coligação

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo | Foto: Antonio Molina/Folhapress

PSDB e Cidadania iniciam conversas para se fundir até o final do ano

Folha de São Paulo*

PSDB e Cidadania, partidos que atualmente formam uma federação, iniciaram tratativas para se fundir completamente até o final do ano.

As conversas vêm sendo feitas por lideranças das duas legendas no Congresso. Para a fusão se concretizar, será necessária a aprovação pelas respectivas direções nacionais.

A princípio, o nome PSDB seria mantido pela nova legenda, mas as conversas ainda não foram conclusivas sobre esse ponto.

A nova legenda teria 18 deputados a partir de 2023 (13 tucanos e 5 do Cidadania). Atualmente, a federação das duas siglas possui 29 parlamentares.

Ambos os partidos tiveram derrotas na atual eleição, sobretudo o PSDB, que perdeu o governo de São Paulo.

Criada pela legislação eleitoral neste ano, a federação é uma espécie de coligação permanente entre partidos, que no entanto mantêm suas identidades. No caso da fusão, há uma junção das estruturas.

Texto publicado originalmente na Folha de São Paulo.


Mauricio Huertas: Deu “match” entre Geraldo Alckmin e o “centrão”

Confirmado o apoio dos partidos do chamado “centrão” à candidatura presidencial de Geraldo Alckmin, o jogo começa a ser jogado verdadeiramente, após meses de apostas, achismos e especulações.

Deu “match”, como nesses aplicativos de relacionamentos. O tucano se torna enfim um “player” competitivo – para usar o termo comum tanto aos fãs dos games quanto dos pretensos analistas das tendências eleitorais. Uma opção mais racional – e tradicional – contra as alternativas extremadas que polarizam as pesquisas até então, personificadas à esquerda e à direita nas figuras quase folclóricas de Lula e Bolsonaro.

Uma coligação com o reforço de siglas como DEM, PP, PR, PRB, Avante e Solidariedade, somadas ao desgastado mas ainda relevante PSDB (que já tinha atraído também PTB, PSD, PV e PPS), consolida a frente ampla e capilarizada tão desejada por aqueles que pregavam a construção de uma candidatura consensual deste campo que se convencionou denominar “centro democrático e reformista”. Democrático, sem dúvida. Afinal há uma salada mista de vozes e interesses ali reunidos. Reformista, um tanto inverossímil. Até mesmo pela profusão de exigências que cada partido fez para firmar apoio nesse leilão informal dos presidenciáveis.

Portanto, é inegável que a candidatura de Geraldo Alckmin parte com fôlego e entusiasmo renovados para a largada oficial da campanha eleitoral. Resta saber até que ponto o eleitorado será influenciável ou refratário a essas alianças partidárias formais, reunindo as mais diversas lideranças da política institucional, uma profusão de cabos eleitorais espalhados país adentro e o domínio massivo e absoluto da propaganda no rádio e na TV.

O primeiro desafio de Alckmin será o de crescer nas pesquisas e provar que ele estava certo quando afirmava que mostraria o seu favoritismo e começaria a ser percebido pelo eleitorado depois de passada a Copa do Mundo, com a formalização das coligações partidárias e iniciada a propaganda eleitoral nos meios de comunicação. Se era isso que faltava (e perdoe o clichê), ele está agora com a faca e o queijo na mão. Um teste de fogo para o seu poder de empolgar a sociedade. A conferir.

Por outro lado, candidaturas como as de Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos) e Ciro Gomes (PDT), que tentavam igualmente se colocar como alternativas racionais à polarização entre petistas (as viúvas carpideiras de Lula) e anti-petistas (encarnados momentaneamente por Bolsonaro e seu exército de boçais), sofrem um grande baque com o apoio do “centrão” a Geraldo Alckmin. Terão de provar, em escassos dois meses, que as alianças da velha política e o tempo de propaganda na mídia tradicional já se tornaram desprezíveis na hora de o eleitor decidir seu voto. Improvável, mas não impossível.

O segundo – maior e mais extraordinário – desafio de Alckmin será, se e quando superado o primeiro, governar essa babel partidária, garantir maioria no Congresso, montar um governo moderno, eficiente, ético, reformista e transformador da realidade do brasileiro, diferente dos 13 anos petistas e dessa transição pós-impeachment de dois anos empacados na história do Brasil. Mas isso é um outro capítulo. Vamos por partes. Antes do “Viveram felizes para sempre” precisamos iniciar com o “Era uma vez, em um país nem tão distante…”. Que futuro construiremos a partir deste contexto que se apresenta?

*Mauricio Huertas, jornalista, é secretário de Comunicação do PPS/SP, diretor executivo da FAP (Fundação Astrojildo Pereira), líder RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), editor do Blog do PPS e apresentador do #ProgramaDiferente