duras críticas ao filme e à cineasta, que narrou o filme. Segundo ele, Petra protagonizou uma “miada” insuportável. Em sua crítica, Bial disse que a cineasta ficou choramingando o filme inteiro, o que mobilizou uma cadeia de solidariedade à diretora, liderada pela ex-presidente Dilma Rousseff, personagem central do documentário. Bial está sendo atacado até mesmo por ex-colegas da TV Globo.
Estabeleceu-se uma polêmica sobre o filme que mistura alhos com bugalhos. O simples fato de ter sido selecionado como finalista do Oscar já garante à diretora Petra Costa o reconhecimento pela qualidade de sua obra, o que não tem nada a ver com concordar com a sua interpretação dos fatos, ainda mais quando sabemos que os documentários norte-americanos nunca primaram pela isenção política e ideológica. Onde está a intolerância? Nos ataques pessoais à diretora, não nas críticas ao filme, que podem ser consideradas justas ou injustas, dependendo do interlocutor.
Os limites
A tolerância requer aceitar as pessoas e consentir com suas práticas mesmo quando as desaprovamos fortemente, não é uma atitude intermediária entre a absoluta aceitação e a oposição imoderada. Um assassinato, por exemplo, não é tolerável. Nossos sentimentos de contrariedade ou desaprovação são intoleráveis quando movidos por preconceito racial ou étnico, por exemplo. Não se trata de tolerar aqueles que execramos, mas de não execrar as pessoas só porque parecem diferentes ou provêm de uma origem diferente.
Conflitos e desentendimentos políticos e ideológicos são totalmente compatíveis com o pleno respeito por aqueles de quem discordamos. A democracia, a rigor, existe para que isso ocorra num ambiente de coexistência, no qual o direito ao dissenso seja respeitado pela maioria. A tolerância religiosa, por exemplo, é o legado histórico das guerras religiosas europeias, ainda que muito sangue ainda seja derramado em alguns lugares do mundo, em nome do Criador. No Brasil, hoje, essa questão está vivíssima, porque a radicalização política e a intolerância estão instrumentalizando valores religiosos de uma forma que nunca deu bons resultados.
A tolerância exige valores e tem seus riscos, mesmo numa ordem democrática consolidada. A xenofobia, a misoginia, a homofobia, a justiça pelas próprias mãos e o desrespeito aos direitos e às garantias individuais são ameaças à democracia, ainda que aparentemente sejam isolados os casos. Ou seja, o limite da tolerância é o respeito à Constituição de 1988.
http://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-tolerancia/
Afonso Benites: Bolsonaro anuncia projeto que permite garimpo em área indígena e sugere “confinar ambientalistas”
Exploração econômica é temida por indígenas e ativistas, que preveem mais desmatamento e desequilíbrio social nas áreas. Mais cedo, Governo nomeou um evangelizador em cargo na Funai
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou que enviará nesta quinta-feira ao Congresso Nacional um projeto de lei que permite a exploração de mineral, a instalação de lavras de petróleo e gás, além da geração de energia elétrica em terras indígenas. Atualmente, não há regulamentação sobre o tema, apesar de estar prevista na Constituição Federal. Por essa razão, não há nenhum garimpo oficial nas 619 áreas indígenas localizadas no país, embora haja relatos sobre dezenas de garimpos ilegais, principalmente na região amazônica.
O projeto prevê também que sejam autorizadas a exploração de territórios indígenas para turismo, agricultura, pecuária ou extrativismo florestal. A autorização do uso da terra será dada pelo Legislativo e os indígenas que moram nessas comunidades serão ouvidos, mas não terão direito a veto. Ao longo do ano, a Câmara e o Senado Federal deverão analisar o tema, que provoca críticas de comunidades indígenas, de indigenistas e de ambientalistas. O principal argumento contrário à exploração econômica das áreas é o de que as atividades vão desequilibrar as comunidades, acelerar a devastação florestal e o desaparecimento de espécies nativas —o mais recente relatório da ONU, de 2019, que alerta sobre a velocidade com que as espécies estão se extinguindo (uma de cada oito está ameaçada) assinala que essa destruição da natureza é mais lenta nas terras onde vivem os povos indígenas do que no resto do planeta.
Durante o anúncio, em uma cerimônia no Palácio do Planalto em que a gestão comemorou seus 400 dias, o presidente pressionou o Legislativo pela aprovação de sua proposta e disse que, se pudesse, confinaria os ambientalistas na Amazônia. “O grande passo depende do Parlamento, vão sofrer pressão dos ambientalistas. Esse pessoal do meio ambiente. Se um dia eu puder, eu confino-os na Amazônia, já que eles gostam tanto do meio ambiente, e deixem de atrapalhar os amazônidas aqui de dentro das áreas urbanas.” Desde o início de sua gestão, Bolsonaro é alvo de protestos de ambientalistas. As críticas ficaram mais intensas após a série de incêndios florestais na Amazônia, que em 2019 sofreu um aumento de 30% na área queimada em comparação com o ano anterior.
Na mesma solenidade desta quarta-feira, o presidente voltou a pregar sua visão sobre os indígenas. Só alterou um pouco o discurso. Em janeiro, afirmou que “cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”. Agora, disse: “O índio é um ser humano exatamente igual a nós. Tem coração, tem sentimento, tem alma, tem desejo, tem necessidades e é tão brasileiro quanto nós”. A frase martela a ideia do atual Governo, que ecoa o passado sob a ditadura militar, de que os indígenas devem se “integrar” à sociedade não-indígena. Entidades ligadas à população originária do país tem protesto e dito que Bolsonaro está obrigado a respeitar os direitos constitucionais dos indígenas, inclusive o de manter particularidades no modo de viver.
Até a conclusão dessa reportagem, o projeto de lei não havia sido entregue ou sua íntegra publicada pelo Planalto. Conforme o material de divulgação produzido pela assessoria da Casa Civil, as comunidades indígenas afetadas pelos garimpos receberão indenizações das empresas que explorarem as áreas. Haveria pagamentos a conselhos curadores que seriam compostos apenas por indígenas. O texto ainda prevê que, se assim o quiserem, também os próprios indígenas poderão explorar as áreas em que vivem.
No documento não está detalhado o quanto seria pago pelo usufruto das terras. Ressalta, apenas, que os conselhos curadores formados por indígenas de cada uma das áreas, uma entidade de caráter particular, seria o responsável por definir onde seriam investidos os recursos pagos à comunidade. A ONG Observatório do Clima protestou contra o envio e apelou aos presidentes da Câmara e do Senado. “O Observatório do Clima espera dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, que honrem a própria palavra e não pautem esse projeto genocida. Ambos haviam se comprometido a não colocar em votação proposições que ameaçassem a floresta e as populações tradicionais. É hora de testar essa determinação”, escreveram em nota.
O projeto de exploração econômica de áreas indígenas não é o único tema que preocupa indigenistas no Governo Bolsonaro. Nas últimas semanas, a gestão foi alvo de várias críticas por ter escolhido o ex-missionário evangélico Ricardo Lopes Dias como novo coordenador de indígenas isolados e de recente contato da Fundação Nacional do Índio (Funai). Há tempos, a Funai tem sido enfraquecida pela União. Em nota, o Conselho Indigenista Missionário disse que o presidente deixou de respeitar a existência livre dos povos indígenas e promove o genocídio dessa população.
“O Governo Bolsonaro dá evidentes sinais de abandono à perspectiva técnico-científica, do respeito ao direito de existência livre desses povos, com seus próprios usos, costumes, crenças e tradições, em seus territórios devidamente reconhecidos e protegidos, para uma orientação neocolonialista e etnocida, de atração e contato forçados, com o uso do fundamentalismo religioso como instrumento para liberar os territórios destes povos à exploração por grandes fazendeiros e mineradores”.