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Alberto Aggio: Um novo partido democrático para o Brasil

O Brasil vive um momento dramático. Os brasileiros irão às urnas em outubro esperando que o país encontre saídas reais para a crise e um novo sentido de futuro. As últimas escolhas e a composição dos últimos governos deixaram sequelas profundas que comprometeram a credibilidade da política. Hoje, a crise ética é uma fratura aberta, a segurança pública um descalabro, acossada pelo crime organizado. Parcas melhoras na economia e no emprego não fizeram alterar esse cenário de desesperança.

Diante da confirmação da condenação de Lula pelo TRF4, que deve ceifar sua candidatura presidencial, o país tem diante de si o desafio de superar o lulismo. A corrupção sistemática que arrasou o país nos anos do lulismo abalou todo o edifício político que havia sido montado nesses anos de democratização. O cenário pós-Lula deverá requisitar o concurso do conjunto da sociedade, da opinião pública, dos intelectuais, dos partidos políticos e de todos aqueles que possam se mobilizar pela reconstrução do país.

Lula e o PT nasceram no outono do autoritarismo como peças do “sindicalismo de resultados”, com roupagem e retórica de esquerda. No governo, analogicamente, o lulopetismo foi uma "esquerda de resultados", nefasta à sociedade brasileira, especialmente aos mais pobres pois os subalternizou, fixando-os em seus interesses individuais e impedindo qualquer perspectiva de elevação cultural e política que os convocasse a formular e compartilhar um projeto nacional e civilizatório. O lulopetismo foi tóxico à democracia e à esquerda. Como escreveu Demétrio Magnoli, em artigo recente, "a 'esquerda' lulista escolheu o capitalismo selvagem do consumo privado, do crédito popular, do cartão magnético, das Casas Bahia e do Magazine Luiza" como horizonte de satisfação hedonista das massas. A pragmática petista contou, das origens até agora, com a anuência da "esquerda maximalista" que soldava apoios ao “grande líder” quando julgava necessário e conveniente. Um papel jogado também pelos intelectuais das universidades públicas. Foi assim que o lulopetismo condenou o Brasil a não ver realizada a social-democracia ou o reformismo que poderiam instaurar um novo cenário histórico no país. Em nome do mito e servindo-se dele, o PT bloqueou a afirmação de uma esquerda democrática, defensora das reformas e aberta ao novo.

No Brasil de hoje, as ruas, que foram essenciais em 2013 e no impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, esmoreceram, mas não se despreocuparam. Como se sabia, seria ilusão esperar delas uma saída clara para a crise em que o país mergulhou. Sem conseguir estancar a crise ética, o governo Temer não produziu a expectativa positiva que se esperava, mesmo com uma oposição fraca e prisioneira do lulismo. A política que havia revivescido acabou por não se consolidar. Resultado: o drama se instalou, com uma sociedade órfã sem poder confiar no governo ou na oposição.

A expectativa se voltou para as dimensões externas à política, notadamente para a Operação Lava Jato, que cumpria exemplarmente o seu papel republicano e constitucional. Desorientada, a opinião pública passou a admitir saídas ilusórias e despropositadas.  Alguns continuaram a ver nas ruas, via democracia direta, a alternativa a esse estado de desorientação. Outros concluíram que decisivo seria “dar o poder” aos “homens de toga” como substitutos da má política. Embalados pela ânsia de poder, outros ainda viram nas eleições presidenciais de 2018 a salvação mediante apoio a algum outsider, uma sedução ao transformismo que não faria mais do que prolongar nossa agonia; por sorte parece que essa febre está cedendo. De toda forma, como sabemos, a saída está na política e é em torno dela que devemos nos reagrupar.

É nesse cenário que se deve valorizar a recente abertura do Partido Popular Socialista (PPS) aos chamados “movimentos cívicos” que brotam na sociedade com o objetivo de renovar ou refundar a política. Um partido político abrir-se ao diálogo com o que há de autonomamente organizado na sociedade é sempre saudável. Isso pode gerar novos ares novos e novas perspectivas, especialmente se o objetivo for renovar os nossos carcomidos costumes políticos e ultrapassar essa fase nefasta da vida política brasileira.

Sucedâneo do antigo PCB, para o PPS isso é fundamental. O PPS é um partido pequeno e, na conjuntura atual, necessita eleitoralmente dessa abertura. Esse talvez seja o sentido mais imediato dessa aproximação com os chamados "movimentos cívicos", como o Agora, o Renova Brasil e o Livres, além de outros. Na linguagem destes movimentos, a perspectiva eleitoral também é evidente e talvez até mais explícita. A atrasada legislação eleitoral brasileira não permite as chamadas listas cívicas de candidatos autônomos e, por isso, os movimentos precisam se credenciar nos partidos políticos para seus candidatos postularem um lugar na disputa. O PPS abriu essa porta a eles.

Entretanto, para o PPS talvez seja mais do que isso ou talvez possa ser mais do que isso. Intencionalmente ou não, o fato é que essa abertura (e mesmo as circunstâncias em que ela se realiza) pode colocar um desafio novo ao PPS. Em casos assim, de uma abertura à sociedade, à novas culturas política, como não poderia deixar de ser, abre-se a discussão em torno do destino dessa organização política.

Pode-se dizer que entre o fim do PCB e o advento do PPS, até os dias que correm, o PPS configurou-se essencialmente como um partido pós-comunista, com aderentes que vieram de diversas culturas políticas ou até mesmo de nenhuma, mas com um núcleo dirigente político caudatário da história e da cultura política do pecebismo. O PPS é antes de tudo um partido pós-pecebista, que busca valorizar o que entende como positivo na trajetória do “velho partidão”, especialmente sua postura democrática, adotada depois de 1958 e realçada no combate à ditadura militar que se impôs no Brasil entre 1964 e 1985. O pecebismo é aqui tratado como uma cultura específica do movimento comunista internacional que deu origem e guiou os passos da trajetória do comunismo no Brasil. Como em outros países, a versão nacional do movimento comunista estabeleceu uma característica especial a cada um dos partidos. No caso brasileiro, o pecebismo foi uma espécie de ato de “civilização do comunismo” por meio de sua adesão à política democrática. Daí a ambiguidade sempre marcante do PCB, especialmente depois da Declaração de Março de 1958 que acabou por dar ao partido (talvez da mesma forma que ocorreu com o Partido Comunista Italiano, guardadas as devidas proporções) uma espécie de “dupla alma”: mantida a adesão ao comunismo internacional, buscou organizar sua linha política que procurava ler cuidadosamente a situação nacional, integrando-se às lutas democráticas do seu povo.

Como pós-comunista, o PPS trouxe para dentro de si as características marcantes do pecebismo e, talvez por isso, tardou muito a encontrar uma nova identidade. Demorou muito em admitir que o seu ideário anterior, o comunismo, havia fracassado e não apenas havia sido derrotado (em certo sentido, a ideia de derrota ainda prevalece, uma vez que ainda se fala a partir da trajetória vivida, ou seja, do momento comunista ainda incrustrado no PPS). Tardou muito também a se perceber como partido reformista, sem ambiguidades, no sentido de que as reformas devem compor uma perspectiva de futuro e de destino e não uma etapa de um processo revolucionário ou transformador, como pensavam antigamente os comunistas. A fase pós-comunista do PPS se fixou como uma inercia mental que o dificultou a ir além, malgrado alguns esforços momentâneos e isolados.

Assim, para além do eleitoral, para o PPS, a abertura aos “movimentos cívicos” talvez possa se constituir num momento particularmente precioso, histórico, que se volte para a perspectiva de se pensar na criação de um novo sujeito político. É ilusória a fórmula de um "partido-movimento", na medida que isso deve fazer parte de qualquer processo de renovação ou refundação dos partidos atuais, especialmente à esquerda do espectro político-ideológico. Assim como é taxativa e fora da realidade a assertiva de que os partidos "têm prazo de validade determinado". Há partidos que morrem, que se desqualificam, que se renovam, que se refundam e que nascem. O PCB e o PCI morreram, o PTB e o MDB se desqualificaram, o PD italiano e o Partido Liberal canadense, imersos nas incertezas da democracia e do seu jogo eleitoral, se renovam e se refundam, o Podemos, na Espanha, e o En Marche, na França, são novas criações que derivam das lutas efetivamente populares nos seus países por renovação da política, e assim por diante. A lista seria grande e aqui menciono apenas alguns exemplos. Mas o certo é que a questão não é simplesmente a mudança de nome dos partidos, em especial quando o critério for apenas eleitoral, sem vínculos políticos e simbólicos com o que se passa na sociedade (falar em Movimento23, como às vezes se cogita, é algo que, ao nosso ver, não se deve acolher em razão de sua exclusiva dimensão eleitoral, sem vínculos simbólicos nem com o passado nem com o presente)

Fala-se eufemisticamente de uma nova "formatação" ou "formação política". Mas, realisticamente, se deveria falar num novo partido político, com novo nome, novo programa, novos métodos, novas aberturas, nova identidade. Instituir uma nova formação partidária com os mesmos vícios do antigo comunismo (justiça seja feita: não apenas dele), como a eternização das direções e o controle férreo da sucessão dos quadros dirigentes, não terá nenhuma valia.

Se essa abertura do PPS aos chamados “movimentos cívicos” avançar, para além do eleitoral, será uma perda de oportunidade histórica não superar a fase pós-comunista do partido e, com ela, decretar o fim das suas estruturas e costumes inerciais e o nascimento de um novo sujeito histórico, não mais pós-comunista e muito menos comunista. Ao nosso ver, não se deve perder aqui a orientação que está identificada na marca da esquerda democrática”, embora do ponto de vista programático poderá haver uma maior abertura a elementos do que se pode chamar de "esquerda liberal" ou mesmo um "centro-esquerda liberal-democrático", como vem ocorrendo na França, na Inglaterra e no Chile. O presente está aberto e o que fizermos agora dirá quais serão os nossos caminhos para o futuro.

Os termos deverão ser claros: um novo partido, uma força cosmopolita e reformista que possa, além de governar o país, ser capaz propor uma visão geral e uma ideia do futuro diante de um mundo que muda de maneira vertiginosa e profunda. Que seja capaz de responder às necessidades e também aos desejos de todos aqueles que querem trilhar esse caminho carregando consigo suas legítimas preocupações, anseios e ambições.

Devemos partir claramente de uma verdade insofismável: o cenário global é complexo assim como a revolução tecnológica em curso constitui-se numa grande oportunidade. Contudo, a sociedade em seu conjunto e o Estado brasileiro, em especial, deve estar equipado para enfrentar os problemas que também derivam dessa grande transformação. Esse novo partido democrático deve propor medidas de fortalecimento da nossa economia para que o país volte a crescer, com qualidade e sustentabilidade, e a ser visto como um player importante no mundo, libertando suas energias e seu enorme potencial. O Brasil tem todas as credenciais para proporcionar aos seus cidadãos os meios para uma vida digna e as oportunidades para a realização de suas ambições, como indivíduos e como uma comunidade que busca reafirmar suas identidades no momento em que irá completar 200 anos de existência como país independente.

É, certamente, uma batalha dramática e exigente frente a todos os desafios que temos pela frente, cujo inimigo maior são as promessas, imprudentes e perigosas, que comprometem os horizontes fiscais da República além de escamotearem, com políticas econômicas dignas de desenhos autárquicos do passado, os equívocos trágicos que a história, mesmo a mais recente, nos têm ensinado.

Vivemos um momento de resgate da política e de refundação. Não há razão para se partir do zero, mas também não há razão para imaginarmos que o novo cairá do céu ou derivará de qualquer retórica mercadológica ou marqueteira. Também não há razão para acreditar que os brasileiros de bem não construíram, mesmo que contraditoriamente, um país cheio de vitalidade e que, transformado, deverá ser um excelente lugar para se viver. É preciso extrair do esforço democrático de luta dos brasileiros, tal como se fez na luta contra o autoritarismo, os fundamentos de um amplo programa de reformas que deverá, sem as falsas promessas e ilusões fáceis da demagogia e da antipolítica, transformar o país. É hora de nos atualizarmos ao mundo e vivermos com sinceridade os desafios do futuro. Não surgirá efetivamente nada de novo e positivo nessa quadra se nossos propósitos não forem largos e claros visando uma atualização verdadeira e realista. Trata-se, desta forma, de uma oportunidade histórica que não pode ser vivida como “oportunismo” ou mais um “transformismo”.

Não surgirá nada de novo nessa quadra se nossos propósitos não visarem a uma atualização verdadeira e realista. As ideias-chave para tanto são a valorização do trabalho, da ética e da República, estímulo à inovação e ao crescimento econômico, visão social consonante com o mundo em transformação, democracia e novo reformismo. Tudo depende de cada um e de todos nós. De um pequeno partido e de movimentos renovadores da política formados por pessoas que devem, como o conjunto da população, estarem no centro das nossas preocupações e dos nossos horizontes.

 


Banner do Seminário sobre desenvolvimento sustentável e inclusão social

Seminário da FAP debate sustentabilidade e inclusão social neste sábado (10), em Brasília

“Não há como dissociar desenvolvimento sustentável e inclusão social da discussão do modelo econômico do país”, afirma a especialista em sustentabilidade Maria Amélia Rodrigues

Por Germano Martiniano

O desenvolvimento sustentável e a inclusão social são os temas do seminário que a Fundação Astrojildo Pereira realiza neste sábado (10), das 10 às 17h, no auditório da Biblioteca Salomão Malina, no Conic, em Brasília. O evento, o terceiro a integrar um ciclo de discussões que visam produzir material para o Congresso Nacional do Partido Popular Socialista (PPS), previsto para ocorrer no final deste mês em São Paulo, terá transmissão ao vivo pelo perfil da FAP no Facebook, por meio do endereço facebook.com/facefap/.

Acompanhe ao vivo, a segunda etapa do seminário:

https://www.facebook.com/facefap/videos/1485206521589804

 

Reveja abaixo a primeira etapa do seminário, realizado na manhã deste sábado, 10/03/2018, em Brasília.

https://www.facebook.com/facefap/videos/1484960741614382

 

As discussões que visam produzir material para o Congresso Nacional do Partido Popular Socialista foram iniciadas no último dia 24/2, quando foi realizado o seminário "Novo pacto entre estado e a sociedade brasileira"; e continuadas em 3/3, data do segundo evento, que teve o tema "O Brasil em um mundo em transformação". Agora, como a temática do desenvolvimento sustentável  ganha, a cada dia, mais notoriedade nas políticas globais, é a vez de se discutir questões como a do aquecimento global e todas suas conseqüências, as quais têm obrigado os países a buscarem alternativas que agridam menos o meio ambiente, de modo a preservá-lo para as gerações futuras. Portanto, qualquer projeto político que se pense hoje para o Brasil, ainda mais em ano de eleições presidenciais, deve trazer ações concretas para os temas da sustentabilidade e da inclusão social.

 

 

Seminário
Na mesa estarão o senador (PPS-DF) e presidente do Conselho Consultivo da FAP, Cristovam Buarque; a economista e PhD em Desenvolvimento Sustentável, Maria Amélia Rodrigues da Silva e o secretário executivo do evento, André Amado. Entre os participantes estarão Alba Zaluar, Aldo Pinheiro da Fonseca, Antonio Carlos Máximo, Benjamin Sicsu, Elimar Pinheiro do Nascimento, Felipe Salto, Francisco Inácio de Almeida, George Gurgel de Oliveira, Lucilia Helena de Carmo Garcêz, Marco Lemgruber, Marcos Terena, Paulo Morais Santa Rosa, Sônia Francine Gaspar Marmo, Victor Missiato e Vladimir Carvalho da Silva.

Para antecipar alguns assuntos da pauta que serão discutidos no seminário, a FAP entrevistou Maria Amélia Rodrigues. Para a especialista em Desenvolvimento Sustentável, tão importante quanto a temática da sustentabilidade é a questão da inclusão social. “Não se pode falar em desenvolvimento sustentável em um país em que 0,5% da população detém a mesma riqueza a base dos 50% ou quando crianças comprometem irreversivelmente sua capacidade intelectual por passarem sua infância com infecções intestinais decorrentes da falta de saneamento básico”, critica.

Confira, a seguir, trechos da entrevista:

FAP - Você afirma que não há como dissociar desenvolvimento sustentável e inclusão social da discussão do modelo econômico do país. O Brasil, historicamente, é um país que é negligente com a natureza. Para a senhora, qual a principal causa do nosso atraso em relação às causas ambientais?

Maria Amélia Rodrigues da Silva - Historicamente não tem sido prioridade aliar produção à qualidade ambiental e equidade social. O agronegócio, por exemplo, teve um crescimento excepcional em biomas, como o Cerrado, mas sua expansão pode comprometer as nascentes dos principais rios do país, além da própria biodiversidade, pelo uso excessivo de adubos químicos, herbicidas, pesticidas e agrotóxicos em geral. Na Amazônia, apesar de 40% das áreas estarem legalmente protegidas, grande parte está sob constante ameaça pelas grandes obras hidrelétricas, empreendimentos agropecuários e minerais, expansão dos eixos de escoamento logístico etc. As marcas da poluição hídrica e atmosférica dos grandes centros urbanos da Região Sudeste são reveladoras do histórico descaso com a questão ambiental, bem como com os problemas sociais, pela proliferação de “aglomerados subnormais” e a falta de acesso a serviços básicos por grande parte da população. E por que essas questões não tem sido prioridade? Porque tem custo. Além do que commodities voltadas para o mercado externo têm isenção de impostos, o que significa menos recursos para os cofres públicos cuidarem das questões socioambientais, por exemplo. Isso sem falar da corrupção, que desvirtua tudo!

O Brasil é um país agroexportador. A indústria do agronegócio tem tido avanços em relação a uma produção mais sustentável, ou ainda se encontra longe disso?

Há avanços louváveis. Nos últimos anos houve um significativo aumento da produção, sem que tenha ocorrido expansão proporcional em termos de área utilizada, isto é, houve aumento de produtividade. Mas, este crescimento tem se dado a partir do uso excessivo de pesticidas, herbicidas, adubos químicos que podem atingir os cursos d’água, o lençol freático, bem como afetar a biodiversidade; a prática da monocultura deixa também o sistema mais vulnerável às pragas, assim como o uso intensivo do solo exaure os macro e os micronutrientes. A desertificação por práticas agrícolas inadequadas é uma realidade crescente na região Nordeste. Mais uma vez, é necessário inserir as questões socioambientais no centro do tema agronegócio e não apenas como uma questão periférica.

Fonte: http://blog.perfarm.com/agricultura-no-brasil/

Desenvolvimento sustentável e inclusão social são políticas que andam juntas? Como se dá este processo?

Certamente, a dimensão social é um dos três pilares da sustentabilidade – os outros dois são o econômico e o ecológico. Não se pode falar em desenvolvimento sustentável em um país em que 0,5% da população detém a mesma riqueza a base dos 50%; quando crianças comprometem irreversivelmente sua capacidade intelectual por passarem sua infância com infecções intestinais decorrentes da falta de saneamento básico.

As cidades brasileiras são o reflexo do desequilíbrio social: moradores de ruas, favelas, falta de saneamento básico e violência, entre outros problemas. Como pensar em inclusão social e desenvolvimento sustentável a partir das cidades? O que falta?

Esse quadro é o reflexo de um modelo político-econômico excludente que, historicamente, não universalizou a cidadania. O que precisamos realizar é o resgate da cidadania. E a educação é a base para a formação desta cidadania, mas uma educação de qualidade que valorize o docente, que promova, de fato, uma formação cidadã reflexiva e não apenas tecno-produtivista. A educação, sem dúvidas, deve estar no topo das prioridades do próximo governo.

No último seminário realizado pela FAP - "O Brasil no mundo em transformação" -, muito se discutiu sobre o papel do Estado e que sua readequação, e até redução se faziam necessárias para o país reencontrar um rumo. Na questão ambiental, como avalia o papel do Estado? Precisamos de um Estado forte e presente?

Até mesmo os defensores dos mecanismos de mercado, enquanto ferramenta indutora de mudança de comportamento, por afetar o bolso, reconhecem a importância dos instrumentos de comando e controle, isto é, da ação enérgica do Estado quando se trata de meio ambiente. Portanto, não se pode prescindir da ação fiscalizadora e coercitiva do Estado, porém se o agente que está cometendo o ilícito ambiental perceber que, em termos econômicos, compensa permanecer nesta circunstância ele, não vai mudar sua atitude. Isso significa que, para ser efetiva, a política ambiental deve ser exercida a partir de uma combinação eficiente de ferramentas, inclusive de instrumentos de comunicação.


FAP realiza o seminário “O Brasil em um mundo em transformação”, dia 3, em São Paulo

Falta de recursos, investimentos insuficientes em educação e engessamento das fontes de financiamento das nossas universidades ainda dificultam o desenvolvimento tecnológico brasileiro, segundo o economista Nelson Tavares, um dos palestrantes do segundo seminário de uma série de três eventos realizados pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), que visam a preparação de material para discussão no Congresso Nacional do PPS

Por Germano Martiniano

Com o tema, “O Brasil em um mundo em transformação”, a Fundação Astrojildo Pereira (FAP) realiza, neste sábado (3/03), em São Paulo, no Hotel Pergamon, o segundo seminário de uma série de três eventos que visam a preparação de material para discussão no Congresso Nacional do PPS, que ocorrerá no final deste mês também na capital paulista. O seminário terá transmissão ao vivo pelo perfil da Fundação no Facebook: https://www.facebook.com/facefap/.

O seminário deste sábado será liderado pelo economista Nelson Tavares Filho, em conjunto com o secretário executivo do evento, André Amado; o embaixador Ronaldo Costa Filho (Subsecretário de Assuntos Econômicos e Comerciais do Itamaraty) e Luiz Paulo Vellozo Lucas, engenheiro e político brasileiro, que vão compor a mesa principal.

Para discussão do tema também estarão presentes os seguintes participantes: Amílcar Baiardi, Ana Stela Alves de Lime, André Gomide Porto; Benoni Belli, Ciro Gondim Leischsering, Creomar de Souza; Dina Lida Kinoshita, Gustavo Maultasch, Hercídia Coelho, Jorge Caldeira, Lourdes Sola, Luciano de Freitas Pinho, Luís Avelino Lima, Marco Aurélio Nogueira, Martin Cézar Feijó, Mauricio Rudner Huertas, Rogério Baptistini Mendes, Sergio Besserman, Sérgio Campos de Morais, Tibério Canuto e Ulrich Hoffmann.

Tema
O mundo do trabalho, as relações interpessoais e entre países, a força de trabalho e o modo de produção material do mundo atual se modificam a cada dia. Há poucos anos os EUA comandavam a economia internacional soberanamente. Hoje, a economia chinesa decuplicou, e apostas mais recentes são as de que, na próxima década, deverá se tornar a maior economia do mundo.

Além do crescimento econômico chinês, outros países da Ásia também apresentaram taxas de crescimento bem maiores do que a economia americana neste século XXI, com exceção do Japão, o que implica no deslocamento da importância econômica no mundo para o Oriente.

Dentro deste quadro que o seminário em São Paulo debaterá o papel brasileiro neste mundo em transformação. A pauta será a seguinte pauta: deslocamento da importância econômica no mundo para o Oriente; Desenvolvimento Tecnológico; Mudança Tecnológica para Economia Poupadora de Carbono; Impactos do desenvolvimento futuro na Infraestrutura e Impacto sobre a economia brasileira.

Para Nelson Tavares, “a China está se tornando o parceiro mais importante do Brasil”, por isso a necessidade do debate. “Do ponto de vista dos investimentos, a China tem se tornado um “player” importante na América do Sul. Parece disposta a desenvolver parte da infraestrutura do Continente, especialmente, no Brasil”, completou Tavares, que concedeu uma entrevista à FAP. Confira, a seguir, alguns trechos da entrevista:

FAP: O primeiro tema do debate será o “deslocamento da importância econômica para o Oriente”. Como está a relação econômica brasileira com o Oriente e o que podemos aprender com eles para fortalecer nossa economia?

Nelson Tavares: Dois ângulos a serem examinados: primeiro, do ponto de vista comercial, a China está se tornando o parceiro mais importante do Brasil. Grande consumidora de alimentos. E importa muito minério de ferro. A pauta é, principalmente, de produtos primários. Tentamos vender aviões, mas não fomos bem sucedidos. Essa pauta precisa ser estudada para escolhermos a melhor estratégia para enriquecê-la. Do ponto de vista dos investimentos, A China tem se tornado um “player” importante na América do Sul. Parece disposta a desenvolver parte da infraestrutura do Continente. Em especial, no Brasil, tem aplicado recursos em transmissão de energia, geração e aproveitado o fato de que a recessão nos dois últimos anos “barateou” o preço das empresas aqui instaladas.

Por que no Brasil se investe tão pouco no desenvolvimento tecnológico?
Falta de recursos, investimentos insuficientes em educação e engessamento das fontes de financiamento das nossas universidades.

Atualmente, existe a necessidade de se desenvolver, porém agredindo o menos possível o meio ambiente. Em relação a emissão do carbono, os países subdesenvolvidos reclamam que os países desenvolvidos já emitiram suas cotas para crescerem economicamente enquanto que eles não. Ainda há a necessidade de se agredir a natureza para obter crescimento econômico?
Ao contrário. Alguns anos mais, a medição da riqueza terá um novo componente: o quanto você tem acesso a águas limpas, florestas, esgoto tratado, etc... Rico será o país que tiver acesso a todos esses itens, inclusive.

E o Mercosul frente a este novo panorama econômico, seria mais interessante para economia brasileira agir individualmente ou em bloco?
O Mercosul não tem conseguido ter avanços significativos. De qualquer maneira, considero que está havendo uma evolução no que diz respeito à conscientização que precisa haver mais integração. Por outro, o Brasil, nos últimos anos tem mostrado uma incapacidade de liderar os países do continente sul americano.

O que esperar do novo presidente em relação à economia para os próximos anos em nível nacional e internacional?
Voltarmos ao crescimento. De maneira competitiva. Não podemos querer fazer tudo internamente. Precisamos de maior comércio para podermos produzir de maneira competitiva e, consequentemente, poder exportar.  Dedicar e reavaliar a questão do investimento em educação. A divisão da responsabilidade dos governos perante a educação terá que ser redefinida. Os municípios e os estados estão se mostrando incapazes de “dar conta” de sua parte. Necessitamos ter como meta que cada brasileiro tenha, no mínimo, dez anos de uma boa escola. A Universidade tem que desenvolver meios de financiar, ao menos parte, de suas atividades sem a colaboração do governo central. É inadmissível que, quem pagou por escolas todo tempo no nível básico e médio, não queira pagar na universidade. Por fim, a questão ambiental. Seguir, de maneira rígida, o protocolo ambiental de Paris deve ser o mínimo a ser feito. Desenvolver ações de conservação das fontes de água limpa, das florestas tropicais e amazônica. Ações que visem ao tratamento de esgoto, evitando a poluição de rios e oceano. Uma agenda pesada de mudanças.

Confira o próximo seminário:


Caetano Araújo: Considerações sobre o impasse programático e o desafio da esquerda democrática

É extremamente oportuna a crítica de Hamilton Garcia ao documento congressual do PPS (O impasse programático e o desafio da esquerda democrática – reflexões para o 19º Congresso do PPS). Aponta, já no seu título, a necessidade de a esquerda democrática avançar na formulação de uma estratégia programática mais clara, condição necessário para o diálogo profícuo com a sociedade e com as demais correntes políticas. Reconhece também, no corpo do texto, a vulnerabilidade dos partidos que pretendem representar esse campo, PPS incluído, no que se refere a esse quesito. O debate político, também nesses partidos, tem sido insuficiente frente às necessidades de formulação política, numa conjuntura que muda rapidamente.

Concordo com boa parte do texto. Enumero, sem maiores comentários, os pontos que me parecem concordes com minha avaliação: a questão democrática não se esgotou com a conquista do estado democrático de direito; o desenvolvimento das forças produtivas no país é uma questão a ser enfrentada; essa questão não encontra solução apenas por meio do mercado, mas demanda intervenção e regulação permanente do Estado; o caminho autarquizante é uma miragem, uma vez que a integração à economia mundial e, portanto, ao processo de globalização, é imperativa.

Concordo também com a necessidade da crítica ao velho desenvolvimentismo, particularmente a seus aspectos autoritários e excludentes. Avançar nessa crítica me parece urgente, inclusive porque acabamos de passar por um experimento econômico que se reivindicava herdeiro dessa tradição, com os resultados que conhecemos: em vez de crescimento, recessão; em vez de proteção à indústria nacional, aprofundamento da desindustrialização.

Vou discutir com mais vagar os pontos relevantes de que discordo, até para precisar um pouco mais minhas divergências com o texto. Formulo assim o primeiro ponto: é possível e desejável um período de proteção à economia nacional para habilitá-la à integração na economia mundial em condições isonômicas com os demais países, como parece advogar o texto de Hamilton Garcia? Segundo ponto: pode a política cambial servir a esse fim?

Tenho como premissas nessa discussão que o processo de globalização 1) tem sua origem na revolução científica e tecnológica em curso desde a década de 1970, 2) teve como consequência mais relevante a queda das barreiras à mobilidade de capitais pelo mundo e 3) à maior mobilidade de capitais correspondeu a redução da autonomia dos estados nacionais na formulação de suas políticas econômicas.

Formou-se sobre o mundo uma nuvem de capitais capaz de tomar em pouco tempo o rumo que mais lhe convém. Nenhum país pode assumir o ônus de sair de suas rotas, sob pena de ver a migração de suas próprias empresas para essa nuvem. Afastada por contraproducente a tentativa de controlar mediante normas internas esses movimentos, resta aos estados nacionais trabalhar em sistemas de regulação internacional e/ou adaptar suas políticas aos parâmetros por eles definidos. Políticas de juros e de câmbio estão sob ajuste há décadas no mundo. Discutem-se hoje os primeiros indícios do que pode vir a ser um novo salto nessa direção: uma tendência à redução radical da carga tributária que, se confirmada, imporá novos desafios aos países em desenvolvimento.

A regulação possível sobre esses movimentos depende cada vez mais de acordos internacionais e a legitimidade internacional passa a ser condição da eficácia das políticas adotadas por cada um desses estados. Em concreto, a China, com todo o seu poderio econômico não pode ficar à margem das decisões da OMC, muito menos o Brasil. Nesse fórum a adoção de barreiras alfandegárias com objetivos protecionistas já está condenado. Não existe mais a possibilidade de um período protecionista anterior a abertura comercial, como ocorreu nos países de industrialização antiga.

Estamos condenados a aumentar nossa competitividade enquanto aprofundamos nossa integração à economia mundial.
Ou seja, em vez de um período de proteção para fortalecimento da indústria antes de sua exposição à concorrência, podemos, no máximo, levantar barreiras pontuais e provisórias dentro do leque de medidas considerado legítimo nesse debate: barreiras fitossanitárias, proteção ao trabalho livre e ao meio ambiente, além da imposição de sanções aos países que abrigam paraísos fiscais, tema este cuja discussão recém começa.

Em síntese, é possível, mas não desejável, ficar à margem da economia mundial. Para evitar a situação de autarquia, o Brasil deve seguir a regra do jogo, evitar tanto o subsídio à exportação quanto as barreiras alfandegárias à importação e fazer uso apenas de restrições legitimadas no debate internacional.

Pode a política cambial atuar como sucedâneo da proteção alfandegária? Não sou economista, não tenho, portanto, competência para manejar argumentos técnicos sobre o tema. Do ponto de vista político, contudo, penso que ao menos dois argumentos pesam contra uma política desse tipo. Em primeiro lugar, a desvalorização cambial beneficia as exportações enquanto penaliza, simultaneamente, as importações. Ajuda inegavelmente quem exporta muito e importa pouco, como o agronegócio. Por outro lado, setores da indústria de ponta, dependentes de tecnologia e de importações, como a Embraer, por exemplo, poderiam ficar em situação desvantajosa face a seus concorrentes internacionais e tenderiam a demandar medidas compensatórias adicionais para restaurar a situação anterior.

Mais importante, contudo, é, a meu ver, o impacto de uma política desse tipo sobre o salário real dos trabalhadores e suas consequências políticas. Há alguns anos, Bresser-Pereira estimou em cerca de um terço a perda salarial resultante do ajuste cambial necessário para dar competitividade à indústria nacional. Penso, em síntese, que é impossível pactuar, ou seja, obter o acordo dos trabalhadores, para uma medida desse tipo em condições de informação plena e normalidade democrática. Não é racional aceitar uma perda salarial dessa ordem sem garantia alguma em termos de criação de empregos e aumento de salários no futuro. Os trabalhadores alemães, com salários e condições de vida muito superiores aos do trabalhador brasileiro, concordaram, anos atrás, em limitar suas reivindicações de salários aos ganhos de produtividade. Esse mostrou ser um acordo razoável, possível, portanto, em situação de democracia. Contrariamente, eleger a construção da grande indústria como meta e fazer sua competitividade descansar no câmbio, a qualquer custo, parece-me hoje uma estratégia compatível apenas com regimes autoritários.

Uma estratégia alternativa, que atenda aos requisitos externos e internos de legitimidade, pode ser construída, na minha opinião, a partir das seguintes diretrizes.

Primeiro, perseguir o aumento da competitividade internacional por meio da redução do chamado custo Brasil.

Para tanto, em segundo lugar, concentrar a ação do Estado nas suas atividades fim, o que implica conceder à iniciativa privada, sob a supervisão pública, toda atividade relacionada à infraestrutura produtiva do país.

No presente argumento, atividades fim do Estado são a produção de cidadãos, de empresas e de conhecimento. Produzir cidadãos significa garantir a oferta dos serviços públicos essenciais; produzir empresas, uma política ativa de empreendedorismo e apoio a trabalhadores autônomos, micro e pequenas empresas, além de estímulo ao cooperativismo. Produzir conhecimento significa a operação permanente de programas de estímulo à produção de ciência, tecnologia e inovação.

Em terceiro lugar, uma revolução na estrutura e funcionamento da máquina pública, de modo a maximizar a eficácia, a transparência e a participação do cidadão.

Em quarto lugar, formular e executar uma estratégia proativa de atuação do Brasil nos diversos foros internacionais.


FAP realiza o seminário  “Novo pacto entre o estado e a sociedade brasileira”, no Rio de Janeiro

O ponto de partida deste tema é a constatação da inadequação do Estado, no seu formato presente, para dar solução aos problemas considerados emergenciais pela população

Por Germano Martiniano

A Fundação Astrojildo Pereira (FAP) inicia, a partir deste sábado (24), no Rio de Janeiro, uma série de seminários com a finalidade de produzir material para discussão na conferência e congresso do Partido Popular Socialista (PPS), previsto para ser realizado no final de março e, também, no decorrer do processo eleitoral de 2018. O evento terá transmissão ao vivo por meio do perfil da FAP no Facebook: http://www.facebook.com/facefap.

O primeiro seminário terá como tema principal “Novo pacto entre o estado e a sociedade brasileira”. O ponto de partida deste tema é a constatação da inadequação do Estado, no seu formato presente, para dar solução aos problemas percebidos como prementes pela população.

A pouco menos de oito meses para as eleições presidenciais no Brasil, a movimentação dentro dos partidos se torna cada dia mais intensa na busca das definições dos nomes que irão para o pleito e também para as coligações e projetos (bandeiras) a serem seguidos. Há alguns dias Lula e Bolsonaro disputavam a liderança nas intenções de votos.

Agora, com a condenação de Lula, os votos do ex-presidente petista devem se dispersar pelo centro político, que também não é um centro unido, pelo contrário, se caracteriza por ser bastante difuso, apresentando candidatos, tanto de centro-direita, quanto de centro-esquerda, e nenhum deles sendo uma cara nova para o país.

De acordo com o coordenador temático dos seminários, Caetano Araújo, a realização deles se reveste de uma grande importância, pois o "congresso definirá o papel do partido e sua política de alianças", informa. "Nossa tradição é a construção de alíneas amplas, no campo democrático, capazes de enfrentar as grandes questões que estão na agenda: inclusão social, equidade, sustentabilidade, desenvolvimento econômico e consolidação da democracia", completa.

Temas
Deverão ser abordados neste primeiro seminário os seguintes temas: Equilíbrio fiscal; Novo Pacto Federativo; Reforma tributária e Reforma política. De acordo com André Amado, secretário executivo do evento, o seminário é uma oportunidade de “debater e refletir” sobre temas da atualidade.

“Em anos eleitorais não é frequente ouvirmos projetos para o país, constantemente ouvimos sobre quem é culpado, inocente, sobre coligações, mas pouco se discute ideias”, citou Amado. “A FAP cumpre um papel extraordinário ao reunir pessoas com autoridade acadêmica, profissional e politica para discutir os temas que estão no seminário”, completou o secretário do evento.

Após este primeiro seminário no Rio de Janeiro, serão ainda realizados outros dois em São Paulo, no dia 3 de março e, em Brasilia, em 10 de março, com os seguintes temas, respectivamente: “O Brasil em um mundo em transformação” e “Desenvolvimento sustentável e inclusão social”.

Confira, a seguir, alguns trechos da entrevista que o coordenador temático dos seminários, Caetano Araújo, concedeu a FAP:

FAP - Como você analisa o arquivamento da reforma tributária? Ela deveria ter sido aprovada este ano, ou será positivo deixar para um próximo governo e ter mais tempo de discussão com a sociedade?
Caetano Araújo: Na verdade o governo não apresentou uma proposta de reforma tributária nem o fará até o fim do seu mandato. No entanto, a questão é inadiável e deverá ser enfrentado tá da pelo próximo governo. A sociedade precisa debater, com participação dos partidos, o tamanho da carga tributária, a simplificação do sistema de impostos e contribuições, a transparência do processo e a reversão de uma situação de regressividade para outra de progressividade dos tributos.

Quando se fala em novo pacto federativo, é possível pensar em varias alternativas. O que teria de mudar em relação ao que temos hoje?
Temos que retomar a diretriz da Carta de 1988: descentralização dos impostos e transferência de competências para estados e municípios.

Você acha que no Brasil o parlamentarismo daria certo?
Reforma política e um processo que, minha opinião começa com a mudança da regra eleitoral e termina com a discussão da mudança do sistema de governo. Acho que na questão da regra eleitoral, amadurece a opção por um sistema misto. E sim, o parlamentarismo, a julgar pela experiência de outros países, poderia dar certo no Brasil. Suas vantagens principais são na minha opinião a flexibilidade e uma melhor partilha de responsabilidades entre Executivo e Legislativo.

Estes seminários visam a construção dos documentos que serão discutidos na conferência nacional do PPS. Qual será o papel do partido nestas eleições de 2018?
O congresso definirá o papel do partido e sua política de alianças. Nossa tradição é a construção de alíneas amplas, no campo democrático, capazes de enfrentar as grandes questões que estão na agenda: inclusão social, equidade, sustentabilidade, desenvolvimento econômico e consolidação da democracia.

Informações sobre o evento:


Hamilton Garcia de Lima: O impasse programático e o desafio da esquerda democrática – reflexões para o 19º Congresso do PPS

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http://www.fundacaoastrojildo.com.br/2015/wp-content/uploads/2018/02/reflexoes_pps_2018.pdf

 

 

 

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