cláudio castro
Alvaro Costa e Silva: O agregado do clã Bolsonaro
Com Cláudio Castro, o governador em exercício, o Rio tão cedo não terá vacina; terá mais mortes
O estilo de Cláudio Castro nem de longe lembra o de Wilson Witzel. Este era espalhafatoso e enfatiotado, ordenava disparar na cabecinha, comemorava mortes como gols e, já caído em desgraça, insistia em fumar puros cubanos no Palácio Laranjeiras. "Eu vou voltar, me aguardem", vive repetindo, como se fosse um interno do Pinel.
O governador em exercício dá a impressão de querer sumir dentro de um buraco para que ninguém perceba que ele, no momento, tem o poder. Fala baixo, gaguejando e engolindo as palavras --o que é estranho para quem, antes da política, ganhava a vida como advogado e cantor gospel. Em seu mais notável ato de governo até agora, foi comer bife à milanesa com purê de batata no Lamas, restaurante no Flamengo que, com a pandemia, está ameaçado de fechar. "Temos de fazer alguma coisa para salvar os bares históricos", disse, entre garfadas.
Desde que assumiu interinamente, em agosto, Castro está com as barbas (aliás, mal aparadas) de molho. Dias antes havia sofrido buscas em sua casa, a pedido da PGR, por suspeita de participação em desvios de verba na Saúde e recebimento de propina. Fragilizado, tornou-se um subalterno, um agregado, um estafeta de Bolsonaro, que tem interesse em interferir em atos do governador, como a nomeação do novo procurador-geral de Justiça --cargo que é chave nas investigações envolvendo os filhos 01 e 02.
Seguidor da cartilha negacionista, Castro não resolve o problema da fila por leitos de UTI e, em conluio com o prefeito derrotado nas urnas, não age com rigor na restrição de serviços e atividades, mesmo diante do aumento de casos da Covid. Não existe plano de imunização: o estado só agora tenta comprar as seringas necessárias para aplicar a vacina.
O Rio terá de aguardar um tempo angustiante pela vacinação. Podem pôr essa demora e as mortes que ela provocará na conta de Bolsonaro e do seu cupincha.