democracia

Eliane Cantanhêde: Protejam a democracia!

Por que é preciso clamar por democracia a essa altura da história brasileira?

Em seu último pronunciamento no STF como procuradora-geral da República, Raquel Dodge fez um “pedido muito especial” aos ministros, à sociedade civil e a todas as instituições da República: “Protejam a democracia brasileira, tão arduamente erguida!”.

Pode parecer um tanto intempestivo. Apelo pela democracia? Em pleno 2019? Com as instituições funcionando plenamente? Pois é. Mas Raquel não falou por falar, apenas verbalizou uma preocupação que percorre corredores e gabinetes.

O presidente da República faz loas a ditadores sanguinários do Brasil e do exterior. Seu filho 03, o deputado e candidato a embaixador Eduardo Bolsonaro, já declarou que, para fechar o Supremo, “basta um tanque e um cabo”. O 02, vereador licenciado e internauta Carlos Bolsonaro, chocou a opinião pública, o Legislativo e o Judiciário ao postar que, “por vias democráticas, a transformação que o Brasil quer” (seja lá o que for isso) não vai acontecer na velocidade que ele gostaria.

E o que dizer da foto de Eduardo ostentando desafiadoramente uma pistola na cintura ao lado do presidente, numa cama de hospital? Foi um recado. Que recado? Para quem?

Enquanto os irmãos falam, escrevem, fazem ameaças veladas e ocupam-se com “bravatas”, como classificou o general Santos Cruz, o primogênito, senador Flávio Bolsonaro, trabalha habilidosamente num produtivo “toma lá, dá cá” com Judiciário, Câmara e Senado.

O presidente do STF, Dias Toffoli, atende pedido da defesa de Flávio e suspende todas as investigações e processos com base no falecido Coaf sem autorização judicial. Flávio retribui operando para abafar a CPI da Lava Toga, apelido para uma comissão que – indevidamente, aliás – pretende investigar e expor ministros do Supremo, inclusive o próprio Toffoli.

Ao redor disso, a cúpula da Polícia Federal continua sendo alvo e a da Receita Federal já foi abatida. Marcos Cintra, bolsonarista de primeira hora, caiu da Secretaria da Receita por insistir em ressuscitar a CPMF – que Jair Bolsonaro combateu nos anos FH, nos anos Lula, na campanha, na transição e agora durante seu governo. Logo, caiu por um motivo forte. Mas não o único.

Cintra caiu, mas a ideia de recriar o “imposto do cheque” sob nova roupagem não morreu. O ministro Paulo Guedes vai deixar a poeira baixar e mudar o discurso, mas cobrando do presidente da República, da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre: “Se não querem a nova CPMF, que opção vocês me dão para compensar a desoneração da folha de pagamento e assim gerar empregos?”. Até lá, a CPMF continua na pauta.

O que os três Poderes querem mudar mesmo é a desenvoltura de auditores em investigar pessoas que se sentem “ininvestigáveis”. Enquanto eram ministros do Supremo e parlamentares federais, ainda ia. Mas, quando isso chegou a parentes de Bolsonaro e resvalou em Flávio, a coisa mudou de figura. Definitivamente, não pode. Logo, a CPMF fica, mas a Receita muda e fica mais comportada.

Se o Brasil e o mundo já estão perplexos com as falas de Bolsonaro e seus filhos sobre democracia e meio ambiente, o que dizer do discurso do chanceler Ernesto Araújo no Heritage, um “think thank” conservador dos EUA, sobre os riscos do “climatismo” para o Ocidente? A diferença é que a fala de Carlos foi levada a sério e rechaçada, a de Ernesto virou piada na imprensa americana, às vésperas de Bolsonaro abrir a Assembleia Geral da ONU.

Aliás, Carlos ficou furioso com a repercussão do seu desdém pela democracia e acusou os jornalistas de “canalhas”. E o vice-presidente, o general Santos Cruz, os presidentes da Câmara e do Senado e os cidadãos estupefatos são canalhas?


Seminário FAP || Violência no Brasil é epidêmica, aponta José Eduardo Faria

Professor da USP e do Insper apresentou dados que comprovam afirmação durante seminário da FAP

Durante o encerramento do seminário neste sábado (24), José Eduardo Faria, professor da USP e do Insper, afirmou que a violência no Brasil é epidêmica de acordo com limites estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). “A sociedade é fraturada, violenta e os indicadores mostram a exclusão social. O aumento na população carcerária, em 25 anos, foi de 75%. Fica evidente que temos um caminho que pede por educação de qualidade”, destacou.

O sociólogo defendeu ainda que é preciso definir o que é o liberalismo. Segundo ele, o atual governo utiliza um modelo que corrompe o vocábulo. “O viés do Bolsonaro de liberalismo é apenas econômico. É uma espécie de corrupção do que é o real liberalismo”.

Faria indagou as definições de Estado no século XXI e como é pensado o poder público contemporâneo. Como exemplo de ações que devem ser interrompidas no governo Bolsonaro, o especialista pontuou o deslocamento da titularidade do parlamento para sistemas intergovernamentais. “As funções do Estado estão sendo alteradas, contidas e revogadas. Tem ocorrido reformas liberais que corrompem as garantias fundamentais”, alegou.

Para discutir um novo plano político, ele disse que é preciso pensar no crescimento econômico e no meio ambiente. As taxas de desemprego estruturais causadas pela tecnologia, exemplificou, estão aumentando significativamente e atingem, principalmente, os jovens. E, como consequência, ele destaca que essas são as pessoas que votam em políticos extremistas e neonazistas.

Ao pontuar quesitos essenciais a serem considerados nas políticas públicas no século XXI, Faria incluiu: a revolução tecnológica, o perigo da autonomia do capital financeiro, a revolução sociológica, política e cultural - repensar horizontes das novas gerações.

O seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI foi organizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), na Casa do Saber, em São Paulo.

 

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Seminário FAP || Especialistas apontam mudanças estruturais para políticas inclusivas no país

A ex-secretária de Fazenda do Rio, Eduarda La Rocque, destacou a necessidade de individualizar os territórios brasileiros com ações personalizadas. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

A economista Eduarda La Rocque, diretora do Instituto Jones Santos Neves (ES), afirmou neste sábado (24) que a sociedade busca defender questões pessoais, ao invés de pensar em desafios que atingem todas as minorias. “Bolsonaro conseguiu vencer porque teve o esgarçamento da sociedade, nós estamos lutando um contra o outro”, alegou. A afirmação foi feita durante o seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI, na Casa do Saber, em São Paulo.

A descrença da população na política, segundo La Rocque, deve ser combatida com uma política territorial. “Temos que integrar as políticas públicas por território. O território é um espaço geográfico: a favela, um bairro, uma microrregião, por exemplo. Nós, economistas, trabalhamos com setores. Mas a desigualdade deve ser combatida de forma territorial”, pontuou.

Como ex-secretária de Fazenda do Rio de Janeiro, La Rocque apontou que o estado carioca precisa trabalhar as prioridades de cada região de forma separada. “O Rio, por exemplo, quebrou por excesso de dinheiro e a falta de saber lidar com esse dinheiro. É preciso integrar a demanda com a oferta. A distribuição do dinheiro está desintegrada. A favela está cheia de dinheiro, mas está tudo dispersado”, afirmou a economista.

Mauro Oddo Oliveira, professor do IPEA (Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada), também integrante do debate, apresentou dados ao explicar que a média salarial do trabalhador brasileiro está diretamente ligada ao ambiente de produção imposto a eles. “Hoje, a gente tem no Brasil 13 milhões de empregados e, dos empregados, 25% trabalha com emprego informal, outros 25% são autônomos”. “Desenvolvimento tem que incorporar a sustentabilidade, a desigualdade ou vamos ficar debatendo assuntos vazios”, destacou.

Já o sociólogo Ivair Alves dos Santos, professor da UnB (Universidade de Brasília), defendeu a inclusão da descriminação racial no debate social. “O que me incomoda nessa democracia é que mesmo com algumas garantias que ganhamos recentemente, perdemos tudo novamente. O fundo partidário para integrar mais mulheres e negros foi retirado. Nos excluíram disso. Os partidos precisam ter humildade de reconhecer que não sabem o que acontece na desigualdade racial”, exemplificou o sociólogo.

Caetano Araújo, diretor-executivo da FAP, foi o mediador do debate sobre inclusão durante o seminário.

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Seminário FAP || 'Estamos vivendo uma guerra de narrativas', afirma líder do Cidadania na Câmara

O deputado Daniel Coelho (PE) pontuou a necessidade de debates para que o país volte a ser mais inclusivo e totalitário. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

O líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, Daniel Coelho (PE), afirmou neste sábado (24) que todos os brasileiros têm responsabilidade na eleição do presidente Jair Bolsonaro ao “perderem a guerra de narrativas”. A afirmação foi feita durante o seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI, na Casa do Saber, em São Paulo.

“Não podemos nos ausentar da responsabilidade do Bolsonaro estar no governo. Participamos do todo o processo democrático e o país ainda assim elegeu alguém que defende a ditadura. Isso quer dizer que nós cometemos um erro”, disse.

Segundo o parlamentar, políticas de direitos humanos e meio ambiente são discutidas há mais de 20 anos, mas o discurso foi perdido ao longo do tempo. “Como a gente perdeu a narrativa com coisas que eram tão claras? Direitos humanos e meio ambiente são temas que deixaram de ser discutidos cinco anos atrás e nós nos perdemos”, alegou.

Coelho disse, também, que o debate político, social e inclusivo deve chegar aos territórios mais precários do país para “garantir que ninguém fique perdido”. “As políticas públicas têm que fazer sentido para aqueles que estão no sertão e no interior. Esse pessoal que ficou perdido no debate e o atual presidente foi eleito”, completou.

O parlamentar participou da mesa sobre inclusão do seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI. O evento é realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira).

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Seminário FAP || Alexandre Strapasson alerta para ‘desconexão entre pessoas e meio ambiente’

Especialista discutiu a importância da sustentabilidade para o mundo, em seminário realizado pela FAP em SP.  O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

“Há uma desconexão muito grande entre as pessoas e o meio ambiente”. A declaração é do pesquisador Alexandre Strapasson, engenheiro e professor visitante do Ce tiro de Pesquisas Ambientais do Imperial College de Londres. No seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI, ele disse que o mundo está se tornando cada vez mais urbano.

O seminário é realizado, na Casa do Saber, em São Paulo, pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), que transmite o evento ao vivo pela sua página no Facebook. Na avaliação de Strapasson, o mundo tem sido tomado por situações complexas.

“Não estamos atentos para esta complexidade e isso prejudica a nossa evolução do ponto de vista civilizatório”, alertou o engenheiro. Segundo o especialista, os discursos do presidente Jair Bolsonaro e a inabilidade dele para tratar de temas ambientais, por exemplo, nas esferas interna e internacional, “está custando muito caro e vão custar ainda mais”.

Mediada pelo engenheiro e economista Bazileu Margarido Neto, ex-presidente do Ibama e conselheiro da FAP, a mesa também teve a participação da economista e professora da USP (Universidade de São Paulo) Virgínia Parente. Na avaliação dela, o país deve parar de negar a sua natureza.

“Negar a nossa natureza vai contra tudo que podemos fazer pelo bem-estar e pela evolução do país”, afirma. “Respeitar a natureza significa, por exemplo, olhar a Amazônia não como lugar intocável, mas de forma que o cuidado com a Amazônia seja irretocável”, acrescentou ela.

O economista Guilherme Accioly, aposentado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ex-gerente do Fundo Amazônia, também disse na ocasião que “o aquecimento global é de longe a situação mais ameaçadora pela qual passa o planeta”. “É um problema gigantesco”, alertou, para continuar: “O clima está se acabando em todo o planeta. Os sintomas de que o planeta está muito mal são cada dia mais claros”.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), líder da sigla no Senado, destacou que a falta de ação mais enérgica do poder público faz com que o resultados dos danos sejam mais rápidos. “O atual governo estimula [o desmatamento], quando fala, por exemplo, que há indústria de multas no Ibama”, criticou ela, referindo-se à declaração do presidente Jair Bolsonaro contra o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente.

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Seminário FAP || Gianluca Fiocco aborda desafios para a manutenção da democracia

Professor da Universidade de Roma participou de seminário realizado neste sábado pela FAP. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

O historiador Gianluca Fiocco, professor da Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Roma Tor Vergata, apresentou, neste sábado (24), um raio-x sobre os caminhos da manutenção da democracia e das salvaguardas sociais na Europa de hoje. Ele ministrou uma conferência durante o seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI, realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), na Casa do Saber, em São Paulo.

O evento é transmitido ao vivo pela página da FAP no Facebook e tem a presença de intelectuais e políticos do país. Com sua participação, Fiocco mostrou um panorama da Europa, possibilitando aos participantes uma comparação com o caso brasileiro.

Em mesa medida pelo historiador e diretor da FAP Alberto Aggio, Fiocco disse que a União Europeia incorporou um desenho de democracias nacionais “protegidas” pela crescente competição que se abria no mundo globalizado. No entanto, segundo ele, ficou cada vez mais claro que os Estados europeus não conseguiram assegurar o equilíbrio entre desempenho econômico e segurança social como antes.

“Na Europa Oriental, após a queda do comunismo, a população entendeu que o sonho de alcançar os níveis de vida e consumo da parte ocidental não era nada fácil para ser realizado”, avalia o palestrante. “Os efeitos indesejáveis de uma economia de mercado, por vezes introduzida em formas traumáticas, e o fim das garantias sociais do sistema antigo foram descobertos”, acrescentou.

Na avaliação do professor da Universidade de Roma, a esquerda social-democrata vive uma “dramática crise”. “Os partidos social-democratas, em face da mudança de coordenadas, têm aceitado cada vez mais a agenda econômica neoliberal e, portanto, a prevalência da competição sobre os princípios de cooperação e coesão”, explicou.

Aggio destacou, por sua vez, que “a democracia vive uma crise de época”. “Este é um tema de profunda importância pra nós”, disse, para acrescentar: “Não estamos considerando a hipótese de uma falência da democracia. Ela compõe, de um lado, com o liberalismo e, de outro, com o socialismo, aquilo que poderíamos chamar de evolução histórica dos estados nacionais do século XIX e XX e que, a partir do final do século XX, parte para entrar no século XXI com uma crise profunda”.

Cientista político e professor da UFBA (Universidade Federal da Bahia), Paulo Fábio Dantas Melo destacou que os atores políticos e a sociedade não podem subestimar o atual governo, criticando a capacidade de Bolsonaro de tomar atitudes de retrocessos em políticas públicas de diversos setores do país. “Precisamos pensar que a missão estratégica não é, propriamente, o objetivo de se associar ou de dar respaldo a uma aceitação de horizonte da democracia. É preciso mais que isso”, analisou.

O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) concorda com a sugestão levantada no seminário para a necessidade de uma nova formação, mas que supere siglas partidárias. “Se Bolsonaro está lá, nós somos responsáveis por isso. Pela nossa incapacidade. Nossa política está dilacerada”, criticou ele.

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Seminário FAP || ‘Democracia é um sistema novo’, diz Carlos Melo

Professor do Insper participou de seminário sobre democracia realizado pela FAP, em SP. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

O cientista político e professor do Insper Carlos Melo destacou, neste sábado (24), que “a democracia é um sistema novo”. Segundo ele, no atual contexto sociopolítico, o desafio da esquerda é esboçar o futuro e saber transmiti-lo, conforme os interesses da sociedade, em uma só voz.

Melo participou da mesa de discussão sobre democracia, durante o seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI. O evento é realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), na Casa do Saber, em São Paulo.

“Democracia é um processo novo, que nunca é acabado, nunca está pronto”, disse ele. “Estamos vivendo um desses momentos de discussão e acomodação ou de negação da democracia”, acrescentou o professor.

De acordo com o cientista político, “até regimes ditatoriais da América Latina diziam que faziam suas revoluções em virtude da democracia”. Para ele, em meio a um cenário cada vez mais complexo, a sociedade vive a era do imprevisto.

“Não conseguimos vislumbrar o futuro. Há grande parcela da população aterrorizada com a perspectiva de futuro, e a política se faz com vistas no futuro”, acentuou Carlos Melo.

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Seminário FAP || ‘Democracia está ameaçada’, diz Arnaldo Jardim

Deputado federal e presidente do Cidadania-SP participou de mesa sobre desenvolvimento em seminário realizado pela FAP. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

“A democracia está ameaçada porque há um movimento conservador, de extrema direita, totalitário no país, mas o remédio é aprofundar a democracia e vincular democracia a desenvolvimento” afirmou o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), durante o seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI. O evento é realizado, neste sábado (24), pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), na Casa do Saber, em São Paulo.

Durante o evento, que é transmitido ao vivo pela página da FAP no Facebook, o deputado disse que os desafios são muito maiores pelo rumo da nova formação e menores pela ameaça de reacionários, apesar de não desconsiderar o que eles podem fazer. Jardim foi nomeado relator do novo Marco Regulatório de Concessões e PPPs (parcerias público-privadas).

“Como essa democracia se exerce? Partidos da forma tradicional existirão [futuramente]? Será que são movimentos? Como podemos pensar novas formas de democracia direta de relações e participações?”, questionou ele. “Nós podemos nos permitir refletir um pouco mais profundamente. Como a democracia pode ser aprofundada e ser uma democracia pra valer”, acrescentou.

O economista Sérgio C. Buarque, professor aposentado da UPE (Universidade de Pernambuco) e conselheiro da FAP, foi um dos que participaram da mesa sobre desenvolvimento. “Precisamos de menos Estado na economia para ter muito mais Estado no provimento de infraestrutura e de questões necessárias. Não é ideia liberal de estado mínimo. A gente precisa de muito Estado, mas onde ele deve estar”, afirmou.

Também integrou a mesa o economista Daniel Ribeiro Leichsenring, chefe do Fundo de Investimentos Verde Asset Management. Para ele, existem princípios básicos de economia que devem ser seguidos para desenvolver o país. “Ou a gente faz reforma da previdência para todo mundo, Estados ou municípios, ou daqui a dez anos estará todo mundo na falência. Está a favor da reforma não é ser de direita ou de esquerda, é ser razoável”, asseverou.

O engenheiro Paulo Ferracioli, que é professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio), disse que “só a política pode nos salvar”. “Tecnocratas são uma catástrofe. O setor público pode funcionar com democracia”, disse ele.

 

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Seminário FAP || 'Nova formação política não é novo partido', afirma Roberto Freire

Para o presidente do Cidadania, país necessita de uma frente que apresente alternativas à sociedade. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, disse neste sábado (24) que o país precisa de uma “frente” que reúna protagonistas em uma “nova formação política” para ser apresentada como alternativa à sociedade. Na abertura do seminário Os Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI, ele ressaltou, ainda, que “a nova formação não é um novo partido”. O evento é realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), na Casa do Saber, em São Paulo.

Com a presença de vários entusiastas, políticos e intelectuais, o seminário tem como proposta impulsionar ideias e programas para discutir e desenvolver a democracia. O objetivo é encontrar saídas para o sistema político brasileiro diante de um cenário tomado por atitudes extremas e classificadas como “retrocessos” por especialistas.

Na conferência de abertura, Freire destacou que é fundamental a formação de uma frente. “A gente precisa é não se perder em grandes debates. Temos que ter mais foco, ser mais objetivos, definirmos a questão democrática e como agir concretamente para defendê-la”, acentuou ele, lembrando que o mundo passa por profundas transformações.

De acordo com o presidente do Cidadania, a nova formação deve representar as novas demandas da sociedade. “Temos exemplos nos novos movimentos cívicos e sociais. Essa compreensão que nos traz aqui”, acentuou. Ele disse, ainda, que o instrumento de nova formação política “não é, evidentemente, o antigo partido”. “Neste debate, podemos ajudar a discutir o novo que está surgindo. Esse trabalho que estamos tentando fazer é para isso. Com certeza, seremos capazes”, disse.

O secretário-executivo do seminário, Vinicius Muller, também destacou a importância de debater formas de defesa da democracia. Ele é historiador e professor do Insper.

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Seminário FAP || ‘País está ameaçado por este maluco’, diz Marta Suplicy sobre Bolsonaro

Em seminário realizado pela FAP, senadora fez duras críticas ao presidente e disse que a anestesia da população está acabando. O evento tem transmissão ao vivo pela página da FAP no Facebook: facebook.com/facefap

“Temos que defender o Estado de Direito e a democracia. Este país está ameaçado com este maluco”, disse a senadora Marta Suplicy referindo-se ao presidente Jair Bolsonaro. Ela fez a declaração, neste sábado (24), durante a abertura do Seminário Desafios da Democracia: um programa político para o século XXI. O evento é realizado pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculado ao Cidadania, na Casa do Saber, em São Paulo (SP).

“Estamos em um momento que nenhum de nós pensou algum dia na vida que fosse viver”, afirmou Marta. Ela disse que os reflexos da atual política resulta em “coisa esdrúxula”, mas, acrescentou, essa situação não é inesperada. “Todo mundo sabia que a pessoa eleita não era qualificada. Além de não qualificada, tem sério problemas emocionais. São dois fatores que, juntos, são muito perigosos para a democracia”, destacou ela.

De acordo com com a senadora, várias pessoas acharam que a postura de Bolsonaro, no início de seu mandato, poderia ser reflexo de que ele não havia percebido que a campanha tinha acabado. “Mudar de papel de uma hora para outra é difícil, mas, depois, fui percebendo que não era questão de papel, era de desequilíbrio, obsessão, paranoia”, acentuou, para acrescentar que o presidente age com “falta de respeito e de tolerância”.

A senadora citou, por exemplo, que a postura de Bolsonaro diante do quadro de queimadas na Amazônia tem relação com o histórico dele de desrespeito ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No início deste mês, o presidente exonerou o diretor do órgão, Ricardo Galvão, após discordar da divulgação de dados que revelam o aumento do desmatamento na floresta.

A falta de capacidade de Bolsonaro para ocupar o cargo da Presidência da República reflete também, segundo Marta, nas ações de políticas educacionais, externas e econômicas adotadas pelo atual governo. “Algumas grosserias estamos tolerando, mas não dá para ficarmos quietos”, frisou a senadora, ressaltando que ficou contente ao ver o país reagir, nesta sexta-feira (23), com panelaço contra o pronunciamento de Bolsonaro na TV sobre os incêndios na Amazônia. “A anestesia está acabando e a banalização não está sendo mais tolerada”, ressaltou ela.

A senadora destacou que a democracia precisa ser defendida. “Não estou de partido nenhum. Sou de muitos partidos hoje”, disse. “Temos muita coisa em comum nos partidos. Está na hora de pegarmos tudo que a gente discorda e pensar numa grande frente para enfrentarmos o que está aí. Se não nos unirmos, vamos perder a eleição daqui [de 2020] e de 2022”, alertou ela.


Alessandro Vieira: Precisamos de novas formas de representação política

O absoluto desencanto dos brasileiros com a sua representação política, que explodiu nos atos de rua em 2013, lançou sementes em diversas direções e seus frutos continuaram em expansão ao longo dos anos, fenômeno que, somado a um quadro agudo de crise econômica e moral, resultou em 2018 na maior renovação da história no Congresso Nacional.

Alguns dos frutos mais visíveis nesse processo são os movimentos de renovação, como MBL, Agora, Acredito, Livres, Bancada Ativista e Brasil 200. Todos eles, cada um ao seu modo, defendem a ocupação do espaço de representação política por pessoas que estão fora do esquema tradicional da política partidária.

Por conta do sistema eleitoral brasileiro, absolutamente engessado e arcaico, a participação no processo demandou o ingresso individual em partidos políticos, o que gerou um previsível potencial de atrito entre cúpulas partidárias que não demonstram o menor interesse na renovação política e parlamentares que representam diretamente este anseio popular.

Há partidos que abraçam com clareza os movimentos de renovação, caso do Cidadania23, que incluiu no próprio Diretório Nacional integrantes dos movimentos Agora, Livres e Acredito, e que está reconstruindo seu estatuto para incorporar a forma fluida de uma democracia mais aberta e participativa.

Outros, por outro lado, como PDT e PSB, preferem virar as costas para a renovação, chegando ao extremo de vetar novos ingressos de cidadãos vinculados aos movimentos, renegar cartas formais de compromisso mutuamente assinadas e ameaçar com expulsão supostos dissidentes.

Não surpreende, ainda que seja lamentável, a postura anacrônica desses partidos, comandados no velho estilo cartorial. Mas surpreende a postura do presidente do partido Novo, que não só endossou as reprimendas como ditou o que ele entende ser o único caminho: criar um novo partido político para cada posicionamento ou forma de pensar e seguir rigidamente as regras que o Novo adota.

Com todo o respeito, parece-me manifestação evidente de incompreensão do que nosso momento histórico exige. Não precisamos de novos partidos ou de novos caciques ditando regras. Precisamos de novas formas de exercer a representação política, cada vez mais próxima da sociedade, mais transparente e mais aberta ao diálogo com a diversidade de pensamentos e comportamentos existentes.

*ALESSANDRO VIEIRA, SENADOR DA REPÚBLICA (CIDADANIA-SE) E INTEGRANTE DO MOVIMENTO ACREDITO


Política Democrática online faz raio-x da pobreza na maior favela do Brasil 

Sol Nascente tem área equivalente a 1.320 campos de futebol do tamanho do que existe no estádio Mané Garrincha 

Cleomar Almeida 

A reportagem especial da sétima edição da revista Política Democrática online faz um raio-x da maior favela do Brasil. Sol Nascente está localizada na cidade-satélite de Ceilândia, a 35 quilômetros do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Vive uma explosão populacional sem precedentes na história, de acordo com estimativas da administração local.

» Acesse aqui a sétima edição da revista Politica Democrática online 

A revista é produzida e editada pela FAP (Fundação Astrojildo Pereira), vinculada ao Cidadania. Sem infraestrutura básica para a população, Sol Nascente abriga 250.000 pessoas, segundo dados da administração de Ceilândia, a maior cidade-satélite de Brasília. Os moradores são castigados pela falta de serviços de segurança, educação e saúde públicas, por exemplo, conforme relata a reportagem.

Apesar de já ser a mais populosa do DF, a comunidade é a que mais recebe novos moradores de outras regiões do país. Em 2010, abrigava 56.483 pessoas e, naquele ano, só tinha menos habitantes que a Rocinha, no Rio de Janeiro, onde moravam 69.161 pessoas, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deve realizar novo levantamento no próximo ano.

Devido à sua localização em um morro, segundo a reportagem, a favela carioca passou a ter dificuldade para novas explosões populacionais, após registrar surtos de crescimento nas décadas de 1970 e 1980 e no início dos anos 2000. Sol Nascente, que completou 19 anos no dia 11 de maio, tem uma área plana de 943 mil hectares, o equivalente a 1.320 campos de futebol do tamanho do que existe no Estádio Mané Garrincha. Ceilândia, onde fica a favela, terá 448.000 habitantes em 2020, aponta projeção da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) com base em dados do IBGE.

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